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sábado, 20 de outubro de 2018

O Espírito Santo vos ensinará o que haveis de dizer

       Disse Jesus aos seus discípulos:
       «A todo aquele que Me tiver reconhecido diante dos homens também o Filho do homem o reconhecerá diante dos Anjos de Deus. Mas quem Me tiver negado diante dos homens será negado diante dos Anjos de Deus. E todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado; mas quem tiver blasfemado contra o Espírito Santo não será perdoado. Quando vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não vos preocupeis com o que haveis de responder nem com o que haveis de dizer em vossa defesa. O Espírito Santo vos ensinará naquela hora o que haveis de dizer» (Lc 12, 8-12).
       O testemunho, pelas palavras e pela vida, é essencial na vida dos cristãos. A vida de Jesus é expressão, isto é, testemunho do amor de Deus por nós, pela humanidade inteira. É a vocação do cristão, o seu compromisso com Jesus Cristo: acolhê-l'O, vivê-l'O e dá-l'O a conhecer a todo o mundo. Ide e anunciai o Evangelho a todos os povos da terra. Eu estarei convosco até ao fim do mundo, em toda a parte, em todo o tempo.
       A garantia do nosso testemunho é a vida eterna, o testemunho que Jesus dará por nós junto do Pai. Ou por outras palavras, a certeza de que Jesus testemunhará a nosso favor, deverá ser desafio suficiente para nos comprometermos com os outros dando testemunho do amor de Deus por nós, em Jesus Cristo, pelo Espírito Santo, para que todos tenham possibilidade de conhecer, amar e viver do amor de Deus.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Mestre, que fazer para alcançar a vida eterna?

       Ia Jesus pôr-Se a caminho, quando um homem se aproximou correndo, ajoelhou diante d’Ele e Lhe perguntou: «Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?». Jesus respondeu: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. Tu sabes os mandamentos: ‘Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe’». O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude». Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me». Ao ouvir estas palavras, o homem ficou abatido e retirou-se pesaroso, porque era muito rico. Então Jesus, olhando à sua volta, disse aos discípulos: «Como será difícil para os que têm riquezas entrar no reino de Deus!». Os discípulos ficaram admirados com estas palavras. Mas Jesus afirmou-lhes de novo: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus». Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode então salvar-se?». Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível» ( Mc 10, 17-27)

       Jesus encontra-se com o jovem rico, um homem bom, com um coração a precisar de encontrar um sentido novo para a vida, com o anseio de voar mais alto. Cumpre o que social e religiosamente lhe é exigido, mas ainda assim sente-se inquieto, insatisfeito. Jesus faz-lhe uma proposta mais radical: vai vende o que tens, dá aos pobres e depois vem e segue-me. O joevem, contudo, ainda não está preparado para o que o coração lhe pede e afasta-se entrestecido, como triste fica Jesus por tal decisão. É neste contexto que Jesus diz aos seus discípulos que a salvação é, inevitavelmente, obra de Deus. A nós cabe-nos acolhê-la com a legria e generosidade.

