A terceira Carta Encíclica de Bento XVI empresta o título a este blogue. A Caridade na Verdade. Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas só esta entra na eternidade com Deus. Espaço pastoral de Tabuaço, Távora, Pinheiros e Carrazedo, de portas abertas para a Igreja e para o mundo...
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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
Não sejais motivo de escândalo
Disse Jesus aos seus discípulos: «Quem vos der a beber um copo de água, por serdes de Cristo, em verdade
vos digo que não perderá a sua recompensa. Se alguém escandalizar algum
destes pequeninos que crêem em Mim, melhor seria para ele que lhe
atassem ao pescoço uma dessas mós movidas por um jumento e o lançassem
ao mar. Se a tua mão é para ti ocasião de pecado, corta-a; porque é
melhor entrar mutilado na vida do que ter as duas mãos e ir para a
Geena, para esse fogo que não se apaga. E se o teu pé é para ti ocasião
de pecado, corta-o; porque é melhor entrar coxo na vida do que ter os
dois pés e ser lançado na Geena. E se um dos teus olhos é para ti
ocasião de pecado, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de Deus
só com um dos olhos do que ter os dois olhos e ser lançado na Geena,
onde o verme não morre e o fogo não se apaga». Na verdade, todos serão
salgados com fogo. O sal é coisa boa; mas se ele perder o sabor, com que
haveis de temperá-lo? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os
outros» (Mc 9, 41-50).

Em primeiro lugar, a certeza: ninguém ficará sem recompensa por fazer o bem, mesmo que seja um copo de água dado em nome de Jesus.
Por outro lado, nada de escandalizar, com palavras e obras, os que nos rodeiam, especialmente as pessoas mais simples. Quanto maior for o nosso esclarecimento e a nossa responsabilidade, maior há-de ser o nosso compromisso com os outros, com a verdade, com o bem, com Jesus Cristo.
No mundo a nossa postura deverá ser a de Jesus Cristo, no mundo mas sem sermos do mundo. Deveremos ser como o sal na comida, temperar, dar sabor e sentido ao mundo actual e contribuir positivamente para a sua transformação.
segunda-feira, 22 de junho de 2015
Um pai, as três filhas, e o sal
– Quero mais a meu pai, do que à luz do Sol.
Respondeu a do meio:
– Gosto mais de meu pai do que de mim mesma.
A mais moça respondeu:
– Quero-lhe tanto, como a comida quer o sal.
O rei entendeu por isto que a filha mais nova o não amava tanto como as outras, e pô-la fora do palácio. Ela foi muito triste por esse mundo, e chegou ao palácio de um rei, e aí se ofereceu para ser cozinheira. Um dia veio à mesa um pastel muito bem feito, e o rei ao parti-lo achou dentro um anel muito pequeno, e de grande preço. Perguntou a todas as damas da corte de quem seria aquele anel. Todas quiseram ver se o anel lhes servia: foi passando, até que foi chamada a cozinheira, e só a ela é que o anel servia. O príncipe viu isto e ficou logo apaixonado por ela, pensando que era de família de nobreza.
Começou então a espreitá-la, porque ela só cozinhava às escondidas, e viu-a vestida com trajos de princesa. Foi chamar o rei, seu pai, e ambos viram o caso. O rei deu licença ao filho para casar com ela, mas a menina tirou por condição que queria cozinhar pela sua mão o jantar do dia da boda. Para as festas de noivado convidou-se o rei que tinha três filhas e que pusera fora de casa a mais nova. A princesa cozinhou o jantar, mas nos manjares que haviam de ser postos ao rei seu pai não deitou sal de propósito. Todos comiam com vontade, mas só o rei convidado é que não comia. Por fim perguntou-lhe o dono da casa por que é que o rei não comia? Respondeu ele, não sabendo que assistia ao casamento da filha:
– É porque a comida não tem sal.
