A terceira Carta Encíclica de Bento XVI empresta o título a este blogue. A Caridade na Verdade. Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas só esta entra na eternidade com Deus. Espaço pastoral de Tabuaço, Távora, Pinheiros e Carrazedo, de portas abertas para a Igreja e para o mundo...
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sexta-feira, 30 de dezembro de 2022
quarta-feira, 29 de dezembro de 2021
terça-feira, 20 de março de 2018
VL – A bênção de Deus para este novo ano…
Iniciar um novo ano, cada nova etapa da vida, envolve uma mistura de sentimentos. Dúvida e esperança. Possibilidades de fazer novos amigos, concretizar projetos, encerrar assuntos do passado, abrir-se à novidade do futuro. De um ano ao outro são milésimas de segundo, ainda agora estávamos em 31 de dezembro de 2017 e um breve pestanejar e já passou o dia 1 de janeiro de 2018. Um movimento de inspirar-expirar o ar que nos permite viver. Um instante que se multiplicará, se Deus quiser, por milhares. Por dia, 23 mil movimentos de inspirar/expirar. 8 395 000 de um movimento impercetível que nos fará viver mais um ano. Isso lembra-nos que a vida acontece prevalentemente no que é insignificante, pequeno! Um pormenor fará diferença, eu e tu podemos fazer a diferença neste mundo, acolhendo as bênçãos e os dons de Deus e deixando que Ele nos transfigure constantemente e assim possamos, com a Sua graça, transformar o mundo.
O calendário litúrgico coloca no início do ano civil a solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, o amor de uma Mãe, escolhida desde sempre para acolher a semente de um mundo novo, rejuvenescido pelo amor, pela bondade e pelo serviço solidário. Deus nunca Se afastou de nós e quando O rejeitámos Ele continuou a amar-nos. É-nos pedido que procedamos do mesmo modo uns para com os outros, nunca desistindo de amar, de viver e de cuidar.
A vinda de Jesus é o Presente de Deus para nós! Dá-Se a Ele mesmo, no Filho, Jesus Cristo, por meio do Espírito Santo. Criou-nos por amor e por amor nos recria, chamando-nos a uma vida nova pautada pela bondade, pela ternura e pelo amor, pela compaixão, pela partilha solidária e pelo perdão. Criou-nos por amor e criou-nos livres! Confiou-nos o mundo e confiou-nos os outros. Mas quantas vezes nos devoramos mutuamente? Quantas vidas já silenciámos, subjugámos, destruímos? Quantas vezes obscurecemos a imagem que somos de Deus, tornando-nos opacos ao Seu amor?
Jesus é Luz que nos inunda até as trevas mais densas, irradia vida, amor e bênção! É a promessa de Deus que se enraíza no mundo, na história, no tempo. Deus, em Jesus, faz-Se igual a nós. Abaixa-Se para viver como Um de nós, não para nos nivelar por baixo mas para nos elevar.
Tudo começa e recomeça no amor de Deus que nos renova transformando-nos. Novo ano, a vida nova que recebemos no batismo concretizada em cada instante, acolhendo e testemunhando o desafio de Jesus: Vai e faz tu também do mesmo modo.
sábado, 30 de dezembro de 2017
quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
VL – Não deixeis que vos roubem a esperança
Expressão bem conhecida do Papa Francisco, dirigida aos jovens mas extensível a todos e proferida em diferentes ocasiões. Desafios semelhantes: no deixeis que vos roubem a alegria, o sonho, a vida, o futuro. Desafios que convocam à militância, a não baixar os braços, a não desistir diante das adversidades. A referência é sempre Cristo e a alegria do Seu Evangelho. Jesus está envolvido nos momentos mais adversos: situações de pecado e sofrimento, de exclusão e injustiça. Torna-Se Ele mesmo vítima do preconceito (religioso) e do fanatismo, vítima dos interesses instalados e da recusa da novidade.
Ao iniciarmos um novo ano civil este é um grito veemente a não nos deixarmos sucumbir pelas desgraças, pelas notícias constantes de violência gratuita, de corrupção, de abusos de poder, de tráfico de pessoas e de órgãos humanos, da sobrevalorização da economia sobre a política – economia que mata, que pensa em termos percentuais, em margens de lucro, em produtividade, menos pessoas, menos gastos, mais dinheiro, mais poder –, devastação ambiental, terrorismo, abusos sobre migrantes e refugiados.
