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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

D. ANTÓNIO COUTO | Os desafios da Nova Evangelização

D. ANTÓNIO COUTO (2014). Os desafios da Nova Evangelização. Lisboa: Paulus Editora. 128 páginas.
       A Voz de Lamego, na edição de 16 de setembro apresentou como sugestão de leitura este novo livro de D. António Couto, Bispo de Lamego. Seguimos a sugestão de imediato e na primeira oportunidade adquirimos mais este título, na certeza de ser uma leitura agradável, acessível, profunda, poética, com muitas informações e sobretudo numa dinâmica formativa.
       D. António Couto é, reconhecida e meritoriamente, um dos Bispos portugueses que mais contribui para a reflexão teológica e bíblica. O seu blogue MESA DE PALAVRAS, através do qual disponibiliza todas as semanas pistas que ajudam a refletir a palavra de Deus de cada Domingo e/ou dia santo é visitada por várias centenas de pessoas, para lerem, meditarem, e para melhor preparar e viver a liturgia da Palavra.
"Este novo livro reúne textos de antes do Sínodo e de depois do Sínodo, sendo que os que foram apresentados no Sínodo foram naturalmente produzidos antes do Sínodo. Dedicamos ainda um capítulo à Exortação Apostólica Evangelii Gaudium e, num último apartado, juntamos texros diversos e ocasionais, todos relacionados com a missão de evangelizar".
       Lembramos que D. António Couto, juntamente com D. Manuel Clemente, participou na XIII Assembleia-Geral do Sínodo dos Bispos, reunido com a preocupação de refletir "A nova evangelização para a transmissão da fé cristã", e que teve lugar em Roma, entre os dias 7 e 28 de outubro de 2012, sob pontificado do papa Bento XVI. Nessa ocasião iniciou-se também o ANO DA FÉ. A intervenção proferida por D. António Couto na aula sinodal é um dos textos disponibilizados, bem como texto resumido para a Comunicação Social, e um texto, mais desenvolvido, como preparação para o Sínodo.
       Aquando da realização do Sínodo, D. António Couto era o Presidente da Comissão Episcopal "Missão e Nova Evangelização".
       Vejamos o índice:
Introdução
ANTES E DURANTE O SÍNODO
Fidelidade renovada I
Fidelidade renovada II
Fidelidade renovada III
DEPOIS DO SÍNODO
Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã
EVANGELII GAUDIUM
O amor verdadeiro está lá sempre primeiro
TEXTOS DIVERSOS
Amor primeiro
O amor é a alma da missão
Todas as Igrejas para o mundo inteiro
Portugal, vive a missão, rasga horizontes!
Missão: testemunho e serviço
Igreja de Portugal, é tempo de renascer!
Como o Pai me enviou também Eu vos mando ir (Jo 20,21)
Voltar o ímpeto missionário das primeiras comunidades cristãs
Uma Igreja missionária, terna, pobre e para os pobres
Leigo e missionário
Jovem e missionário
Indo, fazei discípulos, dai a vida
Anunciar o Evangelho é uma necessidade que se me impõe
       É uma apanhado de textos riquíssimo sobre o compromisso cristão de transparecer Jesus Cristo. Através destes textos percebem-se alguns dos temas mais caros a D. António Couto, bem como um estilo próprio de dizer e de escrever, de contar e provocar, numa linguagem poética, mas de fácil compreensão. Quando nos deparamos com "peritos" a primeira reação poder-nos-á colocar de pé atrás, pensando que o "perito" escreve para peritos. Mas começando a escutar, ou a ler, logo chegamos à conclusão que quanto mais perito mais simples e envolvente.
       A necessidade de Nova Evangelização é, antes de mais, necessidade de conversão a Jesus. As estruturas e os métodos são importantes, mas imprescindível é mesmo a conversão, a oração, a escuta da Palavra de Deus.
       A melhor forma de evangelizar é ser transparência do amor de Deus, visualizado em Jesus Cristo. Portanto: testemunhar a própria fé. Evangelizar de forma personalizada, isto é, pessoa a pessoa, coração a coração. Um cristão, convertido, convicto, que vive na família e na sociedade, de maneira cristã, alegre, evangeliza outro cristão. Os dois "convertem" outros dois; os quatro outros quatro e exponencialmente se evangeliza. Ser missionário não é uma opção do cristão, ou uma segunda vocação, mas é a sua identidade, todo o cristão é missionário, ou discípulo missionário. Os destinatários? Todas as nações, o mundo inteiro. É uma tarefa sem limite de tempo ou de espaço.

