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terça-feira, 20 de março de 2018

VL – A bênção de Deus para este novo ano…

Iniciar um novo ano, cada nova etapa da vida, envolve uma mistura de sentimentos. Dúvida e esperança. Possibilidades de fazer novos amigos, concretizar projetos, encerrar assuntos do passado, abrir-se à novidade do futuro. De um ano ao outro são milésimas de segundo, ainda agora estávamos em 31 de dezembro de 2017 e um breve pestanejar e já passou o dia 1 de janeiro de 2018. Um movimento de inspirar-expirar o ar que nos permite viver. Um instante que se multiplicará, se Deus quiser, por milhares. Por dia, 23 mil movimentos de inspirar/expirar. 8 395 000 de um movimento impercetível que nos fará viver mais um ano. Isso lembra-nos que a vida acontece prevalentemente no que é insignificante, pequeno! Um pormenor fará diferença, eu e tu podemos fazer a diferença neste mundo, acolhendo as bênçãos e os dons de Deus e deixando que Ele nos transfigure constantemente e assim possamos, com a Sua graça, transformar o mundo.
O calendário litúrgico coloca no início do ano civil a solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, o amor de uma Mãe, escolhida desde sempre para acolher a semente de um mundo novo, rejuvenescido pelo amor, pela bondade e pelo serviço solidário. Deus nunca Se afastou de nós e quando O rejeitámos Ele continuou a amar-nos. É-nos pedido que procedamos do mesmo modo uns para com os outros, nunca desistindo de amar, de viver e de cuidar.
A vinda de Jesus é o Presente de Deus para nós! Dá-Se a Ele mesmo, no Filho, Jesus Cristo, por meio do Espírito Santo. Criou-nos por amor e por amor nos recria, chamando-nos a uma vida nova pautada pela bondade, pela ternura e pelo amor, pela compaixão, pela partilha solidária e pelo perdão. Criou-nos por amor e criou-nos livres! Confiou-nos o mundo e confiou-nos os outros. Mas quantas vezes nos devoramos mutuamente? Quantas vidas já silenciámos, subjugámos, destruímos? Quantas vezes obscurecemos a imagem que somos de Deus, tornando-nos opacos ao Seu amor?
Jesus é Luz que nos inunda até as trevas mais densas, irradia vida, amor e bênção! É a promessa de Deus que se enraíza no mundo, na história, no tempo. Deus, em Jesus, faz-Se igual a nós. Abaixa-Se para viver como Um de nós, não para nos nivelar por baixo mas para nos elevar.
Tudo começa e recomeça no amor de Deus que nos renova transformando-nos. Novo ano, a vida nova que recebemos no batismo concretizada em cada instante, acolhendo e testemunhando o desafio de Jesus: Vai e faz tu também do mesmo modo.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Pe. José Tolentino Mendonça - A MÍSTICA DO INSTANTE

JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA (2014). A Mística do Instante. O tempo e a promessa. Prior Velho: Paulinas Editora. 222 páginas.
       O Pe. Tolentino Mendonça é sobejamente conhecido para que tudo o que escreva tenha de imediato visibilidade, mas para chegar aqui não basta aparecer, é certamente resultado de muito trabalho e de muita alegria no trabalho realizado. O padre-poeta, ou o teólogo-poeta, apresenta textos que nos fazem sentir parte integrante, dando sentido a cada palavra, frase ou texto, buscando, fazendo-nos buscar em nós, no mundo, e nos outros, buscar Deus, a alegria, a felicidade, o amor, a amizade, a beleza.
       Nestas reflexões, o Pe. Tolentino Mendonça, além da diversidade de citações, de estórias, da experiência e dos encontros com pessoas de diferentes vertentes culturais e religiosas, a ambiência bíblica, percorrendo diversos textos mas principalmente a vida, os gestos, as palavras de Jesus e dos Seus encontros com Marta, Maria, Maria Madalena, com os Apóstolos, com a Mulher pecadora, o cego, com Zaqueu... Textos também contextualizadas nesta Teologia dos Sentidos, os Salmos, o livro dos Génesis.
       O autor dá uma atenção (poética) a cada um dos cinco sentidos: olhar/ver; tato/tocar; ouvir/escutar; olfato/odor; sabor/saborear. A espiritualidade não nos afasta de casa, do mundo, do mundo sensível. Na nossa fragilidade e limitação, na vida concreta do dia a dia, onde nos encontramos, no trabalho, no lazer, na escuta e no silêncio, na oração, na pobreza e na riqueza, em todos os lugares, em todas as dimensões da vida podemos viver, aprofundar, mergulhar na espiritualidade. Esta não se contrapõe ao corpo, ao material e sensível, mas radica-se precisamente no nosso corpo, que nos separa dos outros e do mundo, mas é o mesmo corpo que nos aproxima dos outros, de Deus e do mundo.
       A leitura desta obra, como a de outras do autor, é agradável, acessível, evolvente. Como tenho ouvido outras pessoas, os textos de Tolentino Mendonça são para ler, para reler, e ter por perto os livros, sublinhando, meditando, ruminando, sabendo que através das suas reflexões nos sentiremos mais próximos de Jesus e da Sua Boa Nova.
"A pele recobre o nosso corpo, da cabeça aos pés. Ela divide e ao mesmo tempo une o mundo exterior e interno. A pele lê a textura, a densidade, o peso e a temperatura da matéria. O sentido do tato conecta-nos com o tempo e a memória... O tato permite que não esbarremos apenas uns contra os outros, mas que existam encontros".
"O amor é o caminho que leva à esperança"
"São os nossos corpos que rezam, não apenas o pensamento. A oração habita cada um dos nossos sentidos"
"À beira do fim há sempre tanta coisa que começa"

