A terceira Carta Encíclica de Bento XVI empresta o título a este blogue. A Caridade na Verdade. Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas só esta entra na eternidade com Deus. Espaço pastoral de Tabuaço, Távora, Pinheiros e Carrazedo, de portas abertas para a Igreja e para o mundo...
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sábado, 13 de julho de 2024
sexta-feira, 19 de janeiro de 2024
III Domingo do Tempo Comum (ano B) - 21.janeiro.2024
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sexta-feira, 1 de julho de 2022
XIV Domingo do Tempo Comum - ano C - 3 de julho
1 – Seguir Jesus é a vocação primeira do cristão. Sem pausas nem descanso. Segui-l'O em todas as circunstâncias, a todo o momento. Para sempre. Até à eternidade. Para O seguir e para O imitar, para O viver e O anunciar é necessário estar perto d'Ele, ou melhor, abrir-Lhe o coração e a vida para que Ele nos habite e nos transforme, nos converta e nos redima.
Não é possível amar o que não se conhece. O conhecimento é um primeiro passo para amar. Quanto mais se amar mais se quer conhecer e quanto mais se conhecer maior a possibilidade de amar a pessoa e não uma imagem da mesma. Precisamos de estar e permanecer perto de Jesus e deixar que Ele se aproxime de nós. Como Maria em casa de Marta. Aos pés de Jesus. Para sentir o pulsar do Seu coração. A oração é o ambiente natural para saber quem é Jesus para nós. Não se trata de saber muitas coisas acerca d’Ele. Também é importante. Mas essencial é saber quem é Jesus para nós. Recordemos as duas questões da semana passada: "Quem dizem as multidões que é o Filho do Homem?" e "Quem dizeis vós que Eu sou?".
A missão começa na oração: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara».
A oração, a escuta, a meditação da palavra de Deus. O cristão, como a Igreja, deve ter a consciência da sua identidade lunar. Jesus Cristo é o nosso Sol. Cada um de nós, e a Igreja no seu conjunto, como a Lua, reflete a Luz que vem de Jesus. É iluminado por Jesus e reflete-O para os outros serem iluminados. Somos embaixadores e não chefes de estado. Comunicamos a Palavra de Deus, o Seu Evangelho. O embaixador não se comunica, mas comunica o seu povo, o seu governo, o que lhe disseram para dizer. Somos de Cristo. Somos cristãos. Sermos embaixadores de Jesus, como nos recorda São Paulo, é um privilégio e não uma humilhação. É um compromisso, para que Cristo viva em nós e através de nós chegue a todo o mundo.
2 – Somos discípulos missionários. Esta expressão ganhou corpo nas Assembleias Gerais do Episcopado da América Latina e Caribe, sobretudo em 2007, em Aparecida, no Brasil, na 5.ª edição, sob o tema "Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida".
Bento XVI usa a expressão na Oração elaborada para esta Conferência: "Discípulos e missionários vossos, nós queremos remar mar adentro, para que os nossos povos tenham em Vós vida abundante e construam com solidariedade a fraternidade e a paz". E no discurso inaugural clarifica a estreita ligação: "O discípulo, fundamentado assim na rocha da Palavra de Deus, sente-se impelido a anunciar a Boa Nova da salvação aos seus irmãos. Discipulado e missão são como os dois lados de uma mesma medalha: quando o discípulo está apaixonado por Cristo, não pode deixar de anunciar ao mundo que somente Ele nos salva (cf. Atos 4, 12). Efetivamente, o discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não existe esperança, não há amor e não existe futuro".
O Papa Francisco utiliza a expressão, muitas vezes, sem a conjunção aditiva "e". No Documento Final, da qual foi relator-presidente, ou na Exortação Apostólica "Evangelii Gaudium" (A Alegria do Evangelho), acentua o perigo da autorreferencialidade do cristão e da Igreja. O centro, o SOL, é Jesus Cristo. Devemos d'Ele aprender a vida e o amor, a verdade e o serviço. Discípulos. Para O darmos aos outros, levando a todos os Evangelho de Jesus. Missionários. Não em separado, mas concomitantemente. Não podemos ser missionários se não formos verdadeiros discípulos do Senhor. Sendo discípulos autênticos procuraremos imitá-l’O e como Ele anunciar a Boa Nova a todos. A luz que nos habita não se pode esconder.
