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sábado, 12 de maio de 2018

Agora deixo o mundo e vou para o Pai

       Disse Jesus aos seus discípulos: «Em verdade, em verdade vos digo: Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo dará. Até agora não pedistes nada em meu nome: pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa. Tenho-vos dito tudo isto em parábolas mas vai chegar a hora em que não vos falarei mais em parábolas: falar-vos-ei claramente do Pai. Nesse dia pedireis em meu nome; e não vos digo que rogarei por vós ao Pai, pois o próprio Pai vos ama, porque vós Me amastes e acreditastes que Eu saí de Deus. Saí de Deus e vim ao mundo, agora deixo o mundo e vou para o Pai» (Jo 16, 23b-28).
       Jesus está de partida.
       Mas logo há-de voltar.
       A garantia é do próprio Jesus: não vos deixarei órfãos, enviar-vos-ei o Espírito Santo. Mais, como nos diz hoje, tudo o que pedirmos em Seu nome o Pai no-lo concederá. Não ficamos sós porque Ele nos dá o Espírito; não ficamos sós porque na oração estaremos em comunhão íntima com Ele e com o Pai; não ficaremos sós se cumprirmos os Seus mandamentos, porque Ele e o Pai farão em nós a Sua morada.
       Como refere o próprio Jesus, Ele veio ao mundo de junto de Deus Pai, "Saí de Deus e vim ao mundo" e, diz-nos também Ele, "agora deixo o mundo e vou para o Pai". O razão é a mesma: por amor. Porque o Pai nos ama vem até nós; e porque nos ama regressa ao Pai para que a morte biológica não seja um entrave à Sua presença no mundo.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

A vossa tristeza converter-se-á em alegria...

       Em vésperas de celebramos a Ascensão do Senhor, que entre nós se celebra no próximo domingo, Jesus previne os discípulos dos tempos que se aproximam. O texto dos Atos dos Apóstolos mostram como Jesus, através do Espírito Santo, cumpre o que prometeu. Ele está presente, cooperando com os discípulos, manifestando-Se também nas dificuldades.
Quando Paulo estava em Corinto, certa noite o Senhor disse-lhe numa visão: «Não temas, continua a falar, que Eu estou contigo e ninguém porá as mãos sobre ti, para te fazer mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade». Então Paulo demorou-se ali ano e meio a ensinar aos coríntios a palavra de Deus. Quando Galião era procónsul da Acaia, os judeus levantaram-se todos contra Paulo e levaram-no ao tribunal, dizendo: «Este homem induz as pessoas a prestarem culto a Deus à margem da lei». Quando Paulo ia a abrir a boca, disse Galião aos judeus: «Judeus, se se tratasse de alguma injustiça ou grave delicto, escutaria certamente as vossas queixas, como é meu dever. Uma vez, porém, que são questões de doutrina e de nomes da vossa própria lei, o assunto é convosco. Eu não quero ser juiz dessas coisas». E mandou-os sair do tribunal. Todos então se apoderaram de Sóstenes, chefe da sinagoga, e começaram a bater-lhe em frente do tribunal. Mas Galião não se importou nada com isso. Paulo demorou-se ainda algum tempo em Corinto; depois despediu-se dos irmãos e embarcou para a Síria, em companhia de Priscila e Áquila, e rapou a cabeça em Cêncreas, por causa de um voto que fizera (Atos 18, 9-18)
       No Evangelho, o aviso e a promessa de Jesus:
«Em verdade, em verdade vos digo: Chorareis e lamentar-vos-eis, enquanto o mundo se alegrará. Estareis tristes, mas a vossa tristeza converter-se-á em alegria. A mulher, quando está para ser mãe, sente angústia, porque chegou a sua hora. Mas depois que deu à luz um filho, já não se lembra do sofrimento, pela alegria de ter dado um homem ao mundo. Também vós agora estais tristes; mas Eu hei-de ver-vos de novo e o vosso coração se alegrará e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria. Nesse dia, não Me fareis nenhuma pergunta» (Jo 16, 20-23a).

       A imagem que Jesus utiliza para explicar aos seus discípulos o misto de tristeza que os afeta com a alegria que estão para experimentar. Ele vai partir... e a separação física é sempre demasiado dolorosa, sobretudo quando se trata da morte biológica. Jesus anuncia a Sua morte, mas aponta já para a ressurreição. A morte e subsequente separação conduzirá os discípulos à desilusão, ao lamento, ao luto. Jesus não "evita" a morte física, mas prepara os discípulos para os novos tempos.
       Voltemos à imagem da mulher que está para ser mãe. Por ora as dores, o sofrimento, os enjoos e o incómodo de "carregar" com mais um corpo, uma vida. Mas nada se compara à alegria que está para vir. Suporta-se o sofrimento, por maior que seja, pensando sobretudo nas alegrias que chegarão com a chegada do fruto do amor, a vida nova. Assim deverá ser com os discípulos de Jesus Cristo. Preparam-se para O ver partir, e Jesus ajuda-os a ultrapassar os limites espaço-temporais, para se fixarem já na vida nova que está para vir, com o Espírito Santo.