Livros do autor aqui recomendámos:

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Faltam +/- 350 dias para viver 2014!

       A obra-prima de Eça de Queirós, Os Maias, de 1888, é um romance que enquadra a situação histórico-social de Portugal daquele tempo. O final, um misto de esperança e de resignação.
       “– Lá vem um «americano», ainda o apanhamos.
       – Ainda o apanhamos!
       Os dois amigos lançaram o passo… Outro esforço:
       – Ainda o apanhamos!
       – Ainda o apanhamos!”.
       Cada ano traz consigo propósitos e projetos novos. Há pessoas que alteram mesmo a sua atitude face à vida. Um certo jeito de sermos portugueses e por vezes vamos adiando, à espera que outros façam ou que o tempo componha. E depois é demasiado tarde. Poderíamos ter feito alguma coisa?
       Faltam mais ou menos 350 dias para o ano terminar. Fechamos os olhos e quando voltarmos a abri-los estaremos no fim de 2014. Antes do último fôlego há que viver, aqui e agora, já, como se estivéssemos no fim.
       Ao correr da pena…
       Olha para os problemas que tens pela frente. Faz uma lista do que não convém adiar. Pede ajuda a quem sabes que te vai ajudar. Vê o que é verdadeiramente importante para ti, na relação com os outros, e no teu trabalho, vê o que tem futuro e no qual valerá a pena investir. Não permitas que algo secundário atrapalhe ou destrua uma amizade verdadeira. Vou chamar alguém a atenção? Primeiro penso se é importante o reparo, e só então o farei.
       Valoriza as tuas capacidades. Acolhe os bem que vem dos outros. Alegra-te pelas pequenas coisas da vida. Não esperes pelo ideal.
       Dos problemas, o que é mais urgente resolver? O que posso resolver só por mim? O que é que me aflige? Se é um problema e posso resolver, deixa de o ser logo que o resolvo. Se não o posso resolver, pois não depende de mim, para quê preocupar-me? O que não tem remédio, remediado está. Nenhum medo destrua a nossa esperança.
       Enquadra as dificuldades, não transformes uma dificuldade num obstáculo. “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…” (Fernando Pessoa). Se a visão é limitada pela árvore que tenho à frente, distancio-me para ver que há outra paisagem. Não queiras que tudo seja terra firme. Caminha. Lembras-te quando os apóstolos estão no alto mar, e do medo que os atemoriza? (cf. Mt 14, 22-33). Jesus vem em auxílio. Não tenhamos medo de caminhar sobre a água, Se Ele vai connosco. Não esperemos as condições mais favoráveis. Muitos projetos ficam por concretizar à espera das condições ideais.
       Cada dia que passa é menos um dia que temos para viver ou é mais um dia que vivemos bem?
 
Texto publicado no Jornal Diocesano, Voz de Lamego, n.º 4247, de 14 de janeiro de 2014

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Passado, presente, futuro: como viver o tempo?


