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sábado, 9 de julho de 2011

Maria José Nogueira Pinto: NADA ME FALTARÁ

       Encontrei a Zezínha Nogueira Pinto pouco depois de ela saber que estava gravemente doente. Ao dizer-lhe que podia contar com as minhas orações, ela agradeceu e sorriu com um ar tão jovial, que até parecia que estávamos a falar de uma coisa boa… 
        Impressionou-me, sobretudo, a certeza serena que ela tinha. E foi, talvez perante o meu silêncio, que então me explicou que não rezava a Deus pela sua cura, mas para que a ajudasse a dizer sempre que sim. “Porque” – disse ela – “ou tudo isto em que acreditamos é verdade, ou então não faz sentido o que andamos a dizer”.
        Quando nos despedimos, ainda acrescentou: “Sabe o que também me ajuda a abraçar esta cruz? O modo como o nosso João Paulo II viveu o sofrimento”!
       Assim foi. Tal como o grande Papa polaco, a Zezinha não se escondeu por estar doente, nem disfarçou a sua fragilidade, ensinando-nos deste modo, a abraçar todas as circunstâncias que Deus nos dá, “confiando no melhor”.
        Mas que tipo de confiança é esta?... A resposta partilhou-a ela com todos, no último artigo que a própria escreveu, publicado ontem postumamente:
       “Seja qual for o desfecho, como o Senhor é meu pastor, nada me faltará”.

Aura Miguel, in Rádio Renascença.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Maria José Nogueira Pinto: servi o melhor que soube e pude!

       A última crónica de Maria José Nogueira Pinto, no Diário de Notícias, com o título: NADA ME FALTARÁ. A fé no momento da despedida, quando já não havia esperança para este mundo, a esperança na eternidade de Deus.
       "Acho que descobri a política - como amor da cidade e do seu bem - em casa. Nasci numa família com convicções políticas, com sentido do amor e do serviço de Deus e da Pátria. O meu Avô, Eduardo Pinto da Cunha, adolescente, foi combatente monárquico e depois emigrado, com a família, por causa disso. O meu Pai, Luís, era um patriota que adorava a África portuguesa e aí passava as férias a visitar os filiados do LAG. A minha Mãe, Maria José, lia-nos a mim e às minhas irmãs a Mensagem de Pessoa, quando eu tinha sete anos. A minha Tia e madrinha, a Tia Mimi, quando a guerra de África começou, ofereceu-se para acompanhar pelos sítios mais recônditos de Angola, em teco-tecos, os jornalistas estrangeiros. Aprendi, desde cedo, o dever de não ignorar o que via, ouvia e lia.
       Aos dezassete anos, no primeiro ano da Faculdade, furei uma greve associativa. Fi-lo mais por rebeldia contra uma ordem imposta arbitrariamente (mesmo que alternativa) que por qualquer outra coisa. Foi por isso que conheci o Jaime e mudámos as nossas vidas, ficando sempre juntos. Fizemos desde então uma família, com os nossos filhos - o Eduardo, a Catarina, a Teresinha - e com os filhos deles. Há quase quarenta anos.
       Procurei, procurámos, sempre viver de acordo com os princípios que tinham a ver com valores ditos tradicionais - Deus e a Pátria -, mas também com a justiça e com a solidariedade em que sempre acreditei e acredito. Tenho tentado deles dar testemunho na vida política e no serviço público. Sem transigências, sem abdicações, sem meter no bolso ideias e convicções.
       Convicções que partem de uma fé profunda no amor de Cristo, que sempre nos diz - como repetiu João Paulo II - "não tenhais medo". Graças a Deus nunca tive medo. Nem das fugas, nem dos exílios, nem da perseguição, nem da incerteza. Nem da vida, nem na morte. Suportei as rodas baixas da fortuna, partilhei a humilhação da diáspora dos portugueses de África, conheci o exílio no Brasil e em Espanha. Aprendi a levar a pátria na sola dos sapatos.
       Como no salmo, o Senhor foi sempre o meu pastor e por isso nada me faltou - mesmo quando faltava tudo.
       Regressada a Portugal, concluí o meu curso e iniciei uma actividade profissional em que procurei sempre servir o Estado e a comunidade com lealdade e com coerência.
       Gostei de trabalhar no serviço público, quer em funções de aconselhamento ou assessoria quer como responsável de grandes organizações.  Procurei fazer o melhor pelas instituições e pelos que nelas trabalhavam, cuidando dos que por elas eram assistidos. Nunca critérios do sectarismo político moveram ou influenciaram os meus juízos na escolha de colaboradores ou na sua avaliação.
       Combatendo ideias e políticas que considerei erradas ou nocivas para o bem comum, sempre respeitei, como pessoas, os seus defensores por convicção, os meus adversários.
       A política activa, partidária, também foi importante para mim. Vivi-a com racionalidade, mas também com emoção e até com paixão. Tentei subordiná-la a valores e crenças superiores. E seguir regras éticas também nos meios. Fui deputada, líder parlamentar e vereadora por Lisboa pelo CDS-PP, e depois eleita por duas vezes deputada independente nas listas do PSD.
       Também aqui servi o melhor que soube e pude. Bati-me por causas cívicas, umas vitoriosas, outras derrotadas, desde a defesa da unidade do país contra regionalismos centrífugos, até à defesa da vida e dos mais fracos entre os fracos. Foi em nome deles e das causas em que acredito que, além do combate político directo na representação popular, intervim com regularidade na televisão, rádio, jornais, como aqui no DN.
        Nas fraquezas e limites da condição humana, tentei travar esse bom combate de que fala o apóstolo Paulo. E guardei a Fé.
       Tem sido bom viver estes tempos felizes e difíceis, porque uma vida boa não é uma boa vida. Estou agora num combate mais pessoal, contra um inimigo subtil, silencioso, traiçoeiro. Neste combate conto com a ciência dos homens e com a graça de Deus, Pai de nós todos, para não ter medo. E também com a família e com os amigos. Esperando o pior, mas confiando no melhor.
       Seja qual for o desfecho, como o Senhor é meu pastor, nada me faltará.

MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO

quarta-feira, 6 de julho de 2011

MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO

       Maria José Nogueira Pinto, deputada do PSD, morreu hoje aos 59 anos, vítima de cancro no pâncreas.
       Jurista de formação, licenciou-se pela faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Entrou na política em 1992, para o Governo de Cavaco Silva, como sub-secretária de Estado da Cultura. Um ano depois, abandonou o cargo em ruptura com Santana Lopes, que tutelava a pasta.
       Três anos depois, em 1995, entra na Assembleia da República como deputada independente eleita pelo CDS, partido do qual se torna militante um ano depois. Disputa a liderança do partido com Paulo Portas, foi líder parlamentar do partido e candidata à Câmara de Lisboa em 2005.
       Dois anos depois entra em conflito com Paulo Portas e abandona o CDS. Há dois anos, a convite de Manuela Ferreira Leite integrou as listas do PSD à Assembleia da República, cargo para o qual foi novamente eleita nas legislativas de Junho.
       Antes da vida política activa, Maria José Nogueira Pinto ocupou vários cargos em instituições públicas e privadas, foi vice-presidente do instituto português do cinema, directora da maternidade Alfredo da Costa e provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
       Desde a década de 90 que Maria José Nogueira Pinto era presença habitual na antena da Renascença como comentadora. Ultimamente integrou o painel do programa “Espaço Aberto”.


       E dizemos nós:
       Fervorosa defensora da vida, uma cristã que na vida política defendeu os valores da vida, da verdade, da justiça, da igualdade, do bem, da solidariedade. Por vezes a política altera a personailidade da pessoa. Aqui, a pessoa, Maria José Nogueira Pinto, levou os valores morais, cristãos, humanos, para humanizar a política, colocando esta ao serviço da pessoa, das pessoas.
        Felizmente, em todos os quadrantes políticos há valores que promovem a pessoa e a qulidade de vida. Em todos os quadrantes políticos há cristãos empenhados, comprometidos, não se deixando corromper, mas levando mais valia à vida político-partidária, do governo á oposição, da Assembleia a vários organismos governamentais

       O Presidente do Tribunal de Contas, Guilherme d'Oliveira Martins, falou nela à Rádio Renascença, como cidadã e cristã empenhada :

       Guilherme d'Oliveira Martins, que foi colega de faculdade de Maria José Nogueira Pinto, destaca a personalidade da deputada do PSD, que faleceu hoje aos 59 anos.
       Maria José Nogueira Pinto foi “uma cidadã e cristã empenhada”
       “Foi minha colega na faculdade e desde sempre devo reconhecer que ela se afirmou com uma personalidade muito forte, uma personalidade muito generosa, uma pessoa com qualidades extraordinárias, qualidades de cidadã, de uma cristã empenhada que foi sempre toda a vida", diz o actual presidente do Tribunal de Contas.
       "Perco uma grande amiga, que me suscita já uma grande saudade, mas sobretudo que cita o seu exemplo de alguém que deu sempre tudo ao serviço público e tudo aquilo que ela entendia ser o bem comum”, diz ainda Guilherme d'Oliveira Martins.

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