A terceira Carta Encíclica de Bento XVI empresta o título a este blogue. A Caridade na Verdade. Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas só esta entra na eternidade com Deus. Espaço pastoral de Tabuaço, Távora, Pinheiros e Carrazedo, de portas abertas para a Igreja e para o mundo...
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quarta-feira, 3 de janeiro de 2024
quinta-feira, 5 de janeiro de 2023
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
Grupo de Jovens leva o Menino Jesus a beijar...
Proposta do Conselho Pastoral Paroquial, o Grupo de Jovens liderou a iniciativa de visitar os doentes na quadra do Natal, levando-lhes o gesto vivido na comunidade celebrante, o Beijar do Menino. No dia 27 de dezembro, a ida ao Lar da Santa Casa da Misericórdia de Tabuaço, na solenidade da Epifania do Senhor, a ida à casa dos doentes que previamente, através de familiares ou vizinhos, fizeram chegar o seu interesse em receber este gesto e esta presença.
A iniciativa contou com um ou outro adulto que se juntaram ao Grupo de Jovens.
Na Eucaristia Dominical sublinha-se o gesto dos Magos, com o trajar de três Magos, que levaram as ofertas ao altar e no final distribuíram bons-bons às pessoas que passaram para Beijar o Menino. Um gesto simples, mas desafiador, convidando a ser como os Magos, prostrar-se diante de Jesus e oferecer-lhe o melhor.
Algumas imagens deste dia:
Para ver outras imagens visite a Paróquia de Tabuaço no Facebook.
sábado, 13 de fevereiro de 2016
Paróquia de Pinheiros | Natal | ano pastoral 2015-206
O ano litúrgico é cadenciado pelos dois grandes acontecimentos na vida de Jesus: o Natal, celebração do Seu nascimento, expressão da Encarnação de Deus na história e no tempo, e Páscoa, mistério da vida nova, oferecida e retomada.
As comunidades cristãs vivem de forma mais intensa cada um destes momentos. Obviamente que todo o ano litúrgico é importante, pois em todo o tempo se celebra o mistério pascal de Jesus. Mas tal como nas nossas vidas há os tempos dedicados às festas e o tempo ferial, de trabalho e de rotina. Para valorizarmos uns precisamos dos outros. Que sentido tem a festa quando estamos sempre em festa? Cansa! Que sentido têm os dias se são todos iguais, ao longo de todo o ano? Cansa. Não saberíamos apreciar a festa se ela não viesse depois do trabalho, perder-nos-íamos se ao trabalho só se acrescentasse trabalho.
A paróquia de Santa Eufémia, seguindo o ciclo litúrgico, tem na Páscoa e no Natal, com os tempos preparatórios, dois picos celebrativos, com outro momento importante na Festa de Santa Eufémia, sua Padroeira.
Advento, Natal e Epifania. No videoporama que se segue, imagens do Avento, com a construção progressiva da coroa do Advento, a solenidade do Natal, com a encenação de vários quadros relacionados com o nascimento de Jesus, e a solenidade da Epifania do Senhor, com a encenação da Adoração dos Magos.
Vale a pena escutar o música que acompanha o vídeo - No Senhor pus a minha confiança:
terça-feira, 5 de janeiro de 2016
Paróquia de Tabuaço - quadra de Natal 2015
O Natal é popularmente a Festa mais importante de cariz cristão, abrangendo toda a sociedade civil, com uma componente importante no comércio, potenciando, ao chegar-se ao final do ano, o equilíbrio de contas, podendo dessa forma, com sensatez, fazer circular positivamente a economia.
Nas comunidades cristãs é um tempo de forte mobilização, da comunidade paroquial e dos seus grupos, mormente da catequese. Na Paróquia de Tabuaço não tem sido diferente. Ao longo do Advento, a presença da Coroa do Advento, sob patrocínio do Grupo de Jovens (GJT); a construção progressiva do Presépio; a Festa de Natal da Catequese; a intervenção especial do GJT na Missa do Galo, este ano com a encenação de quadros relativos ao tempo do Natal - anunciação a Nossa Senhora, Visitação de Maria à Sua prima Isabel, a revelação do mistério da encarnação a São José e o nascimento de Jesus, e por último a Epifania do Senhor, com a representação da Adoração dos Magos, pelos jovens.
É deste quadro completo o vídeo-diaporama que se segue, com as músicas de fundo que ajudam a envolver-se na sua visualização: Vem Senhor Jesus - José Meneses; Sou um pobre pastorinho - Paulo Emanuel; Jesus é Vida, Glória ao Senhor - J. Rocha Monteiro SDB, e É noite de Natal - Pe. Salvador Cabral.
sábado, 2 de janeiro de 2016
Solenidade da Epifania do Senhor - ano C - 03.01.2016
1 – Todos os encontros podem deixar marcas em nós, mas contam verdadeiramente aqueles que nos tocam a alma e mudam a nossa vida. Há encontros casuais, passageiros, que nem chegam a roçar a roupa. Há pessoas que passam por nós e se mantêm ou mantemos à distância. Cruzamos olhares, passamos ao lado, indiferentes ou em atitude de desprezo. Encontros negativos também contam e também deixam as suas marcas.
