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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Não temas, Zacarias, a tua súplica foi atendida...

       Zacarias ficou perturbado e encheu-se de temor. Mas o Anjo disse lhe: «Não temas, Zacarias, porque a tua súplica foi atendida. Isabel, tua esposa, dar-te-á um filho, ao qual porás o nome de João. Será para ti motivo de grande alegria e muitos hão-de alegrar-se com o seu nascimento, porque será grande aos olhos do Senhor. Não beberá vinho nem bebida alcoólica; será cheio do Espírito Santo desde o seio materno e reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. Irá à frente do Senhor, com o espírito e o poder de Elias, para fazer voltar os corações dos pais a seus filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, a fim de preparar um povo para o Senhor». Zacarias disse ao Anjo: «Como hei-de saber que é assim, se eu estou velho e a minha esposa de idade avançada?». O Anjo respondeu-lhe: «Eu sou Gabriel, que assisto na presença de Deus e fui enviado para te anunciar esta boa nova. Mas tu vais guardar silêncio, sem poder falar, até ao dia em que tudo isto aconteça, por não teres acreditado nas minhas palavras, que se cumprirão a seu tempo» (Lc 1, 5-25).
       Na cultura judaica, a fertilidade/fecundidade do casal é sinal e expressão da bênção de Deus. Ao contrário, a infertilidade do casal é infortúnio e desonra. Sendo Zacarias sacerdote no templo fica mais exposto por não ter descendentes. Nem a proximidade de Deus o afastou desse opróbrio. Mas nem tudo está perdido, Deus olha para o Seu povo e neste caso específico para o Seu servo Zacarias, ele será pai e terá um descendente. Zacarias nem quer acreditar que a bênção de Deus se efetiva finalmente, num tempo em que já restava pouca esperança.
       O filho que vai nascer de Zacarias e Isabel será um sinal de salvação, do mistério de Deus que vem até à humanidade...

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão...

        Disse Jesus aos seus discípulos:
       «Se a vossa justiça não superar a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus. Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não matarás; quem matar será submetido a julgamento’. Eu, porém, digo-vos: Todo aquele que se irar contra o seu irmão será submetido a julgamento. Quem chamar imbecil a seu irmão será submetido ao Sinédrio, e quem lhe chamar louco será submetido à geena de fogo. Portanto, se fores apresentar a tua oferta sobre o altar e ali te recordares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e vem depois apresentar a tua oferta. Reconcilia-te com o teu adversário, enquanto vais com ele a caminho, não seja caso que te entregue ao juiz, o juiz ao guarda, e sejas metido na prisão. Em verdade te digo: Não sairás de lá, enquanto não pagares o último centavo» (Mt 5, 20-26).
        O arrependimento e o perdão são, mais que duas palavras, duas atitudes do crente.
       Nem sempre é fácil sair de um modo de vida para aderir a uma outra maneira de viver. E por vezes volta-se aos velhos vícios. No entanto, há de ser um esforço constante, na certeza que Deus nos inspira. O sabermos que Deus nos quer bem, que quer a nossa vida com sentido, realizada, plena, deverá ser um estímulo.
       Por outro lado, o perdão como oportunidade de progredirmos na santidade. Jesus diz-nos claramente que o perdão é uma postura permanente de quem é e se sente filho de Deus. Jesus diz mesmo que a nossa responsabilidade não se refere só aos momentos em que fomos nós os causadores de mau estar mas também quando os outros nos ofenderam deveremos ir ao seu encontro. Não basta perdoar, é necessário procurar o perdão até daqueles que nos ofenderam. Uma vez mais Jesus inverte a postura dos seus seguidores... Não é fácil. Mas é recompensador. Dessa forma não deixamos que o outro domine o nosso pensamento, o nosso dia, a nossa vida. Jesus bem sabe das nossas limitações. Mas também sabe que o perdão nos liberta e nos faz bem à saúde...

quinta-feira, 29 de março de 2018

Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura

       O espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu e me enviou a anunciar a boa nova aos infelizes, a curar os corações atribulados, a proclamar a redenção aos cativos e a liberdade aos prisioneiros, a proclamar o ano da graça do Senhor e o dia da acção justiceira do nosso Deus; a consolar todos os aflitos, a levar aos aflitos de Sião uma coroa em vez de cinza, o óleo da alegria em vez do trajo de luto, cânticos de louvor em vez de um espírito abatido. Vós sereis chamados «Sacerdotes do Senhor» e tereis o nome de «Ministros do nosso Deus» (Is 61, 1-3a.6a.8b-9).

       Entregaram-Lhe o livro do profeta Isaías e, ao abrir o livro, encontrou a passagem em que estava escrito: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Ele me enviou a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos, a proclamar o ano da graça do Senhor». Depois enrolou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-Se. Estavam fixos em Jesus os olhos de toda a sinagoga. Começou então a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir» ( Lc 4, 16-21).
       O profeta Isaías anuncia a unção para a missão. Com o Ungido, o anúncio da salvação, o ano da graça, a liberdade aos prisioneiros, a cura dos corações atribulados, a redenção dos cativos, a consolação dos filhos de Israel.
       Jesus vai a Nazaré, entra na Sinagoga, como habitualmente fazia ao Sábado, entregam-Lhe o livro de Isaías e proclama a passagem que hoje nos é também apresentada na primeira leitura. Terminada a leitura, chega o momento da reflexão, de meditar sobre a palavra proferida e Jesus sem mais delongas declara que o tempo anunciado pelo profeta chegou: Cumpriu-se hoje mesmo este passo da Escritura.
       Em Quinta-feira Santa, a Liturgia inicia-se com a Missa Crismal, com o presbitério reunido à volta do Seu Bispo, sucessor dos Apóstolos, em que são benzidos os Óleos santos, a usar nos diversos Sacramentos, do Baptismo, da Unção dos Enfermos, do Crisma, da Ordenação: Óleo dos Catecúmenos, Óleo dos Enfermos, Óleo do Crisma....

quarta-feira, 28 de março de 2018

Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?

