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sexta-feira, 21 de setembro de 2018

São Mateus, Apóstolo e Evangelista

       Mateus foi chamado por Jesus no seu posto de cobrança. Era conhecido como publicano, o que equivalia a ser tido como traidor para com o povo judeu. Os cobradores de impostos estavam ao serviço do império romano, o povo opressor. E, por outro lado, os impostos eram muito elevados, pois visavam sustentar toda a máquina da opressão, soldados, oficiais, dirigentes, para lá dos impostos que beneficiavam directamente o cobrador.
       Exercia a sua profissão em Cafarnaum. Dotado de certa cultura.
       Deixa tudo para seguir Jesus.
       De Apóstolo, torna-se evangelista. Recolhe informações sobre a vida e a missão de Jesus e põe por escrito, no Evangelho que leva o seu nome, escrito entre 62 e 70 da nossa era.
       "Naquele tempo, Jesus ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus, sentado no seu posto de cobrança dos impostos, e disse-lhe: 'Segue-me?. Ele levantou-se e seguiu Jesus" (Mt 9, 9-13).

Oração de colecta:
       Senhor nosso Deus, que, na vossa infinita misericórdia, escolhestes o publicano Mateus para vosso Apóstolo, concedei-nos que, ajudados pelo seu exemplo e intercessão, Vos sigamos fielmente e nos entreguemos a Vós de todo o coração. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

HOMILIA que se segue serviu de inspiração a Francisco para o lema episcopal, e que manteve como Papa: miserando atque eligendo - olhou-o com misericórdia e escolheu-o...

Das Homilias de São Beda Venerável, presbítero

Jesus viu-o, compadeceu-Se dele e chamou-o

Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: Segue-Me. Viu-o não tanto com os olhos do corpo, como com o seu olhar interior, cheio de misericórdia. Jesus viu um publicano e compadeceu-Se dele; escolheu-o e disse-lhe: Segue-Me, isto é, imita-Me. Disse para O seguir não tanto com os seus passos como no modo de viver. Porque, quem diz que permanece em Cristo, deve também proceder como Ele procedeu.
Mateus levantou-se e seguiu-O. Não devemos admirar nos de que o publicano, ao primeiro chamamento do Senhor, abandonasse os negócios terrenos em que estava ocupado e, renunciando aos seus bens, seguisse Aquele que via totalmente desprovido de riquezas. É que o Senhor chamava o exteriormente com a sua palavra, mas iluminava o de um modo interior e invisível para que O seguisse, infundindo na sua mente a luz da graça espiritual, para que pudesse compreender que Aquele que na terra o afastava dos negócios temporais, lhe podia dar no Céu tesouros incorruptíveis.
E quando Ele estava sentado à mesa em sua casa, vieram muitos publicamos e pecadores e sentaram se à mesa com Jesus e os seus discípulos. A conversão de um publicano deu a muitos publicanos e pecadores um exemplo de penitência e de perdão. Foi, na verdade, um belo e feliz precedente: aquele que havia de ser apóstolo e doutor das gentes, atraiu consigo ao caminho da salvação, logo no primeiro momento da sua conversão, um numeroso grupo de pecadores. Deste modo, já desde os primeiros indícios da sua fé, começou o ministério de evangelização que mais tarde havia de desempenhar, quando chegasse à perfeição das suas virtudes.
Se desejamos compreender mais profundamente o significado destes factos, devemos observar que Mateus não se limitou a oferecer ao Senhor um banquete corporal na sua casa terrestre, mas preparou-Lhe com a sua fé e o seu amor um banquete muito mais agradável na morada interior do seu coração, segundo o testemunho d’Aquele que diz: Eu estou à porta e chamo; se alguém ouvir a minha voz e Me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo.
Tendo ouvido a sua voz, nós abrimos-Lhe a porta para O receber quando damos o nosso livre assentimento às suas advertências interiores ou exteriores e pomos em prática o que sabemos ser sua vontade. E Ele entra para cear, Ele connosco e nós com Ele, porque habita no coração dos eleitos pela graça do seu amor, para os alimentar continuamente com a luz da sua presença, a fim de que se elevem cada vez mais para os desejos celestes, e Ele próprio seja saciado com as aspirações eternas dos seus eleitos, que são o mais delicioso manjar que Lhe podem oferecer.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