Vive intensamente o presente
Enfrenta corajosamente a vida e não permitas que as dificuldades perturbem o teu fundo de serenidade.
Vive agora, já.
Intensamente.
Ao prosseguires o longo caminho para a paz interior, evita permanecer em perene conflito para tomar uma decisão, para fazer uma escolha.
É preciso viver o momento presente.
Prestar atenção às coisas diárias simples, e vivê-las com grande paixão.
Habituamo-nos a pensar sempre na situação que há de vir; por exemplo, pensa-se na noite em que se irá jantar fora com o parceiro, imagina-se de que modo acontecerá; ou, então, durante a semana, pensa-se no domingo, quando se for jogar golfe, nos resultados a que se chegará... Mas, depois, quando estivermos a cear ou a jogar golfe, precisamente nesses momentos, estaremos a pensar em como acabará o serão ou o que se fará depois da partida de golfe.
Nunca estamos parados no momento presente, na vivência da situação.
Com o tempo, perderemos a capacidade de viver intensamente, de viver com paixão.
Nunca conheceremos a serenidade. E, muito menos, a paz interior.
Não nos realizaremos verdadeiramente.
Na realidade, não teremos vivido.
Muitas vezes, no chamado tempo livre, em vez de se relaxar e de ter uma relação serena e libertadora com a natureza, o ser humano continua a pensar nos problemas de casa, de trabalho, etc.
Assim, não se vive na realidade, mas sempre na cabeça.
Deve-se viver o momento presente porque é o único que nos é concedido.
Perder-se no momento presente, excluindo o passado e o futuro que ainda não é.
Fugir do presente pode também ser um modo de fugir das suas responsabilidades.
Finalmente, ter medo do futuro não ajuda a enfrentá-lo melhor.
E mais: também cria alarme, ansiedade e angústia.
Apenas serve para amedrontar-nos.
Não há um momento certo para viver o presente.
O momento certo é viver agora!
Como diz a palavra «passado», o passado já não existe.
Porquê, voltar a ele?
Talvez por medo de viver o presente, para não assumir a responsabilidade de uma escolha.
O passado só pode acompanhar-nos ao longo da nossa viagem da vida.
Temos de fazer as pazes com o nosso passado.
Isto não significa que não o recordemos.
Só não podemos tê-lo diante de nós, porque nos paralisaria!
Não nos deixaria viver.
O truque é mantê-lo ao nosso lado.
Deste modo, tornar-se-á nosso aliado, ajudar-nos-á a não repetir os erros já cometidos.

Valerio Albisetti, Psicólogo, professor universitário,
In Felizes apesar de tudo, ed. Paulinas.

domingo, 25 de agosto de 2013

Haruki Murakami - o tempo como sonho ambíguo

       - Todos nós perdemos coisas a que damos valor. Oportunidades perdidas, possibilidades goradas, sentimentos que nunca mais voltaremos a viver. Faz parte da vida. Mas dentro da nossa cabeça, pelo menos é aí que eu imagino que tudo aconteça, existe um quartinho onde armezanamos todas as recordações. E a fim de compreendermos os mecanismos do nosso próprio coração temos que ir sempre dando entrada a novas fichas, como aqui [na Biblioteca] fazemos. Volta e meia precisamos de limpar o pó às coisas, deixar entrar ar, mudar a águia das plantas. Por outras palavras, cada um vive para sempre fechado dentro da sua própria biblioteca...
       Todas as pessoas precisam de um lugar onde possam pertencer...

       Sentes o peso do tempo como um velho sonho ambíguo. Continuas sempre em movimento, tentando arranjar maneira de te esquivares. Porém, mesmo que vás aos confins do mundo não lograrás escapar-lhe. Mesmo assim, não tens outro remédio senão seguir em frente, até esse fim do mundo. Há algo que não se consegue fazer sem lá chegar.

in HARUKI MURAKAMI. Kafka à Beira-mar. Casa das Letras. Alfragide 2012.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Será que Deus se ri na nossa comunidade?

"Pessoas que oram juntas e conversam juntas,
riem-se juntas e prestam-se serviços mútuos,
divertem-se juntas e aprendem juntas a estar sérias.
Por vezes, têm pontos de vista divergentes,
mas não se enfadam interiormente
antes usam as divergências para reforçar a harmonia habitual.
Aprendem umas com as outras.
Sentem falta das ausentes
e recebem calorosamente as que regressam.
Mostram o seu amor com centelhas que saem dos seus corações
e rebrilham no rosto, nas palavras, no solhares
e em mil e um gestos de carinho.
Partilham juntas o alimento lá em casa
onde muitas, afinal, são apenas uma"

Santo Agostinho, Confissões, sobre a comunidade.
"Dedica o teu tempo:
a ler, que é o segredo da sabedoria;
a pensar, que é a fonte do poder;
a dar, que é mais estimulante do que receber;
a amar e ser amado, que é o caminho da felicidade;
a trabalhar, que é o preço do sucesso;
a rir, que é a música da alma:
a orar, que é o diálogo com Deus".

