A terceira Carta Encíclica de Bento XVI empresta o título a este blogue. A Caridade na Verdade. Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas só esta entra na eternidade com Deus. Espaço pastoral de Tabuaço, Távora, Pinheiros e Carrazedo, de portas abertas para a Igreja e para o mundo...
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sexta-feira, 3 de novembro de 2023
sexta-feira, 5 de novembro de 2021
sábado, 16 de junho de 2018
A vossa linguagem deve ser: ‘Sim, sim; não, não’.
Disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos:
‘Não faltarás ao que tiveres jurado, mas cumprirás diante do Senhor o
que juraste’. Mas Eu digo-vos que não jureis em caso algum: nem pelo
Céu, que é o trono de Deus; nem pela terra, que é o escabelo dos seus
pés; nem por Jerusalém, que é a cidade do grande Rei. Também não jures
pela tua cabeça, porque não podes fazer branco ou preto um só cabelo. A
vossa linguagem deve ser: ‘Sim, sim; não, não’. O que passa disto vem do
Maligno» (Mt 5, 33-37).
A plenitude da Lei há de ser a CARIDADE, o amor sem limites, gratuito, ao exemplo de Jesus, como quem se dispõe a dar a vida pelo outro, pelo marido ou pela esposa, pelo filho, pelo vizinho, pelo pai ou pela mãe, pelo viandante ou pelo mendigo. Neste caminho em que peregrinamos, frágeis e limitados, vamo-nos aproximando ou afastando de Jesus, na justa medida em que nos aproximamos dos outros ou deles nos afastamos.
Porém, o nosso esforço, o nosso compromisso não pode, não deve ser, pela lógica dos mínimos garantidos. Se fizermos isto, estamos a cumprir a lei, já estamos a fazer a nossa parte. Se não fizermos mal, já estamos no caminho certo. Não. Não assim com o cristão. O cristão tem um ROSTO, um Mestre a quem imitar, Jesus Cristo, que Se dá até à última gota de sangue. Terá que ser assim connosco. Não está tudo feito. Nunca. Ainda não é o Céu. Estamos a caminho. É no caminho que Deus nos encontra. Aliás, a consciência da nossa fragilidade é que nos habilita ao encontro com o outro e com Deus, nos abre para a misericórdia divina, nos permite a possibilidade de O encontrar e acolher, e de corrigir o itinerário da nossa vida. O orgulho, a prepotência, a autossuficiência, só nos afasta de Deus e dos outros.
Temos vindo a ouvir no evangelho como Jesus contrapõe o cumprimento da Lei, e a Tradição, com o amor, de forma a que a Lei se faça vida, e não seja apenas letra morta.
Hoje Jesus fala da nossa linguagem, que seja "sim, sim, não, não". Jesus diz-nos que tudo o que se situar fora desta clareza e transparência já separa insidiosamente, é diabólico. Aprendamos com Ele, deixemo-nos guiar pela Sua Palavra, pela Sua vida. Esta linguagem deverá ser expressa em todos os momentos da vida, em palavras e obras, dentro e fora da igreja, em casa e na vizinhança. O cristão não dorme. Melhor, a dormir continua a ser cristão.
Honrar a palavra dada. Coerência. Não dizer uma coisa e fazer outra. Não dizer agora o que mais convém e depois o seu contrário. Não ter várias caras conforme as pessoas que têm diante ou as situações. Ser pessoa de palavra. Mesmo que isso acarrete dissabores...
quarta-feira, 30 de agosto de 2017
Sepulcros caiados: belos por fora...
Disse Jesus: «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque sois semelhantes a sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda a podridão. Assim sois vós também: por fora pareceis justos aos olhos dos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e maldade. Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque edificais os sepulcros dos profetas e ornamentais os túmulos dos justos; e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo dos nossos pais, não teríamos sido cúmplices na morte dos profetas’. Assim dais testemunho contra vós mesmos, confessando que sois os filhos daqueles que mataram os profetas (Mt 23, 27-32).
O confronto de Jesus com os fariseus e doutores da Lei continua. Não é o ataque a uma classe ou grupo, mas a chamada de atenção para as atitudes habituais daqueles que deveriam testemunhar a verdade, o bem e a justiça, mas que muitas vezes o exigem a outros sem, no entanto, eles próprios cumprirem.
