A terceira Carta Encíclica de Bento XVI empresta o título a este blogue. A Caridade na Verdade. Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas só esta entra na eternidade com Deus. Espaço pastoral de Tabuaço, Távora, Pinheiros e Carrazedo, de portas abertas para a Igreja e para o mundo...
Mostrar mensagens com a etiqueta Job. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Job. Mostrar todas as mensagens
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024
segunda-feira, 24 de abril de 2017
VL - Resiliência na oração
A Quaresma recentra-nos tradicionalmente em três dinâmicas para melhor vivermos a Páscoa do Senhor: a oração, o jejum e a esmola. São vistas como expressões da conversão interior, da adesão decidida a Jesus e ao Seu Evangelho, como concretização do nosso compromisso em nos tornarmos discípulos missionários, identificando-nos com o Mestre da Docilidade para, como Ele e com Ele, nos fazermos próximos dos outros e os acolhermos como irmãos.
A oração é o ponto de partida e o chão que nos move para Deus. E se a oração é autêntica levar-nos-á a querer o que Deus quer. Na oração predispomo-nos a encontrar a vontade de Deus para nós. A referência é Jesus Cristo, cuja vontade paterna é o Seu programa de vida, o Seu alimento. Eu venho, ó Deus, para fazer a Vossa vontade. Faça-se não o que Eu quero, mas o que Tu queres! A oração não é fácil. Ou nem sempre é fácil, sobretudo quando a vida não corre de feição. Ainda assim não devemos deixar de rezar, de suplicar, de louvar, de agradecer a Deus, a chuva e o sol, o vento e a névoa!
Alguns modelos de oração combativa: Abraão, Jacob, Moisés, Ana, Job, David, Jesus.
Abrão “negoceia” com Deus, insistindo até ao limite, com veemência, tentando proteger a cidade de Sodoma e de Gomorra. É um dos exemplos muito queridos ao Papa Francisco. Jacob é aquele que luta com Deus pela noite dentro e, por isso, o seu nome é mudado para Israel, porque lutou com Deus e venceu. Moisés eleva os braços, o coração, a vida para Deus, intercedendo uma e outra vez pelo povo, de dura servis, mas ainda assim o povo que Deus lhe confiou. Ana, mãe de Samuel, que persiste na oração até que Deus lhe concede o que deseja. Job, na imensidão do mistério de Deus, no confronto com a desgraça pessoal e familiar, não desiste de se dirigir a Deus, convocando-O à justiça. E Deus responde-lhe. David, grande Rei – o Papa Francisco invoca-o como São David – apesar do grave pecado contra o próximo, tomando a mulher de Urias e provocando-lhe a morte, não deixa de dialogar com Deus, penitente, arrependido, assumindo as consequências do seu pecado, protegendo o povo. E, claro, a oração de Jesus. Em todos os momentos cruciais da Sua vida, Jesus respira oração, suplicando, louvando, agradecendo, oferecendo. A sua vida faz-se oração, mas Jesus reserva momentos específicos para orar a Deus Pai: antes da vida pública, antes de escolher os apóstolos, na realização de milagres, antes do Calvário… e na Cruz!
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4406, de 4 de abril de 2017
sábado, 7 de fevereiro de 2015
Domingo V do Tempo Comum - ano B - 8.fev.2015
1 – Pregar. Anunciar. Evangelizar. «Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, porque foi para isso que Eu vim». Ide e fazei discípulos. Ide e anunciai o Evangelho a toda a criatura. "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Enviou-me a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos, a proclamar o ano da graça do Senhor" (Lc 4, 16-30). Em diferentes momentos, nos quatro evangelhos, Jesus sublinha a MISSÃO de ANUNCIAR a Boa Nova. O chamamento dos Apóstolos tem como preocupação inicial "treiná-los" para os ENVIAR em missão, para que levam o Evangelho a toda a parte.
Fazer a vontade do Pai é revelar o Seu Amor a toda a criatura. Quando Se encontra com as multidões, quando sente compaixão por aquelas pessoas, antes ou depois de realizar prodígios, Jesus ENSINA, parte para outras margens, vai a outras povoações. E como o Pai O envia também Ele envia os Seus discípulos (cf. Jo 20, 21).
Paulo VI, na sobejamente conhecida Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, diz categoricamente: "Evangelizar constitui, de facto, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar, ou seja, para pregar e ensinar, ser o canal do dom da graça, reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na santa missa, que é o memorial da sua morte e gloriosa ressurreição" (n.º 14).