Há, porém, encontros que são decisivos e marcam definitivamente o rumo da nossa vida. Tocam o olhar, a pele, o coração, a alma, a vida. Se cada encontro pode influenciar-nos e enriquecer-nos, há aqueles que nos ajudam a ver a vida de um perspetiva diferente, a acreditar no amanhã, a depositar os nossos sonhos no futuro com esperança. Sentimos que chegamos a casa. Há estrelas que brilham no firmamento e nos atraiam para o melhor que a vida tem para nos dar.
Os Magos vêm de longe. Mas não importa a distância. Deixam os seus livros, a sua casa, as suas coisas, a família e os amigos. Não importa tanto o que se deixa se nos dirigimos para algo maior e "nos" levamos connosco, com a nossa história. Quem fica, não fica perdido, pois se nos ama acompanhar-nos-á para onde formos e se alegrará com a nossa alegria. Ainda que custe! Os magos seguem com leveza e com pressa de chegar. É uma das características destes dias: Maria com pressa de chegar junto de Isabel; os pastores com pressa de chegar ao Presépio, e os Magos com pressa de adorarem o Deus Menino.
2 – «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Quando não sabemos muito bem a direção é melhor parar e perguntar. O GPS – a estrela – levar-nos-á ao destino, mas a confusão da cidade pode distrair-nos do caminho.
Herodes fica perturbado. O medo toma conta do seu coração. Habituou-se ao poder e não quer que nada ponha em causa a sua comodidade. Chama os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, informa-se acerca do local do nascimento do Messias, que segundo as profecias será «em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’».
O alvoroço provocado pela notícia de que o Messias nasceu mobiliza Herodes e a cidade. Uns com boas intenções e outros nem tanto. A notícia que o Menino nasceu e está entre nós deve inquietar-nos, desinstalar-nos, levar-nos a querer saber mais, a descobrir onde O encontrar, para com os Magos O adorarmos e Lhe levarmos os melhores presentes.
Na primeira leitura, Isaías convoca toda a cidade: "Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor".
O mais triste é se estamos ao pé do sino e não ouvimos as horas, por habituação, por desleixo ou preguiça. Vêm de toda a parte. O alvoroço está instalado. Ficamos com Herodes, comodamente instalados à espera que as notícias nos cheguem aos ouvidos, ou seguimos com os Magos, para fora do palácio e da cidade, e vamos a Belém?
3 – O Messias que estava para vir está no meio de nós. A esperança de Israel concretiza-se n'Aquele Menino há tanto esperado. Todos se hão de prostrar diante d'Ele porque d'Ele virá todo o bem.
"Os reis de Társis e das ilhas virão com presentes, os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas. Prostrar-se-ão diante dele todos os reis, todos os povos o hão de servir. Socorrerá o pobre que pede auxílio e o miserável que não tem amparo. Terá compaixão dos fracos e dos pobres e defenderá a vida dos oprimidos".
São Paulo, sintonizado com o Salmo, mas sobretudo com Jesus Cristo, fala-nos desta graça que Deus lhe confiou a nosso favor, o mistério de Cristo. "Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho".
O nascimento de Jesus é um acontecimento inaudito, Deus assume-nos por inteiro. A todos. Vem para o Seu povo, mas ao alcance de todos os povos, como relembra o Velho Simeão: «Agora, Senhor, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo» (Lc 2, 22-35).
Os magos mostram que a Mensagem de Deus e os sinais da Sua presença no meio de nós chegam a toda a parte.
4 – Logo que os magos se afastam do palácio, da cidade, e das distrações, a Estrela que os guia volta a estar visível. Por vezes precisamos deste exercício, de nos afastarmos um pouco, parando, rezando, refletindo a vida, distanciando-nos da árvore para vermos toda a floresta, fazendo silêncio para ver, para escutar, para perceber o que nos rodeia e que caminho havemos de retomar.
"Eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra".
A alegria é uma realidade que acompanha os magos e todos os que se deixam conduzir pela Estrela. Mas sobretudo, ALEGRIA de nos encontrarmos com Jesus. Os magos chegam finalmente onde se sentem em casa, junto de Jesus. E dão-lhe os presentes, simbólicos, a um tempo: ouro – realeza; incenso – divindade, e mirra – humanidade. Há mais alegria em dar do que em receber. E mais que dar, importa dar-se. É o que fazem os pastores, é o que fazem os magos. Dão o melhor que têm porque se querem dar fazendo-se presentes. E recebem o maior presente: Jesus, Deus Menino. E tudo muda.
O encontro com Jesus fá-los voltar por outro caminho. "E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho". Herodes tinha-lhes pedido que regressassem ao palácio e lhe dessem informações precisas sobre o Messias. Inspirados por Deus, pelo encontro com Jesus, voltam mas por outro caminho. Também o nosso encontro com Jesus nos há de levar por outro caminho, não preferentemente ao palácio, mas ao mundo.