Gregório Iriarte
In Revista Bíblica, n.º 344, janeiro-fevereiro 2013.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Vivemos Presos ao Nosso Passado e ao Nosso Futuro

       A nós ligam-nos o nosso passado e o nosso futuro. Passamos quase todo o nosso tempo livre e também quanto do nosso tempo de trabalho a deixá-los subir e descer na balança. O que o futuro excede em dimensão, substitui o passado em peso, e no fim não se distinguem os dois, a meninice torna-se clara mais tarde, tal como é o futuro, e o fim do futuro já é de facto vivido em todos os nossos suspiros e assim se torna passado. Assim quase se fecha este círculo em cujo rebordo andamos. Bem, este círculo pertence-nos de facto, mas só nos pertence enquanto nos mantivermos nele; se nos afastarmos para o lado uma vez que seja, por distracção, por esquecimento, por susto, por espanto, por cansaço, eis que já o perdemos no espaço; até agora tínhamos tido o nariz metido na corrente do tempo, agora retrocedemos, ex-nadadores, caminhantes actuais, e estamos perdidos. Estamos do lado de fora da lei, ninguém sabe disso, mas todos nos tratam de acordo com isso.

Franz Kafka, in 'Diário (1910), retirado do CITADOR.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Tudo tem o seu tempo, tudo tem a sua hora!

Tudo tem o seu tempo, tudo tem a sua hora debaixo do céu:
tempo para nascer e tempo para morrer,
tempo para plantar e tempo para arrancar;
tempo para matar e tempo para curar,
tempo para demolir e tempo para construir;
tempo para chorar e tempo para rir,
tempo para gemer e tempo para dançar;
tempo para atirar pedras e tempo para as juntar,
tempo para se abraçar e tempo para se separar;
tempo para ganhar e tempo para perder,
tempo para guardar e tempo para deitar fora;
tempo para rasgar e tempo para coser,
tempo para calar e tempo para falar;
tempo para amar e tempo para odiar,
tempo para a guerra e tempo para a paz.
       Que aproveita ao homem com tanto trabalho? Tenho observado a tarefa que Deus atribuiu aos homens, para nela se ocuparem. Ele fez todas as coisas apropriadas ao seu tempo e pôs no coração do homem a sucessão dos séculos, sem que ele possa compreender o princípio e o fim da obra de Deus. (Co  3, 1-11)
       Deus fez todas as coisas com sentido, expressão da abundância do Seu amor, que transborda e cria todo o Universo. E fez tudo admiralvelmente. O facto de nem sempre compreendermos o mundo e o tempo que nos envolve, isso não significa que os acontecimentos, a sucessão dos tempos e a história não esteja no coração de Deus.
       O texto de Coeleth aponta-nos para a sabedoria de Deus e para a nossa confiança no Senhor de todas as coisas. Se Deus estivesse ausente do Universo, tudo seria vaidade, passageiro, rotina, vazio, efémero, como líamos ontem. Se Deus é o autor também do tempo, tudo tem um sentido de eternidade.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Julgamento

Não julgues...

Habitas num recanto mínimo desta terra.
Os teus olhos chegam
Até onde alcançam muito pouco...
Ao pouco que ouves
Acrescentas a tua própria voz.
Mantém o bem e o mal, o branco e o negro,
Cuidadosamente separados.
Em vão traças uma linha
Para estabelecer um limite.

Se houver uma melodia escondida no teu interior,
Desperta-a quando percorreres o caminho.
Na canção não há argumento,
Nem o apelo do trabalho...
A quem lhe agradar responderá,
A quem lhe agradar não ficará impassível.

Que importa que uns homens sejam bons
E outros não o sejam?
São viajantes do mesmo caminho.

Não julgues,
Ah, o tempo voa
E toda a discussão é inútil.
Olha, as flores florescem à beira do bosque,
Trazendo uma mensagem do céu,
Porque é um amigo da terra;
Com as chuvas de Julho
A erva inunda a terra de verde,
e enche a sua taça até à borda.
Esquecendo a identidade,
Enche o teu coração de simples alegria.
Viajante,
Disperso ao longo do caminho,
O tesouro amontoa-se à medida que caminhas.

