Mostrar mensagens com a etiqueta Serviço. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Serviço. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer

       Disse o Senhor: «Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele volta do campo: ‘Vem depressa sentar-te à mesa’? Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, até que eu tenha comido e bebido. Depois comerás e beberás tu’. Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou? Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer’» (Lc 17, 7-10).
       O caminho de Jesus é exigente, mas compensador, vivido na caridade sem limites. O serviço ao semelhante, tratando-o como irmão, na proximidade de um abraço, na leveza de uma palavra, no afago do coração, no sorriso da alma, é um projeto de vida, é a postura de Jesus, permanentemente. Ontem, Ele lembrava-nos de perdoar sempre, de nos conciliarmos uns com os outros mesmo tendo motivos para o conflito e a divisão. Hoje, claramente, fala-nos no serviço aos outros com alegria e generosidade.
       A referência é Ele, que veio não para ser servido mas para servir e dar a vida pela humanidade.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

O maior no Reino de Deus: quem mais serve!

       Jesus e os discípulos subiam a caminho de Jerusalém. Jesus ia à sua frente. Os discípulos estavam preocupados e aqueles que os acompanhavam iam com medo. Jesus tomou então novamente os Doze consigo e começou a dizer-lhes o que Lhe ia acontecer: «Vede que subimos para Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas. Vão condená-l’O à morte e entregá-l’O aos gentios; hão-de escarnecê-l’O, cuspir-Lhe, açoitá-l’O e dar-Lhe a morte. Mas ao terceiro dia ressuscitará». Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir». Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?». Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o baptismo com que Eu vou ser baptizado?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado». Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indi¬gnar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos». (Mc 10, 32-45).
       Depois do anúncio explícito da paixão, dos sofrimentos que estão para vir, Jesus escuta Tiago e João a pedirem-lhe para os colocar um à direita e outra à esquerda. Depois de auscultar a disponibilidade para seguirem o mesmo caminho, Jesus diz-lhes claramente que não Lhe cabe colocá-los à Sua direita ou à Sua esquerda. Logo ouvimos a contestação que fazem os demais Apóstolos. Percebe, deste modo, que nesta fase da vida de Jesus e da Sua missão, os Seus discípulos ainda esperam um messianismo terreno, baseado no poder, nos lugares, nos títulos.
       Porém, Jesus diz-lhes inequivocamente que o poder dos discípulos há-de estar no serviço: quem mais amar, quem mais servir, será quem mais reinará. A lógica do Evangelho, da Palavra de Deus orienta-se pelo serviço, pela caridade sem limites.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Simão Pedro, tu amas-Me?

       Quando Jesus Se manifestou aos seus discípulos junto ao mar de Tiberíades, depois de comerem, perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, amas-Me tu mais do que estes?». Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros». Voltou a perguntar-lhe segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?». Ele respondeu-Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas». Perguntou-lhe pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu amas-Me?». Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez se O amava e respondeu-Lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te levará para onde não queres». Jesus disse isto para indicar o género de morte com que Pedro havia de dar glória a Deus. Dito isto, acrescentou: «Segue-Me». (Jo 21, 15-19).


       O seguimento de Jesus não exige talentos especiais, nem cursos, nem riquezas materiais, a única exigência é o amor. Por isso, Jesus não pergunta a Pedro se tem muitas qualidades e habilitações, se é mais ou menos instruído, pergunta-lhe: Pedro, tu amas-Me. Depois da resposta de Pedro, Jesus diz-lhe: "Segue-Me". Só amando verdadeiramente Jesus, podemos segui-l'O.

terça-feira, 20 de março de 2018

VL – A humildade faz-nos humanos…

       É uma marca distinta de Jesus Cristo. Quem se humilha será exaltado e quem se exalta será humilhado. Quem quiser ser o primeiro seja o último e o servo de todos. Nestes dias temos assistido à impotência das populações face aos incêndios. Perante a grandeza dos mesmos, há muitas situações que podem ser precavidas e melhoradas. Também aqui a humildade é crucial: reconhecimento do que não se fez, por incapacidade ou pela não previsibilidade; pelo que se pode vir a fazer, pela escuta e pelo acolhimento do contributo de outros.
       Com efeito, só a humildade nos permite aprender, dialogar, partilhar, comungar a vida com os outros. Só a humildade nos permite apreciar a vida, agradecer os dons recebidos, cultivar os talentos a favor dos outros e em prol de uma sociedade renovada. Só a humildade nos permite ser pessoas, diante dos outros e, para quem tem fé, diante de Deus. Só a humildade nos enriquece, nos humaniza e nos aproxima dos outros. Só a humildade nos leva a reconhecer as falhas, a pedir perdão e a tentar corrigir os erros. Só a humildade nos capacita para compreendermos os outros, sermos tolerantes com as suas falhas e apreciadores das suas qualidades. Só a humildade nos leva a construir pontes e derrubar muros, a juntar as nossas energias às energias dos outros, procurando a paz e a justiça. Só a humildade nos coloca à escuta e nos predispõe a aprender sempre mais. Olhos e ouvidos abertos ao que nos rodeia, coração atento a outros corações.
       Humildade não é o mesmo que ingenuidade, ignorância, descuido ou o não querer-saber. Humildade não é renunciar a valores e convicções, não é aderir, sem mais, aos valores, ideias e projetos dos outros. Humildade não é abdicar da própria vida para viver a vida dos outros. Humildade não é achar que os outros são bons e eu sou mau, que os outros são capazes de tudo e eu não sou capaz de nada. Humildade não é autocomiseração, fazer-se de coitadinho/a para que todos reparem em mim e me apapariquem. Humildade não é cruzar os braços, não é encolher-se ou remeter-se ao seu canto para não incomodar ninguém.
       A humildade compromete-nos, abre o meu e o teu coração à vida e aos outros, leva-nos a sair do nosso egoísmo para, com os outros, formarmos família. A humildade faz-nos reconhecer que estamos a caminho e podemos crescer e aprender sempre mais. Os outros são uma oportunidade e não um estorvo.