"Senhor Deus omnipotente, que neste dia revelastes o vosso Filho Unigénito aos gentios guiados por uma estrela, a nós que já Vos conhecemos pela fé levai-nos a contemplar face a face a vossa glória".
Pe. Manuel Gonçalves
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Percorrer hoje o caminho dos Magos
«Magos vós sois os santos mais nossos, náufragos sempre neste infinito, porém sempre a tentar, a procurar, a pedir, a fixar os abismos do céu até queimar os olhos do coração» (Turoldo).
Mensagens de esperança hoje: há um Deus dos que estão longe, dos caminhos, dos céus abertos, das dunas infinitas, e todos têm a sua estrada. Há um Deus que te faz respirar, que está numa casa e não no templo, em Belém, a pequena, não em Jerusalém, a grande. E os Herodes podem opor-se à verdade, abrandar a sua difusão, mas nunca bloqueá-la, ela vencerá seja como for. Mesmo se é frágil como uma criança.
Tentemos percorrer o caminho dos Magos como se fosse uma crónica da alma.
O primeiro passo está em Isaías: «Olha ao redor e vê». Saber sair dos esquemas, saber correr direito a um sonho, a uma intuição do coração, olhando mais longe.
O segundo passo: caminhar. Para encontrar Deus é preciso viajar, com inteligência e com o coração. É preciso procurar, de livro em livro, mas sobretudo de pessoa em pessoa. Então estamos vivos.
O terceiro passo: procurar em conjunto. Os Magos (não «três» mas «alguns», segundo o Evangelho) são um pequeno grupo que olha na mesma direção, fixam o céu e os olhos das criaturas, atentas às estrelas e atentos uns aos outros.
O quarto passo: não temer os erros. O caminho dos Magos está cheio de enganos: chegam à cidade errada; falam da criança com o assassino de crianças; perdem a estrela, procuram um rei e encontram um bebé, não no trono mas entre os braços da mãe.
Todavia não se rendem aos seus erros, têm a infinita paciência de recomeçar, até que ao verem a estrela experimentam uma imensa alegria. Deus seduz sempre porque fala a linguagem da alegria.
Entrados em casa viram o Menino e sua Mãe… Não só Deus é como nós, não só é connosco, mas é pequeno entre nós. Ide informar-vos acerca do Menino e avisai-me para que também eu vá adorá-lo. Esse rei, esse Herodes assassino de sonhos ainda envolto em faixas, está dentro de nós: é o cinismo, o desprezo que destrói os sonhos do coração.
Mas eu gostaria de resgatar as suas palavras e repeti-las ao amigo, ao teólogo, ao poeta, ao cientista, ao trabalhador, a cada um: encontraste o Menino?
Procura agora, com cuidado, nos livros, na arte, na história, no coração das coisas; procura no Evangelho, na estrela e na palavra, procura nas pessoas, e a fundo na esperança; procura com atenção, fixando os abismos do céu e do coração, e depois faz-mo saber para que também eu venha adorá-lo.
Ajuda-me a encontrá-lo e irei, com os meus pequenos presentes e com todo o orgulho do amor, proteger os meus sonhos de todos os Herodes da história e do coração.
P. Ermes Ronchi, © SNPC (trad.) | 05.01.14,
sábado, 4 de janeiro de 2014
Solenidade da Epifania de Jesus - 5 de janeiro de 2014
1 – Popularmente conhecido como o dia dos Reis (Magos), ainda que sejam magos (estudiosos) e não reis, este é o Dia da manifestação de Jesus ao mundo inteiro como o verdadeiro Rei de Israel, Aquele que de Deus nos traz a salvação e a vida. Os Magos, vindos do Oriente, vindos de todo o mundo conhecido naquela época, representam a humanidade inteira que procura Deus e se prostra diante d'Ele em adoração, não como o escravo frente ao seu senhor, mas como filho diante do Pai a quem agradece a vida e tudo o que de bom vai usufruindo na sua casa.
A Boa Nova para hoje mostra os Magos à procura do Messias, o rei dos judeus que acaba de nascer: «Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Tal notícia apanha alguns desprevenidos e instalados, como Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os escribas. Ali tão perto e não se deram conta de nada, ao pé do sino sem ouvir as horas! A preocupação primeira de Herodes é saber se de facto os “boatos” se confirmam, pois logo vislumbra uma possível ameaça ao seu poder. Afinal é ele o rei dos judeus e não qualquer criança que possa nascer. “Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela”. Para Herodes aquela criança não é fonte de bênçãos mas de preocupação!
Os Magos seguem a estrela que tinham visto no Oriente e que, entretanto, se escondera ao passarem na cidade. Quando veem novamente a estrela e a fixar-se no lugar onde estava o Menino, “sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho”.
2 – A adoração dos Magos desafia o nosso medo, a nossa indiferença e o nosso comodismo, a nossa treva e o vazio que por vezes nos tolda a mente e aperta o coração. É um quadro que poderemos e deveremos viver na atualidade. Em primeiro lugar, a certeza de que Deus é Pai, é Deus próximo, que nunca abandona a obra criada. Ele toma a iniciativa de nos procurar, de vir ao nosso encontro. Dá-nos sinais, que nem sempre despertam a nossa atenção.