       A intervenção de D. António no Sínodo dos Bispos: Fidelidade Renovada : AQUI. e que integra este livro agora sugerido.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

D. António Couto | novo livro | Nova Evangelização

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Papa Francisco - Alegria do Evangelho - São Tomás

       No passado dia 24 de novembro, solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, e Encerramento do Ano da Fé, o Papa Francisco entregou á Igreja a Sua primeira Exortação Apostólica, A Alegria do Evangelho - Evangelii Gaudium. Resulta do Sínodo dos Bispos, realizado entre os dias 7 e 28 de outubro de 2012, presidido por Bento XVI, sobre a Nova Evangelização para a Transmissão da Fé. Habitualmente, depois do Sínodo é publicada uma Exortação, em que o Papa recolhendo e sintetizando os propósitos do Sínodo, apresenta as linhas de força, neste caso, para a vivência da fé, no contexto atual.
       Como é do conhecimento geral, Bento XVI resignou à missão de Papa, sendo eleito um novo Papa, em 13 de março, como título de Francisco, a quem coube elaborar esta Exortação que vivamente recomendamos. O documento anterior, a Encíclica Lumen Fidei, ainda que a assinatura seja de Francisco, foi preparada e enformada por Bento XVI, recolhendo algumas notas/impressões pessoais de Francisco. A Exortação é toda ela da lavra de Francisco.
       Muito já se disse e continua a dizer desta Exortação, pelo que aqui traga apenas um ou outro sublinhado.
       Em primeiro lugar, e para quem gosta muito de comparações, ficam claro que não são relevantes. Cada Papa tem a sua maneira de ser e de pastorear. Mas as diferenças não são tamanhas como as semelhanças. Num e noutro, em Bento XVI e em Francisco, vêm ao de cima a grande fé e proximidade a Jesus Cristo e à Sua palavra de amor. Escrevem de forma simples, direta, acessível, envolvente, cuja mensagem é claramente perceptível. Cada Papa traz o seu cunho pessoal. Não foi diferente de Bento XVI, não é diferente de Francisco. Se alguma diferença se nota, talvez o facto de o discurso de Francisco não ser não sistemático, mas mais ao correr da pena.
       Como em muitos documentos papais anteriores, também este se socorre dos Predecessores, como João XXIII, Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI.
       Da minha leitura, agradável e viciante, verifiquei outra diferença: Bento XVI cita muito Santo Agostinho, sobre quem escreve, reflete, promove; Francisco escreve e cita com maior frequência São Tomás de Aquino. Para Francisco, a Suma Teológica é uma referência constante. Santo Agostinho para já está mais escondido.
       Evangelho significa precisamente Boa Notícia, capaz de suscitar alegria, essencial ao anúncio do Evangelho. Quem acolhe Jesus, fá-lo com alegria, que há de transbordar para os outros, em compromissos de serviço e de caridade.
       Há toda uma linguagem e termos que Francisco tem vindo a vincar: cultura do encontro, cuidado dos mais frágeis, educação e cultura, a cultura do descarte, contrapondo com a cultura da proximidade...
       Mais um belíssimo texto que infunde esperança, mobilizando a vivência alegre e comprometida da fé, no mundo atual.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Papa Francisco - Evangelii Gaudium | oração conclusiva

Oração conclusiva da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium:
Virgem e Mãe Maria,
Vós que, movida pelo Espírito,
acolhestes o Verbo da vida
na profundidade da vossa fé humilde,
totalmente entregue ao Eterno,
ajudai-nos a dizer o nosso «sim»
perante a urgência, mais imperiosa do que nunca,
de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus.