São BEDA VENERÁVEL, presbítero e doutor da Igreja

Nota biográfica: 
       Nasceu no território do mosteiro beneditino de Wearmouth (Inglaterra) no ano 673; foi educado por São Bento Biscop e entrou no dito mosteiro, tendo aí recebido a ordenação sacerdotal. Exerceu o seu ministério dedicando-se ao ensino e à actividade literária. Escreveu obras sobre matérias teológicas, históricas, patrísticas e bíblicas. Morreu no ano 735.
       O papa Francisco, na escolha do Lema Episcopal, e que manteve como Papa, tornou mais conhecido este santo na medida em que se baseou numa homilia feita por São Beda Venerável, sobre o apóstolo/evangelista São Mateus: Jesus viu-o, compadeceu-Se dele e chamou-o.

Oração de coleta:
       Senhor, que iluminais a vossa Igreja com a sabedoria do presbítero São Beda Venerável, concedei aos vossos fiéis a luz dos seus ensinamentos e o auxílio dos seus méritos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Da Epístola de Cutberto, sobre a morte de São Beda Venerável

Desejo ver a Cristo

Ao chegar a terça-feira antes da Ascensão, Beda começou a respirar mais dificilmente e começaram a inchar-lhe os pés. Mas, durante todo aquele dia, ainda ensinou e ditou as suas lições com boa disposição; e a certa altura, entre outras coisas, disse: «Aprendei depressa; não sei por quanto tempo ainda viverei e se dentro em breve o meu Criador me levará para Si». A nós parecia-nos que ele sabia bem quando morreria; tanto assim que passou a noite acordado e em acção de graças.
Ao raiar da manhã, na quarta-feira, mandou que escrevêssemos com diligência a lição principiada; assim fizemos até às nove horas. A partir das nove, fizemos a procissão com as relíquias dos Santos, como mandava o costume nesse dia. Um de nós, porém, ficou com ele e disse-lhe: «Mestre, ainda falta um capítulo do livro que estavas a ditar. Parece-te difícil continuar?». Respondeu: «Não, não custa nada; pega na pena, apara-a e desembaraça-te». Assim fez o discípulo.
Às três horas da tarde disse-me: «Tenho no meu baú algumas coisas de estimação: pimenta, lenços e incenso. Vai chamar depressa os presbíteros do nosso mosteiro, porque eu quero distribuir por eles pequenas recordações que Deus me deu». Quando todos chegaram, falou-lhes, exortando a cada um e pedindo-lhes que celebrassem Missas por ele e rezassem por sua alma; o que todos de boa vontade prometeram.
Todos choravam abundantemente, sobretudo por lhe ouvirem manifestar a persuasão de que não veriam a sua face por muito mais tempo neste mundo. Mas reconfortaram-se quando lhes disse: «É chegado o tempo (se assim aprouver ao meu Criador) de voltar para Aquele que me deu a vida, que me criou, que me formou do nada quando eu não existia. Vivi muito tempo, e o misericordioso Juiz teve especial cuidado da minha vida. Aproxima-se o tempo da minha partida, pois desejo morrer para estar com Cristo. A minha alma deseja ver a Cristo, meu Rei, na sua glória». E disse muito mais coisas edificantes, conservando a sua alegria de sempre, até à noitinha.
O jovem Wilberto, já mencionado, ainda se atreveu a observar: «Querido mestre, ainda me falta escrever uma frase». Ao que ele respondeu: «Escreve depressa». Pouco depois disse o jovem: «Já está escrita». Disseste bem, continuou Beda: Tudo está consumado. Agora segura-me a cabeça com as tuas mãos, porque me dá muita alegria sentar-me voltado para o lugar santo, onde costumava rezar; assim também agora quero invocar o meu Pai».
E colocado no chão da sua cela, cantou: «Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo». Ao dizer o nome do Espírito Santo, exalou o último suspiro. Pelo grande fervor com que se consagrou aos louvores de Deus na terra, bem devemos crer que partiu para a felicidade das alegrias do Céu.