Acompanhemos os Magos. Eles acolhem o chamamento de Deus. Vivem disponíveis para escutar e para ver. Deixam-se surpreender pela novidade. Não estão enclausurados na sua concha. Levantam o olhar para o horizonte e para os outros. Se estivessem mergulhados no seu mundo, olhando para o respetivo umbigo não veriam nada além das suas barrigas e dos seus pés. O limite é o céu. Buscam a vida até ao Infinito. Uma estrela nova. É necessário disposição para a escuta, para acolher o chamamento. Não se enche um cálice que está a transbordar!
Mas não basta acolher os sinais que vêm do Céu, é preciso pôr-se a caminho, arriscando, sabendo que haverá dificuldades. Os Magos deixam o conforto da sua casa e da sua terra e partem ao encontro d'Aquele que a estrela lhes revelará. Nem sempre a estrela estará visível, a dúvida e a hesitação podem advir, a incerteza sobre o caminho a percorrer. Herodes recebe o mesmo sinal, a mensagem sobre o Menino que nasceu, mas nem por isso se põe a caminho, deixa-se ficar, juntamente com escribas e sacerdotes, no Palácio, no seu mundo, no seu lugar de conforto.
Chegados ao local onde está o Menino, rapidamente se prostram em adoração, transparecendo amor, entrega, proximidade, contemplando o mistério do mundo com ternura e benevolência, com amor. A adoração não nos desliga do compromisso. Quanto mais perto de Deus, mais perto dos Seus filhos. «Quem meus filhos beija minha boca adoça». A adoração leva-nos a oferecer o melhor de nós mesmos, em atitude de reconhecimento e louvor. Magos e pastores dão do que têm, as suas vidas, deixam o que estão a fazer e partem ao encontro de Jesus, dão o tempo e o coração, a vida. Os magos oferecem também: ouro – símbolo da dignidade do ser humano; incenso – abertura ao transcendente, disponibilidade para participar na vida de Deus; mirra – todos buscamos cura, cuidados, alívio, conforto, justificação. De onde nos virá a resposta à nossa inquietação?
Alegria, que atinge a sua expressão máxima no encontro com Jesus, o Deus Menino. Os magos vivem pequenas alegrias, na descoberta da estrela, ao agrupar-se numa projeto comum, no caminhar, sempre que a estrela lhes reforça a esperança e lhes aponta o caminho. Culmina no encontro com o Menino, com Maria e José. Esta alegria contagiante levá-los-á por novos caminhos. Com efeito, o encontro com Deus provoca conversão. Aquele que se encontra com Jesus não pode voltar à vida anterior. Há novos desafios. São os mesmos Magos que se puseram a caminho, mas transformados pelo olhar d'Aquele criança, comprometidos com o anúncio da Boa Notícia a todos os povos. A imensidão da alegria e da conversão fazem trasvazar o que nos vai na alma. Não é possível guardar tamanho tesouro só para nós. A luz não se pode esconder debaixo do alqueire!
Chamamento. Resposta - pôr-se a caminho. Atitude - adoração. Sentimento - alegria. Frutos - conversão e anúncio do Evangelho. Testemunho
3 – A convocação à ALEGRIA é bem notória nas palavras do profeta: “Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração... Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor”.
A alegria assenta numa promessa, que se vive em atitude de esperança: o Senhor virá e com Ele a justiça e a paz para as nações, será LUZ que inundará o mundo inteiro, fazendo recuar as trevas, o pecado e a morte.
4 – São Paulo, por sua vez, na carta aos Efésios, acentua o compromisso no anúncio do Evangelho. O encontro com Jesus é verdadeiramente mobilizador. Uma vez convertidos ao seu amor, cabe-nos dá-l’O a conhecer para que outros usufruam do mesmo mistério redentor e possa viver em Cristo Jesus.
Diz de si mesmo o apóstolo: «Já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo… Os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho».
Também nós somos chamados a conhecer o mistério de Jesus, para O adorarmos, para participarmos da mesma promessa. Deus constitui-nos discípulos e apóstolos a favor dos outros.
Textos para a Eucaristia (ano A): Is 60, 1-6 ; Ef 3, 2-3a.5-6 ; Mt 2, 1-12.
Textos para a Eucaristia (ano A): Is 60, 1-6 ; Ef 3, 2-3a.5-6 ; Mt 2, 1-12.
Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço.
sábado, 5 de janeiro de 2013
Solenidade da Epifania do Senhor - 6 de janeiro
“Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. «Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém... Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O». Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho”.
Quando encontrámos Jesus na nossa vida, qual o caminho que percorremos? Como vai a nossa vida? E as nossas escolhas? Jesus é Luz para nós? Transforma-nos verdadeiramente? Voltamos ao mesmo de sempre, ou regressamos à vida por uma caminho novo, diferente, sendo transparência de Deus que nos habita?