Vós, cheia da presença de Cristo,
levastes a alegria a João o Baptista,
fazendo-o exultar no seio de sua mãe.
Vós, estremecendo de alegria,
cantastes as maravilhas do Senhor.
Vós, que permanecestes firme diante da Cruz
com uma fé inabalável,
e recebestes a jubilosa consolação da ressurreição,
reunistes os discípulos à espera do Espírito
para que nascesse a Igreja evangelizadora.

Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados
para levar a todos o Evangelho da vida
que vence a morte.
Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos
para que chegue a todos
o dom da beleza que não se apaga.

Vós, Virgem da escuta e da contemplação,
Mãe do amor, esposa das núpcias eternas
intercedei pela Igreja, da qual sois o ícone puríssimo,
para que ela nunca se feche nem se detenha
na sua paixão por instaurar o Reino.

Estrela da nova evangelização,
ajudai-nos a refulgir com o testemunho da comunhão,
do serviço, da fé ardente e generosa,
da justiça e do amor aos pobres,
para que a alegria do Evangelho
chegue até aos confins da terra
e nenhuma periferia fique privada da sua luz.

Mãe do Evangelho vivente,
manancial de alegria para os pequeninos,
rogai por nós.
Amen. Aleluia!

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Paulo VI - ruptura entre o Evangelho e a cultura

       "Poder-se-ia exprimir tudo isto dizendo: importa evangelizar, não de maneira decorativa, como que aplicando um verniz superficial, mas de maneira vital, em profundidade e isto até às suas raízes, a civilização e as culturas do homem, no sentido pleno e amplo que estes termos têm na Constituição Gaudium et Spes, (50) a partir sempre da pessoa e fazendo continuamente apelo para as relações das pessoas entre si e com Deus.
       O Evangelho, e conseqüentemente a evangelização, não se identificam por certo com a cultura, e são independentes em relação a todas as culturas. E no entanto, o reino que o Evangelho anuncia é vivido por homens profundamente ligados a uma determinada cultura, e a edificação do reino não pode deixar de servir-se de elementos da civilização e das culturas humanas. O Evangelho e a evangelização independentes em relação às culturas, não são necessariamente incompatíveis com elas, mas suscetíveis de as impregnar a todas sem se escravizar a nenhuma delas.
       A ruptura entre o Evangelho e a cultura é sem dúvida o drama da nossa época, como o foi também de outras épocas. Assim, importa envidar todos os esforços no sentido de uma generosa evangelização da cultura, ou mais exatamente das culturas. Estas devem ser regeneradas mediante o impacto da Boa Nova. Mas um tal encontro não virá a dar-se se a Boa Nova não for proclamada".

