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quinta-feira, 25 de abril de 2019

Seán O'Malley - Procura-se: Amigos e Lavadores de Pés

SÉAN O'MALLEY (2019). Procura-se: Amigos e Lavadores de Pés. Prior Velho: Paulinas Editora. 216 páginas.
       O Cardeal Seán O’Malley é Arcebispo de Boston e muito próximo do Papa Francisco, pertence ao Conselho dos Cardeais, criado pelo Papa como grupo que o assessoria em diferentes questões. É uma das vozes mais proeminentes da Igreja no combate contra a pedofilia, numa opção clara pela transparência, na criação de regras claras, para proteger as crianças e afastar os prevaricadores, ou em definitivo, ou até se provar a inocência. Regras claras e transparência também facilitam a vida a quem é acusando injustamente. A prioridade são as vítimas e a urgência nas denúncias, levando-as a sério. 
       Entre os dias 11 a 15 de março, o Cardeal orientou os Exercícios Espirituais, da Quaresma, aos bispos portugueses, em Fátima. Já em 1996 tinha sido convidado para este tempo de oração, reflexão e formação dos bispos portugueses. 
       Aproveitando a presença em Fátima, O’Malley apresentou esta obra que contempla as reflexões propostas aos nossos bispos, agora disponíveis para todos, bem como outras reflexões, mensagens, intervenções do Cardeal, por exemplo duas homilias em outras tantas Ordenações Episcopais, homilia numa ordenação diaconal, outra na Missa crismal, em Ano Jubilar da Misericórdia.
       São textos simples, acessíveis, que transparecem a sua fé e a sua vida sacerdotal e episcopal. Bem-humorado, com histórias reais, a cultura social e religiosa da América, as raízes irlandeses, a vida como franciscano capuchinho, a Igreja proposta pelo Papa Francisco, simultaneamente jesuíta e franciscano, o contacto com migrantes, nomeadamente hispânicos e portugueses. Acolhimento e compreensão. Ternura e proximidade. Misericórdia e cultura do encontro. Comprometidos com Jesus, oração e formação, discípulos missionários. A luta pela tolha e não tanto pelos melhores lugares à mesa.
       No decorrer da Última Ceia, Jesus levanta-Se da mesa, coloca uma toalha à cintura e começa a lavar os pés aos discípulos. A preocupação é exemplificar o seguimento e o compromisso daqueles e daquelas que queiram integrar o Seu Corpo que é a Igreja. Jesus, como em outras situações, não faz grandes discursos, exemplifica, mostra como se faz, ou faz-nos atores de uma história (parábola), para nos sentirmos suficientemente livres para optarmos, seguindo-O ou rejeitando-O. O Cardeal refere-o desta maneira: “Ele queria que os seus Apóstolos, os seus Amigos, parassem de disputar os primeiros lugares à mesa e começassem a lutar pela toalha”.
       Aproximava-se rapidamente a Cruz e os Apóstolos apressavam-se a disputar a coroa, o primeiro lugar à mesa, o ministério mais honroso e com mais poder. Abertamente, em mais que uma ocasião, Pedro contesta Jesus. Quando necessário, pega na espada! Mas todos eles querem ser o primeiro, o maior! O caminho de Jesus é o do servo, daquele que disputa a toalha!
       Boa leitura.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