2 – Os magos de então seriam hoje astrónomos (e não tanto astrólogos), e neste propósito representam o mundo da ciência e da cultura, que se abre à fé e presta adoração a Deus que Se revela na fragilidade daquele Menino. A grandeza e o extraordinário muitas vezes (para não dizer quase sempre) vem do mais simples e humilde, do que passa quase despercebido. A ciência não anula e não contrapõe a fé. A ciência sem Deus é um emaranhado de reações químicas, vazias, sem consciência, sem a sabedoria que liga à vida. A fé, por sua vez, socorre-se da ciência, e da cultura, e da história, para racionalizar, tornar perceptível e ligado ao mundo o que lhe vai na alma. Sem a abertura à ciência e ao mundo, poderia não passar de uma alucinação...
Os Magos vêm do Oriente, ou seja, vêm do mundo inteiro, representam a Humanidade toda. E nesta medida, a Visita dos Magos é Epifania do Senhor, é o reconhecimento de Cristo como Rei do Universo. Os magos estavam ao serviço do rei; os Magos deixam o serviço real e prostram-se diante do Rei por excelência.
Olham para o Céu, e não apenas para si mesmos. Quando nos centramos apenas em nós, acabaremos sós, em ruína, tropeçando nos acontecimentos, se positivos em alegria estonteante, se negativos em frágil e angustiante desilusão e tristeza. Os magos estão atentos às estrelas, ao Céu estrelado, o seu olhar descobre o horizonte. A Estrela que está no Céu só é visível pela fé, pela humildade, por um olhar que escuta. É possível que quem se centre em si mesmo, não veja outra luz (ou outra escuridão) que não seja a sua.
No Céu daquele tempo havia uma nova Estrela, mais brilhante que todas as outras. E nós? Olhamos para o Céu, para Deus? Quais são as estrelas que nos guiam? Onde está colocado o nosso olhar? Que luz nos faz caminhar, procurar, peregrinar, descobrir, partir? Que estrela nos faz sair de casa para encontrar Deus? Onde O procuramos? Em quem?
Voltam por outro caminho. O encontro com Jesus é revelador e transformador. Não é um comprazimento pessoal e egoísta. Encontrar-se com Jesus é deixar-se tocar por Ele, pelo Seu olhar, pelas Suas palavras. A vida não será mais a mesma. Nada voltará a ser como dantes. Os caminhos serão outros, transformados pelo olhar e pela fé. É bem diferente olhar a vida a partir do nada, do vazio, do ocaso, ou olhar a vida a partir da Estrela, a partir do Céu, de Jesus Cristo, do amor que Deus nos tem. Quem caminha com um sentido de plenitude, iluminado, caminha mais seguro, mais confiante, mesmo que os caminhos continuem a ser tortuosos.
A ciência levou os Magos a descobrir a grandeza do Universo numa criança inocente e desprotegida. Voltam por outro caminho. O que os movia ganha um novo sentido e sabor. Qual será o nosso caminho? Preenchido da Luz do Deus Menino? Até onde nos dispomos a levar a luz de Jesus?
3 – O profeta Isaías, na primeira leitura, canaliza a esperança de todo o Israel para a LUZ de Deus que está a chegar. A estrela que guia os Magos até Jesus, também guiou os profetas, através dos tempos, levando-os a preparar a humanidade para reconhecer e acolher a Luz que viria irradiar todas as trevas.
O profeta faz-nos entrar numa esperança quase palpável. Ainda não se experimenta a luz, mas é como se o coração já rebentasse de alegria pela chegada certa e inevitável da luz. É uma experiência que fazemos pela chegada das pessoas que nos são próximas. Mesmo antes de chegarem, a alegria ilumina os dias e/ou as horas que faltam. Queremos antecipar o tempo. Ocupámo-nos em preparativos, tal a intensidade das emoções e sentimentos que temos necessidade de nos abstrairmos; uma e outra vez fazemos o mesmo que tínhamos feito antes. Parece que o tempo não passa. A pressa é tanta que a cada segundo olhamos para o relógio a ver quanto falta, e ainda agora tínhamos olhado. Levantamo-nos, sentámo-nos. Bebemos. Comemos. Andamos para trás e para diante. Assim com os familiares que vêm de longe. Assim a mulher que está para ser mãe. Assim os meninos quando veem uma prenda que vão receber. E assim quando estamos à espera de alguma coisa, alguma resposta, que sabemos certa, mas que nos torna ansiosos até ao momento de se revelar.
“Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas, sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro”.
4 – O que Isaías vê para o futuro, como esperança, que o faz rejubilar, envolvendo todo o Israel, e que o salmo evoca como oração – “Ó Deus, concedei ao rei o poder de julgar / e a vossa justiça ao filho do rei. / Ele governará o vosso povo com justiça / e os vossos pobres com equidade" – os Magos contemplam quando chegam à casa onde Maria, José e Jesus se encontram, prostrando-se diante de tão grande mistério. Não há palavras para descrever tamanha alegria que pode ser experimentada por todos os discípulos de Jesus.
É precisamente esse testemunho que Paulo confessa à comunidade de Éfeso:
“Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho”.
A Luz de Deus, desta feita, não é apenas para o povo da Aliança, mas estende-se, em Jesus Cristo, Nova Aliança, a toda a humanidade.