VL – Os cristãos e a política como serviço aos últimos

Os discípulos de Jesus vivem durante muito tempo na dinâmica do grupo: o nosso grupo, os nossos, os que andam connosco. O Messias de Deus é nosso, pertence-nos, temos o exclusivo. Os milagres que fizer hão de beneficiar os nossos, os do nosso povo. As palavras que Ele disser são-nos dirigidas, a não ser que sejam para maldizer os outros, os estrangeiros, os que estão para lá do nosso grupo.
Como não lembrar o episódio em que os discípulos dizem a Jesus que tinham proibido um homem de fazer milagres e anunciar em Seu nome pelo simples facto de não fazer parte do grupo? (cf. Mc 9, 38). Ou a estranheza quando veem Jesus a falar com a Samaritana? Já era demais estar a falar com aquela mulher em público, mais escandaloso é o facto de ser samaritana, inimiga dos judeus (Cf. Jo 4, 1-41). Ou quando querem deitar fogo do céu contra os samaritanos que não os acolhem, pois iam em sentido contrário? (Lc 9, 51-56).
Num outro episódio, proposto num dos últimos domingos, no encontro com uma mulher cananeia (Mt 15, 21-28), Jesus assume a sensibilidade dos judeus ciosos do seu Deus e da sua religião. Jesus mantém-se em silêncio (exterior) diante da investida da mulher estrangeira: «Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim. Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio».
É Mãe. Está tudo dito. Tudo fará para reaver o filho, para o reconquistar para a vida. Sujeita-se ao ridículo, à humilhação pública. Mas que lhe importa? O importante é a saúde e a vida do filho!
Porém, os discípulos ao apelarem a Jesus para que intervenha parecem incomodar-se sobretudo com a gritaria da mulher e não tanto pelo seu sofrimento!
Na resposta, Jesus diz-lhes que não foi enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Tinha sido essa a recomendação que Ele lhes dera quando os enviou dois a dois: «Não sigais pelo caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Ide, primeiramente, às ovelhas perdidas da casa de Israel» (Mt 10, 5-6).
Convertamos em pergunta a resposta dada por Jesus àquela Mulher: "Será justo tomar o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos?". Entramos na pedagogia de Jesus! A Mulher cananeia ajuda-nos a responder ao questionamento de Jesus: «É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos».
Partindo da postura de Jesus, o compromisso dos cristãos na vida social, política (e partidária), na economia: ao serviço de quem mais precisa!

domingo, 10 de dezembro de 2017

Leitura: ANDREA MONDA - BENDITA HUMILDADE

ANDREA MONDA (2012). Bendita Humildade. O estilo simples de Joseph Ratzinger. Prior Velho: Paulinas Editora. 176 páginas.
       No dia 10 de novembro (2017), desloquei-me com três amigos sacerdotes, o Giroto, o Diamantino e o Diogo à VIII Jornada de Teologia Prática na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, e um dos conferencistas era precisamente o italiano Andrea Monda, testemunhando o anúncio do Evangelho às gerações atuais. O professor Andrea Monda leciona o equivalente a EMRC, tem um programa na TV2000, num formato semelhante a uma aula de 25 minutos, interagindo com a turma.
       Bastava o livro ser referido a Bento XVI / Joseph Ratzinger para me despertar o interesse, mas a conferência de Andrea Monda despertou-me mais o interesse. Mas como digo, bastava ser uma obra sobre Joseph Ratzinger, que já o lia e estudava, para uma ou outra disciplina de Teologia, longe do tempo em que viria a ser eleito Papa. O testemunho da D. Fernanda, que dedicou uma parte importante da sua vida ao Seminário de Lamego, aquando uma missão em Roma, era que àquele Cardeal era muito afável, muito simpático e atencioso, muito simples e muito humano. São características que Andrea Monda também descobrir, sem precisar de muito esforço, bastando o encontro com Bento XVI e os milhentos testemunhos dados por quem conviveu ou convive com o agora Papa Emérito.
       O autor mostra que este Homem de Deus, simples, afável, de fácil trato, que olha as pessoas olhos nos olhos, com um olhar profundo e interpelante, atento aos interlocutores, não foi uma novidade, sempre foi assim, como seminarista, como padre, como Bispo, como professor, como Prefeito da Congregação para a Doutrina na Fé (ex-Santo Ofício). A comunicação social, desde a primeira hora, não lhe concedeu qualquer interregno de simpatia, pois sendo já conhecido, agora era tempo de levantar suspeitas, insinuações, colocando com rótulos, com preconceitos, pelo facto de ser alemão e pelo facto de ter sido durante tantos anos o fiel guardador da fé, da doutrina católica, como se isso fosse um crime.
       Segundo o autor, a HUMILDADE é uma palavra que marca a vida de Joseph Ratzinger / Bento XVI, nas diferentes etapas da vida, como sacerdote, como professor, como Bispo, Cardeal e Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, como Papa. Numa biografia do atual Papa Francisco é sublinha a atenção e o cuidado com que o então Cardeal Ratizinger tratava as pessoas que encontrava, com atenção, colocando-se ao mesmo nível da pessoa. Era um dos poucos cardeais, consta, que não tratava o então Cardeal Jorge Mario Bergoglio com sobranceria, como um Cardeal das periferias, como fazia outras eminências, mas de igual para igual, com respeito, deferência, respeito e simpatia.
       É uma humildade assente na verdade, sobretudo a Verdade do Evangelho. A fé é antes de mais um encontro com Jesus. Humildade que assenta na transparência, na comunhão com a Igreja, em comunhão com a "maioria" formada pelos santos. Uma humildade caracterizada pela simplicidade. Basta recordar a primeira vez que apareceu na varanda pontifícia como Papa, o simples servidor da vinha do Senhor, com uma camisola preta, normal, debaixo da batina branca. Mais tarde confessará q dificuldade em usar botões de punho.
       Como Prefeito era conhecida a rotina que mantinha, manhã cedo e no final do dia, atravessava a praça de São Pedro, com uma boina na cabeça, sempre disponível para quem se aproximava. Por vezes fazia-se acompanhar por gatos. Sempre cordial e simples. Já como professora passava como segundo ou terceiro coadjutor de uma paróquia de cidade, tal a simplicidade com que interagia com os alunos, nesse caso. Permaneceu sempre assim, simples, cordato e acessível, um sacerdote a caminho, que se move em direção aos outros, colocando-se sempre ao nível dos seus interlecutores.
"Se João Paulo II foi definido como «o pároco do mundo», nesta aceção de simplicidade e humildade, pode-se tranquilamente definir Bento XVI como «coadjutor paroquial do mundo»... Em Bona, Ratzinger podia andar a pé, em Munique, como jovem sacerdote, andava de bicicleta de um lado para o outro, em Tubinga, voltou a recorrer às duas rodas".
       A sua vida é marcada pela renúncia. O autor apresenta essa característica fundamental antes de se sonhar que o Papa bávaro iria renunciar ao pontificado, assumindo-se como simples Padre Bento (terá sido essa a designação que propôs usar depois da renúncia). Humildade obediente. Outros foram conduzindo o seu percurso. Vai numa direção e de repente alguém o desafia para outra missão, sempre com o sentido de obediência aos seus superiores.
       Como teólogo marcante, o próprio confessou que nunca se propôs apresentar/criar uma linha teológica, mas aprofundar a teologia dentro da comunidade, da Igreja, em comunhão com o testemunho dos santos, uma teologia de joelhos.
       A verdadeira grandeza de homem reside na sua humildade". É uma caracterização que lhe assenta bem. Numa das catequeses, ao apresentar a figura do Papa Gregório Magno, quase poderia falar de si mesmo, lembrando como o monge que se tornou Papa "procurou de todos os modos evitar aquela nomeação; mas, no fim, teve de render-se e, tendo deixado pesarosamente o claustro, dedicou-se à comunidade, consciente de cumprir um dever e de ser simples 'servo dos servos de Deus'".
       "Todas as pessoas que de algum modo se encontraram com Joseph-Bento, «ao vivo», puderam constatar a doçura deste homem simples e dialogante, sem traços de altivez nem de afetação... ele é o primeiro a movimentar-se e ir ao encontro dos outros, pondo-se ao seu nível, delicadamente".
       Um dos aspetos relevantes do autor - tendo em conta os 24 anos de Joseph na Congregação responsável por ajudar o Papa e a Igreja a manter-se fiel a Jesus Cristo e ao Evangelho, ao nível dos princípios e das palavras em cada tempo -, o dogma! O dogma é o que nos liberta e nos ajuda a viver em dinâmica de amor. «Se na Igreja existem os dogmas, é para que ninguém se engane sobre o amor. Eles expõem-se à acusação de ideologia: na realidade, têm por efeito impedir que o amor seja transformado em ideologia».