Na Sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz (1 de janeiro de 2017), o Papa identifica a dilaceração do mundo: violência feita «aos pedaços». Ao diagnóstico, todavia, contrapõe a esperança, lembrando que o próprio Jesus viveu em tempos de violência. Há uma batalha a travar desde logo dentro do coração humano. Com efeito, “a resposta que oferece a mensagem de Cristo é radicalmente positiva: Ele pregou incansavelmente o amor incondicional de Deus, que acolhe e perdoa, e ensinou os seus discípulos a amar os inimigos (cf. Mateus 5, 44) e a oferecer a outra face (cf. Mateus 5, 39)… Quem acolhe a Boa Nova de Jesus sabe reconhecer a violência que carrega dentro de si e deixa-se curar pela misericórdia de Deus, tornando-se assim, por sua vez, instrumento de reconciliação, como exortava São Francisco de Assis: «A paz que anunciais com os lábios, conservai-a ainda mais abundante nos vossos corações».
Não deixeis que vos roubem a esperança. A esperança é vida. Morremos a partir do momento em que deixamos de ter esperança. Não é uma esperança vã, mas uma esperança que vem de Deus e que Se manifesta plenamente em Jesus Cristo. É aquela chama que não se apaga e mesmo que não elimine todas as trevas aponta uma direção, um caminho, é um lampejo de luz que não nos deixa desistir. A esperança não anula as dificuldades, mas dá-nos o ânimo para prosseguir lutando por um mundo mais humano.
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4393, de 3 de janeiro de 2017
quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
Santa Maria Mãe de Deus - 1 de janeiro de 2015
1 – «Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque isso foi do teu agrado» (Mt 11, 25-26; cf. Lc 10, 21). Felizes os pobres em espírito, os mansos, os humildes de coração, os pacificadores, os misericordiosos, porque terão um coração capaz de ver a Deus, de descobrir nos outros uma bênção, e, abertos à esperança no futuro com Deus, disponíveis para transformar o mundo em que vivem, a começar por eles mesmos (cf. Mt 5, 1-12).
Quando olhamos para o nosso tempo facilmente concluímos, com pesar na maioria das vezes, que o mundo é dos espertos, dos poderosos, daqueles que estão sempre a congeminar ardilosamente como enganar o próximo, subtraindo-se à justiça dos homens e ao compromisso social de contribuir com impostos para o bem comum, fugindo aqui, contornando a lei acolá, arranjando estratégias cada vez mais subtis. Lamentamos que ande meio mundo a enganar outro meio, e se calhar este meio mundo enganador já ultrapassa o meio mundo enganado. E nós de que lado estamos? Já ouvi pessoas a lamentar o facto de não terem mentido, omitindo e/ou enganando, porque estariam em melhores condições de vida ou teriam obtido uma benesse que dessa forma não obtiveram. Sempre lhes digo que não há como uma consciência tranquila!
O Natal, com as diversas celebrações litúrgicas, incluindo a festa da Sagrada Família e a solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, aponta-nos numa direção que vai além dos nossos interesses pessoais, melhor, fazem com que os nossos interesses pessoais se vão identificando com o bem do próximo, reconhecendo nos mais frágeis a presença de Deus, assimilando o exemplo de Jesus.
As figuras do Natal sublinham (não a ostentação e o poder, mas) a pobreza, a humildade, a alegria, a capacidade de acolher o outro. Maria e José, família simples, desconhecida, e que se converte em lugar de revelação e mistério de Deus. Simeão e a profetisa Ana, dois velhos (ou idosos como muitos preferem), de quem já nada se espera, mas que, inspirados por Deus, pelo Seu Espírito, vivem na esperança da Salvação. Os seus corações podem não esperar nada do mundo, mas esperam de Deus, estão atentos, rezam, louvam, reconhecem Deus n'Aquele Menino, e anunciam-n'O a quem quer ouvir. E recuando um pouco mais poderíamos falar de um outro casal, Zacarias e Isabel, desenganados da vida, mas que se deixam surpreender por Deus.