A imagem é inequívoca: sepulcros caiados. Por fora, diz Jesus, são belos, mas dentro é podridão e morte. Em tempo em que a imagem é (quase) tudo, a expressão de Jesus é um desafio, também para nós, a fim de cuidarmos do nosso interior, da beleza do nosso coração que há-de tornar-se expressivo nas atitudes que nos ligam aos outros, ao mundo que nos rodeia.
domingo, 30 de outubro de 2016
VL – A graça do palhaço – 3
A graciosidade do palhaço é tanto maior quanto mais se entrega, quando mais se dá aos outros. A sua graça depende da resposta do público, das pessoas para quem atua.
Ele tem a preocupação de pôr a audiência a rir. E nada melhor que expor os seus próprios problemas. Procurar o palhaço que há em si mesmo, descobrir-se com as suas inseguranças e medos, com as suas debilidades e angústias. A verdade entra na equação. Quanto mais autêntico, quanto mais ele mesmo, apanhado em flagrante delito de debilidade, mais gracioso será. A arte de ser palhaço engloba toda a sua vida, fazendo sobressair a inocência que existe no mais fundo de si mesmo. Aceita o fracasso, o seu fracasso, para promover o outro, colocando o espectador em estado de superioridade. “Através desse fracasso, o palhaço revela a sua profunda natureza humana que nos emociona e nos faz rir” (Cristina Moreira).
Com o palhaço aprendemos a ser para os outros e com os outros. O palhaço tem um contacto direto com o público, está sob o olhar dos outros. Não se faz palhaço diante do público. Atua com o público, interage com todas as pessoas do público e as reações das mesmas influenciam a sua atuação.
Com efeito, “o importante não é o palhaço em si mesmo. O essencial é o olhar que recebe dos outros a quem dedica a sua vida”, procurando “converter o pesado em leve, o amargo em doce, o oculto em verdadeiro… Deve buscar para a sua personagem um estado de inocência, de frescura, de ingenuidade, de onde olhar a vida… é um peregrino que segue uma estrela, que crê na sua verdade e se sente solvente em comunicar-se na mensagem…”
Tal como o palhaço também nós queremos ser reconhecidos, amados, queridos…
O palhaço conta-se a si mesmo. Por isso a sua vida interior tem tanto que ver com a sua atuação. “O palhaço não existe separado do autor que o interpreta. Todos somos palhaços, todos nos julgamos bonitos, inteligentes e fortes, mas na realidade, cada um de nós tem as suas debilidades, o nosso lado ridículo, que, quando se manifesta, fazem rir”.
Ele, como nós, busca o amor de alguém, o reconhecimento do público. O que faz é para agradar, para divertir as pessoas. Incorpora, por imitação, tudo o que admira e reprodu-lo com afeto. A ilusão de superar as limitações do tempo e do espaço, com criatividade e imaginação. Faz-nos desejar pertencer a um mundo melhor…
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4383, de 18 de outubro de 2016
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sábado, 29 de outubro de 2016
VL – A graça do palhaço – 2
A D. Evinha (1924-2016), natural da Paróquia de Santa Eufémia de Pinheiros, a viver em Tabuaço, numa vida dedicada aos outros, inserida na vida pastoral da Igreja, comprometida em viver e comunicar o Evangelho, sugeriu-me várias leituras, como por exemplo de José António Pagola. Outra leitura que me aconselhou foi a “A graça do Palhaço” (La gracia en el clown) e “Os palhaços” (Los clowns). Deixamos para a discussão académia as diferenças que podem ser estabelecidas entre “palhaços” e “clowns” (termo inglês, numa evocação mais erudita).
A autora é docente de teatro, Cristina Moreira, oriunda da Argentina, bailarina e atriz, tendo-se fixado na Europa, integrando companhias de teatro, escrevendo peças… O seminário dedicado aos palhaços é o mais festivo. O objetivo do palhaço é fazer rir o público. Começa aqui o ensinamento para cada um de nós. Ser palhaço para os outros. Agir pelos outros. Fazer rir está intimamente ligado ao amor. Exige muito, exige tudo do palhaço, entrega intensa que se sujeita a ser aceite ou recusado. Com docilidade o palhaço procura construir uma relação com o público. “O amor está implícito no desejo de comunicar a alegria de estar com os outros… a graça emana da entrega espiritual ao outro”.