sábado, 24 de setembro de 2016

XXVI Domingo do Tempo Comum - ano C - 25.09.2016

       1 – O que nos distancia de Jesus Cristo e do Seu Evangelho não são os bens materiais, mas a ganância, a avareza, a prepotência, a sobranceria, a autossuficiência, a presunção, a soberba. Tudo o que nos afasta dos outros afasta-nos de Deus.
       O contrário da pobreza de espírito não é a riqueza material mas a avareza. E aqui há cenários variados. Há pobres avarentos, que só não têm tudo porque não podem ou não têm nem inteligência nem ousadia para ultrapassar os outros. Há pobres que são generosos, simples, despojados e até o pouco que têm dá para ajudar os outros, sentindo-se felizes por ajudar, se não com bens, com o tempo, a criatividade e a alegria que preenche as suas vidas. Há ricos avaros, "chupam" tudo quanto lhes é possível, sem olhar a meios, contornando leis, com toda a espécie de maquinações para passarem a perna a todos. Há ricos, cuja riqueza material é fruto do trabalho honesto, esforçado, dedicado, e que lhes permite gerar riqueza, criar emprego, promover maior comodidade para as pessoas e para as empresas; beneficiam dos próprios bens e alargam os benefícios para os outros e para a sociedade.
       A parábola de Jesus responsabiliza-nos com os mais pobres. Refira-se uma vez mais que Jesus não está a falar para o vizinho. É para mim. É para ti. É para nós. Não nos é pedido o impossível. É-nos exigido o máximo, o melhor de nós mesmos. Umas vezes ajudando diretamente, outras envolvendo as pessoas ou as entidades que podem e devem ajudar.
       Jesus contesta o homem rico não pela riqueza que possui mas pela sua cegueira e egoísmo, pela incapacidade de sair do seu castelo e compartir a vida com os outros.
       2 – A descrição do homem rico e do pobre Lázaro, o contraste gritante que existe entre ambos e o muro levantado que protege um e deixa o outro na rua, é visível na atualidade. Também hoje convivem lado a lado a miséria e a opulência, a degradação humana e o luxo escandaloso. Em sociedades democráticas – todos deveriam ter os mesmos direitos, sendo que o exercício dos mesmos precisa de condições prévias –, os governos, por vezes, protegem apenas os poderosos e esquecem-se dos pobres.
         Do homem rico não se conhece o nome. Pode ser qualquer um de nós. Por outro lado, mais que apontar nomes, importa denunciar situações de injustiça e prepotência. Vestia de púrpura e linho fino e banqueteava-se esplendidamente todos os dias, fechado dentro dos portões, alheio ao sofrimento dos outros, alguns bem perto, do lado de fora, impedidos de entrar.
       Um pobre, chamado Lázaro. O nome já diz da sua pobreza. Os pobres não podem ser números. Não servem para usar como arma de arremesso. Não contam apenas por ocasião das eleições. Têm nome e têm rosto. E ainda hoje há tantos Lázaros, excluídos, sem casa, sem pão, sem família. Este jazia junto ao portão do homem rico, e estava coberto de chagas. À pobreza acresce a repugnância das chagas. A pobreza gera pobreza. Não pede muito, apenas as migalhas que caem da mesa do rico. Mas nem a migalhas lhe são permitidas. Se te fixares perto do riacho poderá suceder que a fertilidade das margens de beneficiem e te garantam algum alimento. Mas aqui a proximidade é apenas física e está vedada por um muro e um portão. Bem se pode dizer que por vezes os animais nos ensinam a ser mais humanos, sem absolutizar. Como tem acentuado o Papa Francisco, é um paradoxo escandaloso a defesa intransigente dos animais e o desprezo ou a indiferença diante de um ser humano.
        A descrição feita por Jesus bem pode encaixar nas sociedades modernas. É o mundo em que vivemos. Limitado e finito. Não estamos no Céu, daí as imperfeições. Mas...
        3 – Mas o que fizerdes ao mais pequeno dos meus irmãos é a Mim que o fazeis. A salvação é uma garantia de Deus, dom gratuito. A morte e a ressurreição de Jesus agrafa-nos à eternidade de Deus. Assumindo por inteiro o nosso pecado e a nossa fragilidade, Jesus colocou a nossa natureza humana na glória do Pai, onde Ele já Se encontra. Mas cabe-nos acolher a Sua salvação fazendo com que chegue a todos e se expanda cada vez mais.
       O que fizermos agora tem consequências amanhã. As escolhas do tempo influenciam a inserção na vida eterna. Qual efeito borboleta: segundo a teoria do caos, o bater das asas de uma borboleta em Portugal poderá provocar um terramoto do outro lado da terra.
       O relato da parábola continua: «O pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos, estando em tormentos, levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado».
       Curiosa esta última afirmação. Finalmente este homem rico viu Lázaro. Antes não o tinha visto. A ganância e a superioridade presunçosa cegaram-no. Só se preocupava consigo, com o seu umbigo. Um pobre ali tão perto, junto ao portão, do lado de fora, a padecer, e não foi capaz de o ver e de o ajudar. Agora tão longe, e como as situações se inverteram exponencialmente, já o vê e até deseja que Lázaro, enviado por Abraão, possa vir, entrar, aliviar o seu sofrimento. Enquanto podia alterar as coisas, modificar positivamente a vida, esqueceu-se dos outros. Agora que tudo está concluído quer alterar as regras do jogo, em seu benefício e dos seus, servindo-se de Lázaro a quem não serviu com os seus bens!
       4 – Na continuação da parábola, a insistência do rico: «Então peço-te, ó pai, que mandes Lázaro à minha casa paterna – pois tenho cinco irmãos – para que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento».
       Abraão põe-nos de sobreaviso: «Eles têm Moisés e os Profetas: que os oiçam... Se não dão ouvidos a Moisés nem aos Profetas, também não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos».
       Mais que nos preocuparmos com o desfecho final, que a Deus confiamos, importa, no tempo presente, aqui e agora – não amanhã ou depois, não em outro lugar ou circunstâncias, mas no concreto dos nossos dias – viver o melhor, gastando a vida em favor de todos os que Deus coloca à nossa beira, testemunhando a beleza e a alegria da Boa Nova que Jesus nos traz com a Sua vida e com a oferenda de Si mesmo. E, como podemos constatar, Jesus ressuscitou dos mortos e, no entanto, ainda são muitos os que O desconhecem, os que não acreditam, os que vivem como se Ele não existisse.

       5 – A certeza que Deus Se coloca ao lado dos mais desfavorecidos deve levar-nos a agir do mesmo modo. "O Senhor faz justiça aos oprimidos, dá pão aos que têm fome e a liberdade aos cativos. O Senhor ilumina os olhos dos cegos, o Senhor levanta os abatidos, o Senhor ama os justos".
       Já o Profeta Amós revelava a vontade de Deus: «Ai daqueles que vivem comodamente em Sião e dos que se sentem tranquilos no monte da Samaria. Deitados em leitos de marfim, estendidos nos seus divãs, comem os cordeiros do rebanho e os vitelos do estábulo. Improvisam ao som da lira e cantam como David as suas próprias melodias. Bebem o vinho em grandes taças e perfumam-se com finos unguentos, mas não os aflige a ruína de José. Por isso, agora partirão para o exílio à frente dos deportados e acabará esse bando de voluptuosos».
       Amós faz eco da destruição do tecido social, cultural e religioso do povo judeu e que se iniciou com a displicência daqueles que tinham responsabilidade de guiar, cuidar, integrar, provendo à união e preparando o próprio povo para se defender dos ataques exteriores. Enquanto se banqueteavam, foram dispersados, assaltados, expulsos de casa e da pátria. Não nos cabe fazer juízo de valor definitivo, instrumentalizando o texto, concluindo que a destruição do povo tenha sido consequência do mau proceder dos seus líderes e, neste propósito, castigo de Deus. Mas, ainda assim, é fácil verificar que o egoísmo e o individualismo conduzem ao conflito, à rutura, à destruição dos laços sociais. Por outro lado, a união faz a força e a cooperação, a solidariedade e a partilha, a entreajuda e a justiça social, equilibram e fortalecem as comunidades.