Expressões e compromissos que os Seus sucessores acentuarão em diversas ocasiões e documentos. Um desafio constante no Pontificado de João Paulo II que compromete a Igreja com a Nova Evangelização. O Papa Francisco, partindo do Documento da Aparecida, e na Sua primeira Exortação Apostólica, sintoniza-nos com a urgência da Alegria do Evangelho, lembrando-nos que somos discípulos missionários. A Igreja encontrar-se-á na medida em que estiver em saída, levando Cristo, indo à procura de todas as ovelhas perdidas.
2 – O anúncio do Evangelho – Palavra de Deus encarnada, Jesus Cristo – é acompanhado de libertação, de acolhimento, de inclusão, de vida nova. A Boa Notícia que Jesus nos traz – Deus ama-nos como filhos – faz-nos família, sara as nossas feridas, expulsa os demónios que nos atormentam, cura os nossos ódios e desejos de vingança, liberta-nos para nos amarmos uns aos outros, apostando no perdão e no serviço.
Saindo da Sinagoga, Jesus faz-se acompanhar de Tiago e João e vai a casa de Simão e de André, que estão preocupados pois a sogra de Simão Pedro está doente, com febre. Logo lhe falam dela. Veja-se a dinâmica e a importância da intercessão. A delicadeza de Jesus é notória: toma-a pela mão e levanta-a. Como em outras situações, aqueles que se sentem salvos por Deus predispõem-se de imediato para o serviço. É o que faz a sogra de Pedro: curada, responde com serviço.
Ao cair da tarde, já depois do sol-posto, isto é, quando se inicia um novo dia, como a vida em gestação no ventre materno até ser dia, trazem a Jesus todos os doentes e possessos, com a cidade inteira reunida para O ver e O ouvir. Jesus cura muitas pessoas e liberta os que são atormentados pelos demónios, para que vivam na claridade do amanhecer que vai surgir.
São Marcos coloca-nos dentro deste filme, guia-nos ao encontro de Jesus.
Sem muito tempo para descansar, ainda manhã cedo, Jesus levanta-se e retira-se para orar. A intimidade com o Pai – em diálogo permanente mas com tempos determinadas para melhor absorver o Espírito – é o Seu alimento. Quanto mais perto de Deus, mais perto dos homens. Quanto maior a intimidade com Pai, mais desprendimento para cuidar dos irmãos.
Quando os discípulos despertam e se apercebem que Jesus já não está no meio deles, saem à procura d'Ele. Para nós: se nos apercebemos que Jesus não está no meio de nós há que O procurar, indo ao Seu encontro.
3 – «Todos Te procuram» – dizem os discípulos a Jesus. Saliente-se, mais uma vez, a intercessão. Os discípulos levam a Jesus a preocupação das pessoas. Por outro lado, TODOS Te procuram, inclui-nos e reforça a necessidade da evangelização dos cristãos e da Igreja. O "todos" que os discípulos levam a Jesus refere-se por certo às pessoas daquela cidade e que se tinham juntado diante da casa de Pedro. Mas logo Jesus alarga a referência a "TODOS": «Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de pregar aí também, porque foi para isso que Eu vim».
Jesus relembra o Seu propósito: IR a outros lugares PREGAR. E foram, por toda a Galileia. A Galileia é uma terra de passagem, uma via de comunicação, que gera encontro com pessoas de diversas nacionalidades, comerciantes e mendigos, judeus e gentios, sublinhando a universalidade da evangelização.
São Paulo, na segunda leitura hoje proclamada, chão da Evangelii Nuntiandi, de Paulo VI, deixa claro qual a sua missão como Apóstolo, vivendo-a não como opção, mas como vocação, compromisso, identidade cristã:
«Anunciar o Evangelho não é para mim um título de glória, é uma obrigação que me foi imposta. Ai de mim se não anunciar o Evangelho! Desempenho apenas um cargo que me está confiado... Livre como sou em relação a todos, de todos me fiz escravo, para ganhar o maior número possível. Com os fracos tornei-me fraco, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, a fim de ganhar alguns a todo o custo. E tudo faço por causa do Evangelho, para me tornar participante dos seus bens».
A sua e a nossa missão primeira: EVANGELIZAR. Em todo o tempo, em todas as ocasiões, oportuna e inoportunamente, como diz a Timóteo: "Proclama a palavra, insiste em tempo propício ou fora dele, convence, repreende, exorta com toda a compreensão e competência" (2 Tim 4,2). A pregação provoca movimento, ação, saída, ir ao encontro, procurar o outro e entrar em comunhão com ele. Por Cristo, "fiz-me tudo para todos".