Um ator representa, seguindo um guião. O palhaço representa-se. Ele procura reconstruir a partir de si uma nova personagem. Elabora o seu guião interagindo com a sua audiência. Ao longo do processo vai aprimorando a sua habilidade, o seu carácter, a sua fisionomia. Não é a vestimenta, a caracterização física que distingue os palhaços, mas a capacidade de mostrar-se com as próprias fraquezas, oferecendo-se à audiência, sempre num prisma de humildade. Serve os demais, sujeita-se aos seus juízos e, o que preparou com esmero, pode falhar.
Sublinha a autora que “a graça no intérprete nasce do reconhecimento da própria limitação, de um estado de humildade diante do verdadeiramente eterno. No momento em que o homem se pode rir de si mesmo, não se levando a sério… encontra um estilo solto para olhar a sua vida. Esta liberdade permite-lhe fazer rir os demais”.
O palhaço avança a partir do nada, que é muito, que é tudo, avança a partir do seu interior, dando o melhor de si, expondo-se, colocando a nu as suas inseguranças, os seus medos, procurando ultrapassar os seus dilemas. O palhaço é um homem real com os seus contratempos. Dessa forma se sintoniza com o seu público, com as suas debilidades, desafiando-os a rir-se de si mesmos, levantando-se para a luta.
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4382, de 11 de outubro de 2016
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sexta-feira, 28 de outubro de 2016
VL – A graça do palhaço – 1
A conversa é como as cerejas. Começa e não sabemos quando acaba. Esta reflexão será um pouco assim. Por estes dias (1 de outubro) foi a sepultar na Paróquia de Santa Eufémia de Pinheiros, a D. Evinha, de onde era natural, a viver na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Tabuaço há mais de uma década. É daquelas pessoas que marcam um tempo, criam um espaço de afetos e de luz, deixam um rasto de bondade, de alegria e simplicidade.
A D. Evinha era cidadã do mundo, cristã em todos os momentos. Na Escola Diocesana de Formação Social acentuou um caminho de compromisso em Igreja que passou agora para a eternidade de Deus. Dos tempos da Ação Católica, as ganas de viver, de renovar a vida eclesial, com o Vaticano II, a sede de Deus e as novidades que iam chegando do Concílio. A formação superior na área da ação social, a passagem pelo ministério do trabalho e da solidariedade social, onde poderia fazer carreira, tendo optado por ajudar na promoção de outros, no país do Estado Novo e nos tempos da revolução, as reuniões cuidadosas para evitar a prisão de pais e mães de família, da aldeia à cidade, do norte à capital, ao Alentejo e ao Algarve, a vida consagrada no instituto de vida secular, com forte implantação em Espanha e na Améria Latina, o trabalho missionário/social/humano no Brasil e nos países vizinhos, dormindo em esteiras, comendo frugalmente, o contacto com a Teologia da Libertação e a perceção que a fé tem que estar ao lado dos mais pobres, dando-lhes ferramentas para que possam gerir as suas vidas…
Regressada do Brasil, fixando-se definitivamente em terras de Tabuaço, nunca desistiu de se empenhar, participando onde era necessário, na Igreja e na vida social e cultural. Sempre disponível, para mais oração, para mais formação, das crianças aos jovens e aos adultos, aos mais idosos, na catequese, nos grupos de jovens, como ministra extraordinária da comunhão, na vivência do Natal, da Páscoa, a cantar as Boas Festas, a visitar doentes, a dar conselhos com a delicadeza de uma mãe, preparando jovens para o crisma, intervindo nos tempos de formação, escrevendo, partilhando a vida, gastando-se… sempre ligada à vida da Igreja, sempre sintonizada com os sinais dos tempos.
Como Pároco pude usufruir da sua amizade e dos seus conselhos, da sua ajuda e das suas sugestões. Uma das sugestões, no início no meu ministério sacerdotal: as homilias deveriam terminar sempre de forma positiva, para que fosse autêntico o “assim seja”…
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4381, de 4 de outubro de 2016
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
É Carnaval, ninguém leva a mal?!
A diversão, as festas, os momentos de lazer, fazem parte do nosso quotidiano. Por um lado permitem-nos descansar da rotina diária – que também é precisa, só assim faz sentido sair da rotina –, e por outro lado aproximam-nos dos outros, se aproveitarmos para conviver, para aprender, para acolher, para potenciar outros talentos.