terça-feira, 8 de maio de 2018

Agora vou para Aquele que Me enviou

       Disse Jesus aos seus discípulos: «Agora vou para Aquele que Me enviou e nenhum de vós Me pergunta: ‘Para onde vais?’. Mas por Eu vos ter dito estas coisas, o vosso coração encheu-se de tristeza. No entanto, Eu digo-vos a verdade: É do vosso interesse que Eu vá. Se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se Eu for, Eu vo-l’O enviarei. Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do julgamento: do pecado, porque não acreditam em Mim; da justiça, porque vou para o Pai e não Me vereis mais; do julgamento, porque o príncipe deste mundo já está condenado» (Jo 16, 5-11).
       Aproximamo-nos da celebração litúrgica da ASCENSÃO de Jesus ao Céu e, por conseguinte, o Evangelho mostra Jesus a preparar os seus discípulos para os tempos futuros, para a Sua "ausência" física, dando dicas concretas para que a ausência seja PRESENÇA até ao fim dos tempos.
       A partida de alguém, também a de Jesus, para os amigos e familiares, reveste-se sempre de alguma tristeza e apreensão. Se for por um tempo limitado, procura-se mitigar a dor pela brevidade do tempo e por outras formas de presença. telefonando, conectando-se pela internet, nestes meios modernos que também servem para aproximar pessoas. Se a separação é para sempre, é muito mais dolorosa. Não voltaremos a ver àquela pessoa nesta vida terrena e finita.
       Jesus vai ascender para Deus. Porquanto, está com os seus discípulos, anda a pregar, ainda nem sequer chegou ao momento da morte, mas intuindo o futuro, prepara os seus discípulos para tempos mais difíceis, para quando morrer, para quando ressuscitar/ascender aos Céus. Fica a promessa: o envio do Espírito. Jesus permanecerá com os Seus, permanecerá vivo, através do Espírito Santo que recordará toda a verdade anunciada e, mistericamente, permitirá a presença real de Jesus nos Sacramentos.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Solenidade da Ascensão do Senhor - ano A - 28 de maio

       1 – Envio e promessa. Missão e compromisso. Ir e anunciar. Batizar e fazer discípulos. Em todo o tempo e em toda a parte, a todas as pessoas.
       Na Diocese de Lamego, desafio lançado pelo nosso Bispo, D. António Couto, e lema do ano pastoral em curso: "Ide e anunciai o Evangelho a toda a criatura" (Mc 16, 15), numa perspetiva missionária que se alarga à ecologia. Refira-se o enquadramento que lhe tem dado o Papa Francisco, nomeadamente na Carta Encíclica Laudato Si'. A ecologia há de ser integral e humanizada. O cuidado pela natureza pressupõe e exige o cuidado, o serviço e o respeito pela pessoa humana e sua dignidade. Sem pessoa nem sequer é possível falar em ecologia.
       O Evangelho é Boa Nova para toda a humanidade e para o próprio Universo. O louvor e a glória de Deus são a primeira vocação do ser humano e, por maioria de razão, da pessoa crente. A natureza e os animais integram o louvor, pois exprimem a beleza e a diversidade, a simplicidade e complexidade do Universo criado. A pessoa, em conformidade com os relatos da criação, coroa a obra saída do coração e das mãos de Deus e a quem Deus confia todo o universo. O Jardim é lugar da sadia convivência e da harmonia desejável entre o ser humano e todas as espécies animais e vegetais.
       A Encarnação de Jesus, Deus feito Homem, eleva, novamente, para Deus, todo o Universo, dando precedência a Deus para dar prioridade à vida humana, considerando-a como dom divino, como tarefa que nos responsabiliza uns com os outros. O que recebemos de graça – a criação inteira – é para darmos gratuitamente às gerações contemporâneas e às vindouras.
       Com a morte e ressurreição, Jesus faz novas todas as coisas. Novos céus e nova terra. A missão evangelizadora tem este propósito, transparecer e testemunhar o amor de Deus manifestado em Jesus Cristo, para que efetivamente se instaure o reino de Deus.
       2 – A versão mateana do Evangelho, hoje proclamado, no envio final e decisivo de Jesus, faz referência à saída, ao movimento – ide – ao ensino – ensinai – à totalidade das pessoas – a todas a nações – à construção da comunidade dos crentes – batizai-as. «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».
       Para alguém se converter, para seguir Jesus, para aderir ao Evangelho é necessário que alguém O anuncie e O dê a conhecer. E nós, que já O conhecemos, pela Fé, temos a missão de O dar a conhecer, em palavras e com a nossa vida. A adesão a Cristo é firmada pelo sacramento do Batismo, pela inserção no Seu Corpo que é a Igreja. Mas não termina aqui, prossegue com o ensino (catequese, formação), para que todos possamos cumprir a Sua vontade, solidificando o que nos identifica com Jesus e as formas concretas em que podemos O podemos testemunhar, mostrando que Ele vive e está no meio de nós.

       3 – São Lucas, no livro dos Atos dos Apóstolos e que nos tem sido servido como primeira leitura, faz-nos saborear com tempo o acontecimento único do mistério da redenção, morte e ressurreição/ascensão de Jesus, permitindo-nos liturgicamente acentuar um e outro aspeto do mistério, mas com o mesmo fito de nos levar a viver e a anunciar a Boa Notícia.
       Depois da Sua paixão, Jesus aparece vivo aos Apóstolos, durante 40 dias, isto é, todo o tempo necessário para os preparar para que, doravante, assumam eles a missão de anunciar o Evangelho. Jesus reaviva a promessa firmada no Pai: sereis batizados no Espírito Santo. Percebendo que Jesus vai partir, chegam as perguntas e a esperança: é agora que o Reino de Deus vai aparecer em todo o seu esplendor?
       A resposta de Jesus é contundente: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». O importante não são as datas, mas o que cada um de nós pode fazer para tornar visível o reino de Deus. Recebe(re)mos o Espírito Santo para nos tornarmos testemunhas de Jesus em toda a parte, em todo o tempo, a todas as pessoas, em todos os ambientes.
       Percebe-se então que depois da morte e ressurreição de Jesus, os apóstolos terão ficado mais ou menos de braços cruzados à espera que o reino de Deus se impusesse com estrondo. Deus impondo-Se ao mundo, destruindo-o e salvando aqueles que tinham aderido a Jesus Cristo. Relembra-nos São Lucas que Jesus, à vista deles e de nós, elevou-se para lá das nuvens, deixou de estar fisicamente visível. Pudemos então escutar a voz vinda do Céu, através de dois homens vestidos de branco: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».
       Não há mais tempo a perder, à espera que anoiteça ou faça sol, é tempo de partir. É tempo de lançar as mãos ao arado e lavrar a terra. É tempo de abraçar a Cruz e levar a Luz a toda a gente. É tempo de deixar crescer em nós a semente plantada para que através de nós frutifique a Palavra. Agora é a nossa vez. A missão é de Cristo. Mas através de nós, mantendo-se ligado pelo Espírito Santo que nos dá. Qual videira que alimenta os ramos para que este deem fruto em abundância. Jesus a vide e nós os ramos. Daremos tanto mais fruto de qualidade quanto mais estivermos ligados a Jesus Cristo.
       4 – Na saudação à comunidade de Éfeso, São Paulo invoca a bênção de Deus com os Seus dons: «O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados».
       Recorda-nos o Apóstolo, fundamentando a nossa esperança, que Deus tudo pode, como se verifica com o mistério da morte e sobretudo da ressurreição de Jesus Cristo, que o Pai colocou acima de todo o poder e acima de todo o nome, submetendo-Lhe todas as coisas, «e pô-l’O acima de todas as coisas como Cabeça de toda a Igreja, que é o seu Corpo, a plenitude d’Aquele que preenche tudo em todos».
       A nossa esperança assenta em Deus. É um fundamento sólido, visível em Jesus Cristo. Deus não engana. Peçamos-lhe com fé: «Deus omnipotente, fazei-nos exultar em santa alegria e em filial ação de graças, porque a ascensão de Cristo, vosso Filho, é a nossa esperança: tendo-nos precedido na glória como nossa Cabeça, para aí nos chama como membros do seu Corpo».
       Precede-nos e impele-nos num movimento que nos irmana e nos compromete com os outros no tempo que decorre, tempo de graça e de salvação, de conversão e de "militância" por um mundo mais solidário e fraterno.

