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sexta-feira, 20 de julho de 2018

SHERYL SANDBERG - FAÇA ACONTECER

SHERYL SANDBERG (2014). Faça acontecer. Mulheres, trabalho e vontade de liderar. Barcarena: Editorial Presença. 288 páginas.
       Depois de ter lido e sugerido o livro da autora - OPÇÃO B, em colaboração com o psicólogo Adam Grant, sobre a morte do marido e como enfrentar, com os filhos, a dor, fazer o luto, enquadrar-se com a vida na família e no trabalho, nos eventos sociais e culturais, como resistir diante do sofrimento e caminhar em frente com as memórias, com a presença de quem já partiu, com as novas possibilidades que se colocam -, procurei adquirir e ler uma primeira obra. Quando se lê um autor com muito é normal que se procurem ler outros livros e/ou títulos.
       A número 2 da Facebook, neste primeiro livro aborda a liderança, sobretudo a liderança no feminino. O seu feminismo é saudável, pois não se trata de denegrir lideranças masculinas para impor as femininas, mas de lutar para que homens e mulheres possam escolher, com as mesmas possibilidades, não tanto por serem homens ou mulheres mas por serem competentes. Pelo meio vai sublinhando o que já se conseguiu e como algumas leis foram necessárias para "obrigar" a alguns equilíbrios, ainda que, também aqui, empresas, associações, entidades públicas e privadas não tivessem necessidade de cumprir leis mas que naturalmente criassem as condições para homens e mulheres se baterem em pé de igualdade.
       A autora mostra o caminho feito, mas um grande caminho a percorrer, desafiando as mulheres a sentar-se à mesa, a levantar o dedo, a não baixar o braço, a "exigir" como os homens aquilo a que têm direito. Por exemplo, na Google, onde trabalhou verificou que antes dela não havia casas de banho para Senhoras porque nunca fora necessário... por outro lado solicitou que houvesse lugares de estacionamento para grávidas, para facilitar a chegada ao local de trabalho... são pequenos aspetos mas que podem ajudar a equilibrar...
       Ao longo do livro, a autora lembra que é necessário relembrar e assumir as descriminações tendo em conta o género, mas também como, por vezes, são as mulheres precisamente a boicotar o acesso de outras a lugares de liderança, pensando que ao ajudarem-se poderiam estar a desistir de alguma promoção, pois se há para uma pode não haver para outro. Recorda que empresas onde existem lideranças femininas também há mais possibilidades de outras mulheres serem promovidas.
       Uma dicotomia que pode ser conjugada: boas mães e excelentes profissionais, fazer escolhas, optando por ser "apenas" Mãe, ou uma profissional dedicada, capaz de progredir na carreira. A autora defende a opção, sublinhando que uma boa profissional pode ser também uma excelente Mãe.
       Sheryl Sandberg não esconde as condições em que vive, nomeadamente quanto à condição económica, social e cultural, que lhe permite ter mais segurança para algumas escolhas, mas ao mesmo tempo mostra como lutou para conquistar o seu lugar. Serve-se de muitos exemplos, de mulheres e de homens cuja liderança são inspiradoras, mostra como na Google ou na Facebook trabalham em equipa, com a flexibilidade para ajustar horários e se ajustarem uns aos outros, a abertura à crítica e a disponibilidade para sublinhar os sucessos e de os integrar, venham debaixo ou de cima. O próprio líder da Facebook, ou a autora, promovem as sugestões, as críticas para melhorar quer a relação entre todos os que ali trabalham ou noutras filiais, bem como a expansão da própria aplicação-empresa.

Vale a pena ver ou rever a conferência TED (as legendas em português podem ser colocadas acedendo às definições na parte inferior do vídeo)

sexta-feira, 8 de março de 2013

Igualdade: a preservação das diferenças

O elogio da igualdade acontece pela valorização do que é distinto. Apresentando o tema que preside às actividades do Secretariado da Pastoral da Cultura durante o ano 2010, D. Manuel Clemente sublinhou a necessidade de, nas sociedades actuais, salvaguardar o que é diferente para que seja possível construir a igualdade entre as pessoas.
       “O género ou a raça não são necessariamente limites à igualdade a realizar, mas a possibilidade de se ser com os outros, dando e recebendo”. Para D. Manuel Clemente, “a igualdade só pode acontecer entre seres distintos”. “Entre seres absolutamente idênticos, não haveria campo para a igualdade” porque, referiu o Presidente da Comissão Episcopal da Cultural, Bens Culturais e Comunicações Sociais, a igualdade “pressupõe relação”.

Masculino e feminino:
       Para D. Manuel Clemente, hoje “temos de considerar um certo tropeço da ‘indistinção’ a surgir no caminho da igualdade. O que se deve à aceleração que a Europa conheceu no domínio da ciência e da técnica, com a “mentalidade conexa”.
       “Trazidas do campo da natureza para a pessoa humana, começou esta a ser encarada mais como algo a produzir do que simplesmente a reproduzir”, referiu D. Manuel Clemente.
       Mais do que como produto da natureza, o ser homem ou ser mulher começou a ser encarado com escolha livre. Para o Bispo do Porto, escolhe-se “o que se queira ou o que se sinta ser, alterando a fisiologia pela tecnologia”.
       Para D. Manuel Clemente, a igualdade garante especificidades: geográficas e de género. Ideias que desafiam a acção dos referentes da pastoral da cultura porque a norma dos tempos actuais sugere “vontade de ser tudo, sem limites naturais ou institucionais de qualquer espécie”.
       Culturalmente, andará por perto o tempo da “deriva libertária do liberalismo”. Ou seja, “a liberdade sem referência”, como um sentimento individual “sem relação”.

Desafios aos Referentes da Pastoral da Cultura:
       Aos participantes no VI Encontro de Referentes da Pastoral da Cultura, D. Manuel Clemente desafiou a “ligar propostas evangelizadoras e realidades locais valorizando, ou seja distinguindo positivamente, lugares, tradições e modos e potenciando-os para o futuro como identidades intercambiadas”.
       Por outro lado, o Bispo do Porto alertou para a oportunidade de aprofundar os “modos feminino e masculino”, dos autóctones e dos imigrados que vêm de outras culturas. Para D. Manuel Clemente, esse aprofundamento deverá ser feito nas dimensões bíblica, antropológica e cultural.

Elogio da igualdade:
       No VI Encontro, os Referentes da Pastoral da Cultura apresentaram as iniciativas a decorrer ou programadas nas instituições que representam. Foi também uma oportunidade para lançar as actividades para 2010, que este ano, quer propor “um novo elogio da igualdade”.
       “Dedicámos o ano passado a pensar os novos caminhos da liberdade”. Depois da igualdade, o próximo ano será para analisar temáticas sobre a fraternidade.
       O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura assinala assim o Centenário da República, “não como acontecimento do passado mas como realidade presente”. O Pe. José Tolentino Mendonça, Director deste Secretariado, referiu que esta é uma forma de “revisitar, em chave cristã, a herança tricolor de liberdade, igualdade e fraternidade”.

Notícia desenvolvida pela Agência Ecclesia.