Os tempos de descontração são bom lenitivo nas dificuldades e nas canseiras.
Seja Carnaval seja outra qualquer festa, ainda que pagã, pode ser aproveitada pelos crentes, pelos cristãos, para evangelizar.
Até para brincar é preciso ser sério.
Há quem não saiba brincar.
Há quem brinque quando não é ocasião para tal.
Há ocasiões propícias para brincar.
Quem brinca não precisa de deixar de ser sério.
Quem é pouco sério, falseia também a brincadeira e a diversão.
Quem aproveita a brincadeira para ser desonesto, perverte a beleza e a saúde da diversão.
Também nas brincadeiras dá para conhecer as pessoas.
Pode acontecer que alguns se escondam por detrás das máscaras – para tal nem precisam do Carnaval para o fazer –, para fazer mal, para prejudicar, para agredir, para ofender pessoas que à luz do dia, e sem máscaras, não o fariam. Há quem se esconda atrás da autoridade, ou da bebida, ou use terceiros para agredir e utilize o boato e o anonimato para difamar. Também isso são máscaras
A coerência de vida também passa por aqui: procurar ser iguais a nós próprios no trabalho, no lazer, nos momentos sérios da vida e nos momentos de descontração.
Quem é maltratado pode não saber quem está por detrás da máscara.
Quem faz mal, ainda que protegido pela máscara, e tiver (alguma) consciência, saberá que fez mal, agiu à falsa fé, usou a hipocrisia e a cobardia para esconder as suas debilidades físicas e/ou afetivas.
Estas palavras não são para terceiros. É para todos. Podemos passar por algum momento de fraqueza em que nos escondamos do olhar dos outros…
Estamos todos a caminho.
Quem puder e/ou quem quiser aproveite o Carnaval para se divertir não à custa dos outros, mas com os outros e para os outros. À custa dos outros, brincávamos quando éramos crianças…
São oportunas a palavras do Apóstolo São Paulo:
«Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus» (1 Cor 10, 31). Quando nos estão a ver ou quando ninguém está por perto, agir com a mesma honestidade!
Texto para a VOZ DE LAMEGO, n.º 4301, ano 85/14, de 17 de fevereiro de 2015
terça-feira, 25 de setembro de 2012
Testemunho: Viver a FÉ em Angola
O emigrante também pode rezar e participar nas Eucaristias no país de acolhimento.
É possível estar com Deus no trabalho.
Estar com Deus e rezar em Sua casa quando estamos distantes das nossas origens ou da nossa terra… Parece que é difícil arranjar um tempo para podermos estar junto de Deus, mas da mesma maneira que temos tempo para trabalhar e para nos divertirmos devemos arranjar tempo para ir à casa do Pai agradecer pela semana de trabalho e pelos benefícios da semana.
Eu (Tony) estou por terras de África, em Angola, e vou praticamente todos os Domingos à Missa, onde quer que eu me encontre, no Golungo Alto, em N’Dalatando, ou no Dondo Caxito. Tenho de me levantar às 6h00 da manhã, mas mesmo com sacrifício vou e na Igreja sinto que estou mais perto de casa, sinto que estou mais leve e ajuda-me a passar melhor a semana. Vou sempre sozinho. Somos cerca de 30 portugueses e ninguém me acompanha. E na Igreja também é difícil ver outros portugueses. Acho que os emigrantes só são católicos quando estão de regresso à sua terra. Quando estamos emigrados esquecemos!
As celebrações aqui são muito bonitas e também muito demoradas, uma missa normal demora cerca de 2 horas, pois os angolanos são muito participativos.
Já participei em celebrações muito bonitas, tais como a Páscoa, os votos perpétuos de uma Irmã, a chegada de um novo Padre, o Encontro Nacional dos Jovens, no Dondo, que teve a presença das Relíquias de Dom Bosco, Pai, Mestre e Amigo dos Jovens.
Nas Eucaristias, gosto principalmente dos cânticos e das danças, eles dançam e cantam bastante e animam muito a celebração. Depois, o ofertório solene também é muito participado. As pessoas dão aquilo que às vezes lhes faz falta mas partilham com os outros a contar sempre com a graça de Deus. Partilhar o pouco que têm com quem tem menos isso é lindo. Essas ofertas servem para alimentar o Seminário, os mais pobres, a cadeia, alguns doentes do hospital, etc.