3 – "Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho". Para seguir Jesus é necessário deixarmos de lado todos os acessórios que nos pesam. Ele envia-nos. A ligeireza depende se seguimos nas asas de Deus ou nos arrastamos com as nossas coisas. A missão evangelizadora urge. Ele não nos chama para ficarmos instalados à sombra da bananeira, mas para agirmos, para falarmos, para passarmos palavra, para irmos ao encontro dos outros. De aldeia em aldeia. De cidade em cidade. De coração a coração. Não há desculpas nem justificações. "Quem tiver lançado as mãos ao arado e olhar para trás não serve para o reino de Deus". Podemos sempre adiar, arranjar outras coisas que fazer, mas serão sempre passatempos, porque a missão é seguir Jesus e dá-l'O aos outros.
"Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’. E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco. Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa".
Não é uma mensagem qualquer que levamos, mas o próprio Jesus e a paz que Ele nos dá. Não é pouca coisa. É tudo. Só Ele conta. Vamos para levar a paz e a bênção e a salvação de Jesus. E se vamos, comprometemo-nos com as pessoas. Não é para andar a saltar, é para permanecer e deixar marcas positivas, semeando a Palavra de Deus.
"Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: ‘Está perto de vós o reino de Deus’. Mas quando entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: ‘Até o pó da vossa cidade que se pegou aos nossos pés sacudimos para vós. No entanto, ficai sabendo: Está perto o reino de Deus’".
A fé não se impõe, propõe-se. Se alguém recusar Jesus, não percamos tempo a forçar. É Deus que age. Deixemos que Deus atue, através do tempo. Façamos o que nos compete: anunciar o Reino de Deus e a Sua proximidade. Se não nos escutarem, é a Cristo que não escutam. Avancemos para outras cidades e aldeias, para outros corações que estejam sedentos da Palavra de Deus.
4 – Quando levamos Deus às pessoas, levamos-lhe a alegria, a bênção e a paz. Aqueles setenta e dois discípulos que Jesus envia, ainda em estágio, levam uma mensagem específica, a paz e a proximidade do Reino de Deus, como proposta e desafio.
O profeta Isaías, na primeira leitura, convida à alegria e à festa. O luto e as trevas serão absorvidas pela presença e misericórdia de Deus.
«Farei correr para Jerusalém a paz como um rio e a riqueza das nações como torrente transbordante. Os seus meninos de peito serão levados ao colo e acariciados sobre os joelhos. Como a mãe que anima o seu filho, também Eu vos confortarei: em Jerusalém sereis consolados. Quando o virdes, alegrar-se-á o vosso coração e, como a verdura, retomarão vigor os vossos membros. A mão do Senhor manifestar-se-á aos seus servos».
O salmista faz eco deste júbilo e do convite ao louvor: "Aclamai a Deus, terra inteira, cantai a glória do seu nome, celebrai os seus louvores, dizei a Deus: «Maravilhosas são as vossas obras». A terra inteira Vos adore e celebre, entoe hinos ao vosso nome. Vinde contemplar as obras de Deus, admirável na sua ação pelos homens".
5 – Para nós cristãos, Jesus é a vinha do Senhor, o Reino de Deus entre nós, o Rosto e a presença da Misericórdia do Pai. Desce para nos elevar, faz-Se pecado para nos santificar, morre para nos ressuscitar, humilha-Se para nos exaltar. "Deus de bondade infinita, que, pela humilhação do vosso Filho, levantastes o mundo decaído, dai aos vossos fiéis uma santa alegria, para que, livres da escravidão do pecado, possam chegar à felicidade eterna" (oração de coleta).
Jesus torna-nos novas criaturas com a Sua paixão redentora. Ele liberta-nos do pecado e da morte, para vivermos ressuscitados. Uma vez ressuscitados, pelo batismo, seguimo-l'O como discípulos missionários. Procuramos identificar-nos cada vez mais com Ele para O transparecermos pela nossa voz e pela vida, atraindo outros.
São Paulo, na humildade da fé, aponta para Jesus: "Longe de mim gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo... Doravante ninguém me importune, porque eu trago no meu corpo os estigmas de Jesus. Irmãos, a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com o vosso espírito".
