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terça-feira, 6 de setembro de 2016

VL - Jesus Cristo é Luz que nos salva


       «Vós sois a luz do mundo. Não se acende uma lâmpada para a colocar debaixo do alqueire, mas sobre o candelabro, onde brilha para todos os que estão em casa. Assim deve brilhar a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus» (Mt 5. 13-16) Jesus é esta luz que vem das alturas para iluminar toda a casa, o mundo inteiro.
       Habituados que estamos à eletricidade, quando falha logo ficamos desnorteados e procuramos resolver o problema com uma vela, uma lanterna, com a luz do telemóvel…
       Basta um lampejo de claridade e já nos orientamos. E se cada um de nós for essa pequena luz para os outros? E se juntarmos a nossa à luz do vizinho?
       Jesus é a Luz que elimina as trevas. O tempo do obscurantismo já era com a vinda de Jesus, ainda que muitos recusem esta luz. Luz que radica na verdade, no serviço, no amor. A ignorância, a superstição, o desconhecido, provocam temor. Muitos servem-se do conhecimento para “dominarem” os outros, escravizando-os pela ameaça, pelo medo, diante de forças poderosas, que exigem sacrifícios e subserviência.
       Ao longo da história muitos viveram à custa do medo alheio. Em terra de cegos, quem tem um olho é rei. A informação também é poder. Daqui também a relevância da educação, da cultura, da aprendizagem. O saber nunca é demais e nunca constitui um mal. Pelo contrário, pessoas bem informadas podem viver mais libertos.
       A preocupação de Jesus é libertar-nos de todos os demónios e espíritos impuros, para vivermos como filhos de um Deus que nos ama tanto ao ponto de nos confiar do Seu Filho amado.
       Perscrutando os sinais dos tempos, verifica-se que a informação, a evolução científica e tecnologia, a globalização do conhecimento, não redundou em mais humanidade. Nas palavras sábias de Bento XVI, a globalização tornou-nos vizinhos mas não irmãos.
       Uma pequena estória. Um jovem da aldeia foi para uma grande cidade. Arranjou trabalho e alugou uma divisão, numa cave. Com o primeiro ordenado mandou colocar eletricidade. Verificou então que as paredes que antes, à luz das velas, pareciam brancas, afinal estavam escurecidas e com algumas manchas! A eletricidade ia permitir arrumar melhor a casa, tirar as nódoas do chão e das paredes e, logo que oportuno, pintar as paredes.
       A luz expôs e tornou visível a sujidade, não a criou…

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4376, de 30 de agosto de 2016

terça-feira, 16 de agosto de 2016

VL – A luz que encadeia também ilumina

       Os tempos conturbados, sob ameaça constante do terrorismo, não trazem originalidade, a não ser pela extensão, pela globalização rápida da violência, pela generalização e visualização das agressões, das mortes… há desculpas e justificações que se repetem e há fundamentalismos que não olham a meios.
       O terrorismo é surpreendente. Atualmente é levado a cabo sem precisar de muita organização ou preparação. Acontece em qualquer lugar, a qualquer hora, sem qualquer suspeita. O vizinho do lado. Um membro da família. Alguém que frequenta os mesmos espaços culturais, sociais e lúdicos.
       Violência sempre existiu. Houve momentos na história em que as trevas fizeram perigar a luz e a esperança. Numa guerra convencional há algumas regras. Só se atacam os exércitos ou locais de armamento. Civis, mulheres, crianças são para proteger. Sabe-se quem são os beligerantes. O terrorismo não respeita ninguém, nenhuma regra, nenhuma conduta, nenhuma trégua.
       A desculpa da religião existiu no passado, por exemplo, nas Cruzadas, levadas a cabo pelos países católicos para “evangelizar” os países muçulmanos; a caça às bruxas nos países evangélico-protestantes. A luz que se queria impor afinal eram trevas que impediam a verdadeira luz, inclusiva, promotora da verdade, da paz, da justiça, do respeito pelos outros, pela sua cultura e pela sua idiossincrasia e bem longe da postura de Jesus.
        O Papa Francisco, por ocasião das Jornadas Mundiais da Juventude, voltou a insistir que as religiões promovem a vida, a paz e concórdia. Há grupos fundamentalistas islâmicos, como há grupos católicos fundamentalistas. Há que procurar a paz. Lutar pela justiça. Usar de misericórdia.
       A violência confunde. A ameaça constante traz insegurança e incerteza.
        A Europa continua a dizer-se cristã. Já pouco. Os símbolos cristãos foram escondidos, privatizados, disfarçados e assim muitas manifestações culturais que pudessem beber na fé, na religião, no evangelho. Deus morreu com Nietzsche, mas também com muitos líderes políticos, sendo substituído pelo relativismo, pela indiferença, pela igualdade de ideologias, de géneros, de religiões… uma mixórdia onde vale tudo. A Europa (e o Ocidente), cada vez menos cristã, foi uma civilização inclusiva, com muitos pecados ao longo dos tempos, mas que promoveu a inculturação. Hoje, em qualquer cidade, por mais pequena que seja, há pessoas de várias cores, religiões, etnias…
       É sempre necessário a vigilância e o cuidado para que prevaleça a vida, a verdade, a solidariedade, a inclusão de todos e especialmente dos mais frágeis. O medo que se está a implantar é contrário a uma civilização integradora, capaz de respeitar e até promover as diferenças, sem as anular ou esquecer.