       6 – São Paulo, na segunda leitura, ao dirigir-se a Timóteo, dita recomendações para os discípulos de Jesus. Hoje é para nós que fala, para mim e para ti: «Tu, homem de Deus, pratica a justiça e a piedade, a fé e a caridade, a perseverança e a mansidão. Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para a qual foste chamado e sobre a qual fizeste tão bela profissão de fé perante numerosas testemunhas. Guarda o mandamento do Senhor, sem mancha e acima de toda a censura, até à aparição de Nosso Senhor Jesus Cristo, a qual manifestará a seu tempo... A Ele a honra e o poder eterno».
       Também em São Paulo se pode atestar que a vida eterna se inicia agora na prática da caridade, da justiça, da mansidão, no cumprimento do mandato de Jesus Cristo, imitando-O, sabendo que só Ele nos garante o futuro, porém, conta connosco para transformar o presente do mundo e da história.
       Auxiliemo-nos mutuamente, a começar na oração: "Senhor, que dais a maior prova do vosso poder quando perdoais e Vos compadeceis, derramai sobre nós a vossa graça, para que, correndo prontamente para os bens prometidos, nos tornemos um dia participantes da felicidade celeste".
       Rezando, tomando consciência dos nossos limites e da grandeza da misericórdia de Deus, dilatando o nosso coração e o nosso compromisso com os outros que connosco formam a família de Deus.


Pe. Manuel Gonçalves



Textos para a Eucaristia (C): Am 6, 1a. 4-7; Sl 145 (146); 1 Tim 6, 11-16; Lc 16, 19-31.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Enquanto tens vida e saúde, louva o Senhor

       O Senhor permite que voltem para Ele os que se arrependem e reconforta aqueles que tinham perdido a esperança. Converte-te ao Senhor e abandona o pecado, ora na sua presença e atenua assim a tua ofensa. Volta-te para o Altíssimo e afasta-te da injustiça e detesta profundamente a iniquidade. Conhece a justiça e os juízos de Deus e permanece constante na oferenda e na oração ao Deus Altíssimo...
       Louva o Senhor enquanto viveres, louva-O enquanto tens vida e saúde, louva a Deus e glorifica-O pela sua misericórdia. Como é grande a misericórdia do Senhor e o seu perdão para os que a Ele se convertem! (Sir 17, 20-28).
       Jesus afirmou-lhes de novo: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus». Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode então salvar-se?». Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível» (Mc 10, 17-27).

       Jesus encontra-se com o jovem rico, um homem bom, com um coração a precisar de encontrar um sentido novo para a vida, com o anseio de voar mais alto. Cumpre o que social e religiosamente lhe é exigido, mas ainda assim sente-se inquieto, insatisfeito. Jesus faz-lhe uma proposta mais radical: vai vende o que tens, dá aos pobres e depois vem e segue-Me. O jovem, contudo, ainda não está preparado para o que o coração lhe pede e afasta-se entristecido, como triste fica Jesus por tal decisão. É neste contexto que Jesus diz aos seus discípulos que a salvação é, inevitavelmente, obra de Deus. A nós cabe-nos acolhê-la com alegria e generosidade.
       No texto de Ben Sirá, a recomendação para em vida nos convertermos ao Senhor, enquanto temos vida e saúde, na certeza que Deus está sempre pronto a perdoar e a acolher-nos, na certeza que nos compensará, Ele nunca nos falta.
       Dois textos que vale a pena ler com muita atenção, meditar sobre eles e sobretudo para nos deixarmos guiar por tão sábias palavras.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A minha casa celestial

       Era uma vez um homem muito rico que amava mais as riquezas que as pessoas. Não era mau, mas boas ações eram poucas.
       Um dia morreu e foi recebido por São Pedro à porta do Céu. Deus teve misericórdia dele e admitiu a sua entrada.
       Um anjo cicerone acompanhou-o na visita a esta nova cidade onde moram os santos. O rico, ao ver uma morada muito bela, perguntou ao anjo:
       - Quem mora ali?
       O anjo respondeu:
       - É o Ricardo, o seu motorista que morreu o ano passado.
       O rico ficou pasmado: "Ora o Ricardo com uma casa destas!"
       Mais adiante apareceu uma outra moradia ainda mais bela. Ele perguntou:
       - E quem mora aqui?
       O Anjo respondeu:
       - Aqui é a casa da Senhora Ana, que foi sua cozinheira.
       O rico pensou: "Se os meus empregados têm no Céu vivendas tão bonitas, a minha deve ser um palácio!"
       O Anjo, depois desta visita ao Céu, parou diante de uma barraca construída com tábuas e placas de zinco. O anjo disse-lhe:
       - Esta será a sua casa para sempre.
       O rico ficou indignado:
       - Como é possível que eles tenham tão belas moradias e a minha seja tão pobre?
       O anjo explicou:
       - Nós aqui no Céu construímos as casas com os materiais que as pessoas nos enviam da terra. O senhor só enviou isto! Para perceber melhor, explico-lhe que os materiais das casas do Céu são as boas obras. Cada atitude de bondade, de perdão, de ajuda, de consolação, de amizade, de paz, é como que um tijolo de primeira qualidade.

in Juvenil, novembro 2013.