BENTO XVI: «Deus não nos deixa tatear na escuridão. Mostrou-se como homem. Ele é tão grande que pode permitir-se tornar-se pequeníssimo».

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Nem um copo de água ficará sem recompensa

Disse Jesus aos seus apóstolos:
       "Disse Jesus aos seus apóstolos: «Não penseis que Eu vim trazer a paz à terra. Não vim trazer a paz, mas a espada. De facto, vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora da sua sogra, de maneira que os inimigos do homem são os de sua casa. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim, não é digno de Mim. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não é digno de Mim.Quem encontrar a sua vida há-de perdê-la; e quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la. Quem vos recebe, a Mim recebe; e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou. Quem recebe um profeta por ele ser profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo por ele ser justo, receberá a recompensa de justo. E se alguém der de beber, nem que seja um copo de água fresca, a um destes pequeninos, por ele ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa». Depois de ter dado estas instruções aos seus doze discípulos, Jesus partiu dali, para ir ensinar e pregar nas cidades daquela gente" (Mt 10, 34 - 11, 1).

       Jesus alerta os seus discípulos para a inquietação que devem sentir na transformação do mundo, gastar a vida para a ganhar, viver na dedicação permanente ao próximo, não esperar tranquilidade na missão. A paz conquista-se pelo compromisso com os outros. Paulo VI lembrava que o desenvolvimento é outro nome para a paz, pois esta não é alcançável quando existe pobreza, guerra, dependência, corrupção, quando lei do mais forte impera, escravizando, controlando, retirando aos outros a liberdade e a capacidade de autodeterminação. A paz exige escolhas ativas a favor da transformação do mundo e das estruturas de pecado, para que a injustiça, as desigualdades sociais, o défice de acesso à saúde, à educação e à cultura, sejam minoradas em ordem à fraternidade.
       O caminho para Jesus é o serviço, a caridade, a atenção e cuidado sobretudo às pessoas que se encontram em situações de desfavor, num mundo paralelo, deficitário, de exclusão social, política e religiosa. Aos seus discípulos diz claramente qual é o caminho: serviço, caridade. Nem um copo de água dado em nome de Jesus ficará sem recompensa.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

VL – Eu Sou o Caminho que vos conduz ao Pai – 2

       O Cardeal Joseph Ratzinger (Bento XVI), há uma vintena de anos, sublinhava que para o reino de Deus há tantos caminhos quantas as pessoas, o que obviamente não anula o facto de Jesus ser o Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14, 6). Com efeito, o meu caminho, o teu caminho, há de levar-nos a Jesus, há de levar-nos ao Pai. Sendo assim, quanto mais perto eu estiver de Jesus e quanto mais perto tu estiveres de Jesus, mais perto vamos estar um do outro. E se estamos próximos poderemos apoiar-nos mutuamente, ajudar-nos, incentivar-nos quando um de nós estiver a fraquejar.
       A Quaresma é reconhecidamente tempo de conversão e de penitência, tempo de esperança e de mudança de vida. É caminho de santidade, de aperfeiçoamento, ou seja, caminho de humanização. Preparamo-nos ao longo de toda a vida para entrarmos na morada eterna no Pai. Caminhamos mas não sozinhos. Seguem connosco todos os que Deus colocou à nossa beira e que coincidem connosco no tempo e no espaço. Mas também nos acompanham os santos, aqueles que vieram antes de nós e nos ensinaram, imitando Jesus, o caminho da docilidade, da bondade, do serviço à pessoa e à humanidade e, agora junto de Deus, atraem-nos e desafiam a viver no bem que nos irmana. Com a ajuda de Deus e dos irmãos eles chegaram lá, nós também havemos de lá chegar. E o caminho começa AGORA na nossa vida diária.
       No Reino de Deus não há excluídos (à partida), todos fomos criados por amor, para vivermos em abundância e sermos felizes (=santos). Por conseguinte, estamos "condenados" a aproximar-nos uns dos outros. Na verdade, diz-nos Jesus, Deus é Pai de todos e «faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos» (Mt 5, 45). A bênção recai sobre todos. Temos afinidades, mas nem por isso estamos dispensados de amarmos até os nossos inimigos, os que nos são indiferentes, os que desprezamos. Aliás, questiona Jesus, que vantagem haveria em amar aqueles que nos amam? Isso todos podem fazer. Os discípulos de Jesus são desafiados ao máximo. E o máximo é Deus. «Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito» (Mt 5, 48).
       A vinda de Jesus ao mundo, Deus que Se faz Homem, tem como missão reconciliar-nos uns com os outros e com Deus. Pelo mistério da Sua morte e da Sua ressurreição, Jesus resgata-nos das trevas, do pecado e da morte, para nos reconduzir ao Coração do Pai.