Pe. Manuel Gonçalves

Textos para a Eucaristia (ano A): Atos 1, 1-11; Sl 46 (47); Ef 1, 17-23; Mt 28, 16-20.

sábado, 21 de maio de 2016

Solenidade da Santíssima Trindade - C - 22.maio.2016

       1 – Em muitas situações da vida temos dificuldade em compreender, aceitar e acolher uma opinião diferente da nossa, uma forma de viver que nos é alheia, uma postura que temos como petulante e prepotente. Umas vezes com razão. Muitas vezes porque não demos tempo para que o outro explicasse. Não escutámos. Com pressa, adiantamo-nos a silenciamos outras opções, para não termos nem que refletir nem que escolher.
       Ao fim e ao cabo, todos somos tolerantes e compreensivos quando concordam connosco e/ou quando estimamos aqueles que se nos contrapõem. É conhecido o episódio em que os discípulos voltam para junto de Jesus, dizendo-Lhe, satisfeitos da vida, que proibiram um homem de expulsar espíritos impuros em Seu nome por não fazer parte do grupo (Mc 9, 38-40 ). Pouco depois Jesus dir-lhes-á que entre eles o serviço aos outros deve ser uma prioridade e um compromisso constante. As disputas para o primeiro lugar ficam reservadas para os chefes das nações, não para os Seus seguidores (cf. Mc 9, 30-37). E, por outro lado, o bem é sempre bem, venha de onde vier!
       Se olharmos para a política, para o desporto e até para a Igreja vemos com facilidade a tentação de excluir quem não concorda com as nossas ideias e com as nossas opções. Só o que vem da minha bancada, da minha janela, do meu grupo, do meu clube é que é positivo e defensável. Somos pouco trinitários, temos dificuldades ancestrais em aceitar e acolher o que não é familiar, por defesa, por medo, por insegurança e/ou por sobrevivência. Quando duas tribos se encontravam, lutavam pelo mesmo lugar, mediam forças e tentavam aniquilar-se mutuamente garantindo que não estariam sujeitas a novas ameaças. Cortava-se o mal pela raiz! Ou, estabelecem uma aliança de cooperação, garantida por casamentos mistos, envolvendo as famílias das duas tribos.
        Segundo o livro do Génesis, Deus criou-nos para vivermos como família, um só povo porque um só Deus e Pai de todos. O pecado – quando cada um encara o outro como adversário e como inimigo, o outro como impossibilidade para "eu" ser deus – gera conflitos, disputas, guerras, ruturas. Afastam-se os mais frágeis. Impõem-se os mais fortes. Pelo menos até certo ponto, pois os mais fracos podem preparar-se e fortalecer-se para se tornarem mais fortes e poderem voltar à luta.
       2 – A solenidade da Santíssima Trindade cria mais uma oportunidade para louvarmos o Deus que nos é revelado por Jesus Cristo, que O encarna, personificando-O no tempo e na história, mostrando-O (quem Me vê, vê o Pai), dando-lhe um rosto, um corpo, tornando-O visível. Em Jesus Cristo, vemos Deus. Nos seus gestos e palavras. Na Sua postura e nas Suas escolhas. Na Sua delicadeza e na Sua compaixão. Cumprido o tempo, Ele enviar-nos-á o Espírito Santo, para que continue a revelar-nos a misericórdia infinita do Pai e a suscitar em nós a docilidade para O acolhermos, vivendo-O e testemunhando-O em todo o mundo e em todo o tempo.
       Acompanhando Jesus, os discípulos veem e compreendem que para Deus não há excluídos. Na expressão do Papa Francisco, não há santos sem passado e sem pecado, e não há pecadores sem futuro, sem possibilidade de se arrependerem e mudarem de vida. Para Jesus, os pecadores, os excluídos do poder, da sociedade, da cultura, da religião, as pessoas doentes, os publicanos, os pequeninos, as prostitutas, as pessoas cujas profissões "menores" as afastam dos reinos deste mundo, têm preferência no Reino de Jesus, não por serem melhores mas precisamente porque são os primeiras a precisarem de ser socorridos. Os pais darão uma atenção privilegiada ao filho que está doente ou está mais frágil, não por desamor em relação aos outros, mas para que aquele volte à mesa e ao convívio. E isso é ser família, cuidar uns dos outros, a começar pelos mais frágeis. Sabemos bem como atravessamos a cultura do descarte (expressão do Papa Francisco)! Desafio: construir a cultura da proximidade, da inclusão, instaurando a civilização do amor e da vida, já preconizada por Paulo VI, acentuada por João Paulo II, clarificada por Bento XVI e globalizada por Francisco.
       3 – O Evangelho hoje proclamado coloca-nos nos últimos momentos da vida histórico-temporal de Jesus. A caminhada percorrida com os Seus discípulos já tem algum tempo. Amadureceram. Puderam ver Jesus, a Sua postura delicada, a atenção aos mais frágeis, a confiança que lhes comunicou a falar do Pai, o reino aberto a todos.
       Ao aproximar-se o final, Jesus sabe que ainda precisam de mais tempo, mas sobretudo precisam de se manter ligados ao Pai, pelo Espírito Santo. Se nos apoiarmos em nós, as nossas limitações e fraquezas virão ao de cima e facilmente podemos ensoberbecer-nos. Se nos deixarmos guiar pelo Espírito, Ele nos revelará a verdade, além das nossas debilidades e pecados. Somos vasos de barro, mas ainda assim Deus manifesta-Se em nós e através de nós. O Espírito de Deus faz-nos perceber da nossa grandeza, porque filhos de Deus, e da nossa dependência aos outros, porque irmãos; faz-nos acolher os outros como família e não como adversários e inimigos, mostrando-nos o caminho a percorrer e a distância que nos separa – e nos atrai – da misericórdia de Deus.
       Diz Jesus: «Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender agora. Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que está para vir. Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vo-lo anunciará».
       O Espírito Santo nos revelará toda a verdade, recordar-nos-á as palavras de Jesus, palavras que nos geram para a vida eterna e nos comprometem com o reino de Deus, aqui e agora, neste mundo.
       4 – A economia da salvação traz-nos Deus. Como alguém dizia, não é preciso a chegada de Cristo ou do Papa Francisco, para chegar à humanidade a misericórdia de Deus. A Sagrada Escritura vai dando nota da presença benevolente de Deus na História. Pelos mensageiros, Patriarcas, Juízes, Profetas e Reis. Pelos acontecimentos que colocam à prova a fé e a firmeza do povo eleito.
       O livro dos Provérbios fala-nos da Sabedoria de Deus, que poderemos, seguindo a reflexão dos Padres da Igreja e com algumas cautelas, identificar com o próprio Jesus.
       A sabedoria de Deus apresenta-se: «O Senhor me criou... antes das suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui formada, desde o princípio, antes das origens da terra. Antes de existirem os abismos e de brotarem as fontes das águas... antes de se implantarem as montanhas e as colinas... ainda o Senhor não tinha feito a terra e os campos, nem os primeiros elementos do mundo. Quando Ele consolidava os céus, eu estava presente; quando traçava sobre o abismo a linha do horizonte, quando condensava as nuvens nas alturas, quando fortalecia as fontes dos abismos, quando impunha ao mar os seus limites para que as águas não ultrapassassem o seu termo, quando lançava os fundamentos da terra, eu estava a seu lado como arquiteto, cheia de júbilo, dia após dia, deleitando-me continuamente na sua presença».
       Há páginas nos profetas que anunciam a vinda do Messias. Com efeito, ler o Antigo Testamento com a luz da Páscoa, que inclui o mistério da Encarnação, ajuda a perceber o encadeamento da história da Aliança de Deus com o Seu povo. Uma Aliança que não fica em banho-maria, mas tem um desfecho. Ao mesmo, lendo o Novo Testamento com os seus antecedentes, ajuda a perceber e acolher melhor todo o mistério de Deus que Se revela ao longo do tempo e em plenitude com a vinda de Jesus Cristo. Não é um momento, um rompante. Deus, desde sempre, cria-nos por amor, querendo-nos bem, vem salvar-nos. Toda a história da humanidade está imbuída da misericórdia complacente de Deus. 