sábado, 2 de novembro de 2013

Jesus Cristo é o olhar que nos guia ao CÉU

       Para nós cristãos, Jesus Cristo é o Reino de Deus, encarnado na história e no tempo, é o nosso Céu, é n'Ele, com Ele e por Ele que vamos ao Pai, que entramos na eternidade.
       Do mesmo modo que é a Ressurreição e a Vida, o nosso Céu, podemos também dizer que Jesus é o nosso Purgatório, entendido aqui positivamente como purificação e preparação para o encontro com Deus e não como castigo.
        Ao celebrarmos a solenidade de Todos-os-Santos - aqueles que se encontram na glória de Deus Pai -, e logo depois a Comemoração dos Fiéis Defuntos - aqueles que se encontram em (no) Purgatório -, somos interpelados pelos bens últimos, pela ESPERANÇA de salvação.
       A Igreja Católica, e assim o professamos no CREDO, crê na misericórdia infinita  de Deus que nos orienta para o Céu, mas também na possibilidade de escolhermos a nossa vida à margem ou contra Deus - Inferno -, e num estado intermédio, o Purgatório: a caminho do Céu, do encontro definitivo com Deus Pai, mas ainda necessitados de purificação, para que nos apresentemos limpos de toda a mácula.
       O PURGATÓRIO, no entanto, não é um lugar físico, uma antecâmara do Céu, ou o Hall de entrada para o Céu. É um estado do nosso ser pessoa. Nem um tempo cronológico, mas um tempo teológico, ou seja, já faz parte da eternidade de Deus.
       A nossa natureza ascendeu para junto de Deus Pai. Jesus Cristo na ressurreição/ascensão ao Céu, colocou a natureza humana à direita do Seu e nosso Pai. Como nos diz a Sagrada Escritura, quem vir o rosto de Deus morrerá, tal é a luminosidade de Deus, ferirá de morte todos os que d'Ele se aproximarem em tão grande proximidade.
       Quando estamos preparados, entrámos na glória da Ressurreição. Se o nosso olhar ainda não está suficientemente preparado/purificado, precisamos, nesse caso, de nos prepararmos. Como? Pela oração, pelo sacrifício supremo da nossa fé - a EUCARISTIA. É Jesus Cristo que nos conduz, que nos guia, que nos leva a Deus - "ninguém vai ao Pai senão por Mim -.
       É o nosso Purgatório, é Ele - verdadeiro Deus e verdadeiro Homem - que faz a ponte, em comunhão com a nossa natureza humana, purifica-a e introdu-la na natureza divina.
       Vejamos um exemplo: quando saímos de um compartimento escuro para a claridade do dia, ficámos "como" que cegos. E se tentarmos olhar directamente para o Sol ficamos cegos momentaneamente, e podemos ficar com ferimentos na vista. Deus é o nosso SOL, e, assim, só quando estamos verdadeiramente luminosos ascendemos à Sua presença. Para olharmos para o sol, abrimos pouco a pouco os olhos, colocamos uma mão à frente, paramos um pouco para nos habituarmos a tamanha claridade, ou pomos óculos do sol.
      Jesus Cristo desempenha a função de óculos de Sol, na nossa aproximação à luminosidade de Deus Pai - através d'Ele purificamos o nosso olhar, a nossa alma, para chegarmos ao Céu, para vermos Deus face a face. Ele é, nesta perspectiva, o nosso Purgatório, enquanto nos prepara/purifica para a Glória eterna de Deus.
       Como é imenso e incomensurável o MISTÉRIO de DEUS!
       Peçamos-Lhe o Espírito de Sabedoria para entendermos mas sobretudo para vivermos, aproximando-nos de Jesus Cristo, preparando-nos com Ele, para ascendermos com Ele até ao Pai do Céu.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Wm. Paul Young - A Travessia

PAUL YOUNG, A Travessia. Porto Editora. Porto 2013. 304 páginas.
       Há tempos recomendávamos o bestseller deste autor "A CABANA", livro que é uma prenda para os filhos, pelo Natal, e cujo enredo convoca ao perdão, à reconciliação com o passado, enfrentando medos e adversidades com esperança, na certeza que Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, nos guia, nos leva pela mão mesmo quando as coisas não correm bem. A morte da filha quebra todas as seguranças, mas há que descobrir o mistério amoroso de Deus. É um livro envolvente.
        Hoje recomendámos A TRAVESSIA. Insere-se em contexto semelhante. A vida e a morte. O sofrimento e a alegria. A dúvida, a incerteza, o egoísmo. A beleza, a generosidade, o amor e o perdão. Esta vida e a vida a caminho da eternidade. De algum modo é um tema que está em voga com o aparecimento de testemunhos que falam da vida para lá da vida, em estado de coma e que insinuam, sinalizam, abrem para o mistério do pós-morte. São disso exemplo: O Céu existe mesmo ou Uma prova do Céu, que relatam "a viagem" durante o estado do coma e o regresso ao mundo da história e do tempo, trazendo uma mensagem de paz, de esperança, renovando a confiança em Deus e nos Seus desígnios.
       A Travessia é romance mas que toca o mistério da vida além da vida. A vida num estádio intermédio (Purgatório?), a proximidade da eternidade.
       Um homem de negócios cuja morte do filho deixa destroçado. Acabará por perder a esposa, com quem casa duas vezes, mas a quem repudia, fazendo-lhe a vida negra. E a filha a quem nunca abraçou com medo de a perder. Nunca tivera a coragem de lhes comunicar sentimentos. Distante e frio. A sua infância não tinha sido fácil. Órfão, passando em famílias de acolhimento, acabou por ser separado do irmão mais novo, distanciando-se dele.
       Paranóico até dizer chega. A relação com as pessoas baseia-se no lucro que lhe podem trazer. Não confia em ninguém. A determinado momento vê-se a riscar os nomes das pessoas em quem confia. Um dos nomes que não risca é o de Jesus. Altera constantemente o testamento. O último deixava tudo aos gatos, pondo de fora a ex-mulher, a filha e o irmão.
       Tem um AVC. Uma réstia de fé leva-O a Jesus. A Deus Pai que é uma menina vestida de azul. Ao Espírito Santo que é uma Avó índia. Com Deus, três pessoas, mas um Ser divino uno, vai encetar um diálogo que o vai ajudar a derrubar muralhas que criou, vai descobrir que Deus o ama, mas que há outras pessoas que o amam, apesar do mal que lhes fez. A mulher. A filha. O irmão. O seu "eu" vai ter oportunidade de entrar no corpo de uma criança, com o síndrome de Down e depois passar para outras pessoas. Na travessia terá oportunidade de corrigir o mal feito, de se redimir, de mudar a vida daqueles com quem contacato, curando feridas, restabelencendo a confiança.
        Vai descobrir a pureza e a beleza dos sentimentos que abafou em si. Mais vale tarde que nunca.
       O livro é também uma dádiva do autor à sua esposa, aos filhos e aos netos (6, para já...).

domingo, 19 de agosto de 2012

Sobre a morte... e depois da morte!

