A terceira Carta Encíclica de Bento XVI empresta o título a este blogue. A Caridade na Verdade. Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas só esta entra na eternidade com Deus. Espaço pastoral de Tabuaço, Távora, Pinheiros e Carrazedo, de portas abertas para a Igreja e para o mundo...
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sexta-feira, 19 de março de 2021
terça-feira, 22 de dezembro de 2020
sábado, 31 de outubro de 2020
segunda-feira, 18 de junho de 2018
Paróquia de Tabuaço | Primeira Comunhão | 2018
No dia 31 de maio de 2018, quinta-feira, Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus, a nossa Paróquia participou Primeira Comunhão dos meninos e meninas do 3.º Ano de Catequese: André Pastor; António Luís; Bernardo Miguel; Edgar Ricardo; Juliana Amaral; Leonor Santos; Luana Maria; Maria Eduarda; Martim Amaral; Martinha Beselga, e Rafael Filipe.
A Primeira Comunhão celebra-se, na nossa Paróquia, no dia solene do Corpo de Deus, o que permite, depois da celebração da Santa Missa, a Procissão do Santíssimo Sacramento por algumas das ruas da nossa Vila, acentuando, precisamente, a presença de Jesus Cristo na Hóstia consagrada.
sábado, 15 de abril de 2017
DOMINGO DE PÁSCOA - ano A - 16 de abril de 2017
1 – Deus. Amor. Criação. Vida. Humanidade. Harmonia. Cumplicidade. Diálogo. Alegria.
Homem e Mulher. Fragilidade. Pecado. Egoísmo. Discussão. Violência. Inveja. Morte.
Chamamento. Promessa. Aliança. Profecia. Conversão. Perdão. Misericórdia.
Jesus Cristo. Abaixamento. Compaixão. Vida nova. Nova criação. Salvação. Ressurreição.
Chamamento. Vocação. Seguimento. Discípulos. Missionários. Espírito Santo. Igreja.
Fraternidade. Humildade. Escuta. Obediência. Verdade. Libertação. Caridade.
Não são palavras vãs, é o caminho que nos redime e nos congrega, nos irmana e nos envolve, comprometendo-nos com a salvação que vem de Deus. Deus criou-nos por amor. O ser humano é imagem e semelhança de Deus. Esta semelhança nem sempre corresponde aos desígnios divinos.
Na liturgia da Vigília Pascal pudemos absorver a intervenção de Deus ao longo da história da salvação, desafiando o povo à conversão de vida, à opção pelo bem e pela justiça, na defesa dos mais pobres, na persistência pela solidariedade, dando sinais, enviando mensageiros, impelindo líderes, profetas, comunicando palavras de esperança. As promessas são feitas com o vislumbre do que virá, para levar as pessoas e o povo a mobilizar-se, deixando as armas, a força e a violência, os ódios e as injustiças, aderindo à Lei do Senhor, lei que liberta, que aponta para a vida, para a dignidade e proteção de todos, especialmente dos mais frágeis.
2 – Desde toda a eternidade e para sempre, Deus nos ama, como Pai e sobretudo como Mãe. A Páscoa de Jesus, a Sua ressurreição entre os mortos, clarifica, ilumina e torna percetível a Encarnação, mistério de abaixamento, Ele que era de condição divina não se valendo da Sua igualdade com Deus, assumiu a condição de servo, humilhou-se a Si mesmo, obedecendo até à morte e morte de Cruz. Por isso Deus O exaltou e lhe deu o NOME que está acima de todos os nomes.
A vinda do Filho Unigénito de Deus aproxima a eternidade do tempo e da história dos homens. Deus que nunca Se afastou nem Se distanciou, tornou-Se visível em Jesus Cristo. Não há como voltar atrás. Ele está no meio de nós como Quem serve, sempre e para sempre. Ao longo da Sua vida, sobretudo, ao longo dos três anos de vida pública, Jesus viveu para servir, para amar, para gastar a vida, para envolver, elevar, salvar, integrar, redimir, incluir todos os que andavam dispersos pelo pecado, pelas trevas e pela morte.
Foi crescendo em graça e sabedoria, diante de Deus e dos homens e chegada a Sua hora espalhou bondade e doçura, procurando os que andavam cansados e abatidos, como ovelhas sem pastor, indo às margens para Se encontrar com os que se tinham perdido pela solidão, pela pobreza, pela exclusão social, cultural e religiosa. Contundente contra os que usavam de artimanhas e hipocrisias, escravizando pessoas e perpetuando situações de pecado, de abuso, de corrupção; dócil, próximo, misericordioso para leprosos, cegos, coxos, crianças, mulheres, publicanos, pecadores, estrangeiros. Veio para incluir, revelando a Misericórdia de Deus Pai. O Seu projeto e o Seu propósito, o Seu alimento e a Sua vida: em tudo fazer a vontade do Pai. E a vontade do Pai é que todos se salvem.