       5 – Na segunda leitura, o Apóstolo São Paulo desafia-nos a confiarmos a nossa vida a Deus que é Pai e Filho e Espírito Santo, na certeza que não nos desiludiremos. Com efeito, fomos "justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual temos acesso, na fé, a esta graça em que permanecemos e nos gloriamos, apoiados na esperança da glória de Deus. Mais ainda, gloriamo-nos nas nossas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz a constância, a constância a virtude sólida, a virtude sólida a esperança. Ora a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado".
       A esperança em Deus anima-nos nas tribulações e fortalece-nos no compromisso para construirmos um mundo mais fraterno, iniciando o reino de Deus que Jesus nos trouxe da eternidade, para a qual nos conduzirá. Há que converter as dificuldades em provações e oportunidades!
       Confiemo-nos nas mãos e no coração de Deus: "Deus Pai, que revelastes aos homens o vosso admirável mistério, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito da santidade, concedei-nos que, na profissão da verdadeira fé, reconheçamos a glória da eterna Trindade e adoremos a Unidade na sua omnipotência" (oração de coleta).

Pe. Manuel Gonçalves


Textos para a Eucaristia (C): Prov 8, 22-31; Sl 8; Rom 5, 1-5; Jo 16, 12-15.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

A Páscoa de Jesus e o nosso compromisso batismal

       Liturgicamente, tendo celebrado a Ascensão do Senhor, vamos centrar-nos no Pentecostes, a dádiva do Espírito Santo. Com a plenitude da Páscoa, nasce a Igreja e os cristãos que a constituem. Doravante, Jesus tem outros olhos, outra voz, outras mãos, outros pés. Ele está vivo em nós e através de nós.
       As Suas últimas palavras são de despedida, de promessa, de esperança e de envio. Sintetizam o mistério pascal, comprometendo os discípulos. Doravante não poderão calar o que viram e ouviram: «Vós sois testemunhas destas coisas» (Lc 24, 48).
       Ao longo de três anos – a vida pública de Jesus –, os apóstolos foram testemunhas de um sonho, um projeto de vida, um desafio envolvente. O reino de Deus a emergir na pessoa de Jesus Cristo, nas Suas palavras e nos Seus gestos de compaixão e de proximidade, de delicadeza e de acolhimento. Uma mesa posta para todos. Um banquete para incluir, a começar pelos excluídos. Um reino de portas abertas, integrador, em que ninguém está a mais. Acompanham-n'O camponeses, pedintes, doentes, maltrapilhos. Não admira que Ele tenha o cheiro das ovelhas. Mais que um estilo (exterior) é um jeito de ser, um compromisso. A santidade de Jesus mistura-se com o (nosso) pecado, a divindade abaixa-Se para caminhar connosco e nos elevar.
       A Ascensão de Jesus e o dom do Espírito Santo leva-nos a sério. Não somos mais crianças de levar pela mão. O tempo de aprendizagem perdura a vida toda mas há um momento em que as aprendizagens e os instrumentos nos responsabilizam e nos é passada a bola. Cabe-nos prosseguir o caminho aberto por Jesus.
       Depois da Sua paixão, diz-nos São Lucas, Jesus apareceu vivo aos Seus discípulos, durante 40 dias (tempo necessário para iniciar e cimentar uma nova forma de se relacionarem com o Mestre), falando-lhes ainda e sempre do reino de Deus. Agora é tempo de descobrirem Jesus no mundo das pessoas e não ficar simplesmente à espera que do Céu venha a resolução de todas as dificuldades (cf. Atos 1, 1-11).
       Não apenas eles. Também nós. Quantas vezes ficamos à espera? De sinais! De respostas! De soluções! Por vezes deixamos o tempo passar a ver se tudo se resolve! Ou deixamos para ver se outros resolvem! Então do Céu a mesma voz: Por que esperais? Ele está convosco e através de vós continua a agir no mundo.
       Ele não nos faltará com a Sua presença e o Seu amor. Até ao fim!

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4362 , de 10 de maio de 2016

sábado, 16 de maio de 2015

Ascensão de Jesus ao Céu - ano B - 17 de maio de 2015

       1 – Se dúvidas houvesse sobre a dimensão missionária da Igreja, elas ficariam desfeitas pelos textos hoje propostos e pela solenidade da Ascensão do Senhor ao Céu. Jesus ascende para Deus, para a eternidade do Pai, não como quem nos abandona, mas por forma a estar presente à humanidade inteira e não apenas, na limitação do tempo, do espaço e da história, a um grupo restrito. É necessário que Eu vá para junto do Pai para vos enviar o Espírito Santo que vos recordará toda a verdade. Então o Espírito Santo dará testemunho de Mim e vós também dareis testemunho (cf. Jo 15, 26 – 16, 4).
       Vós sereis testemunhas destas coisas. Vou partir mas não vos deixarei órfãos. Enviar-vos-ei o Espírito. A Ascensão de Jesus lembra-nos que Ele nos chama para nos enviar e não para ficarmos à sombra da bananeira à espera que a vida se resolva a nosso favor. Audazes para fazermos o que está ao nosso alcance, dando o melhor de nós, construindo um mundo mais justo e fraterno, tornando-nos verdadeiramente família de Deus, dando as mãos para juntos chegarmos mais longe.
       Vamos errar? Sim, muitas vezes. Só não erraremos se não fizermos nada.
       Vamos desanimar? Sim. Mas também assim descobriremos o sabor e o sentido do compromisso, da insistência, do esforço. Precisamos de águas calmas, mas a ondulação ajuda-nos a prosseguir, a estar vigilantes e despertos, a ser mais cuidadosos.
       Jesus apareceu aos Onze e disse-lhes: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for batizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado. Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados».
       2 – São Marcos, que volta ao nosso convívio, de forma sucinta, clara e perentória, diz-nos que o mandato de Jesus é rapidamente executado pelos Seus discípulos. “O Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam”.
       Como tinha prometido, Jesus acompanha os discípulos no seu ministério missionário. Coopera com eles, confirmando com os milagres as palavras anunciadas. Um texto tão simples por certo só nos diz o que precisamos de saber para prosseguirmos: Ele está e coopera connosco, e através de nós continuará a operar maravilhas.
       As dificuldades multiplicar-se-ão à medida que a evangelização der frutos. Quanto mais atual e atuante, visível e concretizada, em pessoas e comunidades, estiver a Palavra de Deus, mais obstáculos surgirão, mais vozes e gestos se levantarão. O anúncio do Evangelho provocará escolhas. Nada ficará como dantes. A luz não provoca caos, mas põe a descoberto as imperfeições. As ondas hão de ora incomodar ora envolver, expondo o cinismo e a hipocrisia. Não fazer nada, não levantar ondas, não chamar a atenção, não exige uma escolha e não invetiva os que estão acomodados. Como se costuma dizer, e às vezes com razão, só não falam mal de quem não faz nada.
       São Marcos, o primeiro a escrever o Evangelho, assiste a um extraordinário impulso missionário. Mesmo sendo um acrescento final ao Evangelho, esta narração resume o essencial dos tempos posteriores à ressurreição de Jesus e como os discípulos vivem entusiasmados com os frutos da evangelização. Os primeiros anos, com alguns reveses, são quase idílicos.