Ao dirigir-se aos Gálatas, Paulo alerta para os perigos da divisão e de lideranças que afastem de Jesus Cristo e do Seu evangelho de verdade e de serviço, reavivando a boa semente neles semeada, lembrando-lhes a necessidade da firmeza da fé e da fidelidade a Jesus. Paulo não se anuncia, mas a Cristo Jesus. Também ele é embaixador de Jesus. E nós? Queremos ser o centro do mundo ou colocamos Deus no centro? Prosseguimos comos discípulos missionários ou preferimos anunciar-nos a nós mesmos?
Pe. Manuel Gonçalves
sábado, 5 de fevereiro de 2022
sexta-feira, 15 de outubro de 2021
sábado, 23 de janeiro de 2021
sábado, 16 de janeiro de 2021
sábado, 29 de junho de 2019
sexta-feira, 10 de maio de 2019
Papa Francisco - A força da vocação
PAPA FRANCISCO (2018). A força da vocação. A vida consagrada hoje. Conversa com Fernando Prado, cmf. Prior Velho: Paulinas Editora. 104 páginas.
A figura do Papa Francisco é incontornável na atualidade e a simpatia que foi granjeando não esmoreceu; é escutado com agrado e apreciado nos gestos que assume, ainda que esteja também sujeito à crítica, por vezes daqueles que estão mais próximos e que deveriam ser amigos e defensores dos desafios que o Papa tem lançado à Igreja e ao mundo.
Os meios de comunicação social do Vaticano, mas também outros meios de comunicação, fazem-nos chegar todos os dias intervenções, mensagens, discursos, homilias do Papa Francisco, para já não falar das frases ou textos que lhe são atribuídos e que não foram por ele proferidos, mesmo que alguns depois defendam, como desculpa e justificação, que tais palavras correspondem à sua sensibilidade e que poderia ter sido ele a dizê-las. Enfim!
Também por isso, é mais garantido ir às fontes, procurar sítios seguros e de confiança, como as páginas do Vaticano na Internet, conferir se esta ou aquela mensagem que gostamos e queremos partilhar corresponde efetivamente às palavras do Papa, até porque às vezes, juntando uma foto do Papa, se divulga uma mensagem pessoal. Pode ser interessante, mas, se intencional, não deixa de ser aproveitamento da "imagem" para vender, para ter mais likes!
Há muita coisa escrita sobre o Papa Francisco, mas nada melhor, que ler o que ele diz e/ou escreve. Um comentário sobre o seu magistério, sobre as suas intervenções, é interessante e pode ajudar-nos a captar melhor a mensagem, as antes ou depois do comentário, é essencial que se leia e/ou se ouça o Papa em primeira mão. As homilias, as mensagens, os discursos, outras intervenções, por exemplo, no twitter, estão acessíveis e a qualquer momento pode serem consultados. Uma entrevista, no entanto, apresenta curiosidades, pois, neste como em outros casos, o entrevistador faz questão de descrever o espaço da entrevista, os gestos, a postura, o sorriso, os silêncios, o entusiasmo do Papa, e a interpretação das "emoções" que o papa vai deixando transparecer.
Nesta entrevista em concreto, o tema fulcral é a vida consagrada no tempo atual, revisitando o passado, olhando para o presente, perspetivando o futuro. Por ocasião da celebração do Ano de Vida Consagrada (2015-2016), o Papa endereçou uma Carta aos Consagrados. Motivado por esta missiva e por este ano da vida consagrada, o e. Fernando Prado, missionário claretiano, solicitou esta entrevista ao Papa Francisco.
O discurso simples, com imagens, pequenas histórias vividas na primeira pessoa ou que lhe foram comunicadas por alguém, boa disposição, tocando nos pontos essenciais que, segundo o Papa, é preciso alterar para que a vida consagrada continue ser profética, valorizando a pobreza, em detrimento das seguranças e das riquezas materiais, a oração, o estudo, o discernimento vocacional, a inserção na vida e na missão da Igreja, conservar o que aproxima de Cristo, do Evangelho e das pessoas, corrigir os desvios, tratar os consagrados, religiosos respeitando a sua identidade e o carisma das suas congregações, evitando "escravidão" dos mesmos ao serviço de algum projeto eclesial, diálogo entre consagrados e o Bispo diocesano, são alguns do temas que vale a pena refletir. Mais uma vez, o que vale para os consagrados, vale também para os Seminários e para as vocações, mas vale também para os cristãos, no seu conjunto, nomeadamente na questão do discernimento vocacional, do estudo, da vida de oração, da inserção à Igreja, do compromisso missionário, do respeito pelo tempo de cada um, pelo crescimento da fé.