No encontro nacional dos jovens achei que podiam ter feito mais, achei que foram pouco participativos e acabou por ser quase uma celebração normal, embora com muita dedicação.
É assim a vida de um emigrante que queira estar com Deus… E que Deus vá cuidando de nós.
Angola, setembro 2012, TONY SILVA, in Boletim Paroquial Santa Eufémia, n. 2
terça-feira, 22 de maio de 2012
A Lua cheia... sem comentários a acrescentar...
A LUA cheia elevou-se gloriosamente sobre a cidade, e todos os cães do sítio começaram a ladrar à lua.
Só um cão não ladrou, e disse aos outros com voz grave:
- Não acordeis o silêncio do seu sono, não puxeis a lua para a terra com os vossos latidos.
Então todos os cães deixaram de ladrar e permaneceram em terrível silêncio.
Mas o cão que tinha falado continuou a ladrar, reclamando silêncio, durante toda a noite.
Só um cão não ladrou, e disse aos outros com voz grave:
- Não acordeis o silêncio do seu sono, não puxeis a lua para a terra com os vossos latidos.
Então todos os cães deixaram de ladrar e permaneceram em terrível silêncio.
Mas o cão que tinha falado continuou a ladrar, reclamando silêncio, durante toda a noite.
in "O povo de Rio Tinto", ano 34, n.º 291
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
A fé em Jesus Cristo não deve admitir aceção de pessoas
Mais um pedaço da Epístola de São Tiago que vale a pena ler e mastigar, sem grandes comentários, pois as suas palavras são claríssimas, colocando-nos na imitação de Jesus Cristo:
A fé em Nosso Senhor Jesus Cristo não deve admitir acepção de pessoas.
Pode acontecer que na vossa assembleia entre um homem bem vestido e com
anéis de ouro e entre também um pobre e mal vestido. Talvez olheis para o
homem bem vestido e lhe digais: «Tu, senta-te aqui em bom lugar»; e ao
pobre: «Tu, fica aí de pé»; ou então: «Senta-te aí, abaixo do estrado
dos meus pés». Não estareis a estabelecer distinções entre vós e a
tornar-vos juízes com maus critérios? Escutai, meus caríssimos irmãos:
Não escolheu Deus os pobres deste mundo para serem ricos na fé e
herdeiros do reino que prometeu àqueles que O amam? Vós, porém,
desprezais o pobre. Não são os ricos que vos oprimem e arrastam aos
tribunais? Não são eles que ultrajam o nome sublime que sobre vós foi
invocado? Assim, se cumprirdes a lei régia da Escritura: «Amarás o teu
próximo como a ti mesmo», procedeis bem. Mas se fizerdes distinção de
pessoas, cometeis pecado, porque a Lei vos acusa como transgressores (Tg 2, 1-9)
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
sábado, 28 de janeiro de 2012
IV Domingo do Tempo Comum (ano B) - 29 de janeiro
1 – "Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações". Respondemos à Palavra de Deus com a mesma Palavra de Deus, através dos salmos. E neste domingo ecoa nos nossos ouvidos esta recomendação: sermos ouvintes a partir do nosso coração. Habitualmente usamos duas palavras para o sentido da audição: ouvir e escutar. O ato de ouvir é comum ao ser humano e a outros seres vivos. Até as plantas ouvem, até as plantas têm necessidade de ser afagadas e de ouvir... Assim, na experiência doméstica de muitos, a constatação que um gato, um cão, um pássaro definham se estiverem muito tempo sem ouvir a voz dos donos. E como saltam euforicamente quando pressentem a proximidade do dono, quando ouvem o rugido da porta de entrada, ou mesmo quando ouvem o barulho do carro que estaciona.
E por aqui também vemos como o ouvir mexe com o organismo, mexe também connosco.
Como precisamos de ouvir ruído, um carro a passar, uma música, uma voz, alguém a conversar na rua!... ou simplesmente as vozes que saltam da televisão ou da rádio. Todos conhecemos pessoas que não gostam de ver televisão, ou nem prestam atenção ao que passa na rádio, mas que ligam os aparelhos para se sentirem menos sós. Quando a solidão ataca, ouvir uma voz pode ser acalentador!