       3 – São Lucas, ao escrever o Evangelho e o livro dos Atos dos Apóstolos, faz transparecer as provações dos discípulos e das primeiras comunidades. À medida que a pregação gera frutos e comunidades, também gera, como víamos, ódios, inimizades, perseguição.
       Numa leitura alargada dos evangelhos, atos, cartas dos apóstolos, verifica-se que há atitudes diversas diante das dificuldades. Para uns, Jesus vai já manifestar-Se, no tempo da geração atual. Algumas cartas de São Paulo são explícitas a este propósito: alguns não morrerão sem terem visto a vinda do Reino de Deus em poder, colocando o universo inteiro sob o Seu domínio (cf. 1 Tes 4, 13-18). «Esta geração não passará sem que tudo aconteça» (Mt 24, 34; cf. Lc 21, 32).
       Na primeira leitura, a pergunta a Jesus recoloca a questão: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?». O entusiasmo inicial está alquebrado. Que aconteceu? Já morreram alguns, e Jesus não veio ainda restaurar o mundo? São Lucas procura a resposta nas palavras de Jesus: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra».
       É quanto basta. Está tudo dito. Deixemos a hora e o lugar, o tempo e a ocasião, não queiramos antecipar o futuro cronológico. Quando muito vivamos com os olhos postos no futuro de Deus, que nos atrai e sustém.
       À vista deles, elevou-Se e uma nuvem escondeu-O. Os discípulos ficam de olhar fito no Céu, como nós ficamos a olhar aqueles que vemos partir. É preciso regressar aos nossos afazeres, mas enquanto vemos o carro ou o comboio a afastar-se ficamos. Assim sucede com os discípulos. Então, dois homens vestidos de branco, interpelam-nos: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».
       Há que encontrar Jesus no meio de vós. Dessa forma Ele manifestar-se-á. Não adianta ficar a olhar perdidamente para o Céu. Quantas vezes também nos fixamos no Céu à espera de uma resposta, um sinal, uma prova! Por um lado, o Céu é o nosso horizonte. Mas para já temos de trabalhar o mundo, cuidando uns dos outros, entre sucessos e contratempos.

       4 – A oração final da Eucaristia enlaça-nos neste desiderato de vivermos aqui na terra, saboreando o verdadeiro Alimento, o Pão vivo que nos alimenta até à vida eterna: “Deus eterno e omnipotente, que durante a nossa vida sobre a terra nos fazeis saborear os mistérios divinos, despertai em nós os desejos da pátria celeste, onde já se encontra convosco, em Cristo, a nossa natureza humana”.
       Não são duas realidades estanques ou separadas, entrelaçam-se por vontade de Deus que, em Jesus, desceu à terra, assumiu a nossa natureza humana, caminhou connosco, e com a Sua morte e ressurreição, abriu-nos as portas da eternidade. Agora vive entre nós de uma maneira nova, pelos Sacramentos, pela Palavra proclamada, mastigada e vivida, por todo bem que em Seu nome fizermos aos outros, preferencialmente aos mais pobres.
       A oração de São Paulo agrafa-nos a este compromisso: “O Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria... ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados”.
       Também aqui fica claro que a esperança que nos guia para Deus e para o futuro se vai realizando, concretizando, expressando, no tempo presente, na nossa oração e no nosso labor, na procura de comunicarmos, vivendo, a misericórdia que Jesus nos dá em abundância.

Pe. Manuel Gonçalves


Textos para a Eucaristia (B): Atos 1, 1-11; Sl 46 (47); Ef 1, 17-23; Mc 16, 15-20.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Tabuaço: Festa das Bem-aventuranças

       sábado, 31 de maio, Eucaristia vespertina da Ascensão do Senhor, os SETE adolescentes do 7.º ano, a maioria inseridos no Grupo de Acólitos, celebraram a sua festa de catequese, as Bem-aventuranças. Algumas das imagens alusivas a esta festa. No final, a distribuição das Bem-aventuranças a toda a assembleia. Uma celebração muito luminosa, acentuando os laços que nos unem através da vivência das Bem-aventuranças:
Para ver as restantes fotos disponíveis,

sábado, 31 de maio de 2014

Ascensão do Senhor ao Céu - ano A - 1 de junho

       1 – IDE E FAZEI DISCÍPULOS.
       Antecipando a paixão e morte, acontecimentos difíceis de gerir e aceitar, Jesus alerta os discípulos para esses tempos que se aproximam, preparando-os para as adversidades, e logo propondo um encontro para depois, na Galileia dos gentios. A morte levá-los-á à dispersão, à fuga, ao medo, ao desencanto. Jesus tem consciência dos limites dos seus seguidores, instruiu-os mas sabe até onde são capazes de suportar os primeiros embates negativos e sem Ele por perto. Com a Ressurreição, através de Maria Madalena, Jesus recorda-lhes esse reencontro.