O Papa coloca, nesta entrevista, mais uma vez o foco no discernimento. As regras são importantes, mas mais importantes são as pessoas, com as suas limitações e com os seus dons. Vincado também o diálogo jovens-idosos, vale para a Igreja, para a sociedade, vale para os Institutos de Vida consagrada. "Os jovens caminham rapidamente, mas os mais velhos conhecem o caminho". Cuidado com as generalizações. A rigidez é negativa. "O verdadeiro amor nunca é rígido". Caminhar em conjunto... Não existem soluções mágicas. É esse o meu critério: o triunfalismo nunca é de Jesus. O triunfo de Jesus, o verdadeiro triunfo, é sempre a Cruz".
E, claro, muito cuidado com o clericalismo. Na formação, 4 pilares: vida espiritual, vida comunitária, vida de estudo e vida apostólica. "Condescendência, de Jesus, que desceu para se inserir no povo. Ora o clericalismo é o oposto da inserção... O clericalismo é a raiz de muitos problemas... Inclusive, por trás dos abusos, além de outras imaturidades e neuroses, está o clericalismo. É preciso ter muito cuidado com isto na formação. É necessário discernir e ajudar a clarificar imaturidades e acompanhar o formando num saudável crescimento".
sábado, 9 de março de 2019
Eu não vim chamar os justos, vim chamar os pecadores
Jesus viu um publicano chamado Levi, sentado no posto de cobrança, e
disse-lhe: «Segue-Me». Ele, deixando tudo, levantou-se e seguiu Jesus.
Levi ofereceu-lhe um grande banquete em sua casa. Havia grande número de
publicanos e de outras pessoas com eles à mesa. Os fariseus e os
escribas murmuravam, dizendo aos discípulos: «Porque comeis e bebeis com
os publicanos e os pecadores?» Então Jesus, tomando a palavra,
disse-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os
doentes. Eu não vim chamar os justos, vim chamar os pecadores, para que
se arrependam» ( Lc 5, 27-32).
Neste primeiro sábado da Quaresma, o Evangelho apresenta-nos o chmamento de Mateus. O que virá a ser apóstolo e evangelista Mateus foi chamado por Jesus no seu posto de cobrança. Era conhecido como publicano, o que equivalia a ser considerado como traidor para com o povo judeu. Os cobradores de impostos estavam ao serviço do império romano, o povo opressor. E, por outro lado, os impostos eram muito elevados, pois visavam sustentar toda a máquina da opressão, soldados, oficiais, dirigentes, para lá dos impostos que beneficiavam directamente o cobrador.
Jesus lança-lhe um desafio para mudar de vida. Chama-o no lugar em que se encontra. Também a nós nos chama e desafia onde nos encontramos, chama-nos na nossa existência concreta. Deixa tudo para seguir Jesus. Suscita entre alguns uma justificável apreensão, pelo facto de ser publicano. Mas para Jesus todos reúnem as mesmas condições para serem Seus discípulos, pois todos são filhos de Deus. Aliás, como sublinha, a Sua vinda ao mundo visa envolver os pecadores, pois os justos (à partida) já não precisam de ser salvos...
sábado, 9 de fevereiro de 2019
sábado, 19 de janeiro de 2019
Não são os que têm saúde que precisam do médico
Ao passar, viu Levi, filho de Alfeu, sentado no posto de cobrança, e
disse-lhe: «Segue-me». Ele levantou-se e seguiu Jesus. Encontrando-Se
Jesus à mesa em casa de Levi, muitos publicanos e pecadores estavam
também a mesa com Jesus e os seus discípulos, pois eram muitos os que O
seguiam. Os escribas do partido dos fariseus, ao verem-n’O comer com os
pecadores e os publicanos, diziam aos discípulos: «Por que motivo é que
Ele come com publicanos e pecadores?». Jesus ouviu e respondeu-lhes:
«Não são os que têm saúde que precisam do médico, mas os que estão
doentes. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores» (Mc 2, 13-17).