CARDEAL SEÁN O'MALLEY - Anel e Sandálias

CARDEAL SEÁN O'MALLEY (2010). Anel e Sandálias. Prior Velho: Paulinas Editora. 168 páginas.
       Em 2003, o Papa João Paulo II nomeou-o Arcebispo de Boston e em 2006 foi escolhido para Cardeal pelo Papa Bento XVI, mas antes disso, desde 1984, quando foi ordenado Bispo, passou por outras dioceses: São Tomás, nas Ilhas Virgens, Fall River, em Massachusetts e de Palm Beach, na Florida. Nasceu em 1944 e aos 21 anos professou na Ordem dos Frades Menores capuchinhos, sendo ordenado aos 26 anos de idade. É franciscano, é capuchinho, é Bispo e tem sangue irlandês.
       Esta é uma leitura intemporal, diríamos. Pessoas sábias, humildes, simples falam de forma simples, acessível, tocam-nos nas feridas, comprometem-nos com os que nos rodeiam.
       O livro é formado por um conjunto de Homilias, algumas delas aos sacerdotes, em quinta-feira santa, um intervenção, como por exemplo sobre a identidade capuchinha. Uma das homilias foi proferida no Santuário de Fátima, no dia 13 de agosto de 2007.
       O que dizemos integra o que somos e obviamente que o Cardeal recorre frequentemente à sua vida, dando exemplos concretos, como filho, com a costela irlandesa, como sacerdote capuchinho, como Bispo. Trabalhou de perto com emigrantes portugueses mas sobretudo hispânicos, em busca de uma terra de liberdade e se sonho, com empenho pessoal/eclesial para os acolher e os ajudar. Contactou diretamente, nos anos de formação, com D. Óscar Romero, o Bispo-mártir que se colocou à lado do seu povo, dos pobres e dos trabalhadores.
       Nas páginas deste livro sobrevém a clareza do pensamento, mas sobretudo a firmeza da fé e do testemunho cristão, na comunhão com a Igreja e na proximidade a Jesus e ao Seu Evangelho de ternura, no compromisso com as comunidades, com os mais desfavorecidos, no acolhimento a todos os que chegam! Uma das ideias-chaves do Papa Francisco é a Igreja em saída, também presente nas Homilias do Cardeal na Missa crismal das quinta-feiras santas, convocando a ir ao encontro não apenas da ovelha perdida, mas do rebanho que já se encontra fora. A não descurar nunca, para uma missão evangelizadora eficaz, a oração, a oração diligente, oração pessoal e comunitária. «Ser franciscano quer dizer procurar o último lugar à mesa e ser o menor dos irmãos. A função do Bispo, na Igreja, é a autoridade apostólica e de paternidade. Ser ao mesmo tempo o irmão mais pequeno e o pai é um verdadeiro desafio» Explicando título - Anel e Sandálias: «Na parábola evangélica, os dois presentes que  pai dá ao filho pródigo são um anel e umas sandálias... Tal como o filho pródigo, eu não merecia tanta generosidade da parte do Pai. O mínimo que posso dizer é que fui apanhado de surpresa...». 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Gerhard-Ludwig Müller - A ESPERANÇA DA FAMÍLIA

GERARD-LUDWIG MÜLLER (2014). A esperança da Família. Diálogo com o Cardeal Gerhard-Ludwig Müller. Prior Velho: Paulinas Editora. 48 páginas.
       Realizou-se há pouco a 3.ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada a refletir a Família: "Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização". No próximo outono, de 2015, realizar-se-á a Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos que aprofundará esta temática e procurará clarificar linha de atuação pastoral para este tempo.
       Já aqui sugerimos outras leituras relacionadas com o tema, como a intervenção do Cardeal alemão Walter Kasper, O Evangelho da Família, publicado pela mesma editora.
       A sugestão da leitura "A esperança da família", é referido a outro Cardeal alemão, o reconhecido teólogo Gerhard-Ludwig Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e neste concreto sucessor do Cardeal Joseph Ratzinger que assumiu este cargo até ser eleito Papa Bento XVI. Por sua vez nomeou o Cardeal norte-americano William Joseph Levada para lhe suceder, mantendo-se este no cargo de maio de 2005 a junho de 2012; a partir de julho, ainda sob o pontificado de Bento XVI, o Cardeal Müller assume a missão de uma das mais importantes e emblemáticas Congregações e que está encarregado de zelar pela sã Doutrina da Igreja Católica, escutando, refletindo, propondo, acolhendo contributos de teólogos, de pastores, de comunidades, auxiliando o ministério do Papa. É também o Presidente da Pontifícia Comissão «Ecclesia Fidei», da Comissão Teológica Internacional e da Pontifícia Comissão Bíblica. Foi professor de Teologia durante 16 anos na Universidade Ludwig-Maximilianus de Munique (1986-2002) e Bispo de Resensburg (2002-2012).
       Este opúsculo recolhe uma entrevista ao Cardeal, guiada pelo Pe. Carlos Granados, diretor-geral da BAC. Para quem deseja aprofundar a temática da família, no enquadramento teológico, doutrinal, pastoral, será de todo recomendável ler as respostas do Prefeito da Congregação.
       Sem fugir às perguntas, o Cardeal faz-nos rever a mensagem da Igreja sobre a família, o matrimónio, a teologia do corpo, o magistério da Igreja, os concílios, as dificuldades pastorais, a misericórdia de Deus, a ligação doutrina-vida.
"Nem mesmo um concílio ecuménico pode alterar a doutrina da Igreja, porque o seu Fundador, Jesus Cristo, confiou a fiel custódia dos seus ensinamentos e da sua doutrina aos Apóstolos e aos seus sucessores... a doutrina da Igreja nunca será a soma de umas quantas teorias elaboradas por uns quantos teólogos, por mais geniais que sejam, mas a confissão da nossa fé na Revelação, nada mais, nada menos, que a Palavra de Deus confiada ao coração - interioridade - e à boca - anúncio - da sua Igreja".
Do Cardeal Ludwig Müller, valerá a pena ler ou reler, a obra publicada em conjunto com Gustavo Gutiérrez,
Alguns textos citados nesta obra elaborada a quatro mãos:

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

LEITURAS: Walter Kasper - o EVANGELHO da FAMÍLIA

WALTER KASPAER (2014). O Evangelho da Família. Prior Velho: Paulinas Editora. 72 páginas.
       No dia 17 de março de 2013, o Papa Francisco, na oração do ANGELUS, a primeira aparição na varanda do Palácio Apostólico, referiu que a leitura de um livro de Walter Kasper, sobre a misericórdia de Deus, lhe tinha feito muito bem. Menos de um ano depois, Walter Kasper recebeu o convite do Papa para refletir sobre a problemática da família, tendo em conta o Sínodo Extraordinário dos Bispos, no outono de 2014, e o Sínodo ordinário dos Bispos, em 2015, que terão como pano de fundo os "Desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização".
       Com efeito, foi enviado às Dioceses, paróquias, comunidades eclesiais, e disponibilizados em diferentes plataformas um extenso questionário procurando abranger os vários temas relacionados com a Família, dificuldades e potencialidades, a família e a Igreja, a família e a sociedade, novas formas de entender ou viver a família.
       No Consistório extraordinário dos Cardeais, 20 e 21 de fevereiro de 2014, coube a Walter Kasper a reflexão sobre a família, não antecipando conclusões do Sínodo, mas deixando pistas de reflexão, partindo da dinâmica bíblica, contextos, evoluções, conjugando a estrutura do matrimónio e da família com o anúncio do Reino de Deus, acentuando a misericórdia de Deus com a fidelidade às promessas feitas.
        Uma das problemática afloradas nesta apresentação, agora em livro, é a dos divorciados recasados, com a sugestão de uma prática pastoral de acolhimento, procurando dar respostas novas e acolhendo o contributo daqueles que vivem essas situações difíceis, para que a solução, o caminho encontrado, sob a sintonia do Papa, possa brotar dos anseios e preocupações das pessoas.
        Com grande sentido e abertura, o Cardeal avança com algumas hipóteses, para que a verdade esteja revestida da misericórdia de Deus, procurando que as respostas vão de encontro às sugestões das comunidades eclesiais de todo o mundo. A unidade a encontrar na reflexão não será fácil, mas como em outros momentos da história da Igreja, há que procurar um caminho comum, comprometendo-nos com a vivência do reino de Deus. É uma obrigação. Um compromisso. Um desafio, para que não se percam as gerações seguintes, dos filhos e dos netos.
       O livrinho, além da exposição feita aos Cardeais, apresenta alguns anexos explicativos das propostas apresentadas, entre as quais a sugestão do então professor Joseph Ratzinger (depois Papa Bento XVI) para se retomar de um modo novo a posição de Basílio, também partilhada pelo próprio Walter Kasper.