Textos para
a Eucaristia (ano C): Is 60, 1-6 ; Sl 71 (72); Ef 3, 2-3a.5-6 ; Mt 2, 1-12.
Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço.
domingo, 8 de janeiro de 2012
D. António Couto - Epifania do Senhor
1. «Eu o vejo, mas não agora,/ eu o contemplo, mas não de perto:/ uma estrela desponta (anateleî)
de Jacob,/ um ceptro se levanta de Israel» (Números 24,17). Assim fala,
com uns olhos muito claros postos no futuro, um profeta de nome Balaão,
que o Livro dos Números diz ser oriundo das margens do rio Eufrates
(Números 22,5), uma vasta região conhecida pelo nome de «montes do
Oriente» (Números 23,7).
2. Do Oriente são também os Magos, que enchem o Evangelho deste Dia (Mateus 2,1-12), e que representam a humanidade de coração puro e de olhar puro que, agora e de perto, sabe ler os sinais de Deus, sejam eles a estrela que desponta (anatolê) (Mateus 2,2 e 9) ou o sonho (Mateus 2,12), uma e outro indicadores de caminhos novos, insuspeitados. Surpresa das surpresas: até para casa precisamos de aprender o caminho, pois é, na verdade, um caminho novo! (Mateus 2,12). Excelente, inteligente, o grande texto bíblico: Balaão vem do Oriente, e os Magos também. O texto grego diz bem, no plural, «dos Orientes» (ap’anatolôn) (Números 23,7; Mateus 2,1). Só a estrela que desponta (anatolê / anateleî), no singular, pode orientar a nossa humanidade perdida no meio da confusão do plural.
3. De resto, já sabemos que, na Escritura Santa, a Luz nova que no céu desponta (Lucas 1,78; 2,2 e 9; cf. Números 24,17; Isaías 60,1-2; Malaquias 3,20) e o Rebento tenro que entre nós germina (Jeremias 23,5; 33,15; Zacarias 3,8; 6,12) apontam e são figura do Messias e dizem-se com o mesmo nome grego anatolê (tsemah TM) ou forma verbal anatéllô. Esta estrela (anatolê) que arde nos olhos e no coração dos Magos está, portanto, longe de ser uma história infantil. Orienta os passos dos Magos e, neles, os da inteira humanidade para a verdadeira ESTRELA que desponta e para o REBENTO que germina, que é o MENINO. E os Magos e, com eles, a inteira humanidade de coração puro e de olhar puro orientam para aquele MENINO toda a sua vida, que é o que significa o verbo «ADORAR» (proskynéô). Esta «adoração» pessoal é o verdadeiro presente a oferecer ao MENINO.
4. Note-se a expressão recorrente «o Menino e sua Mãe» (Mateus 2,11.13.14.20.21) e o contraponto bem vincado com «o rei Herodes perturbado e toda a Jerusalém com ele» (Mateus 2,3), que abre já para a rejeição final de Jesus. Veja-se também a alegria que invade os magos à vista da sua estrela, ainda antes de verem o Menino (Mateus 2,10), que evoca já a alegria das mulheres, ainda antes de verem o Senhor Ressuscitado (Mateus 28,8) Veja-se ainda o inútil controlo das Escrituras por parte de «todos os sacerdotes e escribas do povo», que sabem a verdade acerca do Messias, mas não sabem reconhecer o Messias (Mateus 2,4-6).
5. Mas, para juntar aqui outra vez os fios de ouro da Escritura Santa, nomeadamente 1 Reis 10,1-10 (Rainha de Sabá), Isaías 60 e o Salmo 72(71), diz o belo texto de Mateus que os Magos ofereceram ao MENINO ouro, incenso e mirra. Já sabemos que, desde Ireneu de Lião (130-203), mas entenda-se bem que isto é secundário, o ouro simboliza a realeza, o incenso a divindade, e a mirra a morte e o sepultamento.
6. Pode acrescentar-se ainda, mas também isto é claramente secundário, que muitos astrónomos, historiadores e curiosos se têm esforçado por identificar aquela estrela que despontou e guiou os Magos, apresentando como hipóteses mais viáveis:
a) o cometa Halley, que se fez ver em 12-11 a. C.;Esta última está registada nos observatórios astronómicos chineses. A conjunção de Júpiter e Saturno na constelação de Peixes está registada nos observatórios da Babilónia e do Egipto. Johannes Kepler (1571-1630), que estudou este assunto em pormenor, dedica particular atenção aos fenómenos registrados em b) e c). Note-se, porém, que a estrela dos Magos é só vista por eles, estrangeiros como Balaão, que também vê de modo diferente dos outros. Rir-se-iam, certamente, se soubessem que nós indagamos os céus com instrumentos científicos à procura da estrela que alumiava o seu coração. É assim que «muitos virão do oriente e do ocidente, e sentar-se-ão à mesa no Reino dos Céus… (Mateus 8,11-12).
b) a tríplice conjunção de Júpiter e Saturno na constelação de Peixes, ocorrida em 7 a. C.;
c) uma nova ou supernova, visível em 5-4 a. C.