A mensagem é simples: a morte não é uma opção e se quiseres aprender a versão soft do acontecimento, passa a prestar mais atenção durante a missa

       No meio de um belo dia de praia, um dos meus filhos correu para mim, aflito e com os olhos em água, e suplicou: “Mãe, mãe, eu não quero morrer! Porque é que eu tenho de morrer?!” Foi um momento delirante. Vindo directamente do nada, este grito alarmante, este pedido de socorro desalinhou todo o sentido e coerência que um belo dia de praia transmite ao nosso estado de alma. Despertei do mundo dos seres que hibernam ao sol e certifiquei-me, ainda estonteada, que não estava ninguém a persegui-lo com uma faca. Não estava. No entanto, o meu filho pedia para eu o salvar da morte. O pedido era claro e urgente: ele não queria (nem quer) morrer e achava (já não acha) que o posso salvar. A ideia da morte e de que eu podia fazer logo alguma coisa contra isso ocorreu-lhe ali, a meio de um belo dia de praia e a meio de um belíssimo banho de mar.
       “Mas porquê isso agora… Todos temos de morrer um dia”, respondi com alguma impaciência, contendo-me para não acabar a frase com um “daaah”. No entanto, o rapaz insistiu, com convicção e quase em desespero, na teoria de que a morte não pode ser uma inevitabilidade e que eu, como mãe dele, tenho de lhe dar alternativas, devo dar-lhe respostas animadoras e tentar, pelo menos tentar, livrá-lo desse destino fatídico. Percebi então que para ele o assunto era grave, não era uma mera crise conjuntural originada por um delírio solarengo: era um caso de vida ou morte. Disse-lhe então que não havia nada a fazer, que a vida é feita de contrariedades e desbobinei toda a doutrina cristã sobre a morte. Disse-lhe tudo o que sei sobre a vida eterna e tentei animá-lo com o cenário idílico de que, no fim, nos encontraremos todos no Céu. Sem problemas.
       E ofereci-lhe um gelado.
       Ele ignorou a oferta e fez-me a inevitável pergunta: como é que eu sabia? Sim, se eu nunca tinha morrido, como é que eu sabia que a morte não era bem morte? E se não era bem morte, porque existia vida eterna, porque é que se morria? Não valia a pena morrer se depois se ia viver mais… Não tinha lógica, morrer era, assim, uma perda de tempo.
       Ofereci-lhe então um gelado e uma bola de Berlim. Ele ignorou-me. Queria saber. Respondi-lhe com a doutrina da Fé e falei durante cinco minutos seguidos com a consciência de que ele só percebeu dois por cento daquilo que eu disse. No fim, rematei que ele não devia ter medo. Apenas isso: que devia confiar, porque iria perceber tudo cada vez melhor durante a vida se confiasse.
       Foi então que ele condescendeu e fez o derradeiro pedido: “OK, eu posso morrer. Mas então quero que todas as pessoas de quem eu gosto morram comigo!” Assim, tipo menino mimado irritante: eu vou, mas vocês vêm todos comigo. Não pensem que ficam aqui no bem-bom enquanto eu viajo na estratosfera rumo não sei onde. Nada disso: morro eu, morrem todos – não se ficam aqui todos a rir e a comer McDonald’s enquanto eu levito no meio das nuvens.
       Não liguei, claro – já aprendi a ignorar birras parvas – e obriguei-o a comer o gelado e a bola de Berlim na esperança de que ele ficasse com dores de barriga e, com isso, menos dramático. Resultou. 
       Contudo, desde esse dia que anda meio deprimido, apesar da praia, das bolas de Berlim, dos gelados e de transbordar saúde. O meu filho tem um problema: descobriu que vai acabar por morrer. E eu, a sua própria mãe, confirmei o pior dos seus receios. E pior, não revelei grande emoção com o assunto. Pelo contrário: até o tentei convencer que morrer era… bom. Dramático, este dia.
       No entanto, esta não é a primeira vez que ele me fala da morte. É para aí a milésima. Esta é, sim, a primeira vez que ele revela medo da morte. É a primeira vez que ele se depara com um problema bicudo, o maior problema que pode ter, e ninguém lhe oferece uma solução imediata e racional para ele. Antes pelo contrário: confirmam a fatalidade e com toda a naturalidade. A mensagem é simples: a morte não é uma opção e, se quiseres aprender a versão soft do acontecimento, passa a prestar mais atenção durante a missa.
É um facto que as crianças crescem aos solavancos, mas este, o dia em que eles deixam de ser infantilmente crentes, é dos mais tramados. E até pode ser um belíssimo dia de sol.