domingo, 15 de junho de 2014

Christoph Schörborn - CRISTO na EUROPA

CHRISTOPH SCHÖNBORN (2014). Cristo na Europa. Uma fecunda interrogação. Prior Velho: Paulinas Editora. 48 páginas.
       Um texto denso do Cardeal de Viena de Áustria, que foca a relação entre Cristianismo e Europa, com a sua identidade. Por um lado, o cristianismo como fundamento da Europa/Ocidente, mas, ao mesmo tempo, como um corpo estranho, cada vez mais estranho. Os valores da liberdade, da dignidade humana, de igualdade, emergiram com o Cristianismo. Todos filhos de Deus. Dignidade por sermos imagem de Deus, irredutível, pelo que não pode ser destruído. Unidade da espécie humana, na diversidade de pessoas e de culturas. A um momento, o Cristianismo trouxe ao Ocidente valores da vida, da dignidade, da igualdade. Noutro momento parece que a Europa prescinde do cristianismo para se sentir plenamente livre.
       O cristianismo sempre foi estranho ao império, ao poder. É um fundamento bíblico. O próprio Jesus, na Oração Sacerdotal, o acentua, dizendo que os discípulos estão no mundo mas não são do mundo. No entanto, quando o cristianismo assume a sua missão, ser no mundo como o sal na comida, sem estar a fazer concorrência com os poderes estabelecidos, tudo corre bem. Quando se coloca em concorrência com outros poderes, como sucedeu pela Idade Média, é mau para o cristianismo e para a Europa, para o poder.
       Por outro lado, o facto de se verificar, por parte dos poderes do mundo, e da sociedade, rejeitarem ou privatizarem o cristianismo, a fé, a religião, isso não tem significado libertação, pelo contrário, assiste-se ao recrudescer da violência, da destruição, do não reconhecimento da dignidade humana e da própria inviolabilidade da vida humana.
       O cristianismo é fundamento da Europa, do Ocidente. Por outro lado, deve permanecer estranho, para ser fiel a Cristo e um desafio para o mundo do nosso tempo.
       30 páginas para refletir a Europa e a relevância do Cristianismo.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Foi uma grande alegria caminhar convosco nestes anos

Venerados e queridos irmãos!
       Com grande alegria vos acolho e dirijo a cada um de vós a minha cordial saudação. Agradeço ao cardeal Angelo Sodano que, como sempre, soube fazer-se intérprete dos sentimentos de todo o colégio: 'Cor ad cor loquitur'. Obrigado, eminência, de coração. E gostaria de dizer - retomando a experiência dos discípulos de Emaús - que também para mim foi uma grande alegria caminhar convosco nestes anos, na luz da presença do Senhor ressuscitado.
       Como disse ontem diante de milhares de fiéis que lotaram a praça São Pedro, a vossa proximidade e o vosso conselho foram de grande ajuda no meu ministério. Nestes oito anos, vivemos com fé momentos belíssimos de luz radiante no caminho da Igreja, junto a momentos nos quais algumas nuvens pairavam no céu. Procuramos servir Cristo e a sua Igreja com amor profundo e total, que é a alma do nosso ministério. Demos esperança, aquela que vem de Cristo, que somente pode iluminar o caminho. Juntos podemos agradecer ao Senhor que nos fez crescer na comunhão, e juntos rezar para que vos ajude a crescer ainda nesta profundidade, de forma que o colégio de cardeais seja como uma orquestra, onde a diversidade - expressão da Igreja universal - contribua sempre para uma maior concórdia e harmonia.
       Gostaria de deixar-vos um pensamento simples, que tenho muito no coração: um pensamento sobre a Igreja, sobre o seu ministério, que constitui para todos nós, podemos dizer, a razão e a paixão da vida. Deixo-me ajudar por uma expressão de Romano Guardini, escrita propriamente no ano em que os padres do Concílio Vaticano II aprovavam a Constituição 'Lumen Gentium', no seu último livro, com uma dedicação pessoal também para mim; por isso as palavras deste livro são para mim particularmente queridas. Diz Guardini: a Igreja "não é uma instituição concebida e construída em cima de uma mesa..., mas uma realidade viva... Ela vive ao longo do curso do tempo, em andamento, como cada ser vivo, transformando-se... Contudo na sua natureza permanece sempre a mesma, e o seu coração é Cristo". Foi a nossa experiência, ontem, parece-me, na praça São Pedro: ver a Igreja que é um corpo vivo, animado pelo Espírito Santo e vive realmente da força de Deus. Ela está no mundo, mas não é do mundo: é de Deus, de Cristo, do Espírito. Vimos isso ontem. Por isto é verdadeira e eloquente outra famosa expressão de Guardini: "A Igreja se desperta nas almas". A Igreja vive, cresce e se desperta nas almas, que - como a Virgem Maria - acolhem a Palavra de Deus e a concebem por obra do Espírito Santo; oferecem a Deus a própria carne e, propriamente na sua pobreza e humildade, tornam-se capazes de dar à luz a Cristo hoje no mundo. Através da Igreja, o Mistério da Encarnação permanece presente para sempre. Cristo continua a caminhar nos tempos e em todos os lugares.
       Permaneçamos unidos, queridos Irmãos, neste Mistério: na oração, especialmente na Eucaristia quotidiana, e assim sirvamos à Igreja e toda a humanidade. Esta é a nossa alegria, que ninguém pode nos tirar.
       Antes de saudar-vos pessoalmente, desejo dizer-vos que continuarei a ser próximo na oração, especialmente nos próximos dias, a fim de que estejam plenamente dóceis à ação do Espírito Santo na eleição do novo Papa. Que o Senhor vos mostre aquilo que é desejado por Ele. E entre vós, entre o colégio cardinalício, há também o futuro Papa ao qual já hoje prometo a minha incondicional reverência e obediência. Por isto, com afeto e reconhecimento, concedo-vos de coração a benção apostólica.
BENEDICTUS PP XVI
Sala Clementina do Palácio Apostólico - Vaticano
Quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
 "Não sou mais pontífice, mas um simples peregrino que cumpre a última etapa nessa terra junto com a Igreja"