O bom senso, por vezes, não parece ser a opção de Jesus, sobretudo quando estão em causas as pessoas mais simples, mais frágeis, mais distantes da normalidade social e religiosa. Encontra um cobrador de impostos, Levi, e chama-o, como se tratasse de alguém conhecido, honrado, exemplar. Na verdade, os cobradores de impostos eram tidos como traidores, faziam o trabalho sujo para a autoridade dominadora, cobrava os impostos dos seus conterrâneos para os entregarem às autoridade romanos. Para além disso, o zelo dos cobradores era de tal ordem que não facilitavam, retiravam o que competia e o que queriam, para também enriquecerem, servindo-se do seu posto. Eram pessoas odiosas. Jesus também os chama. A reação não se faz esperar, como é que Jesus, sendo Mestre e Profeta, se rodeiam dos pecadores, publicanos, numa palavra, como é possível rodear-se da escumalha de Israel. A resposta é simples: Jesus vem para todos, especialmente para os que estão mais longe... de uma vida condigna!
sábado, 5 de janeiro de 2019
Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira
Jesus resolveu partir para a Galileia. Encontrou Filipe e disse-lhe:
«Segue-Me». Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. Filipe
encontrou Natanael e disse-lhe: «Encontrámos Aquele de quem está escrito
na Lei de Moisés e nos Profetas. É Jesus de Nazaré, filho de José».
Disse-lhe Natanael: «De Nazaré pode vir alguma coisa boa?» Filipe
respondeu-lhe: «Vem ver». Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro,
e disse: «Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento».
Perguntou-lhe Natanael: «De onde me conheces?» Jesus respondeu-lhe:
«Antes que Filipe te chamasse, Eu vi-te quando estavas debaixo da
figueira». Disse-lhe Natanael: «Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o
Rei de Israel!». Jesus respondeu: «Porque te disse: ‘Eu vi-te debaixo da
figueira’, acreditas. Verás coisas maiores do que estas». E
acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: Vereis o Céu aberto e os
Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem» (Jo 1, 43-51).
Dois dos discípulos seguiram Jesus. Um deles, André, foi ao encontro do seu irmão (Simão Pedro) para lhe dizer que tinham encontrado o Messias. Hoje, vemos um processo idêntico. Jesus encontra Filipe e diz-lhe: segue-me. Ontem, tinha dito aos discípulos (de João): vinde ver. Para conhecermos Jesus é necessário ir com Ele, segui-l'O, ver onde mora, viver com Ele, adotar o seu estilo de vida. Só dessa forma poderemos transpirar Jesus e testemunhá-l'O com convicção.
Tal como André, Filipe, no evangelho deste dia, não guarda a descoberta, a alegria de encontro do Messias, para si, mas comunica-a, no caso concreto, a Natanael. Perante as dúvidas deste, Filipe propõe o mesmo que Jesus tinha feito: vem ver. Não adianta muitas palavras, muitas justificações, importa que a experiência de encontro com Jesus seja pessoal.
Em todo o caso, a interrogação de Natanael coloca Jesus num lugar muito específico, em Nazaré. De algum modo, podemos concluir que é possível encontrar Deus em toda a parte, mesmo onde julgávamos que isso seria impensável.
quinta-feira, 6 de setembro de 2018
Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca
"Estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de
Deus. Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos
estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a
lavar as redes. Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e
pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do
barco pôs-Se a ensinar a multidão. Quando acabou de falar, disse a
Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Respondeu-Lhe
Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas,
já que o dizes, lançarei as redes». Eles assim fizeram e apanharam tão
grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se. Fizeram
sinal aos companheiros que estavam no outro barco para os virem ajudar;
eles vieram e encheram ambos os barcos de tal modo que quase se
afundavam. Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e
disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Na
verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus
companheiros, por causa da pesca realizada. Isto mesmo sucedeu a Tiago e
a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a
Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo
conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus" (Lc 5, 1-11).