2 – Não existe uma condição prévia para Deus nos amar, nos visitar e querer habitar em nós. Ele precede-nos nos Seus desígnios de amor. Ama-nos primeiro. E nunca a partir da nossa bondade ou maldade. Simplesmente nos ama como filhos. Se existe algum precedente, da nossa parte, é precisamente o da humildade, da pobreza, que não aquela que reduz as pessoas a números dispensáveis ou que as leva a mendigar por pão e por atenção, mas a pobreza como opção de vida, como abertura ao Transcendente, como disponibilidade para amar, para transformar o mundo, para nos deixarmos cativar por Ele e por tudo o que à nossa volta é fruto do amor de Deus, a natureza, os animais e sobretudo os outros.
A opção preferencial pelos mais pobres não é um chavão da Teologia da Libertação nem um desiderato da América Latina, é, antes, um compromisso de todos os cristãos que querem seguir Jesus Cristo, numa dinâmica universal de inclusão. A Salvação há de chegar a todos, a começar pelos excluídos, pelos famintos, pelas pessoas e famílias a viver em situações degradantes, desempregados, toxicodependentes, meninos da rua, pessoas abandonadas, mulheres maltratadas, esquecidas, violadas, crianças sem teto e sem proteção familiar ou social, exploradas, destruídas. Quando o não fizermos por nós, porque nos faz bem, ou pelos outros, o bem que lhe fazemos, façamo-lo por Jesus Cristo, deixando que em nós venha ao de cima a nossa vocação primordial de sermos imagem e semelhança de Deus. Tudo o que fizermos ao mais pequeno dos irmãos é ao próprio Cristo que o fazemos (cf. Mt 25, 31-46).
O Papa Francisco, na Sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz parte desta premissa: "Já não escravos, mas irmãos" (cf. Flm 15-16). Em Jesus Cristo, Deus revela-Se como Pai. Se Ele é Pai, nós somos irmãos.
Aos Gálatas, que hoje escutámos, São Paulo prossegue: «Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adotivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: 'Abá! Pai!'. Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus». A verdadeira paz conquista-se pelo amor, que pressupõe a justiça, a igualdade, a fraternidade, no respeito pelas diferenças como contributo positivo para a única família de Deus.
3 – No início de um novo ano, a Igreja propõe-nos – como Igreja nos propomos – olhar para Maria e consagrarmo-nos com Ela a Deus, imitando-A no acolher da vontade de Deus, de tal forma humildes e pobres que Deus caiba em nós, que Deus possa nascer em nós e apressadamente, como Ela em direção à montanha, visitando a Sua prima Isabel, possamos levar a todos a Alegria que nos habita: Deus em nós. Sejamos rosto e presença e vida de Cristo para este tempo. E dessa forma a paz estará mais próxima.
Despojado de tudo, mas com muito calor, Jesus tem por companhia Maria e José, e os animais. Está quentinho numa manjedoura. Aconchegado. Ah, como é belo este quadro do presépio. Ah, como é fácil de ver que não são as muitas comodidades que possuímos que nos fazem vibrar de alegria, que nos fazem sentir úteis e amados. Aquele Menino tem poucas coisas, está despido, envolto em panos, mas acariciado pelo essencial, pelos seus pais. D'Ele emana uma LUZ, um brilho, uma áurea, que nos leva à contemplação, a fazer como os Pastores, reconhecendo n'Ele o próprio Deus e com alegria desbobinarmos tudo o que Deus nos revelou pelos antigos e que nos revela hoje pela palavra, pelos Sacramentos, por cada gesto de amizade e de ternura que nos fazem ou que fazemos aos outros.
Aqueles pastores engrossam o número dos que não contam. São escravos, ainda não irmãos. Trabalham em situações muito precárias, independentemente do sol ou da chuva. Ainda não são irmãos, mas escravos. Mas é a eles que Deus Se revela, reconhecendo-os já como filhos amados. «Os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam... Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado».
O verdadeiro encontro com Jesus provoca alegria, enche-nos de paz, para logo nos enviar a anunciar esta Boa Notícia a todas as nações. A alegria extravasa, explode, comunica-se. Ninguém faz festa sozinho. Se a solidão, o sofrimento, a desânimo, precisam de partilha e compreensão, a alegria precisa igualmente de ser acolhida, partilhada, celebrada.