       As aparições do Ressuscitado são pontuais, mas decisivas, servem um propósito: revelação, experiência, o Crucificado está vivo, Ressuscitado, no meio, no CENTRO dos discípulos. Quando e sempre que estes se reunirem em Seu nome, Ele estará no meio deles, até ao fim, em todos os tempos e lugares. Agora o TEMPO é NOVO. A Sua Presença far-se-á pelo Espírito Santo, que lhes revelará toda a verdade, atualizando, sacramentalmente, a Sua entrega e o Seu amor por eles e por nós.
       Jesus aproximou-Se deles e aproxima-Se de nós, encontra-nos na nossa vida, com os nossos afazeres e preocupações. Disse-lhes e diz-nos: «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».
       IDE E FAZEI DISCÍPULOS. Mandato para todos os seus discípulos. CHAMADOS para O seguir, para O amar, para O viver. ENVIADOS a transparecer no mundo o Seu amor em nós. Somos, como sublinhava o Papa Francisco n' "A Alegria do Evangelho", a sua primeira Exortação Apostólica, discípulos missionários, tanto mais discípulos quanto mais apóstolos, missionários, evangelizadores. A nossa Diocese de Lamego vive este ano pastoral sob este desafio: IDE E FAZEI DISCÍPULOS, na certeza que o encontro com Jesus abre as portas do nosso coração e da nossa vida para irmos ao encontro de outros, sobretudo os que se encontram em situação mais frágil.
       2 – Lucas, no início dos Atos dos Apóstolos, relata, de maneira muito luminosa e clarificadora, a Ascensão de Jesus ao Céu, em perspetiva de envio. Para encontrarmos Jesus havemos de fitar o olhar para as alturas, que nos permite ver mais largo e mais longe, e ter as mãos e os pés e a vontade ligados à terra, comprometidos com os que prosseguem connosco as encruzilhadas da vida. O Céu nunca poderá ser uma desculpa para nos afastarmos dos outros ou para deixarmos de os servir. Pelo contrário, porque, em Jesus, o Céu chegou até nós, e está a descoberto, outra obrigação não nos cabe que não seja despertar os outros para o que está a acontecer – o Reino de Deus em ebulição –, através da nossa voz e da nossa vida.
       A propósito de São Lucas é investigar tudo o que diz respeito a Jesus, do nascimento à morte e ressurreição, do que ouviu a outros e das investigações que pôde fazer, e assim nasce o Evangelho, dando também nota do acolhimento do Evangelho nos primeiros tempos, no período pós-Ressurreição, com as vivências das primeiras comunidades cristãs, as perseguições e a dispersão dos apóstolos e consequente expansão do cristianismo, e como (sobretudo) Pedro e Paulo levam a Palavra de Deus além das fronteiras judaicas, e assim nasce o seu segundo livro, Atos /Feitos dos Apóstolos.
       E por onde começar esta segunda parte? Precisamente quando Jesus passa o testemunho aos Seus discípulos. Jesus começa por os prevenir para que não percam energias a saber quando Deus restaurará o reino de Israel: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». Há assuntos que continuarão a ser mistério. Ainda bem. Lidar com o fim nunca é fácil, muito menos quando se sabe o dia e a hora. Talvez nos tornássemos uma espécie de presos condenados à morte a aguardar por uma injeção letal.
       O importante é receber o Espírito Santo, para sermos verdadeiramente testemunhas de Jesus em toda a parte e em todos os ambientes.
       3 – Depois das últimas recomendações, Jesus "elevou-Se à vista deles e uma nuvem escondeu-O a seus olhos". Extasiados, os discípulos ficam a olhar para os Céus. Já se tinham habituado à presença corpórea de Jesus. Que sensações terão experimentado, que dúvidas, que inquietações? Que será de nós? Como saberemos que Ele está connosco? Como Se manifestará o Espírito Santo em nós? Seremos capazes de prosseguir com os Seus gestos? Até onde e até quando anunciaremos o Reino de Deus? Quem nos há de liderar? Como viver ao jeito do Mestre sem a Sua presença física?
       São perguntas que talvez também fizéssemos! Quem ocupará o seu lugar de alguém que parte? Quem vem, saberá preencher o espaço deixado vago?
       Mais uma vez, ainda que lugar-comum, o caminho faz-se caminhando. "Apresentaram-se-lhes dois homens vestidos de branco, que disseram: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu». O Céu é um referencial constante, foi de lá que veio Jesus e que de novo virá. Mas como? Do mesmo jeito, isto é, do meio de vós, do meio de nós. É no meio, no CENTRO, que encontraremos Jesus. Há que procurá-l'O entre nós, servindo-O nas outras pessoas. O que fizerdes ao mais pequeno dos irmãos é a Mim que o fazeis. IDE E FAZEI DISCÍPULOS, anunciai o Evangelho, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Eu estarei sempre convosco, diz-nos Jesus.

