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terça-feira, 20 de março de 2018

VL – Perguntemos o caminho aos santos…

       Porque é que o povo de Israel demorou 40 anos a atravessar o deserto?
       Porque Moisés, como todos os homens, se recusou a perguntar o caminho. Esta é a conclusão de uma avó, em dia do Seder (páscoa judaica), no momento de recordar a libertação do Povo Eleito e a travessia pelo deserto (Gayle Forman, em Apenas um dia).
       A Sagrada Escritura relata a itinerância/errância do povo de Israel, através do deserto, durante 40 anos, o tempo de uma geração dar lugar uma nova geração: os que saem do Egipto não são os mesmos que entram na terra prometida. 40 anos é muito tempo para percorrer 200 quilómetros. Uma questão à qual a Bíblia responde com a incredulidade do Povo. Alguns dias que demorariam convertem-se em longos anos. O número é simbólico, 40 é o tempo necessário a preparar um grande acontecimento, uma grande mudança de vida.
       Esta avó arranjou uma resposta, no mínimo, curiosa. Sabemos que, sobretudo, os homens têm dificuldade em perguntar direções. Podem ir em sentido contrário ou fazer um desvio pelo dobro da distância, mas recusam, numa viagem automóvel, parar para perguntar, para dissipar dúvidas. É o orgulho masculino, ainda que hoje em dia haja GPS’s que facilitem este brio masculino. É comum dizer-se que os homens têm um grande sentido de orientação e as mulheres uma grande dificuldade em ler mapas. Como em tudo, não se pode generalizar e é possível que hoje os conhecimentos e os meios técnicos atenuem estas diferenças.
       Talvez seja preferível perguntar o caminho ou utilizar o GPS, para que o caminho não nos faça andar às voltas quando podemos desfrutar da Terra Prometida. Para nós cristãos a Terra Prometida é Jesus Cristo, é n’Ele que nos encontramos como filhos amados de Deus. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Ele. Nesta busca, não estamos sós, contamos com todos, com os que nos rodeiam e com os Santos, lampejos de luz que nos conduzem à Luz verdadeira, a Jesus. Muitas vezes escutámos o apóstolo São Paulo a dizer-nos: sede meus imitadores como eu sou de Cristo.
       Se estivermos perdidos, com dúvidas, na incerteza do caminho a trilhar, prestemos atenção aos pontos de luz que nos orientam para o Farol, aos santos que nos guiam até Jesus. Eles transportaram o sonho de viver ao jeito de Jesus, procurando que Deus marcasse o ritmo das suas vidas, apesar das dificuldades e dos sacrifícios, das dúvidas e dos desencontros. Perguntemos-lhes o caminho! Sigamos em frente, confiantes!

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Comemoração dos Fiéis Defuntos


       Dois dias que se completam: solenidade de TODOS OS SANTOS e Comemoração dos FIÉIS DEFUNTOS.
       Nestes dias recordamos todos os que já partiram para a eternidade, agradecendo os benefícios que Deus através deles, nos concedeu, pedindo que na eternidade gloriosa intercedam por nós. A nossa oração pelos nossos entes queridos ressoará até ao coração de Deus.
       A certeza da fé na ressurreição conforta a dor e o luto da separação e da perda "aparente". Este dia, como o dia anterior, é um dia de festa, porque juntos, aqui na terra, e na eternidade, unimo-nos a Deus. Como diria São Cipriano, os que já morreram não os perdemos, "simplesmente os mandámos à frente".
       Para a liturgia da Igreja é um dia de esperança. Deus virá em nosso auxílio.

A liturgia da Igreja propõe a celebração de três Missas.
Fica aqui a referência à primeira missa.

Primeira Leitura: 
       "Eu sei que o meu Redentor está vivo e no último dia Se levantará sobre a terra. Revestido da minha pele, estarei de pé; na minha carne verei a Deus. Eu próprio O verei,  meus olhos O hão-de contemplar" (Job 19, 1.23-27a).

Segunda Leitura: 
       "Como sabemos, irmãos, Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos há-de ressuscitar com Jesus e nos levará convosco para junto d’Ele...
       Ainda que em nós o homem exterior se vá arruinando, o homem interior vai-se renovando de dia para dia.
       Porque a ligeira aflição dum momento prepara-nos, para além de toda e qualquer medida, um peso eterno de glória.... (2 Cor 4, 14 - 5, 1). 