Qual manso Cordeiro levado ao matadouro, sem mancha nem pecado, inocente, arrastado para julgamento, condenado à morte, à ignomínia da Cruz, como malfeitor. Da Sua boca não se ouviram injúrias! Procurando-nos com o Seu olhar compassivo para nos manter vivos, como a Pedro ou a Judas; elevando o olhar, o coração e a vida para o Pai, nas mãos de Quem Se coloca por inteiro e em Quem nos coloca.
3 – As trevas quiseram por momentos bloquear a luz. Quem não se deixa inundar de luz e vive mergulhado nas trevas caminha para o abismo e para a morte e tende a arrastar os outros. A luz purifica, faz-nos ver melhor, mas por vezes também fere a vista, sobretudo quando esta está mais familiarizada com o sono, com a escuridão, com a noite.
Do alto da Cruz, Jesus continua a chamar por Deus, continua a interceder por nós: Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem... Hoje mesmo estarás Comigo no Paraíso. Até ao fim, além de todo o sofrimento, Jesus pensa em nós, vive por nós, entrega-Se ao Pai por nós.
A luz parecia ter-se extinguido. Jesus desceu ao fundo, até onde a humanidade mergulha, até à morte. Três dias depois, a certeza de que a última Palavra é da vida, é de Deus, é o amor. A vida entregue ao Pai por nós, é retomada, gloriosa e ressuscitada; ressuscita o amor, a compaixão, o serviço, a fraternidade. O irmão que nos morreu voltou à vida, precedendo-nos na ressurreição. Agora vivemos ressuscitados, pois Ele ressuscitou e ressuscita-nos. A vastidão do Céu inunda a terra, expande-se para a humanidade inteira. Deus não é inacessível. Só como mistério que não podemos controlar nem encerrar nas nossas conceções ideológicas e/ou morais. No mais, É acessível. Mostra-Se em Jesus, de carne e osso como nós!
4 – Jesus não Se encontra mais no sepulcro. Ressuscitou. É preciso procurá-l'O onde a vida germina. Podemos encontrá-l’O, ou melhor deixar-nos encontrar por Ele, no jardim, no caminho, em casa, onde quer que estejamos. Não procuremos no lugar dos mortos Aquele que vive, que está no meio de nós, que está Vivo em cada pessoa, em todas as pessoas.
Maria Madalena, Simão Pedro e o discípulo amado foram ao sepulcro e descobriram-no sem o Corpo de Jesus. O sepulcro reenvia-nos em missão. Aquele que foi morto pela iniquidade dos homens, está vivo pelo poder de Deus. Regressou dos mortos, resgatou-nos do pecado e das trevas, introduziu-nos numa vida nova.
São horas de acordar. É o Primeiro Dia da semana, a Semana Maior fica preenchida de luz e de vida. Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e cantemos de alegria. As trevas dão lugar à luz. É tempo de vivermos o DIA e nos deixarmos conduzir pela Luz.
"Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo Se encontra, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, então também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória".
Pe. Manuel Gonçalves
Textos para a Eucaristia (ano A): Atos 10, 34a. 37-43; Sl 117 (118); Col 3, 1-4; Jo 20, 1-9.
Túmulo e Lábios abertos - Reflexão do Pe. João Carlos
Como as santas mulheres e os apóstolos corramos nós também ao sepulcro para vermos a pedra removida e o túmulo aberto que testemunham a ressurreição de Jesus. Hoje, como todas as manhãs, na Liturgia das Horas, nós pedimos: “Abri, Senhor, os meus lábios e a minha boca anunciará o vosso louvor”.
O pedido que hoje fazemos vale para um dia de oito dias, toda a oitava da Páscoa, recordando-nos que este é um dia especial. Os nossos lábios abrem-se como a pedra removida do túmulo para dizer: “Cristo ressuscitou, Aleluia, Aleluia”, como eco ao canto de há oito dias atrás “Hosana, hosana, ó Filho de David”. Canto de louvor e de prece que, no Domingo de Ramos, invocava a salvação, promessa desejada no Filho de David e cumprida, duma forma jamais sonhada, no Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, vencedor da morte e do pecado, Salvador da humanidade inteira.
O louvor de hoje é, assim, necessariamente, mais prolongado e mais solene pela grandeza infinita do mistério pascal de Cristo que divide o tempo cronológico da História e o coração de cada homem que se deixa tocar e acolher pelo desejo salvífico de Jesus Redentor, a todos graciosamente oferecido.