Paulo VI - Evangelizadores que falem de Deus

       Exortamos, pois, os nossos Irmãos no episcopado, constituídos pelo Espírito Santo para governar a Igreja; exortamos os sacerdotes e diáconos, colaboradores dos Bispos no congregar o povo de Deus e na animação espiritual das comunidades locais; exortamos os religiosos, testemunhas de uma Igreja chamada à santidade e, por isso mesmo, convidados eles próprios para uma vida que testemunhe as bem-aventuranças evangélicas; exortamos os leigos, e com estes, as famílias cristãs, os jovens e os adultos, todos os que exercem uma profissão, os dirigentes, sem esquecer os pobres, quantas vezes ricos de fé e de esperança, enfim, todos os leigos conscientes do seu papel evangelizador ao serviço da sua Igreja ou no meio da sociedade e do mundo; e a todos nós diremos: É preciso que o nosso zelo evangelizador brote de uma verdadeira santidade de vida, alimentada pela oração e sobretudo pelo amor à eucaristia, e que, conforme o Concílio no-lo sugere, a pregação, por sua vez, leve o pregador a crescer em santidade.
       O mundo que, apesar dos inumeráveis sinais de rejeição de Deus, paradoxalmente, o procura entretanto por caminhos insuspeitados e que dele sente bem dolorosamente a necessidade, o mundo reclama evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e lhes seja familiar como se eles vissem o invisível. O mundo reclama e espera de nós simplicidade de vida, espírito de oração, caridade para com todos, especialmente para com os pequeninos e os pobres, obediência e humildade, desapego de nós mesmos e renúncia. Sem esta marca de santidade, dificilmente a nossa palavra fará a sua caminhada até atingir o coração do homem dos nossos tempos; ela corre o risco de permanecer vã e infecunda.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

LEITURAS: Viver o Ano da Fé

PONTIFÍCIO CONSELHO PARA A PROMOÇÃO DA NOVA EVANGELIZAÇÃO. Viver o ano da fé. Paulus Editora. Lisboa 2012. 226 páginas.
 
       Com a finalidade de ajudar a viver o Ano da Fé, o Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, seguindo de perto as preocupações de Bento XVI, deu à estampa este subsídio, coordenado pelo Presidente do Conselho, Rino Fisichella, e com o contributo de alguns párocos, em Portugal integra uma coleção da Paulus Editora, “Introdução à Fé”. Além da reflexão teológica, várias sugestões pastorais, ou pelo menos desafios para concretizar nas comunidades.
       Logo no prefácio, Rino Fisichella diz ao que vem: “Este subsídio pastoral tem como intenção corresponder ao desejo do Santo Padre. Apresenta-se como um instrumento simples e sintético que percorre de novo quatro indicações propostas: confessar, celebrar, viver e rezar. Ele é fruto de uma reflexão comum e participada que envolveu teólogos, responsáveis da catequese e párocos”.
       Ao longo de diversas páginas, destaca-se, primeiramente, o CREDO, com os seus diversos artigos de fé, verdades que nascem das comunidades e da necessidade de assumir e professar publicamente o que se crê. Credo como identidade. Pai, Filho, Espírito Santo. Santa Igreja Católica, Una, Santa e Apostólica. Catecismo da Igreja Católica. Sacramentos. Da iniciação: batismo, eucaristia, confirmação. Da cura: penitência e unção dos enfermos. Em ordem à comunhão: ordem e matrimónio. Enquadramento. Celebração litúrgica. Fundamentos bíblicos. Evolução.
       Ao aproximar-se do final, a indicação mais prática de algumas atitudes a assumir nas comunidades paroquiais. Apresenta-se, especificamente, o episódio/imagem de Emaús, para uma Igreja missionária. Os dois discípulos em fuga e como um forasteiro, Jesus, vai ao seu encontro suscitando neles do desejo e a decisão de voltar a Jerusalém. Atitudes: APROXIMAR, PERGUNTAR, ESCUTAR, PROPOR, PARTIR. A comunidade há de procurar assimilar a postura de Jesus Cristo, aproximar-se e caminhar com eles. Perguntar, mesmo antes de dar respostas. Escutar, sem censurar, “escutar com o coração, perscrutar com os olhos afetuosos a experiência dos outros para os conduzir a Deus”. Propor, testemunhando o que aconteceu. Quem se predispõe a caminhar, a escutar, também poderá propor Jesus. Partir. “A comunidade parte sempre de Jerusalém, já não desiludida, porque a experiência de ter visto e encontrado o Senhor não pode ser simplesmente guardada para nós”.
       Esta é uma excelente obra para leitura, meditação, para formação cristã. Traz também a sugestão de celebrações para o Ano da Fé, para o início e para o encerramento.
       Certamente, que desde o início do ano da fé, muitos foram os títulos enquadrados com a preocupação de tornar a fé uma alegre notícia. Basta visitar uma livraria (religiosa), ou aceder através da internet. Com a resignação do Bento XVI e a eleição do Papa Francisco, mais se acentuou a pertinência da fé, a proximidade da Igreja, de Jesus Cristo, recuperando-se a reflexão de anos do Papa emérito, e com um olhar redobrado nas palavras e nos gestos do papa Francisco. Até este acontecimento foi providencial, clarificando a fé e a experiência de proximidade com Jesus Cristo, que transborda para a proximidade com os outros.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