       4 – Ficar a olhar para o céu, de braços cruzados, nunca será solução. Choverá quando Deus quiser e do mesmo modo fará sol. Não adianta ficarmos a cismar, ou a rezar para que Deus faça a nossa vontade.
       A oração, sem dúvida, é uma oportunidade de acolhermos o Espírito que vem de Deus, tomando consciência da nossa identidade, da nossa pertença comum, e, simultaneamente, far-nos-á sentir mais próximos uns dos outros, pois quanto mais estivermos próximos de Deus, que é Pai de todos, mais estaremos em relação aos irmãos. A oração não é apenas um refúgio, um porto de abrigo. É isso, mas é muito mais. É bênção, é luz, é desafio. Prepara-nos para as dificuldades, ajuda-nos a encontrar soluções, deixando que Deus nos conforte, e que n’Ele possamos ter um Amigo que nos compreende e nos apoia contra todo o mal. A oração compromete-nos com o melhor que há em nós, faz-nos descobrir a nossa origem, a nossa identidade mais profunda, o lugar do silêncio em que ressoa a voz de Deus.
       Hoje, como em tantas outras ocasiões, escutamos a oração de Paulo, a favor da comunidade, intercedendo e suplicando a Deus por todos. Mostrando a grandeza e o poder de Deus, traduzidos no amor de Deus por nós, Paulo reza: “O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de revelação para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da sua herança entre os santos e a incomensurável grandeza do seu poder para nós os crentes”.
       5 – Ascensão do Senhor e Dia Mundial das Comunicações Sociais. Jesus ascende para enviar o Espírito Santo que nos revela toda a verdade. Ascende para se tornar mais próximo, comunicando-Se através do Espírito a agir nos Seus discípulos. A comunicação social há de ser meio privilegiado para anunciar a verdade, a justiça e a transparência, para aproximar pessoas e comunidades, para levar as pessoas a tomar consciência da sua responsabilidade por um mundo mais justo e fraterno. Os meios da comunicação social permitem-nos hoje estar bem informados, tornarmo-nos vizinhos, mas nem sempre nos fazem irmãos (Bento XVI).
       Para os cristãos e para a Igreja, os meios de comunicação social são instrumento para levar mais longe a Palavra de Deus, e para um compromisso mais efetivo com os mais frágeis do mundo que nos são mostrados, por vezes, sublinhando o escândalo, outras, provocando indiferença pela multiplicação e repetição de notícias que põem a descoberto a miséria humana. Por outro lado, os próprios meios de comunicação social, nomeadamente as redes sociais, merecem cuidado e são espaço de evangelização. Algumas pessoas só se encontram mesmo neste ambiente, com as suas fragilidades e com os seus sonhos de vida, e merecem sempre uma resposta ao modo de Jesus: atenção e cuidado, testemunho e oração. 