Rabindranath Tagore, Abrigo dos Sábios.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Olhar em frente... 2012!

Este tempo não é de resignações (como não o é nenhum tempo)
        Não me recordo de um ano que se iniciasse com tão maus augúrios como vai começar 2012: tem já prometida mais austeridade em Portugal e nasce com uma suposta maldição milenar que o associa ao fim do mundo. Promete.
       Há quem goste de manter expectativas baixas, para não se desiludir e o próximo ano é tentadoramente enganador, desse ponto de vista: se tudo o que parece poder correr mal vier a correr efetivamente mal, temo que muitos se limitem a encolher os ombros e a murmurar um breve ‘já sabia’. 
       A experiência mostra que é preciso apontar para cima e olhar sempre em frente para podermos realizar as nossas aspirações mais legítimas e, se for caso disso, ultrapassar os limites.
       Este tempo não é de resignações (como não o é nenhum tempo): as mensagens que o Papa e os bispos de Portugal foram deixando, nesta quadra, não perderam de vista o realismo das situações de pobreza, de conflito ou de qualquer outra necessidade, mas apontaram sempre numa direção de confiança, de possibilidade de futuro melhor, maior ainda, quem sabe, do que aquilo que sonhamos. Essa é, no fundo, uma lição cristã de Natal, aprendida no nascimento de Jesus, que podemos transportar a todo o momento.
       Essa mensagem de esperança precisa de chegar de outros pontos da sociedade, a nível nacional e global, para que o futuro de tantas pessoas não se assemelhe, de forma vergonhosa, à pobreza e precariedade com que viveram os seus pais e avós, como tantos outros antes deles, tendo de fugir, muitas vezes, de um destino que parecia inevitável no seu próprio país, por falta de soluções.
       2012 vai ser também um ano cheio para a Igreja Católica, com a comemoração dos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II, o início do Ano da Fé, a realização de um Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização. Há todo um campo em aberto de renovação e de reconfiguração para poder enfrentar aquilo que Bento XVI tem identificado, sistematicamente, como o maior obstáculo à vida eclesial e à sua afirmação, particularmente na Europa: a crise da fé, também por cansaço ou indiferença de quem se diz(ia) crente.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Um acordo com o tempo...

Me detive por horas diante de um relógio!
Meus olhos acompanharam o correr de seus ponteiros.
Rezei para que parassem!
Rezei para que o veloz correr dos ponteiros deixasse de ser imperativo.
Chorei...
Chorei o amargor daquilo que não volta e a esperança do que ainda virá.
Chorei minhas auroras...
Chorei a partida do sol.
Mas os ponteiros não se comoveram...
Giraram, giraram e ainda estão girando!
Será que um dia vão parar? Talvez sim, ou não, quem sabe...
Então resolvi fazer um acordo com o tempo...
No correr dos ponteiros, resolvi elaborar a vida... Minha vida!
Resolvi descobrir a beleza de momentos que não voltarão e vivê-los intensamente!
Resolvi Amar intensamente e Viver AFETADO!
Afetado pelos afetos que valem a pena, pelos amores que me constroem.
Vou deixar que o tempo passe...
E na passagem dos dias, reinterpretarei os momentos e resignificarei a dor.
Acho que a felicidade mora nesse acordo!
É assim que vou bem aventurando a vida!
Abraço o que é meu, assumo o que me faz bem!
Estou indo ser feliz e não pretendo voltar!

Bruno Bressani, Fragmentos.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Quem me dera voltar atrás!