Evangelho:
       "Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos" (Mt 11, 25-30).

Da segunda Missa proposta:

Primeira Leitura:
       "Porque, se ele não esperasse que os que tinham morrido haviam de ressuscitar, teria sido em vão e supérfluo orar pelos mortos. Além disso, pensava na magnífica recompensa que está reservada àqueles que morrem piedosamente. Era um santo e piedoso pensamento" ( 2 Mac 12, 43-46).

Segunda Leitura:
       "Nós sabemos que, se esta tenda, que é a nossa morada terrestre, for desfeita, recebemos nos Céus uma habitação eterna, que é obra de Deus e não é feita pela mão dos homens" ( 2 Cor 5, 1.6-10).

Evangelho:
       "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim nunca morrerá" (Jo 11, 21-27).

Da terceira Missa proposta para este dia:

Primeira Leitura: 
       "Ele destruirá a morte para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces e fará desaparecer da terra inteira o opróbrio que pesa sobre o seu povo (Is 25, 6a.7-9).

Segunda Leitura: 
       "Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido" (1 Tes 4, 13-18).

Evangelho:
       "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu o ressuscitarei no último dia. A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e Eu nele" ( Jo 6, 51-58).

sábado, 1 de novembro de 2014

Comemoração dos Fiéis Defuntos | Pe. João Carlos

       1 – Depois de ontem ter celebrado a Solenidade de TODOS os Santos, a Igreja faz hoje memória de TODOS os seus filhos defuntos. As datas seguidas cronologicamente estão igualmente próximas na sua simbologia e mensagem. Celebramos os Santos porque já morreram, sufragamos os defuntos para que vivam em plenitude a bem-aventurança eterna.
       2 – Esta tradição, bela, de rezar pelos mortos encontra raízes bíblicas no Antigo Testamento (2 Mac 12, 43-46) e tem uma significação prenhe de esperança iluminada pelo Mistério Pascal de Cristo. É para esta tonalidade esperançosa que nos arrastam as leituras bíblicas das Missas deste dia a fim de que não vivamos esta data como os que não tem fé, como bem nos adverte S. Paulo: “Não queremos, irmãos, deixar-vos na ignorância a respeito dos defuntos, para que não vos entristeçais como os outros homens que não têm esperança. Se acreditamos que Jesus morreu e ressuscitou, do mesmo modo, Deus levará com Jesus os que em Jesus tiverem morrido.” ( 1 Tes 4, 13 – 14).

       3 – A nossa região está cheia de tradições que evocam esta devoção: dela falam as “alminhas” que colocadas à beira dos caminhos são um convite a rezar pelos que nos precederam nos caminhos da vida; nas igrejas são muitos os altares das almas, com frequentes representações do Juízo Final; na oração do terço ou do Angelus ainda se conserva, com frequência, uma intenção pelas almas das nossas obrigações e pelas mais abandonadas e o mesmo fazemos neste dia nas visitas aos cemitérios.
       4 – No entanto, algumas coisas se vão perdendo: diminui o hábito de oferecer a Eucaristia pelos nossos familiares e benfeitores defuntos; porventura já não se reza pelos mortos quando passamos perto dum cemitério; e, para muitos, já se perdeu a chave de leitura das “alminhas”, não se sabe o que são e muito menos para que servem. Presos na voragem da vida não encontramos tempo para pensar nos mortos, nem na morte, nem para ler os sinais litúrgicos, artísticos e culturais, que frequentemente julgamos doutros tempos e de outro mundo. E, no entanto, a única coisa certo que temos neste mundo é que iremos para o outro mundo. “Desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no Céu uma habitação eterna” (Prefácio da Missa pelos Defuntos).

       5 – Corremos o risco de vivermos numa cultura cristã uma fé de pagãos. Este é um tempo propício a um olhar mais atento às tradições e símbolos que ainda se conservam e a lê-los devagar com a alma e o coração, para (re)descobrir a mensagem imensa que eles nos transmitem. Olhar - seguindo uma vez mais S. Paulo - para as coisas invisíveis é mais seguro do que olhar só para as visíveis. É que estas são passageiras, ao passo que as outras são eternas.