Pe. Manuel Gonçalves


Textos para a Eucaristia (ano A): Atos 1, 1-11; Sl 46 (47); Ef 1, 17-23; Mt 28, 16-20.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Festa das Bem-aventuranças 2013

       Os jovens adolescentes do 7.º ano de catequese celebraram a sua Festa de Catequese, as Bem-aventuranças, no passado dia 11 de maio, sábado, durante a celebração da Eucaristia.
       No momento de ação de graças, tempo para um gesto espcífico. Os catequizandos foram "atados", pela catequistas, olhos, ouvidos, pés. O celebrante soltou as amarras, seguindo-se as palavras... pela Liberdade que Deus nos deu... possamos anunciar o bem, o belo, o amor, possamos ver, possamos ser obreiros da paz... para sermos bem-aventurados.
       Algumas imagens ilustrativas desta festa:

domingo, 6 de maio de 2012

Encontro bíblico: Páscoa, Ascensão, Pentecoste

       No dia 24 de abril realizou-se um encontro de reflexão bíblica, no Centro Paroquial de Tabuaço, tomando o texto de Roberta Taverna, da coleção de Mapas bíblicos. Para ajudar a meditar o texto foi convertido em diaporama, que ora disponibilizamos:

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Quinta-feira da Ascensão - Dia da Espiga

Quinta-feira da Ascensão é também, tradicionalmente, o Dia da Espiga. Um ritual cristão que celebra os primeiros frutos. O ramo, composto por uma espiga que celebra o pão, um ramo de oliveira, a paz e papoilas que representam o amor e alegria, deve ser mantido de ano para outro. Em tempos, fazia-se uma romaria aos campos para apanhar o ramo de espiga. Hoje, em Lisboa, vendem-se à porta das estações do metro e dos comboios. É uma tradição que se vai mantendo viva nos lisboetas, na sua grande maioria, com origens em outras regiões rurais do país.

domingo, 16 de maio de 2010

Solenidade da Ascensão do Senhor

Primeira Leitura:
       Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu (Act 1,1-11).

Segunda Leitura:
       "O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de luz para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados, os tesouros de glória da sua herança entre os santos e a incomensurável grandeza do seu poder para nós os crentes" (Ef 1,17-23).

Evangelho:
       Vós sois testemunhas disso. Eu vos enviarei Aquele que foi prometido por meu Pai. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos com a força do alto (Lc 24,46-53).
Leia a Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço, aqui!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Eu vos enviarei o Paráclito, de junto do Pai...

       Disse Jesus aos seus discípulos: "Quando vier o Paráclito, que Eu vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de Mim. E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio. Disse-vos estas palavras para não sucumbirdes. Hão-de expulsar-vos das sinagogas; e mais ainda, aproxima-se a hora em que todo aquele que vos matar julgará que presta culto a Deus. Procederão assim por não terem conhecido o Pai, nem Me terem conhecido a Mim. Mas Eu disse-vos isto, para que, ao chegar a hora, vos lembreis de que vo-lo tinha dito" (Jo 15, 26 - 16, 4a).
       Próximo da Sua glorificação, Jesus vai prevenindo os Seus discípulos das dificuldades que enfrentarão se decidirem segui-l'O, com a garantia que estará com eles até ao fim do mundo, mas sem os livrar das provações do tempo presente.
       Por outro lado, Jesus vai enviar, de junto do Pai, o Espírito Santo para lhes revelar toda a verdade. Ou, por outra, é a forma de Jesus regressar para junto dos Seus, através do Espírito de Amor.

sábado, 1 de maio de 2010

2012: A Ascensão do Nosso Planeta

Antes de mais nada, ninguém se deve desesperar porque NÃO será o fim do mundo. Pelo menos não como as pessoas imaginam o fim do mundo (dilúvios, terremotos, tsunamis, etc.)

Já estamos na fase de transição para a nova dimensão humana desde 1992. O que acontece é que muita gente nunca colocou "2 e 2" juntos para deduzir que o que tem acontecido com o planeta e com os seres que o habitam nestes anos todos, tem a ver com a profecia maia.

Estamos nos direccionando para uma dimensão onde o amor, a verdade, honestidade, caridade, os bons pensamentos e emoções reinarão. Todos se estão encaminhando para o "shift" dimensional? Sim e não.

Sim, porque eventualmente todos os seres humanos chegarão lá. Não, porque de início apenas alguns terão a capacidade para realmente compreender e assimilar o que está realmente se passando com seus corpos, espíritos e mentes.

Não importa. Eventualmente, todos conseguirão atingir a nova dimensão e mais um capítulo da história da humanidade se terá iniciado, de facto.

A coisa mais incrível sobre o nosso actual "shift" é que ele acontecerá dentro do espaço de apenas UMA geração. Nunca dantes, na história da evolução humana ou animal no planeta, houve uma mudança tão drástica no processo evolucionário de uma espécie em apenas UMA geração.

E esta geração somos nós! Nós estaremos vivos e presenciaremos tudo o que está por vir.

Não há razão para medo ou pânico.

Observe que, o que de ruim iria acontecer já vem acontecendo. Veja a crise económica mundial. Algo jamais visto, com tamanha intensidade, antes no planeta.

Hoje mesmo, um enorme terremoto afectou partes da Itália.

Nosso planeta está nos avisando que teremos de mudar nossos hábitos ou SUCUMBIREMOS! Terremotos e outros desastres naturais são uma prova incontestável de que a Terra está tentando chamar nossa atenção para a conservação de nosso meio ambiente, através de um redireccionamento energético e comportamental da espécie humana.

Todos os nossos pensamentos e emoções afectam, não apenas a todas as outras pessoas do planeta, mas ao planeta em si. Não há como negar isso, é facto. Cientistas que estudam a física quântica já conseguiram provar que as ondas de nossos pensamentos contêm campos energéticos poderosíssimos e conseguem afectar muito mais do que se pensava antes.

É tempo de unirmos a religião (ou espiritualidade) e a ciência.

É como um de meus cientistas e professores favoritos, Albert Einstein, costumava dizer:

"A ciência sem a religião é manca, a religião sem a ciência é cega."

Alguns conseguem enxergar o que se passa. Não todos, infelizmente. Mas aqueles que sabem e entendem o que está acontecendo não temem. Muito pelo contrário: se sentem privilegiados por estarem vivos para presenciar algo que mudará para sempre o curso da história humana e do nosso lindo, amado e bondoso planeta Terra.

Retirado do blogue "Pedacinhos de Luz"