       Todas as pessoas já viveram situações que desejariam não ter vivido.
       Por vezes ouvimos alguns a dizerem que se voltassem atrás fariam tudo de novo, as mesmas coisas, repetiriam a vida. Como se isso fosse possível! As circunstâncias teriam que ser as mesmas. A vida não volta para trás. E, claro, todos alterariam alguma coisa. Só não mudam os burros e os sábios, como diz um provérbio chinês. Olhando para trás, se não houvesse nada a mudar, era sinal que nada se tinha aprendido com as diversas experiências., nada se teria aprendido com a própria história. Repetindo tudo, também os erros seriam repetidos.
       Obviamente, todos mudaríamos alguma coisa.
       Mesmo que saibamos que as circunstâncias em que agimos não nos tivessem antes permitido agir doutra forma. Como nos lembra Ortega y Gasset, nós, somos nós e as nossas circunstâncias. Quando fazemos algum gesto, quando assumimos um comportamento determinado, estamos sempre condicionados por muitos factores interiores, medo/confiança, experiência/inexperiência, coragem/hesitação, pessimismo/experiência, e por muitas factores exteriores, os outros, o tempo, as condições sociais, políticas, económicas, familiares.
       Deparamos também com aqueles que torcem as orelhas: quem me dera voltar atrás, como tudo seria diferente! Ah, como eu mudaria muita coisa! Ah, como tudo seria bem diferente! Se pudesse voltar atrás...
       Mas também não podemos voltar atrás. A nossa vida decide-se e resolve-se no presente e avança impreterivelmente para o futuro, para o amanhã, e este só Deus no-lo pode garantir. Cabe-nos viver o presente, o aqui e agora (hic et nunc) da nossa vida, do nosso quotidiano, o passado já lá está, o futuro a Deus pertence. Carpe diem - colha o dia, viva o momento! Num sentido cristão, positivo, significa que não desculpamos a vida com o passado ou com o futuro mas comprometemo-nos com o nosso semelhante no dia de hoje, nas circunstâncias que nos é dado viver.
       Quem me dera voltar atrás!
       Em tempo de Quaresma, este poderá ser um bom propósito, não para olhar (simplesmente) para trás, mas para nos "situarmos" (nos imaginarmos) no futuro, quando chegar o dia, se deixarmos, em que, ao voltar-nos para trás, para o passado, tenhamos que fazer tal afirmação, como lamento, como desilusão, como impossibilidade, com a resignação de quem sabe que poderia ter aproveitado a vida, poderia ter vivido bem, com verdade, com alegria, com honestidade, com garra, com história, e agora já não pode fazer nada com o tempo que desperdiçou, com as oportunidades que não agarrou... Não vale a pena chorar sobre o leite derramado!
       Para que um dia não tenhamos que também nós dizer "quem me dera voltar atrás", não percamos tempo nem oportunidades, façamos tudo, em todas as ocasiões, como se não houvesse amanhã, como se não tivéssemos mais tempo pela frente, como se fosse o último dia, o último encontro, a última palavra, o último café, o último sorriso.
       Demos o melhor de nós mesmos, agora! E então, mais à frente, poderemos dizer: não fiz tudo bem, cometi erros, poderia ter feito melhor, mas tentei dar o melhor de mim mesmo, não adiei escolhas, não desbaratei as minhas energias em futilidades, não desperdicei a oportunidade para ser feliz, não fugi a responsabilidades, não enganei, não maltratei, não injuriei, não menosprezei ninguém... posso morrer em paz!
       Podemos não fazer tudo bem, mas não deixemos de tentar, voltar a tentar, recomeçar, recomeçar uma e outra vez, não desistir da luta, não virar a cara às dificuldades, não esperar que outros façam o que eu posso fazer, não deixemos que outros escolham por nós o nosso destino!
       Quaresma é tempo de conversão, de propósitos de mudança de vida, para darmos o melhor de nós mesmos, nos tornarmos mais solidários, mais próximos, para testemunharmos o Deus da vida...
       Na nossa fragilidade, na nossa birrice, ou na nossa preguiça, peçamos a Deus que nos dê o discernimento para fazermos escolhas de bem e coragem para cumprir com a vida e com todos os projectos que nos transformam em irmãos uns dos outros.
       Não podemos voltar atrás, mas podemos construir detrás para a frente, de hoje em diante,...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O tempo de Deus

Quando Diz “Deus te ama”
E que “pois nunca havia morrido nada”
Devo então entender que morreu?
Mas morreu o que?

Anjo...
O que morreu?
Uma ilusão
Um sonho
Uma amizade
Uma emoção
Um sentimento puro e inexplicável
Uma doce emoção
Ou um amor sublime?

Uma comunhão
Um sentimento que existia
Ou ainda existe?

Anjo...
Nada morre antes do tempo de Deus...
E antes que morra terá vivido o suficiente.
Para ficar tatuado no coração de alguém
Mesmo que esse alguém nunca possa ser da gente!

Você não sabe, mas Deus escreveu na linha do meu destino,
Algo que ninguém consegue ver ou tocar...
E você conseguiu isso não sei como, nem por que...
Então o mistério continua até que Deus revele...
E sabemos que isso acontecerá no tempo de Deus
E o tempo dele não é o meu tempo
Nem o seu.