Inês Teotónio Pereira , i-online 18 Ago 2012, in POVO

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Deus é maior que os problemas

       Fiel até ao último dia... eu não vou morrer na praia... vou alimentar todos os dias a esperança do céu no meu coração... quando não tiver mais forças, eu vou lembrar do Céu, eu vou pensar no Céu... eu não foi desistir... lutando, combatendo, enfrentando o que tiver que enfrentar... o Céu é o meu lugar... eu vou chegar ao final... fiel até ao último dia... não podemos guardar a graça para nós... não podemos economizar no talento que Deus nos deu...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Solenidade da ASSUNÇÃO de NOSSA SENHORA

       1 – «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?" A saudação de Isabel a Nossa Senhora insinua o privilégio de Maria, antecipando-se Nela os frutos da CRUZ redentora de Jesus. Maria é salva, como todos nós mas por antecipação, pelos méritos da morte e ressurreição de Seu Filho.
       Concebida e preservada sem mácula, concebe pelo Espírito Santo, conserva a integridade, física e moral, deixando transparecer a intervenção divina, para que estando no mundo, acolhendo o Filho do Altíssimo, possa abarcar a divindade no tempo e na história.
       Depois da Sua morte, os cristãos sempre acreditaram que Ela também tinha sido preservada incorruptível e elevada ao Céu em corpo e alma. Preservada em vida e preservada para a eternidade com Deus.
       A segunda Leitura, da Epístola de São Paulo aos Coríntios, recorda-nos que a morte e ressurreição de Jesus antecipa também o nosso fim. "Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida".
       Nossa Senhora, criatura humana como nós, testemunha a salvação em Cristo. Morre e ressuscita, antecipando-Se para Ela o encontro definitivo com Deus nosso Pai.

       2 – No SIM de Maria, Deus vem ao nosso encontro, faz-Se um de nós. Jesus Cristo, por sua vez, abre a nossa história, a nossa humanidade e a nossa finitude à eternidade; dando-lhe um sentido de plenitude, coloca-nos para sempre à direita de Deus Pai, onde Ele já Se encontra.
       "Ela teve um filho varão, que há-de reger todas as nações com ceptro de ferro. O filho foi levado para junto de Deus e do seu trono e a mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. E ouvi uma voz poderosa que clamava no Céu: «Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e o domínio do seu Ungido» (Primeira Leitura).
       Por Maria é-nos dado um Salvador. Pelo Salvador é-nos concedida a eternidade, a começar por Maria, Mãe de Jesus e Mãe nossa, que Ele nos dá no alto da CRUZ.

       3 – O fim tem um começo. Maria diz "SIM", para acolher Jesus Cristo, um sim que se faz vida, no serviço, na intercessão, na atenção aos outros, como nos mostra o Evangelho deste domingo. Maria vai apressadamente para a montanha, em auxílio de Isabel. Não vai como privilegiada, vai como serva.
       A sua oração é reveladora: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome".
       É Deus que opera maravilhas Nela, mas a favor da humanidade. É um privilégio inclusivo, para beneficiar a todos. Em Maria vislumbramos a nossa salvação.
       Em Maria, a nossa fé há-de levar-nos, como Ela, a viver na procura de realizar a vontade de Deus, acolhendo Cristo e mostrando-O ao mundo pela voz e pela vida.
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Textos para a Eucaristia: Ap 11,19;12,1-6.10; 1 Cor 15,20-27; Lc 1,39-56

Reflexão Dominical, na Página da Paróquia de Tabuaço.
(Reposição da Reflexão de 15 de Agosto de 2010)

terça-feira, 1 de março de 2011

Senhor, a quem iremos

Senhor, a quem iremos,
se Tu és a fonte donde brota a vida,
a verdade da nossa existência,
a chave do mistério de cada homem!

Senhor, a quem iremos,
se só Tu das a vida em abundância
e é em Ti e por Ti que existimos.

Senhor, a quem iremos,
se só Tu dás a vida em abundância
se só Tu és o Pão da nossa fome
e a esperança do nosso futuro.

Senhor, a quem iremos,
se és Tu o horizonte último da paz e do bem,
da justiça e do amor? Senhor, a quem iremos,
se és Tu o Princípio e o Fim da Criação e da História,
o Ontem, o Hoje e o Amanhã de tudo o que somos e fazemos?

Senhor, a quem iremos,
se és Tu a Vida, a Vida Eterna,
já presente e gritante dentro de nós?

(Cfr. Jo 6,68)

(autor Ir. Maria dos Anjos, p. m.)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Uma desintegração atómica...

       «Deus é um risco total. Abrir-se a Deus é dar um salto mortal.
       O amor descentra e liberta. Mas é preciso começar por mergulhar. Por saltar da cama tépida e confortável. Quem perde a sua vida, salva-a. Mas importa, primeiramente, aceitar «perder». É indispensável passar por este despojamento doloroso.
       Passar do egoísmo para o amor é quase tão violento como uma desintegração atómica. Coisa parecida.
       O que constitui a integridade do átomo é ele ser um sistema fechado onde os electrões giram, continuamente, em redor do seu núcleo.
       Tudo salta, tudo estremece, tudo se anima, quando um electrão, por virtude dum inaudito dinamismo, se desprende desta ronda infernal, se interessa por um centro que não é o seu e ingressa no circuito de um outro.
       Quando nos pomos a amar, quer dizer a preferir à nossa vontade a vontade de alguém que não somos nós, opera-se uma reviravolta psicológica da mesma ordem.
       Mas é este o preço da vida eterna. Porque a vida eterna é amor

Louis Evely, em "Sofrimento", in Conhecer e Seguir Jesus.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Deus dá-nos a vida eterna, em Jesus Cristo!

       São três que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue; e os três estão de acordo. Se aceitamos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior, porque o testemunho de Deus consiste naquele que Ele deu de seu Filho. Quem acredita no Filho de Deus tem em si mesmo este testemunho. Quem não acredita em Deus considera-O um mentiroso, porque não acredita no testemunho dado por Deus acerca de seu Filho. E o testemunho é este: Deus deu-nos a vida eterna e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida, quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Escrevo-vos estas coisas, para saberdes que tendes a vida eterna, vós que acreditais no nome do Filho de Deus.

