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quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Santa Cecília, Virgem e Mártir

Nota biográfica:
       O culto de S. Cecília, que deu o nome a uma basílica construída em Roma no século V, difundiu se amplamente a partir da narração do seu martírio em que ela é exaltada como exemplo perfeitíssimo de mulher cristã, que abraçou a virgindade e sofreu o martírio por amor de Cristo.
Oração de coleta:
       Ouvi, Senhor, benignamente as nossas súplicas e, por intercessão de Santa Cecília, concedei nos as graças que Vos pedimos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho na unidade do Espírito Santo.

Comentários de Santo Agostinho, bispo, sobre os Salmos

Cantai a Deus com arte e com júbilo

Dai graças ao Senhor com a cítara, tocai em sua honra o saltério de dez cordas. Cantai-Lhe um cântico novo. Despojai-vos do homem velho, pois conheceis já o cântico novo. Homem novo, testamento novo, cântico novo. O cântico novo não é para homens velhos. Só o aprendem os homens novos, que foram renovados pela graça despojando se do pecado e pertencem já ao novo testamento que é o reino dos Céus. Por ele suspira todo o nosso amor e lhe canta um cântico novo. Cante lhe um cântico novo, não a nossa língua, mas a nossa vida.
Cantai-Lhe um cântico novo, cantai-Lhe com arte e com alma. Cada qual pergunta como há de cantar ao Senhor. Canta para Ele, mas não cantes mal. Deus não quer ouvir um cântico que ofenda os seus ouvidos. Cantai bem, irmãos. Se te pedem que cantes para um bom apreciador de música de modo que lhe agrade, não te atreves a cantar se não tens preparação musical, pelo receio de lhe desagradar, porque um bom artista notará os defeitos que a qualquer outro passam despercebidos. Quem se atreverá a cantar para Deus, tão excelente conhecedor de cantores, juiz tão completo e tão bom apreciador de música? Como poderás oferecer Lhe tão excelente audição de canto que em nada ofendas ouvidos tão perfeitos?
Mas eis que Ele mesmo te sugere a maneira como Lhe hás de cantar. Não andes à procura de palavras, como se com elas pudesses expressar aquilo que agrada a Deus. Canta com júbilo. Cantar bem para Deus é cantar com júbilo. Que é cantar com júbilo? Compreender e não poder explicar com palavras o que se canta com o coração. Os que cantam na colheita, na vindima ou em qualquer trabalho intenso, começam a exultar de alegria com as palavras do cântico; mas depois, quando cresce a emoção, sentem que já não podem explicá la por palavras, desprendem se da letra das palavras e entregam se totalmente à melodia jubilosa.
O «júbilo» é aquela melodia que traduz a incapacidade de exprimir por palavras o que sente o coração. E a quem pode consagrar se este cântico de júbilo senão ao Deus inefável? É realmente inefável Aquele que não podes dar a conhecer por palavras. E se não tens palavras para O dar a conhecer e não deves permanecer calado, nada mais te resta senão cantar com júbilo. Sim, para que o coração possa expandir a imensidade superabundante da sua alegria sem se ver coarctado pelas sílabas das palavras, cantai ao Senhor com arte e com júbilo.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

SANTA CECÍLIA, virgem e mártir

Nota biográfica:
       O culto de S. Cecília, que deu o nome a uma basílica construída em Roma no século V, difundiu se amplamente a partir da narração do seu martírio em que ela é exaltada como exemplo perfeitíssimo de mulher cristã, que abraçou a virgindade e sofreu o martírio por amor de Cristo.
Oração de Colecta:
       Ouvi, Senhor, benignamente as nossas súplicas e, por intercessão de Santa Cecília, concedei nos as graças que Vos pedimos. Por Nosso Senhor.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O Rabequista


       Em tempos muito remotos, os habitantes de uma grande cidade levantaram uma igreja magnífica a Santa Cecília, padroeira dos músicos.
       As rosas mais vermelhas e os lírios mais cândidos enfeitavam o altar, O vestido da santa era de filigrana de prata e os sapatinhos eram de oiro, feitos pelo melhor ourives que havia na cidade. A capela estava constantemente cheia de peregrinos e devotos.
       Uma vez foi lá em romaria um pobre rabequista, pálido, magro, escaveirado. Como a jornada tinha sido muito longa, estava cansado, e já no seu alforge não havia pão, nem dinheiro no bolso para o comprar.
       Assim que entrou na capela, começou a tocar na sua rabeca com tal suavidade, com tanta expressão, que a santa ficou enternecida ao vê-lo tão pobre e ao escutar aquela música deliciosa. Quando terminou, Santa Cecília abaixou-se, descalçou um dos seus ricos sapatos de oiro e deu-o ao pobre músico, que tonto de alegria, dançando, cantando, chorando, correu à loja de um ourives para lho vender. O ourives reconhecendo o sapato da santa, prendeu imediatamente o rabequista e conduziu-o à presença do juiz. Instauraram-lhe processo, julgaram-no, e foi condenado à morte.
        Chegara o dia da execução. Os sinos dobravam lastimosamente, e o cortejo pôs-se em marcha ao som dos cânticos dos frades, que ainda assim não chegavam a dominar os sons da rabeca do condenado, que pedira, como última graça, o deixarem-lhe tocar na sua rabeca até ao último momento. O cortejo chegou defronte da capela da santa e, quando pararam, suplicou o triste desgraçado que o levassem lá dentro para tocar a sua derradeira melodia.
       Os padres e os chefes das escoltas consentiram e o rabequista entrou, ajoelhou aos pés da santa, e debulhado em lágrimas começou a tocar. Então o povo, maravilhado e aterrado, viu Santa Cecília curvar-se de novo, descalçar o outro sapato e metê-lo nas mãos do infeliz músico. À vista deste milagre, todos os assistentes levaram em triunfo o rabequista, coroaram-no de flores, e os magistrados vieram solenemente prestar-lhe as mais honrosas homenagens.

Contos para a Infância, Guerra Junqueiro