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Papa Francisco, Bento XVI e os novos Cardeais

       No dia da Festa da Cadeira de São Pedro, com o Consitório para a criação de 19 Cardeais, o Papa Francisco acolheu alegremente a presença do Seu Predecessor, o Papa Emérito, Bento XVI. Eis algumas imagens:

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Cardeal Martini - no teu presépio há alguém que te fale?

Preocupa-te em ouvires bem.
No teu presépio há apenas silêncio.
Não há necessidade de palavras: tens a Virgem Maria, que é mãe; um filho; e São José.
Nenhum deles fala. Algo aconteceu que dispensa quaisquer palavras.
Reparaste nisso? Todos falamos demasiado: em casa, com os amigos, a ver televisão...
No presépio ninguém fala. Tudo se desenrola no silêncio. Até mesmo os pastores que vêm encontrar-se com Nossa Senhora, com São José e com o Menino chegam e calam-se.
Antes de chegarem, convidaram-se uns aos outros, dizendo: «Vamos ver a palavra».
No silêncio do presépio, a única palavra é o Jesus-Menino.
No silêncio fala somente Deus e a sua palavra que é uma criancinha.
Uma criancinha como foste tu também.

Carlo Maria MARTINI. Quem é Jesus?

domingo, 17 de novembro de 2013

LEITURAS: Carlo Maria MARTINI. Quem é Jesus?

Carlo Maria MARTINI. Quem é Jesus? Paulus Editora. Lisboa 2013. 64 páginas.