O pai do noivo fingiu-se raivoso, e mandou que a cozinheira viesse ali dizer porque é que não tinha botado sal na comida. Veio então a menina vestida de princesa, mas assim que o pai a viu, conheceu-a logo, e confessou ali a sua culpa, por não ter percebido quanto era amado por sua filha, que lhe tinha dito, que lhe queria tanto como a comida quer o sal, e que depois de sofrer tanto nunca se queixara da injustiça de seu pai.
sábado, 8 de fevereiro de 2014
Domingo V do Tempo Comum - ano A - 9 de fevereiro
1 – Disse Jesus aos seus discípulos: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus».
2 – Jesus continua a abrir a mente e o coração dos seus discípulos, com ensinamentos, gestos, encontros, situações que exigem respostas concretas e, por vezes, imediatas. Hoje, utiliza duas analogias, duas imagens, para fazer compreender aos seguidores a sua missão no mundo, na vida, na história. Vós sois para o mundo o que o sal é na comida: tempero, sabor, sentido. Sois no mundo o que a luz é no meio das trevas: caminho, orientação, transparência.
Já todos fomos surpreendidos, em alguma ocasião, por uma refeição insossa, sem sal, sem sabor, intragável. É certo que por questões de saúde alguns têm de reduzir ao sal, mas leva tempo até o paladar se habituar a uma comida que parece não saber a nada. Curiosamente, a sabor está nos alimentos, na carne, no peixe, na hortaliça, nas batatas, no arroz, nos ovos. O sal permite-nos apreciar as diferentes dietas alimentares. Se falta sal nada sabe bem. (Por questões de saúde a cozinha substitui o sal por outros condimentos, mas é o referencial simbólico mantém-se).
O sal, como o fermento, dá forma, textura, potencia o sabor dos alimentos. Não se dá conta do sal ou do fermento. Só a sua falta se faz notar. Assim, mutatis mutandis, os discípulos de Jesus. Mesmo que de forma impercetível deverão levar sabor e sentido ao mundo, atuando com eficácia e persistência, como o sal, como o fermento, nos alimentos.
Habituados que estamos à eletricidade, quando falha logo ficamos desnorteados. Para alguns é o acesso à internet, a televisão, a rádio, os eletrodomésticos que permitem confecionar os alimentos, o aquecimento ou o ar condicionado. Mas de imediato, e estamos a falar da tarde-noite, procuramos resolver o problema da luz, com uma vela, uma lanterna, com a luz do telemóvel, prosseguindo com dificuldade às apalpadelas com o medo de chocar contra algum objeto. É um transtorno. Mesmo conhecendo o local em que nos movemos é com muita dificuldade que saímos do sítio. Esperamos um pouco a ver se a luz volta ou se os olhos se habituam à escuridão.
Mas basta um lampejo de claridade e já nos orientamos. E se cada um de nós for essa pequena luz para os outros? E se juntarmos a nossa à luz do vizinho?
3 – O discípulo de Jesus não pode seguir na correnteza da moda ou da opinião pública, pois esta tanto pode ser positiva e inclusiva, como destrutiva e desagregadora. Podemos até não pisar terra firme e encontrarmo-nos sobre as águas nos mares das Galileias do nosso tempo, podemos até ser apanhados por vendavais e tempestades, mas a referência, a LUZ, o farol que nos guia, é Jesus Cristo, e Ele garante-nos que nada nos separará do Seu amor. Ele estende-nos a mão. Atrai-nos com o Seu olhar. Não nos safa das dificuldades. Porém, sabermos que Alguém está por perto, nos conforta e nos dá ânimo para prosseguir, permite-nos enfrentar o que nos assusta e o que nos faz sofrer. Precisamos dos amigos, dos pais, da família, para que nos deem coragem, nos animem, estejam connosco e nos amem, independentemente das variáveis da nossa vida. O maior dos sofrimentos e das doenças do nosso tempo é precisamente a solidão.