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4402, de 7 de março de 2017

VL – Eu Sou o Caminho que vos conduz ao Pai

       No diálogo bem conhecido com os discípulos (cf. Jo 14, 1-6), Jesus responde diretamente a Tomé: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes». E logo de seguida a Filipe: «Quem Me vê, vê o Pai».
       Iniciamos o ciclo da Páscoa neste ano pastoral 2016-2017. O tempo santo da Quaresma encaminha-nos e prepara-nos para a Páscoa, envolvendo-nos na vivência mais consciente da Liturgia da Palavra, comprometendo-nos com o mundo atual em que vivemos, para chegarmos a ser, nas palavras de Jesus, sal da terra e luz do mundo.
       No caminho da Quaresma a oração, o jejum e a esmola (cf. Mt 6, 1-18). A oração para nos sintonizar com Deus e com a Sua palavra, na certeza que a proximidade a Deus nos impele ao encontro dos irmãos.
       O jejum como gesto e oportunidade de tomarmos consciência que a vida não depende só daquilo que comemos, mas tem como referencial e fundamento o próprio Deus (cf. Mt 6, 25ss). A vida é um dom inalienável. Recebemo-la de Outro, através dos nossos pais, pelo que o direito sobre a vida, a nossa e a dos outros, não nos pertence. O que nos pertence é a missão de viver e viver em abundância (cf. Jo 10, 10). O jejum não é dieta, o jejum balança-nos para outros. «Tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos. Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31)» (Bento XVI).
       Decorrente da vivência do Jejum, que nos recorda que o pão de cada dia deve chegar a todos, a prática da caridade, cuja esmola continua a ser uma belíssima tradição que não dispensa de refletir e lutar por mais justiça social e pela transformação das estruturas, humanizando-as. «A prática da esmola é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia» (Bento XVI).

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4401, de 28 de fevereiro de 2017

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

VL – Autoridade Jesus e dos discípulos: amor e serviço

       A lei do amor não torna mais fácil a nossa vida. Jesus não revoga os preceitos da Lei de Moisés. Não tem o propósito de alijar, iludir, facilitar, mas de elevar, aperfeiçoar, plenizar. Jesus é a Carne viva da Lei, o Corpo e a Vida. Mas a carne, o corpo e a vida são delicados e temos que os tratar como tal, com delicadeza e cuidado, prestando a máxima atenção para não ferir, não magoar, para não danificar. Quando cuidamos da carne do outro, do seu corpo e da sua vida, estamos a entrar no seu mundo, estamos a reconhecê-lo como parte essencial do nosso mundo. Quando tocamos as feridas e as chagas do outro, como nos lembra a Santa Teresa de Calcutá, tocamos os ferimentos de Jesus.
       Não precisamos de leis nem de regras, desde que amemos de todo o coração! Por certo! Como diria Santo Agostinho, ama e faz o que quiseres! Só que quem ama cuida, sofre, ampara, acolhe, serve, acarinha, gasta-se, respeita, dá-se, entrega-se. A não ser que amar seja apenas uma palavra dita da boca para fora e gasta pelo muito e/ou mau uso da mesma. A não ser que amar seja apenas gozar, sentir prazer, tirar proveito do outro, servir-se do outro enquanto é útil e satisfazer os próprios interesses e caprichos. Amar exige muito de mim. Exige tudo. Não se ama a meio termo, a meio gás, com condições ou reservas. A vida não é branco e preto, também é cinzenta e vermelha, castanha e amarela. No entanto, ou se ama ou não se ama. “Amar muito” não acrescenta, já está dentro do amar. Amar exige tudo de mim e de ti. Exige que gastemos as forças, o corpo e o espírito a favor do outro, de quem, pelo amor, me faço próximo, me faço irmão. Amar é dar a vida. É gastar a vida. É confiar ao outro a própria vida. Foi isso que Jesus fez connosco, comigo e contigo, com a humanidade inteira. Por amor, gastou-Se até à última gota de sangue.
       É o amor e o serviço que nos salvam, permitindo-nos sair potenciar o melhor de nós, como filhos bem-amados de Deus e acolher tudo o bem que vem de Deus através dos outros.
       As palavras de Jesus entram-nos pelos ouvidos dentro até chegarem ao coração. Outrora poderíamos ainda ter desculpas, não saber, estarmos a caminhar e a amadurecer. Mas agora é tempo de viver, de amar e servir.

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4400, de 21 de fevereiro de 2017