       É uma das figuras de proa da Igreja Católica. Cardeal. Arcebispo de Milão. Nasceu em Turim, em 1927 (ano em que nasceu Ratzinger, Papa bento XVI), jesuíta como o Papa atual, Jorge Bergoglio, Francisco. Especialista bíblico, Esteve à frente da Diocese de Milão de 1980 a 2002.
       Quando morreu João Paulo II surgiu como um forte candidato a suceder-lhe na cátedra de Pedro. A doença tê-lo-á afastado. Consta que nessa altura era um dos apoiantes de Jorge Bergoglio, afinal os dois pertencia à Companhia de Jesus. É tido como progressista, querendo uma Igreja mais aberta, mais próxima. Sempre se manteve em grande obediência e fidelidade à Igreja e aos Papas Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, vendo ainda eleger o Cardeal Jorge Bergoglio. Faleceu a 31 de agosto de 2013.
       Tem uma basta biografia, como Arcebispo de Milão, Pastor, Biblista. Este pequeno/grande livro é de uma extrema beleza, acessível, assertivo, em forma de pergunta e resposta, numa linguagem simples, terra-a-terra. Por aqui se vê que os santos e os sábios coincidem com as pessoas mais fáceis de entender.
       Algumas das perguntas colocadas: quanta luz para vencer a treva? no teu presépio, há alguém que fale? (Jesus é a Luz nas trevas e palavra no silêncio, façamos como os pastores), o que significa a palavra "Cristo"? A fé de um soldado romano; Jesus tem uma palavra que não dececiona; tenho um bocadinho de sono!; Jesus não é um amigo fácil.
       «Porque é que as trevas nos metem medo? Porque nas trevas há confusão, não se sabe para onde vamos, nem se vê quem está perto de nós e até aprece que estamos sós... parece-nos que ninguém nos pode ajudar. Tudo isto nos espanta... Chega um luz muito pequenina para se poder avançar, para enxergar os outros ao nosso lado, para encontrar as nossas coisas que parecem ter desaparecido, perdidas. E a luz nunca é um 'acaso'. Uma luz resplandece nas trevas significa que Alguém anda à nossa procura.
       Não encontro outra imagem mais bonita para começar a falar de Jesus: Jesus é a luz que Deus acende em nós, para não mais temermos as trevas. E esta luz é Jesus, ainda que desponte pequerrucha como a criancinha que está no presépio, ilumina a noite e as trevas não conseguem apagá-la: desde que esta luz se acendeu no mundo, é indestrutível. Tem o mesmo calor do amor».
Sobre o Cardeal Martini veja, entre muitas coisas que pode encontrar na internet, a notícia da Agência Ecclesia, dias depois da sua morte. O Cardeal que terá evitado ser Papa: AQUI.
Veja-se também a notícia no Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura: AQUI.
Mensagem de Bento XVI sobre Martini:
       Caros irmãos e irmãs,
       Neste momento desejo exprimir a minha proximidade, com a oração e afeto, a toda a Arquidiocese de Milão, à Companhia de Jesus, aos familiares e a todos os que estimaram e amaram o cardeal Carlo Maria Martini e quiseram acompanhá-lo para esta última viagem.
       «A tua palavra é farol para os meus passos e luz para os meus caminhos» (Salmo 119 (118), 105): as palavras dos salmista podem resumir toda a existência deste pastor generoso e fiel da Igreja. Foi um homem de Deus, que não só estudou a Sagrada Escritura como a amou intensamente, fazendo dela a luz da sua vida, para que tudo fosse «ad maiorem Dei gloriam», para a maior glória de Deus.
       E por isso foi capaz de ensinar aos crentes e àqueles que andam à procura da verdade que a única Palavra digna de ser escutada, acolhida e seguida é a de Deus, porque indica a todos o caminho da verdade e do amor. Fê-lo com uma grande abertura de alma, nunca recusando o encontro e o diálogo com todos, respondendo concretamente ao convite do apóstolo de estar «sempre pronto a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la peça» (1 Pe 3, 15). Fê-lo com um espírito de caridade pastoral profunda, segundo o seu moto episcopal, Pro veritate adversa diligere, atento a todas as situações, especialmente as mais difíceis, próximo, com amor, a quem vivia na perda, na pobreza, no sofrimento.
       Numa homilia do seu longo ministério ao serviço desta arquidiocese ambrosiana dizia assim: «Pedimos-te, Senhor, que faças de nós nascente de água para os outros, pão partido para os irmãos, luz para os que caminham nas trevas, vida para aqueles que andam às cegas na sombra da morte. Senhor, sê a vida do mundo; Senhor, guia-nos para a tua Páscoa; juntos caminharemos para ti, levaremos a tua cruz, gozaremos a comunhão com a tua ressurreição. Contigo caminharemos para a Jerusalém celeste, para o Pai» (homilia de 29 de março de 1980).
       O Senhor, que guiou o cardeal Carlo Maria Martini em toda a sua existência, acolha este infatigável servo do Evangelho e da Igreja na Jerusalém do Céu. A todos os presentes que choram a sua perda, chegue o conforto da minha Bênção.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Cardeal Medina Estevez - Padrinhos de batismo