Vivemos numa época com diversos riscos: cada um querer salvar-se sozinho; seguir por atalhos, facilidades imediatas sem meta nem objetivos; querer apenas o que os outros querem, fazendo coro com a opinião generalizada; afastamento de tudo o que possa sugerir esforço, sacrifício, sofrimento. Obviamente que deveremos combater todo o mal, e livrar-nos do sofrimento, mas este é inevitável. Quem se sujeita a amar, sujeita-se a padecer. Mas só o amor nos livra do cinismo, nos livra de uma vida sem sal, sem luz, sem sentido, e da solidão. A vida não é um descafeinado permanente. Como alguns filósofos sublinham, queremos o sabor mas sem as respetivas consequências: comidas e bebidas light, café sem cafeína, adoçante sem açúcar. Amor livre, ocasional, sem amarras, sem compromissos duradouros, sem porto. Quando nos damos conta estamos sós. E a vida perde o seu encanto. Há pessoas que ficam imediatamente doentes quando pensam que vão ficar sozinhas. Outras lamentam-se quando é demasiado tarde para cultivar amizades, para valorizar a família, para dar prioridade aos afetos e à proximidade. Não se isole! Quem se encerra no seu casulo acabará por se afastar da luz, a que vem de dentro e a que vem do alto.
4 – E como ser luz e sal, que dá tempero e ilumina a vida, no nosso dia-a-dia?
A belíssima página de Isaías mostra-nos o caminho, revelando-nos as palavras de Deus: «Reparte o teu pão com o faminto, dá pousada aos pobres sem abrigo, leva roupa ao que não tem que vestir e não voltes as costas ao teu semelhante. Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tardarão a sarar... Se tirares do meio de ti a opressão, os gestos de ameaça e as palavras ofensivas, se deres do teu pão ao faminto e matares a fome ao indigente, a tua luz brilhará na escuridão e a tua noite será como o meio-dia».
Na mesma sequência o salmista nos envolve na resposta à palavra de Deus: «O justo deixará memória eterna. Ele não receia más notícias: seu coração está firme, confiado no Senhor. O seu coração é inabalável, nada teme; reparte com largueza pelos pobres, a sua generosidade permanece para sempre e pode levantar a cabeça com altivez».
Como sublinha Jesus no Evangelho: as vossas/nossas boas obras serão a luz que brilha diante dos homens e iluminam o mundo.
5 – O cristianismo não é um exercício intelectual, uma abstração, ou uma generalidade. É uma realidade concreta, situada no tempo e no espaço. O ponto de partida e de chegada, o chão que nos ampara, é Deus e o Deus de Jesus Cristo. Deus connosco. Próximo, e que Se faz estrada e vem sujar as mãos na terra, envolvendo-se com a nossa fragilidade e finitude. Procura-nos.
5 – O cristianismo não é um exercício intelectual, uma abstração, ou uma generalidade. É uma realidade concreta, situada no tempo e no espaço. O ponto de partida e de chegada, o chão que nos ampara, é Deus e o Deus de Jesus Cristo. Deus connosco. Próximo, e que Se faz estrada e vem sujar as mãos na terra, envolvendo-se com a nossa fragilidade e finitude. Procura-nos.
A fé cristã tem um ROSTO vivo, Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Não é, como em alguns ambientes religiosos se crê, uma religião do Livro. É uma Pessoa, um Acontecimento, que se traduz e atualiza na nossa vida, na nossa história. É Jesus Cristo, numa VIDA de entrega, de amor, numa história que se mistura com a nossa. É mistério. É dádiva. Ele entrega a Sua vida para que nós tenhamos vida e vida em abundância (cf. Jo 10,10). É na Sua morte e ressurreição que ancoramos a nossa fé, a nossa militância crente.
É isto mesmo que sublinha o apóstolo, que não se anuncia a si mesmo ou alguma doutrina especial, que não tenta iludir com bonitas palavras, mas apresenta Jesus Cristo: “Irmãos, pensei que, entre vós, não devia saber nada senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. A minha palavra e a minha pregação não se basearam na linguagem convincente da sabedoria humana, mas na poderosa manifestação do Espírito Santo, para que a vossa fé não se fundasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus”.
A fé une-nos uns aos outros e compromete-nos com o bem de todos. Não é possível, sob pena de nos tornarmos mentirosos, separar a fé das obras e da vida. A fé faz-nos olhar para Deus com amor. Se olhamos para Deus com Amor, acolhendo-O na nossa vida, não poderemos desprezar a vida dos nossos irmãos, que são ROSTO e PRESENÇA de Deus, aqui e agora (hic et nunc).