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

VL – A autoridade Jesus e dos seus discípulos: o serviço

       A liturgia dos últimos e dos próximos domingos serve-nos o Sermão da Montanha (Mt 5,1-7,29), que começa com as Bem-aventuranças e termina desta forma: “Quando Jesus acabou de falar, a multidão ficou vivamente impressionada com os seus ensinamentos, porque Ele ensinava-os como quem possui autoridade e não como os doutores da Lei”.
       Quando ouvimos falar em autoridade quase sempre nos lembramos de poder, de arrogância, de sobranceria. Jesus, desde o início, faz saber aos seus discípulos, daquele e de todos os tempos, que a Sua lógica é diferente, o Seu poder está no amor, no serviço, no gastar a vida não por quem merece mas por todos e especialmente pelos excluídos, os pecadores, os pobres, os doentes.
       Um dia destes, um agente da GNR mandou-me encostar. Como em todas as profissões e/ou vocações há gente boa e gente maldisposta. Seja onde for tenho consciência que cumprem a sua missão. E assim foi. Documentos pessoais e da viatura. Colete. Triângulo. Deu a volta ao carro. Sempre com um ar descontraído, humano. E no final: tenha um bom domingo. Pode arrancar quando puder. Tudo de bom. Cumpriu com zelo, mas também com simpatia o seu dever. E com um gracejo final. Simples. É possível ser sério sem ser carrancudo, arrogante ou implicante. (Em nenhum momento revelei a minha identidade sacerdotal).
       Na linguagem como na vida, Jesus apresenta-Se dócil, próximo, a favor dos mais desfavorecidos e da integração de todos no Reino de Deus, repudiando as injustiças, as invejas e os ódios, promovendo o serviço, o amor e o perdão, contando connosco, comigo e contigo. Cada pessoa conta. Cada um de nós é assumido como irmão, filho bem-amado do Pai. Jesus vem desfazer os muros da incompreensão, do egoísmo, da intolerância, da violência e construir pontes e laços de entreajuda, de comunhão e de fraternidade.
       No Sermão da Montanha Jesus acentua a humildade, o despojamento, a pobreza, mas nunca a desistência ou o conformismo. São felizes os que lutam pela justiça e promovem a paz, os que usam de misericórdia e cuja compaixão constrói humanidade. Jesus não desiste. Vai até ao fim. Por amor. A Sua autoridade caracteriza-se pela bondade, por atrair os que foram colocados de parte pela política, pela sociedade e pela religião. Para Ele não há pessoas perdidas, todos podem recomeçar e ser parte importante no Seu reino de amor. Como nos lembrou há pouco o Papa Francisco, “não há santos sem história, nem pecadores sem futuro”.

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4398, de 14 de fevereiro de 2017

sábado, 29 de outubro de 2016

Num banquete nupcial não tomes o primeiro lugar...

       Jesus entrou, num sábado, em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O observavam. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes esta parábola: «Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu; então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o lugar a este’; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar. Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que te convidou, dirá: ‘Amigo, sobe mais para cima’; ficarás então honrado aos olhos dos outros convidados. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado» (Lc 14, 1.7-11 )
       Jesus toma uma refeição em casa de um dos principais fariseus e observa como alguns procuram o primeiro lugar, para estar mais perto do anfitrião, para serem servidos em primeiro lugar, para serem vistos por todos. Jesus aproveita, uma vez mais, a ocasião, para intervir ensinando. O discípulo não é o que ocupa o primeiro lugar, o discípulo é aquele que serve, que ama, que se humilha para ajudar e cuidar dos outros.
       Bem sabemos que na atualidade, em qualquer banquete, esta questão já não se coloca, pois os anfitriões previamente destinam os lugares, precisamente para evitar constrangimentos na hora de escolher os lugares. Podem gostar ou não gostar do sítio onde foram colocados, mas pelo menos não se cria um mau ambiente entre convidados.
       Seja como for, Jesus caracteriza uma vez mais a atitude e identidade do discípulo. Aquele que serve, que não precisa de exibições ou de aparências, mas dá prioridade à relação com os outros, atendendo-os nas suas necessidades.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

VL – O amor afasta o temor (Santa Faustina)

       Imaginemos um pai severo, com muitas regras e castigos. Tão distante dos filhos que se faz respeitar pelo medo. Basta um olhar! E se for preciso desapertar a fivela do cinto...
       Imaginemos um pai compreensivo, dialogante, carinhoso com os filhos, estabelece regras explica-as, negoceia fronteiras e limites...
       Passados 30 anos, quais os filhos estarão mais próximos dos pais?
       Há pessoas que se atêm à religião mais pelo medo, pela presença demoníaca, pela escrupulosidade do pecado, que pelo convite acolhedor de Jesus e do Seu Evangelho de Paixão e de Misericórdia.
       O Ano Jubilar acentuou a dinâmica do amor de Deus para com a humanidade, assumido e plenizado na vida de Jesus, na Sua morte e ressurreição, e o desafio à Igreja para ser Casa da Misericórdia, assomando a beleza e a alegria da Boa Nova da redenção. 
       Há um caminho importante a fazer. O caminho de cada um – lembrando as palavras do então cardeal Ratzinger: há tantos caminhos quantas as pessoas – há de aproximar-nos de Jesus, Caminho, Verdade e Vida. Com Ele experimentamos libertação, docilidade, prontidão, serviço. Não ameaça, atemorização. Jesus não olha para o inferno mas para o Céu, para o Pai.
       Ao longo dos séculos, muitos círculos eclesiais acentuaram o medo e à ameaça. As descrições do inferno pareciam ser testemunhos de quem lá tinha estado. O inferno era garantia da nossa vida. Era preciso fazer tudo para ganhar o céu, pelo sacrifício, pela mortificação, anulando-se como pessoas e colocando-se em atitude de subserviência, à espera que à custa de tantos sofrimentos Deus pudesse compadecer-se. É o contrário, o Céu é garantia e a vida eterna está aí como dom que nos responsabiliza com os outros.
       A vida, a pregação e a oração dos cristãos há de estar preenchida com ternura e o amor de Deus. Nãos se trata de negar a doutrina da Igreja, assente nas palavras e nos gestos de Jesus. Porém, seguindo-O, veremos a bondade e a filiação amistosa com o Pai. O inferno é uma possibilidade real. Deus leva-nos a sério, respeita a nossa liberdade e o nosso não. Mas como cristãos e como Igreja vivemos do amor de Deus. Jesus procura libertar, elevar, envolver. A Cruz é a assunção do amor levado até à última gota de sangue. Com a Sua ressurreição, Jesus coloca a nossa natureza humana na glória do Pai, de onde nos atrai e desafia.