       "Pode haver apenas um padrinho, ou um padrinho e uma madrinha, mas se não se encontrarem pessoas apropriadas, pode até prescindir-se disso.
       Os padrinhos devem ser pessoas adultas, que já receberam os sacramentos do Batismo, do Crisma e da Eucaristia, que sejam idóneas e, sobretudo, que vivam uma vida cristã séria e respeitável. Em virtude do Batismo, o padrinho e a madrinha adquirem uma parentela espiritual com o afilhado. Isto significa que responsabildiades assumidas não são um simples empenho social, que se poderia descurar, mas uma relação especial inerente à vida cristã e ao seu desenvolvimento. Os padrinhos devem apoiar os seus afilhados sobretudo dando-lhes o exemplo de coerência com o Evangelho de Jesus, aconselhando-os quando for necessário ou conveniente e até corrigindo-os quando vejam que se desviaram do bom caminh. E o afilhado deve receber com respeito e gratidão os conselhos dos seus padrinhos.
       Seria absurdo uma pessoa que vive em contradição aberta com a moral assumisse a responsabildiade de padrinho ou madrinha, que implica, precisamente, ajudar o batizado a viver em conformidade com a lei do Evangelho. Apresentemos alguns exemplos possíveis de tais incoerências. É o caso dos delinquentes, publicamente reconhecidos como tal e que não deram sinais inequívocos de arrependimento e nem sequer se ofereceram para reparar os seus malefício; como o caso de pessoas toxicodependentes ou narcotraficantes; ou de quem pratica a homossexualidade, e até a defende como qualquer coisa legítima. Não é possível que assumam a responsabilidade de padrinhos os que vivem em concubinato ou em adultério, nem os que mostram publicamente ódio para com pessoas que os ofenderam e não mostram sinais de arrependimento nem de reconciliação. O mesmo é válido para as pessoas que se afastaram da participação à Santa Missa dominical. Se uma pessoa ocupa um alto cargo público e não é católica, só pelo facto de ostentar tão alta dignidade não é razão suficiente para ser escolhida como padrinho, porque não será capaz de assumor as suas responsabilidades. Uma pessoa a quem é pedido para assumir o papel de padrinho ou madrinha, e que tem consciência de não possuir os requisitos para o ser, deveria, honestamente, recusar, e isto não deve ser interpretado como um afronta ou uma falta de amizade, mas como expressão de respeito para com o sacramento do Batismo, pela sua natureza essencialmente religiosa e pelas leis da Igreja que zelam pela sua dignidade".

in Cardeal MEDINA ESTEVEZ - Porquê batizar o meu filho?

OUTRO TEXTO para os Padrinhos:
Este é um tempo que está a ser utilizado para baptizar as crianças; e na apresentação, no diálogo, a Igreja diz: “Pedis o Baptismo para esta criança… tendes consciência da responsabilidade que assumis de a educar na fé cristã?”. Pais e padrinhos respondem “SIM”.
Não será muitas vezes um “faz de conta”?
Leitor, se és padrinho ou madrinha, responde a estas perguntas, mas sê sincero/a e honesto/a contigo.
  • Costumas falar aos teus afilhados e dás-lhes bons conselhos ?
  • Na data do seu aniversário do Baptismo dás-lhes os “parabéns”?
  • As prendas que lhes dás contribuem para a sua educação cristã ?
  • Conversas com eles sobre a sua fé em Jesus Cristo ?
  • Quando andam na Catequese costumas acompanhá-los e, de vez em quando, conversas com eles sobre a catequese ?
  • Rezas pelos teus afilhados ?
  • Frequentas a Igreja na Missa dominical… como exemplo que lhes deves dar?
  • Se não fazes nada disto, és apenas um “faz de conta”. Portanto, na verdade, não és padrinho ou madrinha.
O Baptismo é o nascimento para a fé. Não basta fazer nascer. É preciso ajudar a crescer. É o papel dos pais; e os padrinhos são pais cooperantes. É seu papel colaborar, por alguma razão são ‘compadres/comadres’.
Para crescer, um afilhado precisa de ser alimentado e ajudado a aprender a andar e a amar. Quem lhe presta esta ajuda? O Baptismo é o sacramento da nova vida, porque nos faz nascer para a vida divina. Pelo Baptismo tornamo-nos filhos de Deus, irmãos de Jesus, amigos do Espírito Santo, membros da família de Deus, a Igreja, irmãos de todos os homens. É um projecto de família da fé e de uma adesão ao Plano Salvador de Deus, ao seu Reino.
P. Batalha, in FAROL: Aqui.

