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quinta-feira, 24 de março de 2016

Jesus, o Poeta da Misericórdia – 4

O mistério pascal realiza a plenitude da misericórdia divina no meio de nós. Em Jesus Cristo, Deus vem ao nosso encontro, faz-Se mendigo do nosso amor, faz-Se peregrino com a humanidade. Traz-nos Deus, inicia um Reino novo, integrando-nos. Por um lado, Deus ama-nos absolutamente. Por outro, respeita-nos na nossa liberdade. Mas não desiste de nós, como a Mãe não desiste dos filhos mesmo quando a fazem sofrer.

Com a Encarnação Deus dá um passo gigantesco para nos encontrar. O Antigo Testamento revela um Deus interventivo, que não Se alheia da história e dos sofrimentos do Povo que escolheu para firmar uma Aliança (quase) unilateral. O pecado do Povo, as infidelidades, transgressões vão destruindo as ligações entre as pessoas, mas não quebram a Aliança. Deus mantém-Se fiel. A Sua misericórdia é infinita. O profeta Oseias exemplifica esta fidelidade/ misericórdia de Deus. Tal como Oseias desposa e cuida da esposa que o trai repetidamente, nunca desistindo de a amar, assim Deus não desiste de nos amar.

Os Patriarcas, os Juízes, os Sacerdotes, os Profetas são mensageiros que relembram ao Povo o caminho da felicidade e da vida, que passa pela prática da justiça, da solidariedade, pelo cuidado dos mais frágeis, os pobres, os órfãos e as viúvas, os escravos e os estrangeiros.

Chegado o tempo, Deus envia o Seu próprio Filho. Desde então não há nada que nos separe do amor de Deus, pois Ele caminha connosco, assumindo-nos, faz-Se pecado para nos redimir, no elevar, para nos introduzir na vida divina. Jesus é Rosto e é Corpo da Misericórdia do Pai. Em Jesus a misericórdia divina ganha um Corpo, lingando-nos sensivelmente uns aos outros e a Deus.

Ao longo da Sua vida, Jesus passou fazendo, gastando-Se a favor dos mais desvalidos. A delicadeza e a bondade de Jesus preenchem as suas palavras e os seus gestos.

A misericórdia fica mais transparente na última semana de vida de Jesus. O amor é levado até ao fim, a compaixão de Jesus pela humanidade levam-n’O à Cruz, para uma identificação completa com o sofrimento mais atroz e com a própria morte.

Uma das passagens luminosas da misericórdia vivida por Jesus é o gesto do Lava-pés, durante a Última Ceia. São João Paulo II diz-nos que é uma cátedra da caridade divina, e mais, é uma lição, uma epifania, uma revelação: a justiça de Deus relaciona-se com Sua misericórdia infinita, ajusta-Se à condição do pecador. Ali, em Jesus, Deus abaixa-Se, ajoelha-Se e lava-nos os pés, abrindo o Caminho da Misericórdia…

publicado na Voz de Lamego, n.º 4355, de 22 de março de 2016

sábado, 14 de setembro de 2013

SANTA EUFÉMIA e a exaltação da Santa CRUZ

       O oitavo dia da novena coincide com a Festa da Exaltação da Santa Cruz.
       Para o cristão, a cruz não é um acessório, mais ou menos na moda, nem tão pouco um objecto decorativo ou um objecto de arte, a CRUZ é uma referência fundante e fundamental na vida do discípulo de Jesus Cristo.
       A exaltação da Cruz não significa que o cristão vai à procura do sofrimento, em atitude masoquista de se infligir sofrimento, mas é antes de mais e acima de tudo expressão máxima do amor de Deus por nós, que se manifesta em plenitude na entrega até à Cruz
       Lembra-nos o Apóstolo: "Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes" (Filip 2, 6-11).
       Ele assume a nossa fragilidade e a nossa finitude humanas, morre connosco e por nós, para nos elevar à Ressurreição.
       Sublinhe-se que a CRUZ sem a RESSURREIÇÃO seria vazia, teria um corpo morto, seria apenas um objecto de tortura até à morte. Com a Ressurreição, a CRUZ é preenchida com o AMOR de Deus para com a humanidade. A Cruz é expressão de amor e de entrega. Sexta-feira Santa. Mas dá lugar à LUZ e à VIDA, dá lugar ao Domingo de Páscoa. Ele é exaltado, porque ousou levar o amor até às últimas consequências.
       Santa Eufémia é fortalecida nesta certeza e nesta dialéctica. Assume a vida como um testemunho de Jesus. Leva o o seu amor por Jesus Cristo até às últimas consequências. É permanentemente desafiada a renegar a Jesus, o que evitaria a tortura e a morte, evitaria a Cruz. Mas por amor, e na certeza da Ressurreição, leva a sua cruz até ao fim. Confia inteiramente que na morte passará à vida eterna junto de Jesus Cristo. A morte assusta, mas mais assusta a escuridão que nos coloca longe de Deus.