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4375, de 9 de agosto de 2016

VL – A luz que ilumina também encandeia

       “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; habitavam numa terra de som­bras, mas uma luz brilhou sobre eles” (Is 9, 1). Este texto do profeta Isaías é lido e relido no Natal, sublinhando que Jesus é essa LUZ: “O Verbo era a Luz verdadeira, que, ao vir ao mundo, a todo o homem ilumina... E a Vida era a Luz dos homens. A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam” (Jo 1, 4-5.9). Jesus é Luz que ilumina todo o homem! Logo acrescenta São João: nem todos se abrem à Luz verdadeira.
       Jesus vem libertar-nos de toda a espécie de escravidão, das superstições, do medo em relação às forças da natureza e a um Deus-Juiz iníquo, pondo a descoberto também aqueles que em nome da política ou da religião usurpam o lugar de Deus e espezinham aqueles que deveriam ajudar e servir.
       Jesus traz esperança. Devolve a dignidade às pessoas. Dá coragem aos mais frágeis para não desistirem dos seus sonhos e lutarem pelos seus direitos. O obstáculo nunca poderá ser Deus, que é Pai. Deus não pode ser nem desculpa nem justificação para amordaçar, para controlar, para subjugar, para agredir, para matar. Jesus leva até ao fim este propósito. Morre por amor, para nos libertar, para nos devolver por inteiro à nossa filiação divina, com a força de nos irmanar.
       O mundo ocidental levou tempo a assimilar esta mensagem libertadora e luminosa. A cristandade viveu momentos de trevas, de preconceito, sob ameaças do inferno. Contudo, a revolução francesa como a globalização cultural, as democracias modernas como a luta pela igualdade entre os géneros foram possíveis num mundo amplamente cristianizado.
       Hoje convivem no mundo judaico-cristão pessoas de todas as cores, raças, culturas, religiões. Verificou-se, porém, que o chão que se tinha como cristão permitiu duas guerras mundiais, a crise económico-financeira, que tem sacrificado milhões de pessoas, a crise dos refugiados, os atos terroristas. Não a LUZ mas as trevas. A luz não leva ao mal, mas o mal pode querer de regresso as trevas, a desconfiança, o medo, o preconceito. É um medo que se espalha pela violência gratuita perpetrada por interesses encapotados, como sublinhou o Papa Francisco, a caminho das Jornadas Mundiais da Juventude, na Polónia: encontramo-nos em guerra, mas não de religiões, mas de interesses estranhos e egoístas.
       O mal não vem da LUZ. Esta pode erradicar as trevas. Todavia, pode encandear aqueles que vivem nas trevas. As obras das trevas desejam trevas.

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4374, de 2 de agosto de 2016