       As palavras do Apóstiolo São João às Igrejas de Deus são de confiança, incentivando à fé em Jesus Cristo, de forma a viver como Ele, para chegarmos a viver na lógica da vida eterna. O amor vem de Deus, quem ama permanece em Deus. Quem ama conhece a Deus. A maneira de termos acesso a Deus é amar.
       Na senda do que ouvimos nos dias anteriores, hoje acentua-se a dinâmica da fé em Jesus Cristo. Deus dá-nos a vida eterna. A vida eterna está no Seu Filho, Jesus Cristo. Quem tem o Filho, quem O segue, tem, com Ele e por Ele, a vida eterna.

sábado, 20 de novembro de 2010

Cristo e eu


Eu, peregrino. Ele o caminho.

Eu, a pergunta. Ele a resposta.

Eu, a sede. Ele a fonte.

Eu, tão fraco. Ele a força.

Eu, as trevas. Ele a luz.

Eu, o pecado. Ele o perdão.

Eu, a luta. Ele a vitória.

Eu, o inverno. Ele o sol.

Eu, doente. Ele o milagre.

Eu, o grão de trigo. Ele o pão.

Eu, a procura. Ele, o endereço.

Meu passado e meu presente: em suas mãos.

Meu futuro: todo dele.

Eu, no tempo...

E CRISTO a Eternidade!!!

sábado, 6 de novembro de 2010

XXXII Domingo Tempo Comum - 7/Novembro

       1 – O mês de Novembro é sobejamente conhecido pelos crentes católicos como o Mês das Almas. Logo no primeiro dia, a celebração de Todos-os-Santos - homens e mulheres que se encontram na glória de Deus Pai. Os Santos preencheram as suas vidas com o amor de Deus, convertendo-o em amor ao próximo, pela oração e pela caridade.
       No segundo dia - Comemoração dos Fiéis Defuntos - reflectimos na condição daqueles que se encontram em Purgatório, a caminho da pátria celeste. Entenda-se, aqui, Purgatório, não como um tempo cronológico, ou como um espaço físico, antes da entrada no Céu, mas um estado de purificação/preparação para o encontro com Deus Pai. Jesus leva-nos do tempo à eternidade. Primeiro, com a Sua morte e ressurreição/ascensão, coloca a nossa natureza humana à direita de Deus Pai. De junto de Deus atrai-nos constantemente. Quando passamos da vida temporal à vida eterna, poderemos ter necessidade de habituar o nosso olhar e o nosso coração à grandeza e à luminosidade de Deus. Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, faz-nos passar duma condição à outra.
       Nestas duas celebrações, a mesma esperança e a mesma fé: a ressurreição, como garantia que a nossa memória, a nossa histórica e a nossa identidade, não desaparecerá com a morte, mas é assegurada por Deus. Aliás, a fé em Deus já engloba a fé na ressurreição como nos lembra Jesus no Evangelho: "… E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça-ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’. Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos".
       2 – A liturgia da Palavra é muito significativa a propósito da vida eterna, não apenas por ser o mês das almas como também pelo facto de estarmos a caminhar para o final do ano litúrgico, em que se põem em maior evidência as realidades últimas.
       Na primeira leitura apresenta-se uma passagem, num tempo em que o Povo da Aliança está sob domínio estrangeiro, em que uma mãe e os seus sete filhos são mortos por se recusarem a negar as tradições da religião judaica. Perante a ameaça, esta família deixa-nos um belíssimo testemunho sobre a fé na ressurreição: "Estamos prontos para morrer, antes que violar a lei de nossos pais... Vale a pena morrermos às mãos dos homens, quando temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará".
       No Evangelho, por sua vez, Jesus é confrontado com outra tradição dos judeus, mas no caso presente com a pretensão de Jesus ser apanhado em contradição. A questão: uma mulher desposou sete irmãos, de quem não teve descendência; na eternidade quem será o seu marido? Na tradição judaica, se um homem não deixasse descendência à esposa, o irmão teria que assumi-la como esposa para lhe dar descendência e assegurar também a sua sobrevivência. Logo que houvesse filhos, o casamento estava abençoado...
       Mesmo com o fito de ridículo, Jesus responde com abertura, dizendo claramente que a vida eterna não é uma continuação da vida terrena, mas é de uma outra dimensão. Respondendo aos que duvidam da ressurreição, acentuando o valor "legalista" e estático da Lei, Jesus contrapõe com a própria Escritura que fala abertamente na ressurreição, uma vez que Deus é um Deus de vivos e não de mortos, é Deus de Abraão, de Isaac, de Jacob e de cada um de nós.
       3 – Na Segunda Leitura, São Paulo, em jeito de prece, sublinha a eternidade de Deus como desafio à vivência da fé e da caridade: "Jesus Cristo, nosso Senhor, e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, eterna consolação e feliz esperança, confortem os vossos corações e os tornem firmes em toda a espécie de boas obras e palavras".
       Obviamente, que a fé na ressurreição nos conforta, nos estimula e nos compromete com o mundo em que vivemos. Somos já hoje chamados a espalhar o bem, a verdade e a caridade que nos atrai desde a eternidade de Deus. Vivemos antecipando, em nossas palavras e gestos, o gozo da contemplação de Deus face a face.
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Textos para a Eucaristia (ano C): 2 Mac 7,1-2.9-14; 2 Tes 2,16-3,5; Lc 20,27-38