7. Ilustra bem o grandioso texto do Evangelho de Mateus o soberbo texto de Isaías 60,1-6, que canta Jerusalém personificada como mãe extremosa que vê chegar dos quatro pontos cardeais os seus filhos e filhas perdidos nos exílios de todos os tempos e lugares. Também não falta a luz que desponta (anateleî) (60,1) e os muitos presentes, os tais fios que se vão juntar no Evangelho de hoje, de Mateus.
8. Também os versos sublimes do Salmo Real 72(71) cantam a mesma melodia de alegria que se insinua nas pregas do coração da inteira humanidade maravilhada com a presença de Rei tão carinhoso. Também aqui encontramos a hiperbólica «idade do ouro», o grão que cresce mesmo no cimo das colinas, e a felicidade dos pobres, que serão sempre os melhores «clientes» de Deus. Extraordinária condensação da esperança da nossa humanidade à deriva.
9. E o Apóstolo Paulo (Efésios 3,2-3 e 5-6) faz saber, para espanto, maravilha e alegria nossa, que os pagãos são co-herdeiros e comparticipantes da Promessa de Deus em Jesus Cristo, por meio do Evangelho.
10. Sim. Falta dizer que, no meio de tanta Luz, Presentes e Alegria para todos, vindos da Epifania, que significa manifestação de Deus entre nós e para nós, não podemos hoje esquecer as crianças e a missão. Hoje celebra-se o dia da «Infância Missionária», que gosto de ver sempre envolta no belo lema: «O Evangelho viaja sem passaporte». Para significar que o Evangelho nos faz verdadeiramente filhos e irmãos. E entre filhos e irmãos não há fronteiras nem barreiras nem muros ou qualquer separação.
11. Sonho um mundo assim. E parece-me que só as crianças nos podem ensinar esta lição maravilhosa.
António Couto, Mesa de Palavras
sábado, 7 de janeiro de 2012
Solenidade da Epifania do Senhor - 8 de janeiro
1 – A luz que surge numa gruta, acessível a Nossa Senhora, a São José, e aos pastores, que são avisados pelos anjos, torna-se cada vez mais visível. Tal é a intensidade desta LUZ, que vem do Céu à terra, que não cabe em nenhuma gruta, ilumina todas as grutas, toda a escuridão.
A luz é visível à distância, ainda que seja necessário os nossos olhos estarem abertos para contemplar a Luz que brilha nas alturas. No Oriente, em toda a parte, os Magos – de todos os tempos, cuja sabedoria os desperta para perscrutarem tudo o que os rodeia, as pessoas, a terra, o céu, os sinais, a presença do Invisível – vigilantes, deparam-se com uma Estrela mais brilhante e deixam-se conduzir por ela.
O primeiro desafio para hoje é a abertura aos outros, ao mundo circundante. Se estivermos debruçados sobre nós mesmos, nada se passará à nossa volta, nada nos fará mudar do registo melancólico, da pena que acabaremos por sentir e que queremos que os outros sintam por nós. É preciso levantar o olhar para ver mais longe, para ver além, é necessário olhar até às alturas. É o primeiro passo, estar atentos ao mundo, aos outros, a Deus, às oportunidades com que nos deparamos todos os dias, todo o dia.
2 – "Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão os povos. Mas sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora".
Não basta comprazermo-nos na contemplação do mistério, do que de novo surge ao nosso olhar. É um primeiro passo, mas que desafia a outros. É necessário levantar-nos e pormo-nos a caminho.
É o convite do profeta Isaías, a todo o povo, e que se cumpre nos Magos (vindos do Oriente, vindos de toda a parte). O caminho faz-se caminhando. Os Magos não se põem a fazer cálculos, não convocam uma comissão para avaliar os sinais do Céu e da terra, partem, seguem a Estrela. Logo se verá. Confiam.
"Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O". É desta forma que se apresentam diante de Maria, José e o Menino. A Luz que se avista no Oriente (em toda a parte) leva-os, trá-los, a Belém. A LUZ que irradia do presépio também nos há de fazer levantar, ir ao encontro de Jesus, ir ao encontro do Homem e de Deus. Os magos saem do seu espaço de conforto. E nós estamos prontos para sair do nosso mundo, do nosso conforto, do nosso comodismo para nos deixarmos surpreender por Deus?
Quem já não se deixa surpreender pela vida, quem vive cinicamente, nunca apreciará convenientemente a alegria de viver, o prazer de estar, de se sentir vivo.
Como não lembrar aqui o episódio da visitação de Nossa Senhora à Sua prima Isabel. Atenta aos sinais, não precisa que lhe digam o que fazer, Maria sabe que Isabel precisa dos seus cuidados, vai apressadamente em seu auxílio. Sem calculismos, sem medos, saindo de sua casa, do seu conforto. Assim também nas bodas de Canaã. Podia ficar remetida ao silêncio, à indiferença, mas atenta aos outros, intercede por eles.
É este o segundo desafio para hoje: sair do nosso espaço de conforto para ir ao encontro dos outros.
3 – "Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra".