O tempo de Deus está em oculto...
E o que está em oculto permanecerá até que ele deseje...
Haverá assim dias de benções, de alegrias e felicidades.
Mesmo que esses "dias" sejam apenas alguns segundos vividos...
Pois o que importa, não é a quantidade do tempo.
Mas é o tempo vivido com intensidade.

Muitas das vezes não podemos viver esse tempo
De verdade, no tempo real.
Mas vivemos ele no sonho como disse.

Mas a verdade é que nada se perde
Quando queremos que isso aconteça
Fazemos esse momento acontecer
Sem sair da realidade;

(autora Rosa D Saron)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O tempo


A vida são os deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado…
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo…
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

(autor Mário Quintana)

domingo, 21 de novembro de 2010

Tudo tem seu tempo

Seja firme nas atitudes
e persistente em seus ideais.
Tudo ocorre em seu devido tempo.
Deus ama a todos,por isso enviará
o que for melhor para cada um.
Saiba esperar o momento exato
para receber benefícios e respostas
ás orações.
Aguarde com calma
que os frutos amadureçam,
para que possa apreciar sua doçura,
no tempo adequado e da maneira certa.

Meditação

Aguarde com paciência a vontade
do Senhor.
Confie nele,
e ele lhe concederá o que necessita.

Confirmação

"Tudo tem seu tempo.
Há um momento oportuno
para cada coisa debaixo do céu"

(Ecl 3,1).

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Só nos resta a inteligência

Os cem anos da República portuguesa cruzaram-se com os dois mil anos da Igreja Católica. E, em Portugal, ambas protagonizaram um século.

       De fragmentos se faz a história. Quem a realiza, quem a lê e quem a conta. Nada envolve tudo ou tudo explica. Multiplicam-se as máquinas da memória, a declinação de dados, o cruzamento de factos. A intercepção com as ideologias, a proximidade com os elementos antagónicos, a manipulação segundo os envolvimentos favoráveis ou de desconforto, faz da história um instrumento de busca, na purificação constante das águas da memória. Nem vale a pena misturá-la com histórias. Ou carregá-la de adjectivos, hipérboles, dramas, ou simples colorações de circunstância. Ninguém é quimicamente puro nas análises que ensaia porque ninguém sabe a história toda nem todas as histórias. Como o futuro, o passado límpido apenas a Deus pertence.
       E há o tempo. «O passado não cessa de nos surpreender, mais que o presente, mais que o futuro talvez», diz Jean-Claude Carrière em diálogo com Umberto Eco. Cem anos de implantação da República em Portugal têm muito a ver com este todo. Nas diferentes narrativas dum facto que não é acontecimento dum dia ou explosão duma hora. Remexe muitas páginas da história e traz permanentes surpresas, enquanto insinua que tem tudo dito e feito. Daí, a procura honesta e rigorosa dos enquadramentos, causas próximas e remotas, intervenientes de primeiro plano ou programadamente escondidos. Com a humildade de quem sabe que a história é uma recolha meticulosa de fragmentos que parecem ser um todo, não podemos cansar-nos de procurar as linhas mestras que a sequência vertiginosa dos séculos foi criando como um vulcão paciente que atingiu altíssimas temperaturas e no arrefecimento progressivo e lento foi criando montanhas, planícies, desertos, oásis, terras áridas e rios abundantes. Sem nunca desistir da sua revolução criadora ao espalhar por pátrias infindas as suas lavas mornas. Os cem anos da República portuguesa cruzaram-se com os dois mil anos da Igreja Católica. E, em Portugal, ambas protagonizaram um século, tiveram encontros e desencontros com leituras contrárias, desdobrando os mesmos factos em dividendos que geraram algumas guerras religiosas no meio de muitas guerras civis. A República não é uma data única. É um rasto de tempo num pequeno espaço chamado Portugal.
       Que se retome a memória. Mas que nunca se perca a inteligência. Foi no contexto das novas memórias que Michel Serves o afirmou. Mas que cabe neste tempo de boas e más memórias que estamos a celebrar.

Pe. António Rego, Editorial Agência Ecclesia.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

É tão breve o nosso tempo!