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

VIDA: um choque com a eternidade

no Funeral de D. José Tomaz Nunes
       «Na homilia, o Cardeal Patriarca lembrou o momento em que, há 12 anos, impôs as mãos sobre D. Tomaz Nunes para o ordenar bispo.
       Nesse dia, disse D. José Policarpo, “estivemos nesta igreja, com tantos ou mais bispos do que hoje, com o clero de Lisboa cheio de alegria”.
       Logo a seguir, “o senhor D. Tomaz foi daqui para o hospital, para fazer uma intervenção cirúrgica que o médico não queria atrasar nem 24 horas. E o Senhor deu-lhe ainda estes anos de saúde e de jovialidade ao serviço da Igreja”.
       O Cardeal Patriarca evocou o momento em que se deparou com a morte do bispo auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã.
       “Ontem, quando entrei no quarto do senhor D. Tomaz e vi o seu corpo sem vida, não senti que a vida é um choque com o futuro, mas senti muito profundamente que é um choque com a eternidade, violento, surpreendente e inesperado”, disse o prelado.
       “Jesus – prosseguiu – tinha-nos avisado. Mas nós esquecemos com tanta facilidade esse aviso tantas vezes repetido: ‘Virei quando menos se espera’.”
       Para D. José Policarpo, “a morte é, sob o ponto de vista humano, a mais radical experiência de solidão, mesmo que os outros estejam à nossa volta, e só Deus a pode vencer".
       “O senhor D. Tomaz morreu sozinho e nós estávamos lá, perto dele. Mas ele não pôde sentir o calor da nossa amizade naquele momento difícil”, lembrou o Cardeal Patriarca.
       Referindo-se à experiência da morte e à sua relação com a vida, D. José Policarpo sublinhou que o “choque com a eternidade será libertador se o experimentarmos permanentemente com Jesus ressuscitado”.
       “Jesus Cristo, na sua Páscoa, surge como essa experiência fundamental de humanidade que encerra a sua única verdadeira esperança, que é mitigar esse choque com a eternidade e fazer dele um encontro jubiloso”, referiu.
       “A experiência ao longo dos séculos deixa-nos clareiras de esperança para acreditarmos que esse é um momento de grande júbilo", afirmou o prelado, que no entanto advertiu: “Ai daqueles que nesse momento derradeiro negam o encontro com Deus.”
       Sobre a urna fechada de D. Tomaz Silva Nunes foi deposta a sua mitra e um evangeliário (livro com textos bíblicos do Evangelho proclamados nas missas), aberto ao centro.
       D. Tomaz da Silva Nunes faleceu esta Quarta feira devido a um enfarte agudo do miocárdio, segundo apurou a Agência ECCLESIA junto do Patriarcado de Lisboa».

sábado, 14 de agosto de 2010

Solenidade da ASSUNÇÃO de NOSSA SENHORA

       1 – «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?" A saudação de Isabel a Nossa Senhora insinua o privilégio de Maria, antecipando-se Nela os frutos da CRUZ redentora de Jesus. Maria é salva, como todos nós mas por antecipação, pelos méritos da morte e ressurreição de Seu Filho.
       Concebida e preservada sem mácula, concebe pelo Espírito Santo, conserva a integridade, física e moral, deixando transparecer a intervenção divina, para que estando no mundo, acolhendo o Filho do Altíssimo, possa abarcar a divindade no tempo e na história.
       Depois da Sua morte, os cristãos sempre acreditaram que Ela também tinha sido preservada incorruptível e elevada ao Céu em corpo e alma. Preservada em vida e preservada para a eternidade com Deus.
       A segunda Leitura, da Epístola de São Paulo aos Coríntios, recorda-nos que a morte e ressurreição de Jesus antecipa também o nosso fim. "Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida".
       Nossa Senhora, criatura humana como nós, testemunha a salvação em Cristo. Morre e ressuscita, antecipando-Se para Ela o encontro definitivo com Deus nosso Pai.

       2 – No SIM de Maria, Deus vem ao nosso encontro, faz-Se um de nós. Jesus Cristo, por sua vez, abre a nossa história, a nossa humanidade e a nossa finitude à eternidade; dando-lhe um sentido de plenitude, coloca-nos para sempre à direita de Deus Pai, onde Ele já Se encontra.
       "Ela teve um filho varão, que há-de reger todas as nações com ceptro de ferro. O filho foi levado para junto de Deus e do seu trono e a mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. E ouvi uma voz poderosa que clamava no Céu: «Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e o domínio do seu Ungido» (Primeira Leitura).
       Por Maria é-nos dado um Salvador. Pelo Salvador é-nos concedida a eternidade, a começar por Maria, Mãe de Jesus e Mãe nossa, que Ele nos dá no alto da CRUZ.

       3 – O fim tem um começo. Maria diz "SIM", para acolher Jesus Cristo, um sim que se faz vida, no serviço, na intercessão, na atenção aos outros, como nos mostra o Evangelho deste domingo. Maria vai apressadamente para a montanha, em auxílio de Isabel. Não vai como privilegiada, vai como serva.
       A sua oração é reveladora: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome".
       É Deus que opera maravilhas Nela, mas a favor da humanidade. É um privilégio inclusivo, para beneficiar a todos. Em Maria vislumbramos a nossa salvação.
       Em Maria, a nossa fé há-de levar-nos, como Ela, a viver na procura de realizar a vontade de Deus, acolhendo Cristo e mostrando-O ao mundo pela voz e pela vida.
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Textos para a Eucaristia: Ap 11,19;12,1-6.10; 1 Cor 15,20-27; Lc 1,39-56

terça-feira, 13 de julho de 2010

Faleceu a guardiã da Igreja de Tabuaço

       Faleceu, durante a madrugada, a "guardiã" da Igreja Paroquial de Tabuaço, a Sra. Irene Coelho Domingos. Ontem ao final da tarde, durante o habitual passeio pós-jantar, sentiu-se mal, ficou sem sentidos, ter-lhe-á dado um AVC, foi transportada para o Hospital de Vila Real, onde viria a falecer pelas três horas da manhã.
       Era depositária das chaves da Igreja. De manhã desligava o alarme, pela hora da Missa abria a porta da Igreja, e sempre que era necessário e/ou quando alguém desejava visitá-la, e no final do dia voltava à Igreja para ligar o alarme. Durante anos a fio, com frio ou calor, de verão e de inverno.
       Deus lhe dê o eterno descanso. Ela que sempre nos abriu as portas da Igreja, veja as portas do Céu abertas para ela.