Textos para a Eucaristia (ano A): Is 58, 7-10; Sl 111 (112); 1 Cor 2, 1-5; Mt 5, 13-16.
Reflexão dominical na página da Paróquia de Tabuaço.
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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Sermão da Montanha - Editorial Voz Jovem
O evangelista deste ano litúrgico, ANO A, é São Mateus, para a maioria dos Domingos e festas.
Do Evangelho de São Mateus temos vindo a escutar o chamado “Sermão da Montanha”.
“Ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los” (Mt 5, 1).

Por esta razão fica conhecido o ensinamento de Jesus, porque foi pronunciado no alto da montanha. A montanha é um lugar privilegiado para encontrar Deus e para Deus Se revelar. Por outro lado, a atitude de quem se senta para ensinar, relembrando os escribas que se sentavam numa atitude de ensino. O próprio Moisés é representado sentado, a ditar os Mandamentos. No dia 22 de fevereiro, festejamos a Cadeira de São Pedro, evocando a autoridade de Pedro e do sucessor de Pedro.
1 – Bem-aventuranças
“Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa” (Mt 5, 11-12).
Nas Bem-aventuranças está a essência do cristianismo, um resumo claro do que se espera dos seguidores de Jesus Cristo. São felizes os que buscam o bem e se regem pela verdade, os que são misericordiosos e promovem a paz e a justiça, os humildes e puros de coração, todos aqueles que vivem na procura constante de imitar o Deus de Jesus Cristo, mesmo que humanamente não se sintam compensados e podendo ser perseguidos, injuriados e até mortos.
2 – Sois o sal da terra, sois luz do mundo
2 – Sois o sal da terra, sois luz do mundo
“Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se?... Vós sois a luz do mundo…” (Mt 5, 13-16).
O cristão está no mundo, não para se deixar levar pela corrente, pelas modas do momento, mas para se tornar agente transformador, por palavras e obras, dando tempero e sentido ao mundo, para louvor e glória de Deus Pai.
3 – Plenitude da Lei: a caridade
“Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim revogar, mas completar” (Mt 5, 17-37).
A Lei de Moisés e o ensinamento dos Profetas preparam-nos para aspirar às coisas do alto. A plenitude da Lei é a caridade. Quando cumprimos porque somos obrigados por tradição, ou cumprimos porque outros cumprem, acabamos por nos enfadar. A vivência da Lei há-de radicar na caridade ao jeito de Jesus predispondo-nos a dar a vida pelos outros, por todos.
4 – Oferece também a outra face
“Ouviste que foi dito aos antigos: ‘olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: … se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda… amai os vossos inimigos” (Mt 5, 38-48).
Como é difícil amarmos os nossos inimigos e rezarmos por eles, mas é essa precisamente a exigência de Jesus Cristo. Pagar o mal com o bem, com a caridade fraterna, sempre!
5 – Não podeis servir a dois senhores
“Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado por acréscimo… não vos inquieteis com o dia de amanhã, porque o dia de amanhã tratará das suas inquietações. A cada dia basta o seu cuidado” (Mt 6, 24-34).
A confiança em Deus e na Sua providência há-de ser, para todo o crente, um projecto de vida. Só a Ele devemos servir, para n’Ele nos encontrarmos com os outros… e viver hoje… o amanhã é de Deus!
6 – Edificar a vida sobre a rocha
“Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino dos Céus mas só aquele que faz a vontade de meu Pai que estás nos Céus” (Mt 7,21-27).
Não bastam boas intenções, mas a vivência concreta e quotidiana da fé, traduzida em boas obras. De novo, a caridade como a autêntica expressão da fé.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
V Domingo do Tempo Comum - 6/fevereiro
1 – Diz Jesus aos seus discípulos, daquele e deste tempo: Vós sois o Sal da terra. Vós sois a luz do mundo. É uma imagem sugestiva e explicada pelo próprio Jesus: «Vós sois o sal da terra. Mas se ele perder a força, com que há-de salgar-se? Não serve para nada, senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; nem se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus».