      "É tão breve o nosso tempo, é tão volátil, tão definitivamente passado, que ninguém sabe o tamanho do futuro e, mesmo que tenha muitos anos, será breve para gozar o esplendor da felicidade construída, pois ela devora o tempo e, quando se esfuma, já não há tempo para recomeçar outra vez"

MOITA FLORES, Mataram o Sidónio! Casa das Letras: 2010.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Vigiai, não sabeis os dia...

       Disse Jesus aos seus discípulos: "Vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem" (Mt 24, 42-51).
      Jesus alerta os seus discípulos, daquele e deste tempo, para em todo o tempo estarem vigilantes. Deus pode chamar-nos a qualquer momento. Adiar os projectos para o futuro, para quando houver mais tempo, mais disponibilidade económica, para quando a vida estiver bem organizada, é um erro. Essa hora futura pode nunca chegar.
       Deixar o bem para amanhã, ser justos e honestos quando as circunstâncias forem mais favoráveis, é um erro, pois não sabemos se esse tempo chegará.
       Importa valoriar o tempo presente, comprometendo-nos desde já com o bem, com a justiça, com os outros, com Deus.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A flor mais bonita do mundo

       Havia uma jovem muito bonita que tinha tudo: um marido maravilhoso, filhos perfeitos, um emprego que pagava muitíssimo bem, uma família unida. O estranho é que ela não conseguia conciliar tudo isso, o trabalho e os afazeres lhe ocupavam todo o tempo e a sua vida estava deficitária em algumas áreas. Se o trabalho consumia muito tempo, ela tirava dos filhos, se surgiam problemas, ela deixava de lado o marido...
       E assim, as pessoas que ela amava eram sempre deixadas para depois. Até que um dia, seu pai, um homem muito sábio, lhe deu um presente: uma flor muito cara e raríssima, da qual havia um exemplar apenas em todo o mundo.
       E disse a ela: "Filha, esta flor vai te ajudar muito mais do que você imagina! Você terá apenas que regá-la e podá-la de vez em quando, às vezes conversar um pouquinho com ela, e ela te dará em troca esse perfume maravilhoso e essas lindas flores."
       A jovem ficou emocionada, afinal a flor era de uma beleza sem igual. Mas o tempo foi passando, os problemas surgiam, o trabalho consumia todo o seu tempo, e a vida, que continuava confusa, não lhe permitia cuidar da flor.
       Ela chegava em casa, olhava a flor e as folhas ainda estavam lá, não mostravam nenhum sinal de fraqueza ou morte, apenas estavam lá, lindas, perfumadas. Então ela passava direto. Até que um dia, sem mais nem menos, a flor morreu.
       Ela chegou em casa e levou um susto! Estava completamente morta, suas raízes estavam ressecadas, suas flores caídas e suas folhas amarelas. A Jovem chorou muito e contou ao seu pai o que havia acontecido. Seu pai então respondeu: "Eu já imaginava que isso aconteceria, e eu não posso te dar outra flor, porque não existe outra igual a essa, ela era única assim como seus filhos, seu marido e sua família.
       Todos são bênçãos que o Senhor te deu você tem que aprender a regá-los, podá-los e dar atenção a elas, pois assim como a flor, os sentimentos também morrem. Você se acostumou a ver a flor lá, sempre florida, sempre perfumada e se esqueceu de cuidar dela. Cuide das pessoas que você ama!"
       E nós? Temos cuidado das bênçãos que Deus tem nos dado?

Patriciana Gomes, in 33catolico a serviço da Igreja.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Desejo-te TEMPO!

Não te desejo um presente qualquer,
Desejo-te somente aquilo que a maioria não tem.
Tempo, para te divertires e para sorrir;
Tempo para que os obstáculos sejam sempre superados
E muitos sucessos comemorados.
Desejo-te tempo, para planear e realizar,
Não só para ti mesmo, mas também para doá-lo aos outros.
Desejo-te tempo, não para ter pressa e correr,
Mas tempo para encontrares a ti mesmo,
Desejo-te tempo, não só para passar ou para vê-lo no relógio,
Desejo-te tempo, para que fiques;
Tempo para te encantares e tempo para confiar em alguém.
Desejo-te tempo para tocar as estrelas,
E tempo para crescer, para amadurecer.
Desejo-te tempo para aprender e acertar,
Tempo para recomeçar, se fracassar.
Desejo-te tempo também para poder voltar atrás e perdoar.
Para ter novas esperanças e para amar.
Não faz mais sentido protelar.
Desejo-te tempo para ser feliz.
Para viver cada dia, cada hora como um presente.
Desejo-te tempo, tempo para a vida.