D. Manuel Clemente - Portugal é uma teima

       Pátria marinheira e andarilha, forçosamente assim pela exiguidade da terra, forçosamente assim pela mundialização do mercado, estou realmente em crer que a nossa diáspora é, em boa parte, o nosso futuro. Com as diferenças de hoje, pela potencialidade das comunicações de todo o género. Quase podermos partir ficando e ficar partindo, mas temos portos em todo o lado, nos cinco milhões que somos fora. O que noutros tempos foi forçoso, ganha agora outra força potencialmente criativa.
       O melhor que tempos para o futuro é tanta humanidade acumulada. E este é um futuro onde os outros também cabem, como nós caberemos com os outros, com aquela lucidez que só o tempo apura. Também para a Europa fita o mundo com os olhos portugueses, de mar a mar.

       Sabedoria é saber de experiência feita, ou experiência decantada, assimilada e transformada em vida. Requer um tempo que não é logo dinheiro, assim como induz um conjunto de qualidades e virtudes que não estão hoje em alta: prudência, ponderação, memória histórica, considerações humanistas em geral...

       Sabedoria que requer tempo, muito tempo, para assimilar a experiência, dando-lhe consistência realmente humana, porque refletida, livre e responsável. Perspetiva esta que alterará profundamente o esquema comum de crescimento - plenitude - decadência para o itinerário oposto de ignorância - aprendizagem - sabedoria...

       Portugal culturalmente é uma teima, como geograficamente é uma praia, feita cais de partir e chegar, chegar e partir...
       ... o ficar e o partir se equacionam agora de modo muitíssimo diferente do que ainda há poucos anos nos caraterizava em geral. Mentalmente, ficámos marcados com os êxitos (alguns) e os traumas (muitos) das emigrações forçadas para o Brasil de Oitocentos ou para a França e Alemanha de há meio século e depois....

       Cultura, como aquilo que sabemos antes de aprender tudo o mais e continuamos a saber depois de esquecermos tudo o resto.

in D. Manuel CLEMENTE, O tempo pede uma Nova Evangelização.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Manuel Clemente - O tempo pede uma Nova Evangelização