Abramos com a mesma emoção as portas das nossas igrejas e contemplemos os sinais do ressuscitado para louvarmos também com os olhos, os ouvidos e os demais sentidos a alegria que inunda o nosso coração. Entremos e vejamos:
– As toalhas alvas dos altares que nos recordam o lençol dobrado que guardou o corpo morto de Jesus;
– A água lustral com que a Igreja fará novos filhos no Filho, na administração fecunda do Batismo;
– A luz do Círio Pascal, lume novo para iluminar a terra inteira;
– As flores perfumadas que anunciam a primavera nova da Páscoa do Senhor;
– O incenso que se eleva para o alto transportando com o seu fumo o louvor da assembleia orante e jubilosa que se reúne em nome do Senhor, com a certeza da sua presença viva e sacramental, hoje e todos os dias até ao fim dos tempos.
Escancaremos o coração à escuta da Palavra de Deus que nos dá as razões da nossa fé e da nossa esperança.
Levemos essa notícia boa e bela pelas ruas e casas no compasso da visita pascal, transportando dentro de nós o anseio do salmista que diz com júbilo: «Hei de falar do vosso nome aos meus irmãos, hei -de louvá-lo no meio da assembleia».
E quando o sol declinar e a noite chegar que os nossos lábios ainda continuem abertos para dizer: “Este é o dia que o Senhor fez, nele exultemos e nos alegremos!”
Pe. João Carlos Morgado
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
Pe. Joaquim Dionísio: a Imaculada Conceição
Vivemos hoje, dia 8 de dezembro, a festa em honra da Imaculada Conceição da Virgem Maria, padroeira principal do nosso país e desta paróquia de Tabuaço. Tal celebração, vivida nos primeiros dias do novo ano litúrgico e em pleno advento, recorda-nos o singular destino desta jovem judia escolhida por Deus, bem como o que poderá acontecer connosco se decidirmos viver em obediência a Deus.
Para a fé cristã, Maria é indissociável do Menino que trouxe ao mundo, Jesus, em quem se manifestou plenamente o Deus vivo. Por isso, ela é chamada, desde o concílio de Éfeso (431), “Mãe de Deus”. E segundo a tradição católica, desde a proclamação do dogma, feita pelo Papa Pio IX (08/12/1854), Maria foi proclamada preservada do pecado original desde a sua concepção: “Declaramos que a doutrina que diz que Maria foi concebida sem pecado original é doutrina revelada por Deus e que a todos obriga a acreditá-la como dogma de fé”.
Assim se afirma, defende e ensina que, para acolher o Filho de Deus, Maria não podia ter no coração nenhum traço de hesitação ou de recusa. Qual fruto antecipado do perdão oferecido por Jesus na cruz, Maria é a imaculada, preservada de todo o pecado e da separação de Deus que marca a humanidade desde os princípios, o pecado original.
Diante de Maria, da sua disponibilidade e mediação, certamente nos sentimos admiradores e gratos, sabendo que estamos diante de uma criatura e que tudo nela é obra do Omnipotente, o mesmo Senhor da Vida que a todos quer salvar.
Quem, como Maria, na espera do nascimento do filho, poderá mostrar à Igreja e a cada um de nós, como dispor o coração para o receber? Ela é a figura da discípula atenta, da espera ativa e da confiança total em Deus.
A caminho, com Maria!
A novena preparatória desta festa foi mais uma oportunidade para contemplar aquela a que, familiarmente, nos habituámos a olhar e a invocar como Mãe. E lembrar Maria como mãe é contemplá-la como aquela cuja presença nos sossega e cuja ação nos dá confiança.
Mas não basta admirar e agradecer a ação maternal e protetora de Maria; urge estar atento ao seu exemplo e disponível para acatar o seu convite:
- contemplar a misericórdia de Deus. Deus não desiste de nenhum de nós e o Seu amor concede-nos alegria, esperança e alento para avançar, apesar dos limites assumidos;
- disponibilidade para escutar e seguir. Deus concede-nos dons que se transformam em deveres para nós, na medida em que a melhor forma de os guardar é gastá-los. O comodismo perturba o seguimento e a obediência que importa protagonizar quando está em jogo a vontade de Deus e a nossa felicidade;
- silêncio eficiente. Nem sempre o ruído ou o gozo são sinónimos de acção profícua ou de exemplo meritório. Mais do que proclamar bem alto a intenção de ser ou de fazer, têm muito mais valor a escolha e a acção acertadas. As palavras são dispensáveis quando os gestos falam por si.