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4380, de 27 de setembro de 2016

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

VL - O que não se dá perde-se

       Há mais alegria em dar do que em receber. Garante-nos Jesus.
       A vida como o pão, se não se consome, estraga-se. Por melhor que se acondicione, acaba por perder propriedades que nos fazem saboreá-lo mesmo sem nada a acompanhar. Também a vida, se se guarda, desperdiça-se.
       A vida só será plena e abundante no gastar-se a favor dos demais (cf. Lc 9, 18-24). Quem guarda tempo e dons para si, para o futuro, para ocasiões eventualmente mais favoráveis, não é discípulo de Jesus. O discípulo há de imitar Jesus, gastando-se em prol dos outros. Quem acumula para si, perde-se, porque se prende ao efémero e ao finito; quem se dá acumula tesouros para a eternidade. A vida é verdadeiramente minha quando a vivo na relação com os outros e com o mundo. A psicologia moderna lembra-nos que precisamos de gostar de nós para podermos gostar dos outros. Como podemos gostar dos outros se não gostamos de nós mesmos?
       O Papa Francisco sublinha a opção de Cristo que nos leva a centrar-nos nos outros e não em nós. Gostarmos e servimos os outros ajuda-nos a gostar de nós e a sentirmo-nos melhor connosco mesmos, mais úteis e mais felizes.
       Quem se centra demasiado em si mesmo, por mais qualidades que possua, acabará por se perder, se destruir e, fechando-se na sua concha, ficará humanamente raquítico, quando não paranoico, subserviente do aplauso constante dos outros como se fora o centro do Universo. A alegria do Evangelho liberta-nos do mofo para vivermos saudavelmente, caminhando com os outros. Como não lembrar mais uma vez o desejo do Papa Francisco: prefiro uma Igreja acidentada por sair, do que estagnada, doente, por se fechar, centrando-se em si própria.
       Esta semana assistimos, com o Brexit, a um reino unido desligando-se da União Europeia, colocando em causa o propósito das seis nações europeias que sonharam uma unidade entre os diferentes países, fortalecendo laços entre pessoas e povos, garantindo a paz, a prosperidade e o desenvolvimento. A crise económico-financeira, primeiro, e a crise dos refugiados, depois, colocou em causa o sonho de uma Europa solidária. Sobreveio a incapacidade de olhar além das fronteiras, reavivando egoísmos, nacionalismos. Uma Europa aparentemente a desintegrar-se, mas que pode tornar-se numa nova oportunidade, voltando (talvez) aos propósitos que estiveram na sua base. Também aqui vale o desafio de Jesus: quem guarda a sua vida, perde-a, quem a perde a favor dos outros, ganha-a agora e no futuro.

Publicado na Voz de Lamego, de 28 de junho de 2016

sábado, 17 de outubro de 2015

XXIX Domingo do Tempo Comum - ano B - 18.10.2015

       1 – «O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».
       Os domingos transparecem o CAMINHO que Jesus percorre com os discípulos e com a multidão. À volta do Mestre da Vida, há muitas aproximações mas também muitos distanciamentos. Os discípulos vão testemunhando o DIZER e o AGIR de Jesus. Entranhando-nos na missão de Jesus, também nós ficamos ora admirados, ora com dúvidas, ora estranhando as Suas opções. Para Quem é todo-poderoso e vem com o poder de Deus como pode anunciar a fragilidade, a finitude e a morte?!
       Vê-se como os discípulos precisam de tempo, muito tempo, para assimilar a mensagem. Feitos da mesma massa que nós, caminham (como nós) entre avanços e recuos, entre entusiasmos e refreamentos. No aplauso da multidão deixam-se empolgar pelo sucesso que se avizinha. Com as chamadas de atenção de Jesus, que lhes anuncia tempos difíceis, de perseguição e morte, começam a pensar que lugares poderão ocupar na sucessão ao Mestre dos Mestres.
       Quem ocupará o primeiro lugar na "ausência" de Jesus? A resposta começa a ser uma provocação, um desafio e um compromisso para quem quiser seguir Jesus. Quem de entre vós quiser ser o primeiro seja o servo de todos. Os discípulos ouvem a mensagem de Jesus mas logo se esquecem e voltam à carga. E Jesus volta a insistir que o maior será aquele que mais serve!
       2 – O evangelho de hoje é um exercício significativo que interpreta a nossa vida com os seus sonhos e anseios. Numa ou noutra fase da vida podemos rever-nos no pedido de Tiago e de João: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir: concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda».
       A reação dos demais apóstolos não nos permite colocar-nos fora desta cena, pois todos padecemos do mesmo ou, pelo menos, corremos tal risco. Os outros dez indignam-se contra Tiago e João, não pelo que desejam e pedem a Jesus, mas por se terem antecipado. Sabendo que está próximo um desfecho na vida de Jesus, e que trará em definitivo o reino de Deus, todos se chegam à frente, procurando apresentar os respetivos trunfos. Tiago e João interpretam, antecipando-se, o desejo dos outros.
       O reino de Deus no meio de nós inicia-se com a Encarnação. Deus em Jesus faz-Se um de nós e um entre nós. Vem para viver, para amar servindo, para servir amando. Ele "que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz" (Filip 2, 6-11).
       Os discípulos estão expectantes! Para eles, o reino de Deus será um tempo novo, mas não totalmente um reino diferente. Mudarão os protagonistas. Será um reino alternativo, não nas políticas, mas nas caras. Qualquer semelhança com as democracias atuais não é mera coincidência.
       Curiosamente, Tiago e João estão dispostos a fazer sacrifícios se isso significar serem colocados no melhor lugar. «Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o batismo com que Eu vou ser batizado?». À pergunta de Jesus, a resposta pronta dos dois irmãos: «Podemos».
       Perentoriamente Jesus lhes assenta o estômago: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis batizados com o batismo com que Eu vou ser batizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado».
       3 – O anúncio da Paixão está permanentemente no agir de Jesus, consciente que a prossecução da Sua missão – na opção pelos mais frágeis, indo ao encontro de todos mas especialmente dos excluídos, dos pobres, dos doentes, dos pecadores públicos, dos publicanos, na abertura aos estrangeiros; na crítica declarada às injustiças sociais, à incoerência de vida, entre o que se exige aos outros e o que se pratica, à frieza do legalismo que coloca a lei antes e acima da pessoa – mais tarde ou mais cedo provocará o desenlace expectável: a prisão e a morte!
       Os apóstolos vão também tomando consciência dessa possibilidade. Quando Pedro repreende Jesus por Ele dizer que vai ser entregue às autoridades e depois ser morto, compreende já o receio dos discípulos, precavendo-O para que tome cuidado e eventualmente altere a trajetória.
       Jesus não fica admirado com o pedido dos seus discípulos, nem com a indignação dos outros em relação a Tiago e João. Sabe de que carne são feitos, sabe o que valemos. Jesus não chama os apóstolos por serem as pessoas mais perfeitas. Como sustenta Augusto Cury, o único que talvez fosse contratado pelo departamento de pessoal de qualquer empresa moderna seria Judas Iscariotes – pela cultura e pela formação académica e pela capacidade de gestão – e no entanto veio a traí-l'O, não acolhendo o perdão de Jesus, como os demais, que se arrependeram de terem voltado as costas a Jesus. Os discípulos são pessoas normalíssimas, com qualidades e defeitos, inconstantes, ingénuos, interesseiros, espontâneos, bondosos, simples, disponíveis, impulsivos ou gananciosos. Há para todos os gostos. E por isso tão parecidos connosco! Podemos rever-nos num ou noutro!
       Não importa (tanto) o ponto de partida, a situação em que nos encontramos, a condição que vivemos no momento atual, a distância da estrada... Importa (sobretudo e acima de tudo) a nossa predisposição para escutar a voz de Deus, o caminho que nos dispomos a percorrer, a disponibilidade para nos deixarmos converter pela graça de Deus e de caminharmos juntamente com o Mestre dos Mestres, Jesus Cristo. Podemos ser os maiores pecadores. Ainda assim, Deus chama-nos, espera por nós, quer a nossa conversão, a nossa felicidade, a nossa salvação.
       Aí está a voz sapiente de Jesus para eles e para nós, com insistência: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos». É o que Ele faz. Assim nós se quisermos ser Seus discípulos. Cabe-nos imitá-l'O.