O que nos há de impulsionar é o encontro com Jesus, com a fonte de toda a LUZ. Os Magos seguem a intensidade da Luz, não se limitam a aceitar que é um fenómeno interessante, maravilhoso. Põem-se a caminho. Nada os detém, nada os faz desistir, ou relaxar. Mesmo encontrando os obstáculos da cidade - aqui podia entender-se tudo o que pode distrair-nos do essencial; na cidade perdem o rasto da LUZ, da estrela. Quantas vezes perdemos o norte, o rasto da luz? Quantas vezes desistimos, ou desanimamos, ou tememos continuar? Quantas vezes, já cansados, nos resignamos à vida que levamos, ao nosso comodismo?
Este é outro desafio: não desistamos de procurar. Quem procura, encontra, a quem pede dar-se-á, como um dia dirá Jesus aos seus discípulos. Não esgotemos a procura. Encontramos a luz, pusemo-nos a caminho, e agora, ficamos a meio do caminho? Olhamos para trás, esquecemos o que poderemos vir a encontrar? Quantas coisas nos impedem de ver, de olhar em frente? Que situações nos fazem perder a Luz que nos vem do alto?
4 – "Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra" (resposta ao Salmo). "Agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho".
No presépio de Belém, com Jesus, Maria e José, encontramo-nos com a Salvação, com o Salvador do mundo, com a fonte de toda a luz, de toda a graça, de todo o amor. É LUZ para se revelar a todas as nações e não apenas a Israel, Seu povo eleito. N'Ele, o Emanuel, assentará a nova e eterna Aliança, com os todos povos. Une-se o Céu à terra e tudo é ligado pela LUZ de Deus.
Os Magos entenderam os sinais vindos do Céu, porque estavam vigilantes, disponíveis, prontos para caminhar, envolvidos pela luz que os precede, avançam destemidos, ainda que tenham que enfrentar dificuldades, e até se tenham desorientado. Não desistem, voltam a procurar a luz, a estrela, seguem até Belém.
Mas não acaba aqui.
"E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho". Encontram a LUZ e esse encontro será verdadeiramente transformador. Quem se encontra com Jesus não pode regressar pelo mesmo caminho, tem de transformar a sua vida, tem de regressar fortalecido, rejuvenescido, por outro caminho.
A luz mata as trevas, destrói a escuridão, guia-nos para outra vida (ou uma vida nova). É este outro desafio: encontrar-nos com Jesus, e deixarmo-nos transformar pela Sua luz, deixarmo-nos converter. O encontro com o Deus que Se faz Homem coloca-nos na senda da conversão.
Textos para a Eucaristia (ano B): Is 60,1-6; Sl 71 (72); Ef 3,2-3a.5-6; Mt 2,1-12.
Reflexão Dominical na Página da Paróquia de Tabuaço
domingo, 2 de janeiro de 2011
Epifania do Senhor!...
Epifania
A caminho da estrela… Os magos tinham o hábito de perscrutar os astros. Eles viram uma estrela, sem dúvida nova para os seus olhos, então puseram-se a caminho… Aquele que procuravam parece querer fazer-se conhecer, um sinal basta para estes magos. Param, experimentam uma grande alegria, prostram-se e oferecem os seus presentes. A criança que eles descobrem não é uma criança como as outras: é rei, então oferecem-lhe oiro; é Deus, então queimam incenso; passará pela morte antes de ressuscitar, então apresentam a mirra. Para o regresso, não têm necessidade de estrela. Deus convida-os a regressar por outro caminho. O verdadeiro rei não é Herodes, mas esta criança que acaba de nascer.
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• Os “magos” são apresentados como os “homens dos sinais”, que sabem ver na “estrela” o sinal da chegada da libertação… Somos pessoas atentas aos “sinais” – isto é, somos capazes de ler os acontecimentos da nossa história e da nossa vida à luz de Deus? Procuramos perceber nos “sinais” que aparecem no nosso caminho a vontade de Deus?
• Os “magos”: viram a “estrela”, deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram procurar Jesus. Somos capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos demasiado agarrados ao nosso sofá, ao nosso colchão especial, à nossa televisão, à nossa aparelhagem, ao nosso computador? Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz através dos irmãos?
• Os “magos” representam os homens de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo, que acolhem a proposta libertadora que Ele traz e que se prostram diante d’Ele. É a imagem da Igreja – essa família de irmãos, constituída por gente de muitas cores e raças, que aderem a Jesus e que O reconhecem como o seu Senhor.
• Os “magos”: viram a “estrela”, deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram procurar Jesus. Somos capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos demasiado agarrados ao nosso sofá, ao nosso colchão especial, à nossa televisão, à nossa aparelhagem, ao nosso computador? Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz através dos irmãos?
• Os “magos” representam os homens de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo, que acolhem a proposta libertadora que Ele traz e que se prostram diante d’Ele. É a imagem da Igreja – essa família de irmãos, constituída por gente de muitas cores e raças, que aderem a Jesus e que O reconhecem como o seu Senhor.
Vídeo: Epifania do Senhor
Retirado de "Faz-te ao largo"
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