- escolher bem. Nem sempre as estradas mais largas levam às metas desejadas. O Senhor convida-nos para a felicidade, mas tal meta não se atinge com facilidade.
- não desistir de caminhar. Por vezes, as dificuldades que a vida nos traz pode pôr à prova a nossa perseverança e a nossa fé; desistir surge como opção. Mas sabemos que não estamos sós e que o Senhor nos leva “ao colo”. Por outro lado, Jesus Cristo sempre nos disse que a meta não se alcança sem esforço.
Invocando a intercessão de Nossa Senhora da Conceição, pedimos e esperamos, com alegria e confiança, a bênção e as graças do Senhor que vem.
Pe. Joaquim Dionísio
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
Solenidade de Todos os Santos - 1 . novembro . 2016
1 – Quando alguém espirra é comum dizer-se-lhe "santinho". Outras expressões também conhecidas: "viva", "saúde", "com Jesus Cristo cresças". Durante a peste negra quando alguém espirrava era, na maioria dos casos, o último suspiro. Desejar saúde ou vida ou felicidade era uma forma de encorajamento. Ou "santinho", pois deveria ser santo e estar nas graças de Deus para sobreviver ao espirro da morte. A resposta mais comum: "não sou". É como se fosse algo de impossível, acessível a uns poucos; outras vezes dá a sensação que ser santinho é ter uma vida insossa, direitinha, sem chama nem fogo, sem prazer nem entusiasmo.
Os últimos Papas têm reconhecido a santidade em pessoas (ditas) normais. Havia a clara noção que para se ser santo ou se era mártir ou tinha que se viver num convento ou num mosteiro, longe das tentações do mundo e das preocupações próprias do quotidiano. Havia ainda a ideia que a santidade estava ligada à virgindade imaculada e, nesse propósito, uma pessoa casada estava fora dos eleitos à santidade. Lembro-me de na minha infância ouvir uma conversa sobre este tema, notando-se, o que só muito mais tarde percebi, a ideia que o casamento tinha algo de pecaminoso.
O reconhecimento da santidade na vida familiar e o reconhecimento do casal como testemunhos de santidade, por exemplo, os pais de Santa Teresa do Menino, de jovens ou adultos, de um surfista ou uma médica, garante-nos que a santidade é possível. E não apenas, é também desejável. Ser santo é ser feliz, bem-aventurado, capaz de assumir a sua identidade primeira, amar e acolher o amor do outro, porque primeiro Deus nos amou.
2 – Há pessoas à nossa volta que pela simplicidade de vida, pela alegria que irradiam, pelo bem que fazem, pela paz que comunicam, pela disponibilidade com que ajudam os outros, pela prontidão com que se dão, transparecem o sorriso e a misericórdia de Deus.
Um dos primeiros aspetos sublinhados pelo nosso Bispo, D. António Couto, na Carta Pastoral para o ano de 2016-2017, é a necessidade e a urgência dos cristãos serem transparência e testemunhas de Jesus Cristo. Discípulos missionários e não apenas animadores ou transmissores do Evangelho. A identidade do cristão passa por viver em Cristo, alimentando-se da Sua Palavra e dos Sacramentos pelos quais Ele continua a agir no nosso mundo, cuidando d'Ele na pessoa dos mais necessitados de pão e de amor.
A santidade de vida começa no tempo presente. Não apenas na hora da morte ou na eternidade. É aqui que nos preparamos, nos treinamos e iniciamos a vida como ressuscitados em Jesus Cristo, a partir do Sacramento do Batismo. Mergulhamos na Sua morte, para com Ele ressuscitarmos e vivermos como ressuscitados.
São João na sua primeira missiva sublinha isso mesmo: "Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é. Todo aquele que tem n’Ele esta esperança purifica-se a si mesmo, para ser puro, como Ele é puro".
Se vivemos já a esperança da ressurreição futura, onde seremos semelhantes a Ele, é tempo de nos purificarmos, isto é, de vivermos assumindo os Seus passos, o Seu mandato: "Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei".
3 – A vivência do Evangelho, o seguimento de Jesus Cristo, não é coisa do passado, não é para um grupo de elite ou para uma geração de pessoas mais idosas. É para todos, em todo o tempo, em toda a parte. É possível que no passado as comunidades dessem a ideia de uma maior vivência do cristianismo, mas sabemos também que muitas vezes era pelo medo infligido, pela superstição, pela imposição social, pois todos iam à Missa, todos se confessavam pelo menos na "desobriga", todos comungavam ao menos uma vez ao ano, todos casavam pela Igreja e se alguém não ia e não seguia o padrão era olhado de lado e falado abertamente.