O sal, como o fermento, não se vê, não tem paladar, mas a sua ausência é notória. Pese embora o facto de actualmente outros ingredientes poderem desempenhar a função do sal, temperando a comida, o que aqui está em causa, é a função do sal na comida e do cristão no mundo. O sal tempera, torna a comida apetitosa. Assim deverá ser o cristão no mundo. Seguindo Jesus Cristo, assumindo o Seu jeito de amar e de Se dar, o cristão tem a missão singular de estar no mundo, sem se confundir com o mundo, para o transformar com a sua vida, em palavras e obras.
A imagem da LUZ reforça o conteúdo da imagem do SAL. Tal como o sal tempera e torna comestíveis os alimentos, a luz permite-nos saborear a beleza do Universo, caminhar, encontrarmo-nos com os outros. Isto vale para a luz exterior (natural ou artificial), e para a luz interior, do entendimento, da sabedoria e da graça de Deus.
A luz não se acende para estar escondida, mas acende-se para alumiar o quarto, a sala, toda a casa. Assim o cristão, com as suas boas obras, deve iluminar os ambientes em que vive, o trabalho e o lazer, a família e a comunidade, os negócios e a política, o desporto e a cultura, no campo e na cidade, de manhã ou à tarde.
E como ser LUZ? Praticando o bem, vivendo honestamente, procurando a justiça e a concórdia, prestando atenção aos mais necessitados de pão e/ou de carinho, fazendo da verdade o seu lema, abrindo-se à graça de Deus.
2 – Na primeira leitura deste Domingo escutamos o profeta Isaías que nos desafia com as palavras de Deus, num compromisso concreto com os outros: "Eis o que diz o Senhor: «Reparte o teu pão com o faminto, dá pousada aos pobres sem abrigo, leva roupa ao que não tem que vestir e não voltes as costas ao teu semelhante. Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tardarão a sarar»".
A realização do bem, a prática da caridade, a vivência das obras de misericórdia, são LUZ que despontará na nossa vida e que iluminam o mundo em que vivemos. O profeta exemplifica com a prática da justiça, com a eliminação da opressão e das palavras ofensivas, com a partilha dos bens com quem nada tem, "então a tua luz brilhará na escuridão e a tua noite será como o meio-dia".
O Salmo Responsorial, por sua vez, acentua a dinâmica proposta pelo profeta e por Jesus Cristo: "Brilha aos homens rectos, como luz nas trevas, o homem misericordioso, compassivo e justo. Ditoso o homem que se compadece e empresta e dispõe das suas coisas com justiça". O homem que assim proceder agrada ao Senhor e torna-se um farol para os seus irmãos.
3 – O serviço da caridade, consequência lógica e natural da profissão de fé, está intimamente vinculado ao serviço da palavra e da pregação, como nos recorda o Apóstolo São Paulo, na segunda leitura. Na verdade, a Palavra de Deus inquieta-nos, desafia-nos à prática do bem. A fé conduz-nos às boas obras. Por sua vez, a vivência prática e concreta, o compromisso com o bem e com a caridade, ilumina, testemunha, e enriquece a vivência da fé.
Por outro lado, o serviço da palavra leva-nos a Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado, que se fará com simplicidade, com humildade, deixando que Deus fale em nós, fale pela nossa vida. A fé não se impõe com argumentos irrefutáveis, propõe-se, ou "impõe-se" com o testemunho. E quando mais simples forem as nossas palavras tanto mais poderão exprimir a grandeza do amor de Deus.
"Quando fui ter convosco, irmãos, não me apresentei com sublimidade de linguagem ou de sabedoria a anunciar-vos o mistério de Deus. Pensei que, entre vós, não devia saber nada senão Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. Apresentei-me diante de vós cheio de fraqueza e de temor e a tremer deveras".
Uma vez mais concluímos que só a humildade nos (pre)dispõe para acolher Deus e reconhecer os sinais da Sua presença no mundo e, de igual modo, nos possibilita o diálogo e a comunhão com o nosso semelhante a quem havemos de reconhecer como irmão.
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Textos para a Eucaristia (ano A): Is 58, 7-10; Sl 111 (112); 1 Cor 2, 1-5; Mt 5, 13-16.
Reflexão Dominical na Página da Paróquia de Tabuaço
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