D. MANUEL CLEMENTE, O tempo pede uma Nova Evangelização. Paulinas Editora. Prior Velho 2013, 160 páginas.
 
       O atual Patriarca de Lisboa e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, catedrático, licenciado em História e em Teologia, é um escritor muito acessível, envolvente, comunicador por excelência. Esteve, juntamente com o Bispo de Lamego, D. António Couto, Presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, no Sínodo Extraordinário dos Bispos sobre a Nova Evangelização para a transmissão da Fé, realizado no Vaticano, no início de outubro de 2012.
       Este livro, que se lê de uma assentada, retrata a Nova Evangelização, a urgência de evangelizar de novo, e sempre, com alegria, com entusiasmo, aproveitamento tudo o que de bom existe, potenciando os meios de comunicação social, aprendendo da História, colhendo a sabedoria dos mais velhos, mas também criando possibilidades para os jovens, que estes cheguem de outros países.
       D. Manuel vai às origens da Nova Evangelização, quanto a utilização do termo, da insistência de João Paulo II, da prossecução desta clareza em Bento XVI, que se estende às estruturas eclesiais e sobretudo a todas as pessoas da Igreja, apostando na vivência da Palavra de Deus, testemunhando Jesus Cristo.
       O livro recolhe diversas intervenções de D. Manuel Clemente, em ambiente eclesial, universitário, para diferentes auditórios, e que foram revistos e aprofundados em ordem à publicação deste livro.
       A dimensão histórica está bem vincada. O cristianismo ao longo dos tempos. Como bem clara é a história de Portugal e dos portugueses, com as suas lutas, sonhos, avanços e recuos, partidas e chegadas, com mistura de diversas culturas e povos.
       No primeiro texto, as CINCO grandes EVANGELIZAÇÕES. A primeira evangelização foi sobretudo a dos mártires, nos primeiros séculos. A segunda evangelização, com o desaparecimento da estrutura imperial, centra-se sobretudo no campo, a partir do século V, com os monges. A terceira evangelização, século XII e seguintes, crescimento populacional, animação comercial, capitalização e reurbanização, com novos evangelizadores, sobretudo com os mendicantes, discípulos de São Francisco de Assis e de São Domingos de Gusmão. No século XVI voltou a ser urgente evangelizar de novo, quarta grande evangelização, com as paróquias e as dioceses a precisarem de pastores mais dedicados e presentes. Nas últimas décadas a constatação da urgência de novamente evangelizar, quinta evangelização, com os grande reptos: a) sociedade fragilizada nas famílias... b) cultura com notas de fragmentação, errância e retraimento subjetivo... c) com o contraponto de grandes generosidades de pessoas e grupos... d) a "nova evangelização" terá que retomar o contributo das quatro anteriores - testemunho evangélico (mártires), experiência comunitária de adoração e serviço (monges), proximidade com todos, de pobres para pobres (frades), evangelização permanente do mundo em redor (missionários)...
       Seguem-se depois outros textos muito interessantes, situando de maneira privilegiada a alma português e dos portugueses, desde a fundação da nacionalidade, descobrimentos, descoberta de novos mundos, ir e chegar, partir e voltar, a religiosidade, piedade popular, a cultura, os usos e costumes, assimilação de outras influências, dos que vêm e ficam, ou dos que vão e voltam para ficar.
       É uma leitura agradável e recomendável para crentes e não crentes, para quem sabe para onde vai e para quem anda em busca de caminho, para quem quiser conhecer os contributos da religião na cultura na alma e na história portuguesa, e o contributo da história para viver melhor a religião, a fé cristã. Vejam-se os dois últimos textos - "Os portugueses em 2030" e "A nossa vida é uma corrente que flui". Partir do passado, conhecer a alma e o povo, para lançar os desafios de hoje e de amanhã e, por outro lado, o testemunho pessoal. No último texto, D. Manuel Clemente parte da água em que enxertou a sua corrente e como a sua corrente desembocou em outras correntes e profundidades...

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Leituras: RINO FISICHELA - A Nova Evangelização