A multidão segue Jesus. Procuremos situar-nos naquele tempo, no meio daquela multidão. Alguns de nós estaríamos pela primeira vez, outras vinham acompanhando Jesus há vários dias, outros já tinham ouvido falar d'Ele, outros tinham-se cruzado com Ele em outras cidades e aldeias.
E o que é que estamos a fazer junto de Jesus? Nem todos estaremos pelas mesmas razões, cada um leva a sua vida. Segundo o próprio evangelista a multidão está ali aglomerada para ouvir Jesus. Da Sua boca saem palavras de desafio e de esperança.
Todos podem ser cooperadores de Jesus Cristo e da Boa Notícia. Os pescadores já estão a lavar os barcos. Jesus sobre para o barco de Simão, para criar as melhores condições para a pregação e para a escuta. Senta-Se e do barco põe-se a ensinar a multidão.
Segundo momento, diz a Simão para lançar as redes ao mar, como se fosse um entendido em pescaria. Pedro coloca a suas reservas/dúvidas, tal como faria cada um de nós se fosse pescador. Pedro entendia mais de pesca que Jesus. Como é que Este convida a pescar durante o dia. Mas o benefício da dúvida, já que o dizes, nós faremos como dizes. E lançaram as redes ao mar. E não é que a pescaria foi abundante!
Mais vale quem Deus ajuda do que quem muito madruga. Sem Deus a pesca, a vida, é vazia, insignificante. Com Deus toda a pesca é abundante. Deus conta que façamos a nossa parte. O milagre não é "gratuito", pressupõe a fé e o empenho. Ele conta com o nosso barco, com as nossas redes, com os nossos braços, para lançar as redes e para pescar.
A Pedro, como a outros, o desafio vai ainda mais longe: doravante serás pescadores de homens. Maior exigência. trabalho constante. Uma certeza: se Deus está connosco a pesca vai ser abundante.
sábado, 14 de julho de 2018
Não temais os que matam o corpo
Disse Jesus aos seus apóstolos: "O discípulo não é superior ao mestre, nem o servo é superior ao seu senhor. Ao discípulo basta ser como o seu mestre e ao servo ser como o seu senhor... O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do dia; e o que escutais ao ouvido proclamai-o sobre os telhados. Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Temei antes Aquele que pode lançar na geena a alma e o corpo. Não se vendem dois passarinhos por uma moeda? E nem um deles cairá por terra sem consentimento do vosso Pai. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Portanto, não temais: valeis muito mais do que todos os passarinhos. A todo aquele que se tiver declarado por Mim diante dos homens também Eu Me declararei por ele diante do meu Pai que está nos Céus. Mas àquele que Me negar diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos Céus" (Mt 10, 24-33).
No Evangelho proposto para este Sábado, Jesus chama a atenção dos seus discípulos para que procurem em tudo imitar o Mestre e Senhor, para assim se manterem fiéis à vontade divina. Por outro lado, Jesus insiste, novamente, na proximidade de Deus: Deus preocupa-Se até com os passarinhos quanto mais pelo ser humano?!
Nas recomendações aos enviados, a certeza de que o discípulos não é mais que o Mestre, e não precisa de ser mais, basta-lhe seguir as pisadas. E se o Mestre sofrerá também os discípulos passarão pelas mesmas provações.
Advertindo para as dificuldades que poderão encontrar, Jesus remete para a confiança em Deus e para a definitividade de Deus. Os homens podem até matar, mas só Deus tem poder que ultrapassa os limites do tempo e do espaço, da história. Deus é garantia do nosso futuro, para lá da existência histórica.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnlJB08FPAXHR-TsTjeuF1Pu_p7_bvdZT0kDZG2w18Cz8wpA4Prr92xGdrUFuhILxWt3UHafwbEDNgk5AfLngP6jivUO-nhIXcLkgfcs4WdBMeVXCqbRW1tvBiD1tnXP99MNj0BGyLQHg/s400/sparrowsPopup.jpg)
Nas recomendações aos enviados, a certeza de que o discípulos não é mais que o Mestre, e não precisa de ser mais, basta-lhe seguir as pisadas. E se o Mestre sofrerá também os discípulos passarão pelas mesmas provações.