Cardeal Medina Estevez - Porquê batizar o meu filho?

Cardeal Jorge MEDINA ESTEVEZ - Porquê batizar o meu filho? Paulus Editora. Lisboa 2013, 62 páginas.
       É o Sacramento do Batismo que nos abre as portas da Igreja. Na água e no Espírito Santo tornamo-nos novas criaturas, de Cristo, com Cristo e para Cristo, formando o Seu Corpo que é a Igreja. Os Sacramentos constituem um todo de graça e salvação. Deus veio até nós, em Pessoa, em Jesus Cristo. Com a Sua vida, mensagem, morte e ressurreição, oferenda total a Deus em favor de todos os homens. Com a Sua ressurreição e ascensão aos Céus, Jesus permanece entre nós, de forma especial pela graça sacramental que nos insere na comunidade cristã, seguidores de Jesus.
       Neste livrinho de bolso, o Cardeal Medina Estevez, de uma forma simples e acessível, introduz a importância do Sacramento do Batismo, porta da Igreja, fundamentando com os textos sagrados, a evolução histórica, a passagem do batismo de adultos para o batismo de crianças, o símbolos, os intervenientes, pais, padrinhos, comunidade.
       Na apresentação deste precioso contributo, o Cardeal António Cañizares Llovera, Prefeito da Congregação para o Culto, sublinha a satisfação de apresentação deste livro, que "toca uma realidade fundamental e muito alegre, cheia de esperança e de luz para a nossa vida, algo que nos atinge decisivamente". Este "texto não é para 'especialistas' mas para pessoas simples de coração, para todos... tem um carácter e um estilo fácil, belo e profundo, eminentemente correto, pedagógico e educativo...".
       Depois de dedicar um capítulo à missão dos padrinhos, o autor procura responder a algumas questões mais prementes: quando se deve batizar, onde, quem preside à celebração do batismo, se uma criança morrer sem ser batizada para onde vai, batismo em criança ou na idade adulta?
       Voltamos ao prefácio: "Este pequeno e ao mesmo tempo grande livro constitui um chamamento a viver o Batismo, a viver a nossa vida de batizados em Cristo como filhos de Deus: viver como santos e purificados, como corresponde ao nosso ser batismal; viver com autenticidade, verdade e coerência a realidade do batismo".

quarta-feira, 13 de março de 2013

Papa Francisco - Bênção Apostólica "Urbi et Orbi"

Irmãos e irmãs, boa-noite!
Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos Cardeais foram buscá-lo quase ao fim do mundo… Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana de Roma tem o seu Bispo. Obrigado! E, antes de mais nada, quero fazer uma oração pelo nosso Bispo emérito Bento XVI. Rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde.
 [Recitação do Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai]
E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo... este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside a todas as Igrejas na caridade. Um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade. Espero que este caminho de Igreja, que hoje começamos e no qual me ajudará o meu Cardeal Vigário, aqui presente, seja frutuoso para a evangelização desta cidade tão bela!

E agora quero dar a Bênção, mas antes… antes, peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim; é a oração do povo, pedindo a Bênção para o seu Bispo. Façamos em silêncio esta oração vossa por mim. […]
Agora dar-vos-ei a Bênção, a vós e a todo o mundo, a todos os homens e mulheres de boa vontade.

[Bênção]

Irmãos e irmãs, tenho de vos deixar. Muito obrigado pelo acolhimento! Rezai por mim e até breve! Ver-nos-emos em breve: amanhã quero ir rezar aos pés de Nossa Senhora, para que guarde Roma inteira. Boa noite e bom descanso!