As comunidades cristãs estão mais frágeis? Talvez. Não há tanta regularidade? É possível.
Por um lado, o compromisso com a comunidade parece mais esbatido e menos "obrigatório", correspondendo à tendência cultural e social do tempo. Primeiro há que atender às necessidades pessoais, resolver os problemas caseiros e a vida em família, tratar da profissão e, então e se ainda houver tempo, vamos à Missa ou a outras atividades pastorais que a Igreja proponha. Esquecemos que também somos Igreja, somos membros deste Corpo de Cristo, onde todos somos necessários e onde a falta de um prejudica todo o corpo.
Por outro lado, os que estão, estão mais conscientemente, sem tantos medos ou preconceitos ou pressões culturais, familiares ou sociais. Vão porque acham importante, porque se sentem bem, porque tomaram consciência da sua pertença à comunidade paroquial. Isto não significa que os pais, a família não deva incentivar os filhos e, num primeiro momento, como para a escola, não devam levá-los com eles. Pelo contrário, quando maior a consciência da pertença à comunidade, mais responsabilidade. Há pais que nunca deixam de ir, de participar. Mães que levam os filhos na barriga, ao colo, pela mão... mais tarde será mais fácil os filhos irem pelo próprio pé. Se os pais não arranjam desculpas fáceis para não ir, mas vão a todo o custo, deixando outros afazeres, é possível que os filhos tomem consciência do quão importante é a fé e a vida em comunidade.
4 – Não é fácil ser cristão. Ser cristão não é para as elites, não é para um grupo de puros, já santos, já convertidos. Ser cristão implica-nos por inteiro, em todas as situações. Não somos cristãos apenas quando nos apetece, quando dá jeito. Mas o tempo todo. O sacramento do Batismo é indelével, isto é, transforma-nos em novas criaturas para Jesus Cristo e, com Ele e n'Ele, a favor dos outros. Estamos todos a caminho, com as nossas fragilidades, com o nosso pecado, confiando sempre na misericórdia de Deus e na Sua complacência para connosco. Por isso nos dá Jesus, o Seu Amado Filho, que Se mistura connosco e nos ensina a caminhar para o Pai, confiando, colocando o nosso olhar, o nosso coração e a nossa vida sob o olhar e a proteção de Deus.
O caminho de Jesus é exigente. Não é uma exigência exterior, forçada, imposta. É uma exigência que decorre do seguimento. Se somos de Cristo, então ajamos como Ele. Viver em lógica de serviço e cuidado aos demais, como o último de todos, colocando os outros à frente, não é um processo fácil. Exige vigilância, consistência, insistindo uma e outra vez. É o caminho das bem-aventuranças em que nos colocamos em dinâmica de compaixão, de ternura, de caridade.
Bem-aventurados os pobres em espírito, os humildes, os que choram, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os que sofrem perseguição por amor da justiça. É deles o reino dos Céus, serão eles e seremos nós, a transformar, a renovar a terra e as relações entre pessoas e povos. «Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa».
Jesus Cristo foi injuriado, julgado, morto. Os discípulos, desde a primeira hora, também o foram. E assim tem sido ao longo da história da Igreja. É, com efeito, um critério pelo qual poderemos aferir a fidelidade a Cristo na Igreja. A honestidade, o serviço, a denúncia das injustiças, da corrupção, a opção pela verdade, acarreta a perseguição e a maledicência e, muitas vezes, uma vida sacrificada. Há pessoas, em alguns países, que perdem o emprego por serem cristãos e o afirmarem publicamente. Isto acontece mesmo em países ditos do primeiro mundo. Mas é uma opção que nos realiza e nos santifica na medida em que nos agrafa a Jesus Cristo.
5 – Com Jesus Cristo, Deus renova todas as coisas. Com a Sua morte e na Sua ressurreição, também nós fomos santificados. Ele morreu e ressuscitou por mim e por ti. Agora sou eu e tu, somos nós, que devemos morrer/viver pelos outros, não em substituição, mas em serviço, cuidado, dedicação. Há mais alegria em dar do que em receber. A santidade é o caminho de todo aquele que quer imitar Jesus Cristo. A santidade é esta capacidade, esta disponibilidade, de vivermos como pessoas, levando a sério a nossa humanidade e na certeza que o bem que fizermos também nos beneficia. Procurar ser santo é procurar ser feliz. E só somos verdadeiramente felizes com os outros.
Pe. Manuel Gonçalves
Textos para a Eucaristia (C): Ap 7, 2-4. 9-14; Sl 23 (24); 1 Jo 3, 1-3; Mt 5, 1-12a.
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