Advertindo para as dificuldades que poderão encontrar, Jesus remete para a confiança em Deus e para a definitividade de Deus. Os homens podem até matar, mas só Deus tem poder que ultrapassa os limites do tempo e do espaço, da história. Deus é garantia do nosso futuro, para lá da existência histórica.
sexta-feira, 13 de julho de 2018
Prudentes como as serpentes, simples como as pombas
Disse Jesus aos seus Apóstolos: "Envio-vos como ovelhas para o meio de lobos. Portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Tende cuidado com os homens: hão-de entregar-vos aos tribunais e açoitar-vos nas sinagogas. Por minha causa, sereis levados à presença de governadores e reis, para dar testemunho diante deles e das nações. Quando vos entregarem, não vos preocupeis em saber como falar nem com o que dizer, porque nessa altura vos será sugerido o que deveis dizer; porque não sereis vós a falar, mas é o Espírito do vosso Pai que falará em vós" (Mt 10, 16-23).
Jesus confronta os Seus apóstolos com as respetivas escolhas futuras. Ele chama-os e envia-os, mas não esconde que o seguimento não trará, humanamente falando, apenas alegria, factos extraordinários, prodígios realizados ou a realizar, trará também a perseguição, a calúnia, a prisão.
A advertência de Jesus em relação à reação das pessoas é de prevenção e de confiança, para que os discípulos saibam o que vão encontrar e não se iludem nem positiva nem negativamente. E por isso Ele lhes diz para serem prudentes e simples, não embarcando em euforias mas não desanimando em nenhum situação. O Espírito de Deus estará com eles em todos os momentos. Deus estará com eles e o
Espírito Santo os iluminará na hora de se apresentarem diante de
governadores e réis, para darem testemunhos de Jesus Cristo e do Seu
Evangelho de paz, de amor e de bem.
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quinta-feira, 12 de julho de 2018
Recebestes de graça; dai de graça
Disse Jesus aos seus Apóstolos: «Ide e proclamai que está próximo o reino dos Céus. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os demónios. Recebestes de graça; dai de graça. Não adquirais ouro, prata ou cobre, para guardardes nas vossas bolsas; nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado; porque o trabalhador merece o seu sustento. Quando entrardes em alguma cidade ou aldeia, procurai saber de alguém que seja digno e ficai em sua casa até partirdes daquele lugar. Ao entrardes na casa, saudai-a, e se for digna, desça a vossa paz sobre ela; mas se não for digna, volte para vós a vossa paz. Se alguém não vos receber nem ouvir as vossas palavras, saí dessa casa ou dessa cidade e sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que haverá mais tolerância, no dia do Juízo, para a terra de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade» (Mt 10, 7-15).
O chamamento por parte de Jesus não é fixista, isto é, não é para acomodar aqueles que são chamados, é um chamamento ativo, corresponde a uma missão, a um envio. Jesus chama para enviar. Hoje no evangelho ouvimo-l'O a fazer as recomendações aos discípulos: anunciar o reino de Deus, curar os enfermos, expulsar os espíritos impuros, permanecendo leves, disponíveis para estar com as pessoas.
Recebestes de graça, dai de graça. Os talentos que Deus nos dá são para partilhar, só assim têm valor e sentido. Se cruzarmos os braços, por mais talentos que tenhamos, de nada valem, é como se não existissem em nós.
Enviados para levar a paz de Jesus Cristo, que está entranhada no coração. Não uma paz qualquer, uma paz imposta, mas a que brota do amor...
O Evangelho é a expressão plena de que Deus em Jesus Cristo entra na humanidade, habita no meio de nós, mais, habita em nós. Os discípulos, ao serem enviados, levam esta boa nova de que o Reino de Deus chegou até nós.
O Evangelho é a expressão plena de que Deus em Jesus Cristo entra na humanidade, habita no meio de nós, mais, habita em nós. Os discípulos, ao serem enviados, levam esta boa nova de que o Reino de Deus chegou até nós.
sexta-feira, 6 de julho de 2018
Prefiro a misericórdia ao sacrifício
Jesus ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança dos impostos, e disse-lhe: «Segue-Me». Ele levantou-se e seguiu Jesus. Um dia em que Jesus estava à mesa em casa de Mateus, muitos publicanos e pecadores vieram sentar-se com Ele e os seus discípulos. Vendo isto, os fariseus diziam aos discípulos: «Por que motivo é que o vosso Mestre come com os publicanos e os pecadores?». Jesus ouviu-os e respondeu: «Não são os que têm saúde que precisam do médico, mas sim os doentes. Ide aprender o que significa: ‘Prefiro a misericórdia ao sacrifício’. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores» (Mt 9, 9-13).