       4 – Isaías, um dos profetas que mais claramente anuncia e visualiza a vinda do Messias, o Emanuel (cf. Is 7), o Deus connosco, também o caracteriza como o Servo Sofredor. Depois da morte e ressurreição de Jesus, os discípulos facilmente reveem Jesus nas palavras do (segundo) Isaías: «Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas, se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias, e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades».
       A intuição de Isaías transparece na vida, na missão e na entrega de Jesus, como o Eleito de Deus, o Messias que vem salvar-nos. Ele não Se revolta nem responde à violência com maior violência, mas oferece-Se por inteiro para inteiramente salvar o ser humano. Dá a Sua vida para que tenhamos vida em abundância (cf. Jo 10,10), como o Bom Pastor dá a vida pelas Suas ovelhas, qual Sumo-Sacerdote que nos oferece a Deus oferecendo-Se: «Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado. Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno».
       A Carta aos Hebreus, que escutamos como segunda leitura, convida-nos a permanecer firmes na fé, pois o Sumo-Sacerdote, Jesus Cristo, penetrou nos Céus e intercede continuamente por nós; d’Ele nos vem a graça e a salvação; é Ele que nos alcança de Deus a misericórdia.

Pe. Manuel Gonçalves



Textos para a Eucaristia (B): Is 53, 10-11; Sl 32 (33); Hebr 4, 14-16; Mc 10, 35-45.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A vela teimosa

       Era uma vez uma vela vermelha e dourada que teimava em não se deixar acender. Uma atitude estranha, pois as velas foram feitas para estar acesas e para iluminar com a sua chama a cintilar na escuridão.
       Estava próximo o dia da grande festa familiar e todas as outras velas começavam a ficar felizes, só em pensar que iriam ser protagonistas com a sua luz que iam irradiar.
       A vela vermelha e dourada repetia obstinadamente:
       - Não quero ser queimada. Quando somos acesas queimamo-nos em pouco tempo. Quero permanecer assim como sou: elegante, bela e integral.
       Uma vela disse-lhe:
       - Se não te deixas acender, é como se estivesses morta. Tu foste feita para iluminar e é assim que serás feliz.
       A vela vermelha e dourada respondeu:
       - Não, obrigada. Admito que a escuridão e o frio são horríveis, mas é melhor sofrer por causa de uma chama que queima e faz doer.
       Uma outra vela disse-lhe:
       - Admite que é melhor a luz que a escuridão. Nós aceitamos ser consumidas, precisamente para sermos portadoras de luz. É assim que nos tornamos úteis.
       A vela vermelha e dourada insistia:
       - Mas assim perdemos a forma e a cor.
       - Sim, mas só assim podemos vencer a escuridão e iluminar o mundo.
       Foi então que a vela vermelha e dourada se deixou acender. A cera e o pavio consumiram-se lentamente. Brilhou na noite até desaparecer. Nos últimos instantes sentiu-se feliz porque tinha cumprido a sua missão. Ainda teve tempo de exclamar:
       - Fui feita para brilhar.

in Revista JUVENIL, n.º569, janeiro 2014.