2 – Escutar é genuinamente humano, é prestar atenção, olhar, obedecer, é colocar-se em atitude de diálogo, de acolhimento não apenas de uma mensagem mas da pessoa que a profere. Quando a Palavra de Deus ressoa nos nossos ouvidos não pode ser apenas um ruído que perturba, mas o próprio Deus que vem habitar-nos, que desce ao nosso íntimo, ao nosso coração. Por vezes é necessário fechar os olhos (e até os ouvidos) para que a palavra de Deus possa dançar nas profundezas da nossa alma. Depois essa dança converter-se-á em alegria e há de brilhar através do nosso olhar, das nossas palavras e dos nossos gestos.
O povo de Israel, no seu peregrinar pelo deserto, em diversos momentos, transformou a palavra de Deus em ruído exterior, sem deixar que ela tocasse as suas vidas. Em momentos de desânimo, quando a vida é mais complexa e mais dura, facilmente se esqueceram (e nos esquecemos?) das palavras de Deus, perdendo confiança e entregando-se à murmuração, como que exigindo uma intervenção permanente e milagrosa de Deus. Como se a fé em Deus (e nas Suas promessas) significasse o fim de todos os problemas e a ausência de dificuldades e da necessidade do esforço pessoal e comunitário. O salmo provoca a escuta e a mudança do coração, escutar a partir do interior, a partir da alma, para nos abrirmos ao mistério que nos chega de Deus, que pode transformar o mundo que habitamos.
3 – Na primeira leitura, Deus fala a Moisés e por ele a todo o povo, prometendo-lhe o envio de um profeta que fale em Seu nome, para que o povo não se atemorize na Sua presença.
«O Senhor teu Deus fará surgir no meio de ti, de entre os teus irmãos, um profeta como eu; a ele deveis escutar. Foi isto mesmo que pediste ao Senhor teu Deus no Horeb, no dia da assembleia: ‘Não ouvirei jamais a voz do Senhor meu Deus, nem verei este grande fogo, para não morrer’. O Senhor disse-me: ‘Eles têm razão; farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar. Se alguém não escutar as minhas palavras que esse profeta disser em meu nome, Eu próprio lhe pedirei contas'».
Com efeito, ainda que através do profeta, as palavras de Deus terão a mesma força e a mesma exigência. Deus colocará a sabedoria e as palavras nos seus enviados, para serem como que um esteio entre o povo, na fidelidade aos mandamentos, na procura constante por praticar o bem e a justiça, viver na concórdia e ajudando-se como família.
A caminhada do deserto foi demorada e exigiu um grande esforço, não tanto pelas condições adversas, próprias da aridez e da oscilação climática (entre o calor e o frio extremos), mas sobretudo pelos recuos e avanços na vivência dos mandamentos, referência fundamental (e libertadora) para todo o povo.
A lei, justa e esclarecida, equilibrada e para todos, é libertadora. Como alguém recorda, é como uma pequena cruz no canto de uma folha em branco, temos todo o espaço para preencher com a nossa escrita, com a nossa vida. Os dois pequenos traços cruzados dizem-nos que podemos escrever, que somos livres para agir, ainda que a folha já tenha uma marca. Se nos concentrarmos nessa marca e nos lamentarmos por a folha já se encontrar iniciada (trazemos já inscritas regras no nosso código genético), esqueceremos rapidamente que há muito mais para viver, alguém nos facilitou o caminho, sabemos por onde iniciar, de onde partir...
A cada passo surgem vozes a murmurar e a lamentar-se pela falta de comodidade que teriam no Egito, ainda que não tivessem liberdade (tendo a folha já cheia de traços, sem espaço a preencher) e, naturalmente, a tentação de regressar a hábitos e tradições, próprias de um povo politeísta e bem mais permissivo na moral e nos costumes e pouco exigentes na defesa e valorização da vida humana.
4 – Jesus é a palavra encarnada, o medo que os judeus tinham de escutar a voz de Deus, que vinha do alto como um estrondo, chega agora de forma indolor, quase silenciosa, entra na história (quase) anonimamente, não por entre as nuvens, mas a partir do interior da humanidade. A Palavra tem um rosto, é uma Pessoa, faz-Se carne em Jesus Cristo.