4 – Em Job, o sofredor inocente, encontramo-nos com a nossa dor. Há tantas coisas que não compreendemos, desencontros, dúvidas, interrogações, há tantas noites mal dormidas, e tantos dias sem sol.
Lido neste desabafo, Job merece-nos compaixão: «Como o escravo que suspira pela sombra e o trabalhador que espera pelo seu salário, assim eu recebi em herança meses de desilusão e couberam-me em sorte noites de amargura. Se me deito, digo: ‘Quando é que me levanto?’. Se me levanto: ‘Quando chegará a noite?’; e agito-me angustiado até ao crepúsculo. Os meus dias passam mais velozes que uma lançadeira de tear e desvanecem-se sem esperança. – Recordai-Vos que a minha vida não passa de um sopro».
Bateu no fundo. Job, homem justo e piedoso, aos olhos dos homens e de Deus, come o pão que o diabo amassou. Mas no final sobrevém a justiça de Deus, a confiança n'Aquele que tudo pode e que não abandona aqueles que ama. O diálogo de Job com Deus é um grito lancinante que clama por justiça ou pelo menos pela resposta de Deus. Com ele aprendamos a levar a Deus tudo o que nos inquieta, o que nos faz bem e aquilo que nos desanima. Jesus assume o sofrimento de Job, carrega a Cruz para nos mostrar o abraço de Deus, que também no sofrimento nos atrai para Si. O Evangelho de Jesus liberta, traz-nos amor, presença, companhia, vida nova, afasta os demónios que nos dividem, expulsa de nós os instintos que criam divisão.
Deixemos que Jesus nos tome pela mão, como fez à sogra de Pedro. E como ela, levantemo-nos para servir os irmãos, no anúncio do Evangelho e na prática da caridade.
Pe. Manuel Gonçalves
Etiquetas:
Domingo,
Eucaristia,
Evangelii Nuntiandi,
Evangelização,
Homilias,
Jesus Cristo,
Job,
Liturgia da Palavra,
Missão,
Palavra de Deus,
Paulo VI,
São Marcos,
São Paulo
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
Limites que aproximam 2
Diante do sofrimento e do mal haverá lugar para a esperança? Ouvirá Deus a minha prece? Onde Se esconde Deus quando preciso d’Ele?
Job e Qohélet chegam à conclusão que o sofrimento não é resultado do bem ou do mal, pois há pessoas boas a sofrer muito e pessoas más a terem uma vida regalada. Os dois textos chegam quase a um beco sem saída. Se não houver uma justiça maior do que aquela que vivemos no tempo presente a nossa busca não teria sentido, tudo seria em vão. Se bem que essa constatação nos pudesse levar a desfrutar melhor da vida, positiva ou negativamente, o vazio seria sempre o destino dos nossos atos, e os nossos fracassos seriam sempre avassaladores.
Tudo é vaidade (tudo é em vão), a não ser que nos salve o olhar de Deus. "O resumo do discurso, de tudo o que se ouviu, é este: teme a Deus e guarda os seus preceitos, porque este é o dever de todo o homem. Deus pedirá contas, no dia do juízo, de tudo o que está oculto, quer seja bom, quer seja mau".
Job da mesma forma disponibiliza-se com humildade para reconhecer e aceitar a justiça de Deus que ultrapassa toda a justiça humana, ainda que nosso espírito ainda não esteja capacitado para ver.
Voltando ao ponto de partida, importa fazer de todas as nossas experiências uma oportunidade para nos tornarmos mais fortes, para aprendermos a viver melhor, mais confiantes, disponíveis para acolher o que o tempo nos pode trazer e sobretudo as pessoas e o mistério de Deus nos podem dar.
Parafraseando São Paulo, quando sou fraco é que sou forte. As minhas fraquezas e insuficiências podem efetivar a decisão firme de me abrir ao semelhante e me disponibilizar para aprender, para crescer. Os fracassos de hoje podem ser janelas abertas que me trazem o vento fresco, o sol que inunda de luz a minha casa, possibilitando que veja para lá das dificuldades do tempo presente.
O tempo presente não se compara ao que há de vir, onde veremos Deus face a face – São João sublinha que o que somos é uma pequena amostra do que seremos (1Jo 3,2) –, porquanto o nosso compromisso é com o tempo, com o mundo, com a história. É a nossa missão maior, que nos coloca a caminho – São Paulo (Fil 1, 19-26): vivo para ser útil para os meus irmãos.