R. FISICHELA. A Nova Evangelização. Um desafio para sair da indiferença. Paulus Editora. Lisboa 2012, 176 páginas.
       O autor é nada mais nada menos que o Presidente do Pontíficio Conselho para Promoção da Nova Evangelização. Em 2010, o Arcebispo Fisichela foi chamado por Bento XVI para uma Audiência, como é relatado no início deste livro. Não poderia imaginar que o Papa pretendia criar este novo discatério e que o seu primeiro presidente seria precisamente o autor. A partir daqui se contrói esta reflexão sobre a Nova Evangelização.
       Fisichela faz uma viagem pelas origens da Nova Evangelização, a utilização do termo, na América Latina, a divulgação e aprofundamento pelo Papa João Paulo II, a intuição presente no concílio Vaticano II, e o contributo do Papa Paulo VI, que sem usar a terminologia já desafiava à nova evangelização, voltar de novo aos lugares onde o cristianismo era conhecido, tinha sido vivido e precisava de novo vigor, para que o divórcio entre a fé e a cultura, a Igreja e a sociedade pudesse ser dirimido.
       Uma parte significativa desta reflexão traz-nos a intuição de Bento XVI que dá forma e força à necessidade da nova evangelização, mormente numa Europa adormecida, indiferente, contraditória. Em 2012, celebrava-se em Roma o Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã, dando maior visibilidade a esta urgência. Aguarda-se a publicação da Exortação Apostólica pós-sinodal, agora já com o papa Francisco.
       O autor fala dos fundamentos, mas também dos conteúdos a priviligiar, naquela que é uma missão imprescindível de anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, em toda a parte, em todos os ambientes, em palavras e obras, sobretudo com a coerência de vida, ontem como hoje.
       É uma leitura leve e interessante, acessível e pertinente. Quando fala dos autores da nova evangelização traz pouca novidade, podendo ter feito um breve resumo de meia dúzia de linahs, já que segue de perto as intuições de documentos papais.
      De grande beleza a reflexão sobre a Catedral e especificamente a catequese á volta da Basílica da Sagrada Família, em Barcelona.

A visão de D. António Couto, Bispo de Lamego e responsável da Comissão Episcopal das Missões e Nova Evangelização: AQUI.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

D. António Couto - Sínodo dos Bispos - Fidelidade renovada

FIDELIDADE RENOVADA (n.º 158)
Igreja sinodal, próxima, fraterna e afectuosa
       1. Viver «em sínodo» é a vocação e a missão da Igreja peregrina e paroquial, casa de família fraterna e acolhedora no meio das casas dos filhos e filhas de Deus, no belo dizer do Beato Papa João Paulo II, Catechesi tradendae [1979], n.º 67; Christifideles Laici [1988], n.º 26.

        2. É também o retrato da Igreja-mãe de Jerusalém, saído da paleta de tintas do Autor do Livro dos Actos dos Apóstolos (2,42-47; 4,32-35; 5,12-15), que nos mostra uma comunidade cristã bem assente em quatro colunas: o ensino dos Apóstolos (1), a comunhão fraterna (2), a fracção do pão (3) e a oração (4), e com ramificações em todas as casas e em todos os corações. Trata-se de uma comunidade bela que, dia após dia, crescia, crescia, crescia. Não admira. Era uma comunidade jovem, leve e bela, tão jovem, leve e bela, que as pessoas lutavam por entrar nela!

Igreja da anunciação
       3. A vocação e missão da Igreja não é coisa própria sua, mas radica, como exemplarmente deixou escrito o Concílio Vaticano II, no seu Decreto Ad Gentes, no amor fontal do Pai, que enviou em missão o Filho e o Espírito Santo (n.º 2). É nesta missão que se enxerta a missão da Igreja, pelo que não compete à Igreja inventar a missão ou decidir em que consista a missão. Na verdade, o rosto da missão tem os traços do rosto de Jesus Cristo e já foi nele luminosamente manifestado. Temos, pois, uma memória viva a fazer, viver e guardar todos os dias.
       Abrindo o Evangelho de Marcos, reparamos logo que o primeiro afazer de Jesus não é pregar ou ensinar, mas ANUNCIAR, que traduz o verbo grego kêrýssô: anunciar o Evangelho (Mc 1,14). E qual é a primeira nota que soa quando Jesus se diz com o verbo ANUNCIAR? É, sem dúvida, a sua completa vinculação ao Pai, de quem é o Arauto, o Mensageiro, o ANUNCIADOR (kêryx). Pura transparência do Pai, de quem diz o que ouviu dizer (Jo 7,16-17; 8,26.38.40; 14,24; 17,8) e faz o que viu fazer (Jo 5,19; 17,4). Recebendo todo o amor fontal do Pai, bebendo da torrente cristalina do amor fontal do Pai (Sl 110,7), Jesus, o Filho, é pura transparência do Pai, e pode, com toda a verdade dizer a Filipe: «Filipe […], quem me vê, vê o Pai» (Jo 14,9).