       6 – Pensar na morte não é necessariamente mal, antes pelo contrário, pode ser das melhores maneiras de viver com tranquilidade o nosso quotidiano. Olhamos com serenidade e esperança o presente e o futuro, iluminados pela nossa fé em Cristo ressuscitado. Rezemos hoje o final da bela e tradicional oração “Alma de Cristo”: “Na hora da minha morte, chamai-me e mandai-me ir para Vós para que, com os votos santos, Vos louve por todos os séculos dos séculos. Amém

Pe. João Carlos,
Pró Vigário Geral da Diocese de Lamego

sábado, 2 de novembro de 2013

Jesus Cristo é o olhar que nos guia ao CÉU

       Para nós cristãos, Jesus Cristo é o Reino de Deus, encarnado na história e no tempo, é o nosso Céu, é n'Ele, com Ele e por Ele que vamos ao Pai, que entramos na eternidade.
       Do mesmo modo que é a Ressurreição e a Vida, o nosso Céu, podemos também dizer que Jesus é o nosso Purgatório, entendido aqui positivamente como purificação e preparação para o encontro com Deus e não como castigo.
        Ao celebrarmos a solenidade de Todos-os-Santos - aqueles que se encontram na glória de Deus Pai -, e logo depois a Comemoração dos Fiéis Defuntos - aqueles que se encontram em (no) Purgatório -, somos interpelados pelos bens últimos, pela ESPERANÇA de salvação.
       A Igreja Católica, e assim o professamos no CREDO, crê na misericórdia infinita  de Deus que nos orienta para o Céu, mas também na possibilidade de escolhermos a nossa vida à margem ou contra Deus - Inferno -, e num estado intermédio, o Purgatório: a caminho do Céu, do encontro definitivo com Deus Pai, mas ainda necessitados de purificação, para que nos apresentemos limpos de toda a mácula.
       O PURGATÓRIO, no entanto, não é um lugar físico, uma antecâmara do Céu, ou o Hall de entrada para o Céu. É um estado do nosso ser pessoa. Nem um tempo cronológico, mas um tempo teológico, ou seja, já faz parte da eternidade de Deus.
       A nossa natureza ascendeu para junto de Deus Pai. Jesus Cristo na ressurreição/ascensão ao Céu, colocou a natureza humana à direita do Seu e nosso Pai. Como nos diz a Sagrada Escritura, quem vir o rosto de Deus morrerá, tal é a luminosidade de Deus, ferirá de morte todos os que d'Ele se aproximarem em tão grande proximidade.
       Quando estamos preparados, entrámos na glória da Ressurreição. Se o nosso olhar ainda não está suficientemente preparado/purificado, precisamos, nesse caso, de nos prepararmos. Como? Pela oração, pelo sacrifício supremo da nossa fé - a EUCARISTIA. É Jesus Cristo que nos conduz, que nos guia, que nos leva a Deus - "ninguém vai ao Pai senão por Mim -.
       É o nosso Purgatório, é Ele - verdadeiro Deus e verdadeiro Homem - que faz a ponte, em comunhão com a nossa natureza humana, purifica-a e introdu-la na natureza divina.
       Vejamos um exemplo: quando saímos de um compartimento escuro para a claridade do dia, ficámos "como" que cegos. E se tentarmos olhar directamente para o Sol ficamos cegos momentaneamente, e podemos ficar com ferimentos na vista. Deus é o nosso SOL, e, assim, só quando estamos verdadeiramente luminosos ascendemos à Sua presença. Para olharmos para o sol, abrimos pouco a pouco os olhos, colocamos uma mão à frente, paramos um pouco para nos habituarmos a tamanha claridade, ou pomos óculos do sol.
      Jesus Cristo desempenha a função de óculos de Sol, na nossa aproximação à luminosidade de Deus Pai - através d'Ele purificamos o nosso olhar, a nossa alma, para chegarmos ao Céu, para vermos Deus face a face. Ele é, nesta perspectiva, o nosso Purgatório, enquanto nos prepara/purifica para a Glória eterna de Deus.
       Como é imenso e incomensurável o MISTÉRIO de DEUS!
       Peçamos-Lhe o Espírito de Sabedoria para entendermos mas sobretudo para vivermos, aproximando-nos de Jesus Cristo, preparando-nos com Ele, para ascendermos com Ele até ao Pai do Céu.