4 – A condição prévia para reconhecer e acolher Deus é, definitivamente, esta pobreza que nos faz olhar com o coração e perscrutar os sinais que vêm de Deus. Os pastores estão despertos e fazem-nos estar despertos para partir de imediato à procura do Messias, à procura do Deus que Se esconde n'Aquela criança e em tantos pequeninos do nosso tempo. E por contágio nos fará espalhar tamanha alegria.
Pobreza de Maria e de José que acolhem Aquele que vem de Deus – «Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração» –, e no-l'O apresentam para que O possamos encontrar e O possamos adorar, como os Pastores e como os Magos vindos de longe.
E cruzando o nosso com olhar daquele Menino-Deus, sejamos portadores da Sua bênção para todos. É uma interpelação presente ao longo da História da Salvação, como se pode ver na primeira leitura: «O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz». Assim fala Deus a Moisés garantindo-lhe a ele e a todo o povo: «Invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei».
Que outra coisa poderemos desejar neste novo ano senão a Paz e o Bem que nos chegam de Deus e que não se consomem na nossa fragilidade? Encontrando Jesus no nosso coração, meditando nos acontecimentos destes dias, com Maria, façamos com que através de nós se engrandeça no mundo a presença de Deus. Confiemo-nos por inteiro Àquele que nos pode salvar, até da morte. «Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção, resplandeça sobre nós a luz do seu rosto. Na terra se conhecerão os seus caminhos e entre os povos a sua salvação».
Pe. Manuel Gonçalves
Textos para a Eucaristia: Num 6, 22-27; Sl 66; Gal 4, 4-7; Lc 2, 16-21.
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terça-feira, 31 de dezembro de 2013
Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus - 1-1-2014
1 – Iniciamos o novo Ano com o belíssimo quadro do presépio de Belém, ainda Natal, Maria e José diante do Menino que colocam à adoração do mundo. Os pobres são os primeiros, ou os únicos, a reconhecer Jesus como Filho de Deus, como Luz, o Enviado das alturas. Aquele Menino é uma joia que move corações, que enche toda a casa, como cada criança poderia e deveria encher as nossas casas,as nossas famílias. Desafio permanente, de ontem e de hoje: acolher Aquele que nasce como bênção para nós e para o mundo. Ainda havemos de ver alguns que passam à frente, ou indiferentes, ou se deixam ficar em seus lugares, como Herodes no Palácio, ou os Escribas no Templo, e com eles outros aduladores do poder, da segurança e do prestígio, esquecendo o essencial: o amor sincero e puro, simples e transparente.
Há os que ouvem e se deixam ficar. Há os que nem sequer ouvem. Lá longe, os Magos, descobrem uma estrela nova. Ocupados com o saber, atentos ao que se passa no mundo, põem-se a caminho em busca de um Menino. Antes, os pastores. Estão alerta. Conhecem a natureza e o que ela lhes reserva, de bom e de mau. Pouco têm e são tidos em pouca conta. Excluídos, fazem um trabalho serviçal. Emprestam à Sagrada Escritura uma das mais belas imagens para falar de um Deus próximo, como Bom Pastor, que caminha com as suas ovelhas, dá a vida por elas, conhece-as pelo nome. Os pastores ouvem o Anjo. Não pensam duas vezes. Não fazem cálculos. Partem para Belém. Apressadamente. Como Maria quando sabe que a Sua prima Isabel está grávida. Como José, que ainda de noite pega em Maria e no Menino e vai para o Egipto.
A Boa Nova para hoje: “Encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam. Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração. Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado”.
2 – Pessoas simples e despretensiosas. Chegam e alegram-se. E desbobinam. Contam tudo. É uma notícia alegre, feliz, não podem calar por mais tempo o que guardam com esperança no coração. Pode faltar tudo ao cristão, não falte a capacidade de se deixar surpreender por Deus, a capacidade de se rir, de se alegrar, de se maravilhar com a vida.