sábado, 5 de outubro de 2013

XXVII Domingo do Tempo Comum - ano C - 6 de outubro

       1 – O Papa Bento XVI, ao convocar o Ano da Fé, quis colocar a Igreja a refletir e a avivar as raízes da sua fé, a tornar mais visível a esperança, testemunhando-a em obras concretas, na transformação pessoal e comunitária. Iniciou-se 11 de outubro de 2012, 50 anos passados sobre a grande bênção para a Igreja que foi o Concílio Vaticano II, oportunidade para a Igreja se tornar Sacramento de Salvação, sinal e expressão da Presença de Cristo no mundo. Sob a inspiração do Espírito Santo, a Igreja foi chamada a meditar em Si mesma para melhor servir a Palavra de Deus e tornar mais efetivo o compromisso com os homens e as mulheres deste tempo. 20 anos após a publicação do Catecismo da Igreja Católica, a síntese mais completa dos ensinamentos, verdades, vivências da fé católica, para que os crentes apreendam toda a riqueza que os une e possam comunicar a beleza e a riqueza do Evangelho, em linguagem compreensível nos dias que passam, traduzida em palavras e gestos de partilha solidária e de comunhão fraterna.
       É de FÉ que HOJE a liturgia da Palavra nos fala.
       O pedido humilde dos apóstolos: «Aumenta a nossa fé».
       A resposta decidida de Jesus:
«Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: ‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia. Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: ‘Vem depressa sentar-te à mesa’? Não lhe dirá antes: ‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires, até que eu tenha comido e bebido. Depois comerás e beberás tu’? Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou? Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos inúteis servos: fizemos o que devíamos fazer’». 
       Jesus desafia à confiança, viver a fé de forma humilde mas simultaneamente corajosa, sem reservas, como o senhor que ordena o serviço aos seus servos, sem falsas modéstias, não deixando que as dúvidas e hesitações momentâneas se tornem paralisantes. Viver a fé como quem se lança numa aventura, como aposta, um salto no escuro, ou melhor um salto na LUZ de Jesus Cristo, que nos mostra o Pai e tudo o que nos ampara, o AMOR, do qual nem a morte nos separará. A fé envolve a confiança e a entrega. Como a criança se lança de encontro aos braços da mãe/pai, sem calculismos. Com a idade, a pessoa deixa de se atirar... Nem sempre é fácil!
       A propósito, uma significativa imagem de Santo Agostinho: “ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus escreva nela o que quiser”. Temos consciência que é mais fácil pedir a Deus que se faça a nossa vontade e não tanto a Sua, como rezamos no Pai-nosso.
       2 – Na primeira carta Encíclica, Lumen Fidei, o Papa Francisco, em sintonia estreita com Bento XVI, diz-nos que a fé é sobretudo luz, ainda que haja momentos de grande sofrimento, em que a dúvida assola, em que a confiança fica abalada, como se o chão debaixo de nós estivesse a desaparecer. Com efeito, “a fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho... o serviço da fé ao bem comum é sempre serviço de esperança que nos faz olhar em frente, sabendo que só a partir de Deus, do futuro que vem de Jesus ressuscitado, é que a nossa sociedade pode encontrar alicerces sólidos e duradouros” (n.º 57).
       O profeta Habacuc ajuda-nos a formular os nossos medos, melhor, os sofrimentos que atrapalham a nossa confiança em Deus, e no futuro. Há momentos em que a vida parece madrasta. Pedimos sinais e não vemos com clareza um caminho, uma abertura. Tudo parece em vão, fugidio, injustificável. Tristeza. Solidão. Doença. Traição. Morte de alguém próximo. Expetativas defraudadas, em relação a um emprego, a uma pessoa, a uma situação do dia-a-dia.
       Se há em nós resíduos de fé, ainda que tenhamos o coração atolado de dúvidas, lá vamos questionando Deus: «Até quando, Senhor, chamarei por Vós e não me ouvis? Até quando clamarei contra a violência e não me enviais a salvação? Porque me deixais ver a iniquidade e contemplar a injustiça? Diante de mim está a opressão e a violência, levantam-se contendas e reina a discórdia?» 
       E Deus não deixará de nos responder. Não se eliminam as dúvidas e contrariedades, mas sobrevém a presença de Deus, que nos atrai do futuro, da eternidade: «Põe por escrito esta visão e grava-a em tábuas com toda a clareza, de modo que a possam ler facilmente. Embora esta visão só se realize na devida altura, ela há de cumprir-se com certeza e não falhará. Se parece demorar, deves esperá-la, porque ela há de vir e não tardará. Vede como sucumbe aquele que não tem alma reta; mas o justo viverá pela sua fidelidade». 
       Só em Deus, através da Luz da Fé (Lumen Fidei), encontramos alicerces sólidos e verdadeiros que nos permitem viver e contruir laços de amizade, de ternura e de comunhão, e mutuamente procurar ultrapassar, compreender, relativizar tudo o que entendemos ser empecilho. A certeza de que Deus, Pai/Mãe, está na nossa vida, assegura-nos um chão que nos permite viver confiantes, apesar dos tropeços que encontramos no caminho.

        3 – Senhor, aumenta a nossa fé. Não apenas a minha fé, mas a fé da Igreja, vivida em comunidade, partilhada, celebrada. Imaginemos, como há tempos referia o Papa Francisco, que estamos num estádio de futebol, às escuras, e se acende uma pequena de luz (um isqueiro, uma vela), e cada um acende a sua pequena luz. Com cada pequena luz acesa, em conjunto, o estádio fica mais iluminado, sendo possível ver pessoas e os seus rostos.
       A fé, individual, isolada, privada, é uma mentira. Ou meia verdade. Fica incompleta. A fé acolhe-se pessoalmente, mas necessita de se expressar e exercitar em comunidade, senão esmorece. É como os sentimentos. Não posso amar sozinho. Amar e ser amado, é o desiderato essencial da vida. Mas como amar se não tiver a quem? Como me sentir amado, se não houver ninguém. Assim a fé, ou pelo menos a fé em Cristo Jesus.
       O apóstolo são Paulo exorta Timóteo a reavivar o dom de Deus, nele e nos outros. Não com timidez, mas com coragem.
“Exorto-te a que reanimes o dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor, nem te envergonhes de mim, seu prisioneiro. Mas sofre comigo pelo Evangelho, confiando no poder de Deus. Toma como norma as sãs palavras que me ouviste, segundo a fé e a caridade que temos em Jesus Cristo. Guarda a boa doutrina que nos foi confiada, com o auxílio do Espírito Santo, que habita em nós”.
       O desafio de Jesus aos apóstolos é sancionado por Paulo aos discípulos. Mesmo no sofrimento e na perseguição, há que manter firme a fé e a confiança em Deus, continuando a viver segundo a Sua vontade, na caridade e no serviço, confiando no Seu poder, no Seu amor por nós, alimentando-nos da Sua palavra, com o auxílio do Espírito Santo que nos habita.

Textos para a Eucaristia (ano C): Hab 1,2-3; 2,2-4; 2 Tim 1,6-8.13-14; Lc 17,5-10.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Verdade, liberdade, caridade

       A luz que Jesus irradia é esplendor da verdade.
       Qualquer outra verdade é apenas um fragmento da Verdade que Ele é que volta para Ele.
       Jesus é a Estrela Polar da liberdade humana: sem Ele perde a orientação, porque sem o conhecimento da verdade a liberdade perverte-se isola-se e reduz-se a estéril arbítrio. Com Ele, a liberdade reencontra-se, reconhece a sua vocação para o bem e exprime-se em ações e comportamentos caridosos.

Bento XVI (in Família Paroquial de Rio Tinto: 25/12/2011)