A Palavra de Deus, mediada pelos profetas, perde por vezes a sua eficácia. Em alguns momentos, o povo distancia-se da palavra de Deus por não lhe reconhecer a força ou simplesmente por faltarem profetas – a Palavra de Deus torna-se inacessível, difícil de compreender pela multiplicação e ruído das palavras. Os escribas e doutores da lei tornaram demasiado complexa a palavra de Deus e, por outro lado, tornaram-na fator de divisão. Esclarecidos, sabiam como contornar a lei ou justificar os seus desvios, com outros preceitos. As pessoas mais simples procuravam cumprir mesmo não entendendo o que se lhes pedia, ou parecendo-lhes excessivo, mas sem terem como argumentar.
Com Jesus Cristo, a Palavra volta a plantar-se no coração dos homens e das mulheres. Não nos atemoriza porque podemos escutá-la até no deserto das nossas preocupações, no mais íntimo de nós, até mesmo no silêncio mais profundo.
Ele é o Mestre dos Mestres, é a Palavra que Se faz Pessoa e tem palavras de vida eterna. N'Ele as palavras são expressão da Sua intimidade com Deus, refletem o que pensa e a forma como age na relação com o mundo e com as pessoas.
"Encontrava-se na sinagoga um homem com um espírito impuro, que começou a gritar: «Que tens Tu a ver connosco, Jesus Nazareno? Vieste para nos perder? Sei quem Tu és: o Santo de Deus». Jesus repreendeu-o, dizendo: «Cala-te e sai desse homem». O espírito impuro, agitando-o violentamente, soltou um forte grito e saiu dele. Ficaram todos tão admirados, que perguntavam uns aos outros: «Que vem a ser isto? Uma nova doutrina, com tal autoridade, que até manda nos espíritos impuros e eles obedecem-Lhe!» E logo a fama de Jesus se divulgou por toda a parte, em toda a região da Galileia".
A palavra de Jesus liberta, cura, e desafia-nos à coerência de vida. A autoridade que se Lhe reconhece vem da simplicidade com que fala às multidões e a cada pessoa que encontra. Não fala como estranho, como alguém superior ou mais sábio, mas fala ao coração, com gestos, com autenticidade, de forma simples, mistura-se com o povo, deixa-se tocar, deixa-se arrastar no meio da multidão, vai onde precisam d'Ele, da Sua palavra ou dos seus gestos.
Como discípulos deixemo-nos envolver pela Sua presença, pela Sua palavra, agindo sabendo que Ele está connosco, a olhar para nós, a contemplar a nossa vida.
Textos para a Eucaristia (ano B): Deut 18,15-20; Sl 94 (95); 1 Cor 7,32-35; Mc 1,21-28.
Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Expressão de Bento XVI é verdadeira

Laboratório de Expressão Facial da Emoção, da Universidade Fernando Pessoa, no Porto, fez um estudo inédito da expressão e linguagens faciais do Papa Bento XVI.
Segundo Freitas-Magalhães, director do laboratório da Faculdade de Ciências da Saúde, e especialista em expressão facial da emoção, "os movimentos e linguagens faciais do Papa Bento XVI são simétricos e articulados com o discurso verbal e contexto nos quais são produzidos e exibidos".
Ou seja, o Sumo Pontífice exibe uma expressão facial "congruente, consistente e verdadeira".
O estudo inédito da expressão e linguagens faciais do Papa Bento XVI, que está em desenvolvimento no Laboratório de Expressão Facial da Emoção da Universidade Fernando Pessoa, iniciou-se quando foi eleito pelo conclave de cardeais, em 2005, e faz parte do projecto científico "A neuropsicofisiologia da face: Os movimentos e linguagens em figuras públicas".
O presidente norte-americano, Barack Obama, foi o primeiro a ser objecto da "autópsia facial" no âmbito daquele programa, seguindo-se o chefe de estado português, Cavaco Silva.
Freitas-Magalhães vai apresentar os resultados sobre o estudo da expressividade da face do Papa Bento XVI durante a conferência "Os Vestígios Emocionais do Cérebro na Face Humana: O Efeito da Idade", a 20 de Maio, na Universidade Católica, em Braga.
Notícia: JN (Jornal de Notícias).
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