O chamamento de Mateus mostra como Jesus não é preconceituoso e como não segue a opinião geral. Cada vez que chama alguém não o faz pelas qualidades pessoais mas pelo que poderão vir a ser. Neste sentido, o mais importante é a disponibilidade humilde para acolher o desafio de Jesus Cristo.
No Evangelho destaca-se também que a salvação não é discriminatória (preconceituosa) mas é para todos. A preferência é dada aos pobres, aos humildes, aos pecadores, não para excluir, mas precisamente para a todos incluir.
segunda-feira, 2 de julho de 2018
Segue-Me e deixa que os mortos se sepultem...
Vendo Jesus à sua volta uma grande multidão, mandou passar para a outra
margem do lago. Aproximou-se então um escriba, que Lhe disse: «Mestre,
seguir-Te-ei para onde fores». Jesus respondeu-Lhe: «As raposas têm as
suas tocas e as aves os seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde
reclinar a cabeça». Disse-Lhe outro discípulo: «Senhor, deixa-me ir
primeiro sepultar meu pai». Mas Jesus respondeu-Lhe: «Segue-Me e deixa
que os mortos sepultem os seus mortos» (Mt 8, 18-22).
Na solenidade do martírio dos apóstolos São Pedro e de São Paulo um dos textos sugeridos é o da aparição de Jesus aos discípulos, depois de Ressuscitado, em que pergunta a Pedro pelo amor, pela cumplicidade, pela disposição para amar, para entregar, para gastar a vida por Jesus Cristo. Jesus não pergunta por capacidades, ou por diplomas, ou pelas circunstâncias presentes, pergunta pela disponibilidade para O acolher, para O amar, para o viver, para O levar ao mundo.
Na volta também não promete grande coisa, promete a VIDA ETERNA. Porquanto o que promete poderá deixar-nos inquietos, incomodados. O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça, Ele próprio é a nossa herança, a nossa vida. O seguimento implica-nos totalmente, até deixar que os mortos fiquem na morte, para prosseguimos com os vivos na vida de Jesus.
sábado, 19 de maio de 2018
Simão Pedro, tu, segue-Me
Pedro, ao voltar-se, viu que o seguia o discípulo predilecto de Jesus,
aquele que, na Ceia, se tinha reclinado sobre o seu peito e Lhe tinha
perguntado: «Senhor, quem é que Te vai entregar?» Ao vê-lo, Pedro disse a
Jesus: «Senhor, que será deste?». Jesus respondeu-lhe: «Se Eu quiser
que ele fique até que Eu venha, que te importa? Tu, segue-Me».
Divulgou-se então entre os irmãos o boato de que aquele discípulo não
morreria. Jesus, porém, não disse a Pedro que ele não morreria, mas sim:
«Se Eu quiser que ele fique até que Eu venha, que te importa?» É este o
discípulo que dá testemunho destes factos e foi quem os escreveu; e nós
sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Jesus realizou muitas outras
coisas. Se elas fossem escritas uma a uma, penso que nem caberiam no
mundo inteiro os livros que era preciso escrever. (Jo 21, 20-25).
Esta é uma situação ilustrativa da postura de Jesus.
Os outros devem merecer-nos toda a preocupação. Jesus dá a vida por nós ao invés de salvar a Sua pele. No entanto, a preocupação pelos outros deve significar serviço ao próximo, dedicação, entrega, e não inveja, ciúme, maledicência. Pedro pergunta a Jesus pelo discípulo predilecto. Jesus responde-lhe que o importante para ele e para os outros é que cada um faça a sua parte e o faça bem. "Tu, segue-Me". O outro tem a melhor parte? E como definimos isso? O outro tem qualidades que eu queria ter? E as qualidades que eu tenho faço-as render? A vida do outro é melhor, é mais faustosa? Como é que sei disso? Será que o outro não inveja também a minha vida?
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