       4. Tudo, no arauto, na mensagem que transmite (kêrygma) e no estilo com que o faz, remete para o seu Senhor. A primeira nota de todo o ANUNCIADOR ou arauto ou mensageiro consiste na sua FIDELIDADE Àquele que lhe confia a mensagem que deve anunciar. É em Seu Nome que diz o que diz; é em Seu Nome que diz como diz.

       5. O missionário só tem autoridade na medida em que é fiel a Cristo e como Ele obediente, nada dizendo ou fazendo por sua conta e risco. Só pode dizer e fazer aquilo que, por graça, lhe foi dado ouvir, aquilo que, por graça, lhe foi dado ver fazer. O missionário não pode deixar de estar vinculado a Cristo, nele configurado e transfigurado. O Papa Bento XVI disse-o assim: «Tudo se define a partir de Cristo, quanto à origem e à eficácia da missão». E acrescentou este singular desabafo: «Quanto tempo perdido, quanto trabalho adiado, por inadvertência deste ponto» (Homilia da Santa Missa, Grande Praça da Avenida dos Aliados, Porto [Portugal], 14 de Maio de 2010).

Igreja da fidelidade
        6. Impõe-se ainda dizer, é mesmo necessário ainda dizer, em jeito de conclusão ou de introdução, que aquilo que me parece ser mais importante na expressão «nova evangelização» não é tanto a novidade de métodos, expressões ou estratégias, mas a FIDELIDADE da Igreja ao Senhor Jesus (Paulo VI, Evangelii Nuntiandi [1975], n.º 41), ao seu estilo, ao seu modo de viver, de fazer e de dizer: Dom total de si mesmo num estilo de vida pobre, humilde, despojado, feliz, apaixonado, ousado, próximo e dedicado. Passa por aqui sempre o caminho e o rosto da Igreja, que tem de fazer a memória do seu Senhor, configurando-se com o seu Senhor e transfigurando-se no seu Senhor. Impõe-se, portanto, uma verdadeira conversão do coração, e não apenas uma mudança de verniz. Sim, temos necessidade de anunciadores do Evangelho sem ouro, nem prata, nem cobre, nem bolsas, nem duas túnicas (Mt 19,9-10; Mc 6,6-8; Lc 9,3-4)… Sim, é de conversão que falo, e pergunto: por que será que os Santos se esforçaram tanto, e com tanta alegria, por ser pobres e humildes, e nós nos esforçamos tanto, e com tristeza (Mt 19,22; Mc 10,22; Lc 18,23), por ser ricos e importantes?

+ António José DA ROCHA COUTO

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Ano da Fé em reflexão

       Em outubro, por proposta de Bento XVI, iniciar-se-á o ANO da FÉ, 50 anos depois do encerramento do Concílio Vaticano II, e por ocasião do Sínodo para a Nova Evangelização. Neste vídeo, a Editora Paulus propõe-nos uma reflexão sobre a fé, através palavras do Prof. Domingos Terra, sj, a partir do Motu Proprio de Bento XVI, Porta Fidei, (excertos de uma exposição realizada pelo Instituto Diocesano da Formação Cristã do Patriarcado de Lisboa); e a reflexão de D. António Couto, Bispo da nossa Diocese de Lamego e Presidente da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização (excertos de uma entrevista realizada pela Família Cristã):

quinta-feira, 29 de março de 2012

A Nova Evangelização - um desafio para sair da indiferença

       Apresentação do livro "NOVA EVANGELIZAÇÃO", no Seminário Maior de Lamego, no dia 19 de março, solenidade de São José, Padroeiro do Seminário Maior. A apresentação esteve a cargo de D. António Couto, bispo de Lamego, Presidente da Comissão Episcopal para a Nova Evangelização.