Fixemos o nosso olhar nos pastores para os seguirmos na adoração do Menino e no testemunho de tudo o que ouvimos no nosso coração e o que vemos junto ao Presépio. Regressam às suas vidas, louvando e glorificando a Deus. Aquele encontro com o Menino, com Maria e José, encheu-lhes o coração de alegria. Doravante... continuarão a ser pastores. Mas aquela alegria há de acompanhá-los até à morte. E quando estiverem mais cansados hão de lembrar-se do sorriso d'Aquela criança.
Voltemos agora o nosso olhar para Maria, Mãe de Jesus e Mãe nossa. Com José, Maria continua a cuidar o melhor que sabe do Seu Menino, que não é Seu de todo, nasceu d'Ela mas não lhe pertence. Agora os pastores, depois os Magos, os discípulos, as multidões, o Reino de Deus, a morte... e a vida!
Ela guarda tudo no coração. A primeira atitude dos cristãos é a adoração, e o silêncio orante. Os pastores prostram-se diante de Jesus. Assim os magos. Assim Maria. Assim cada cristão. Só na adoração de Deus o nosso coração adquire o tamanho necessário para acolher o outro como irmão.
Aquele Menino é uma bênção. Para a família de Nazaré. Para a humanidade inteira.
3 – Jesus, Deus entre de nós, vem para nos resgatar do pecado e da morte. “Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adotivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: «Abá! Pai!». Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus”.
A Encarnação de Deus visa assumir-nos por inteiro, na nossa fragilidade e na nossa finitude. Ele é um de nós. Nasce de uma MULHER, é "fruto" da terra e do Espírito de Deus. Só é redimido o que é assumido. Jesus assume-nos como irmãos. Temos o mesmo Pai. Mas se dúvidas existissem, Ele dá-nos Maria por Mãe. “Eis o teu filho; eis a tua Mãe” e dessa hora, a hora da morte de Jesus, o discípulo recebe-A em sua casa. Hoje somos nós os discípulos de Jesus. É a nós que Ele nos confia a Sua Mãe. É a Maria que Ele nos confia como filhos. Recebamo-l'A com carinho em nossa casa, para que, tendo-A por Mãe, nos sintamos realmente irmãos uns dos outros.
Atente-se nas palavras do papa Francisco, na Sua Mensagem para este Dia Mundial da Paz: “Uma verdadeira fraternidade entre os homens supõe e exige uma paternidade transcendente. A partir do reconhecimento desta paternidade, consolida-se a fraternidade entre os homens, ou seja, aquele fazer-se «próximo» para cuidar do outro”.
O Papa evidencia o fundamento da fraternidade: Deus, que é Pai de todos. Só nos entenderemos como irmãos se antes nos reconhecermos filhos do mesmo Pai, do mesmo Deus. Nesta casa que é o mundo, o chão que nos irmana, precisamos da ternura e da delicadeza de uma Mãe, para nos empenharmos mais, e mais, e mais, edificando a concórdia, como fruto do amor, do diálogo, da compreensão, e do esforço por sublinharmos o que nos pode enriquecer mutuamente, os dons de cada um, para o bem de todos.
4 – Desde que nos criou por amor que Deus nos procura e vem até nós para suscitar a busca da felicidade, desafiando-nos para o bem. A Encarnação do Verbo, Deus que Se faz carne, é a plenitude da bênção prometida para todos os povos da terra. N'Ele serão abençoadas todas as nações.
É uma promessa que vem de trás, explicitada por Deus a Moisés: «Fala a Aarão e aos seus filhos e diz-lhes: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo: ‘O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz’. Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei».
Ao iniciarmos um novo ano, renovamos a esperança e confiança no amanhã. Deus vem, Deus nasce em nós e no mundo, Deus manifesta-Se próximo, amigo, Pai, Irmão, faz parte da nossa família, faz família connosco. Rezemos uns pelos outros: “Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção, resplandeça sobre nós a luz do seu rosto”.
Que a Virgem Imaculada, Mãe de Deus, não cesse de nos despertar da sonolência e nos conduzir a Jesus Cristo, Seu Filho, o Príncipe da Paz, para n’Ele nos assumirmos como irmãos, estreitando os laços de amizade e parentesco espiritual. Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós.
Textos para a Eucaristia (ano A): Num 6, 22-27 ; Sl 66 (67); Gal 4, 4-7; Lc 2, 16-21.
Reflexão na página da Paróquia de Tabuaço.
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