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4249, de 28 de janeiro de 2014
Limites que aproximam
Faça das suas insuficiências oportunidade de partilha, de comunhão, de enriquecimento espiritual, de fortalecimento psicológico, numa palavra, faça com que os seus limites sejam uma porta aberta para a saúde (física e espiritual) e para a felicidade.
Numa série de desenhos animados, Naruto, uma das personagens, dá-nos uma lição extraordinária, e onde se intuem palavras da Bíblia. Jiraiya Sam, um dos três ninjas lendários, da aldeia oculta na folhagem, depara-se com o momento da morte e como numa crónica da sua vida deixa este testamento:
"Os fracassos são distrações, são testes que aperfeiçoam as nossas qualidades. Vivi a acreditar nisso e em troca jurei cumprir uma missão tão importante que me fizesse esquecer os meus fracassos, assim morreria como um grande ninja... no final também falhei nessa escolha... que história mais inútil... o mais importante é a capacidade de nunca desistir, nunca faltar à palavra, e principalmente nunca desistir, aconteça o que acontecer... Nunca desistir, era essa a verdadeira escolha que tinha de fazer...".
Encontramos esta riqueza de linguagem no livro de Eclesiastes e no livro de Job, que integram a literatura sapiencial, fazem parte do conjunto de livros do Antigo Testamento, que nos falam da sabedoria, ensinamentos, máximas do povo de Israel, lições de vida deixadas de pais para filhos, de mestres para discípulos.
Diz Qohélet (Eclesiastes) – vaidade das vaidades, tudo é vaidade… não há nada de novo debaixo do sol, tudo o que o homem faz é vaidade, não passa de um sopro que logo desaparece.
“Aquilo que foi é aquilo que será; aquilo que foi feito, há de voltar a fazer-se: e nada há de novo debaixo do Sol!... apliquei o meu espírito a estudar e a explorar… Apliquei, igualmente, o meu coração a conhecer a sabedoria, a loucura e a insensatez; e reconheci que também isto é correr atrás do vento. Porque na muita sabedoria há muita arrelia, e o que aumenta o conhecimento, aumenta o sofrimento” (Ecl 1, 17-18).
Em Job encontramos o mesmo lamento. O mal seria consequência/castigo do pecado. Job descobre que a sua vida corre mal, o que é uma tremenda injustiça. Sempre se dedicou a fazer o bem, a viver segundo a justiça, a praticar boas obras, a usar de misericórdia. No final, de nada lhe adiantou ser bom e justo, o mundo desabou sobre ele.
Haverá lugar para a esperança? Ouvirá Deus a minha prece? Onde Se esconde Deus quando preciso d’Ele?
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4248, de 21 de janeiro de 2014
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Crer... de coração aberto para Deus
"Crer significa olhar para toda a verdade de coração aberto e sem medo, mesmo que essa verdade contrarie a imagem que, seja por que motivo for, fazemos da fé. É por isso que da existência cristã também faz parte atrevermo-nos a falar com Deus a partir do abismo das nossas tentações e das nossas trevas, tal como Job fez.
Também faz parte dela não pensarmos que só podemos apresentar a Deus metade daquilo que somos, para o pouparmos ao resto, com receio de, com este resto, Lhe podermos desagradar.
Está errado: é precisamente perante Ele que devemos, que temos de, depositar todo o peso da nossa existência, em toda a sua verdade".
JOSEPH RATZINGER - Bento XVI, Do sentido de ser cristão. Principia 2009.
Também faz parte dela não pensarmos que só podemos apresentar a Deus metade daquilo que somos, para o pouparmos ao resto, com receio de, com este resto, Lhe podermos desagradar.
Está errado: é precisamente perante Ele que devemos, que temos de, depositar todo o peso da nossa existência, em toda a sua verdade".
JOSEPH RATZINGER - Bento XVI, Do sentido de ser cristão. Principia 2009.
domingo, 20 de setembro de 2009
Migalhas de Fé (continuação)
Cultiva hábitos de felicidade. Sê grato e nutre sentimentos felizes. Deixa que o teu corpo fale a linguagem da felicidade: que haja Primavera em cada passo que dás, notas harmoniosas na tua voz e um sorriso aprazível no rosto.
«Ele encherá a tua boca de sorrisos, e de júbilo os teus lábios»
(Job 8, 21).
Extraído de " Migalhas de Fé" - Para Seres o Teu Melhor Amigo, de Phil Etienne.
«Ele encherá a tua boca de sorrisos, e de júbilo os teus lábios»
(Job 8, 21).
Extraído de " Migalhas de Fé" - Para Seres o Teu Melhor Amigo, de Phil Etienne.
Subscrever:
Mensagens (Atom)