       A liturgia da Palavra para esta quarta-feira da SEMANA MAIOR apresenta-nos mais um texto do profeta Isaías, na primeira leitura, e do Evangelho de São Mateus. Um e outro nos falam da entrega do justo. Os cristãos, como o próprio Jesus, veem nesta passagem profética um relato antecipado do que irá acontecer com o Messias, que para nós é Jesus Cristo. No evangelho de São Mateus, a figura em discussão é Judas, que procura forma de entregar Jesus.
Vejamos o texto de Isaías:
O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e por isso não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido. O meu advogado está perto de mim. Pretende alguém instaurar-me um processo? Compareçamos juntos. Quem é o meu adversário? Que se apresente! O Senhor Deus vem em meu auxílio. Quem ousará condenar-me? (Is 50, 4-9a).
       Isaías não esconde as dificuldades que tem de atravessar para se manter fiel à verdade, mas na certeza e confiança que Deus permanece com ele. E se Deus está por ele, quem poderá estar contra?
       A confiança que anima Isaías, será a mesma que guia Jesus até às últimas horas de vida.
Um dos Doze, chamado Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?» Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata. A partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar. No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?» Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos’». Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa. Ao cair da tarde, sentou-Se à mesa com os Doze. Enquanto comiam, declarou: «Em verdade, em verdade vos digo: Um de vós Me entregará». Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar Lhe: «Serei eu, Senhor?» Jesus respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que vai entregar-Me. O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca d’Ele. Mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não ter nascido». Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu, Mestre?» Respondeu Jesus: «Tu o disseste» (Mt 26, 14-25).
       Mateus mostra, como nos demais evangelhos, a tristeza profunda de Jesus, pela aproximação das horas finais, mas também por saber que não pode contar com os seus. A primeira igreja, dos apóstolos e algumas mulheres, ficarão a dormir enquanto o Mestre reza.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Meu Pai trabalha incessantemente e Eu também...

      O primeiro texto da liturgia é um belíssimo "testamento", mais um, do profeta Isaías. Nas suas palavras, a Palavra de Deus expressa o grandiloquente amor de Deus a favor de toda a humanidade, chamando todos à luz, ao bem, à verdade, à felicidade.
Assim fala o Senhor: «No tempo da graça, Eu te ouvi; no dia da salvação, Eu te ajudei. Eu te formei e designei para renovar a aliança do povo, para restaurar a terra e reocupar as herdades devastadas; para dizer aos prisioneiros: ‘Saí para fora’ e àqueles que vivem nas trevas: ‘Vinde para a luz’. Hão-de alimentar-se em todos os caminhos e acharão pastagem em todas as encostas. Não sentirão fome nem sede, nem o sol ou o vento ardente cairão sobre eles, porque Aquele que tem compaixão deles os guiará e os conduzirá às nascentes da água. De todas as minhas montanhas farei caminhos e as minhas estradas serão niveladas. Ei-los que vêm de longe: uns do Norte e do Poente, outros da terra de Sinim. Rejubilai, ó céus; exulta, ó terra; montes, soltai gritos de alegria, porque o Senhor consola o seu povo e tem compaixão dos seus pobres. Sião dizia: ‘O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-Se de mim’. Pode a mulher esquecer-se da criança que amamenta e não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Mas ainda que ela o esquecesse, Eu nunca te esquecerei» (Is 49, 8-15).
       No Evangelho, seguindo o diálogo de ontem com alguns dos judeus, Jesus acentua a dinâmica do bem, como trabalho ininterrupto. O bem tem lugar a todas as horas, em todas as circunstâncias. E será sempre uma manifestação da bondade de Deus.
Disse Jesus aos judeus: «Meu Pai trabalha incessantemente e Eu também trabalho em todo o tempo». Esta afirmação era mais um motivo para os judeus quererem dar-Lhe a morte: não só por violar o sábado, mas também por chamar a Deus seu Pai, fazendo-Se igual a Deus. Então Jesus tomou a palavra e disse-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: O Filho nada pode fazer por Si próprio, mas só aquilo que viu fazer ao Pai; e tudo o que o Pai faz também o Filho o faz igualmente. Porque o Pai ama o Filho e Lhe manifesta tudo quanto faz; e há-de manifestar-Lhe coisas maiores que estas, de modo que ficareis admirados. Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim o Filho dá vida a quem Ele quer. O Pai não julga ninguém: entregou ao Filho o poder de tudo julgar, para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que O enviou. Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e acredita n’Aquele que Me enviou tem a vida eterna e não será condenado, porque passou da morte à vida. Em verdade, em verdade vos digo: Aproxima-se a hora – e já chegou – em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem, viverão. Assim como o Pai tem a vida em Si mesmo, assim também concedeu ao Filho que tivesse a vida em Si mesmo; e deu-Lhe o poder de julgar, porque é o Filho do homem. Não vos admireis do que estou a dizer, porque vai chegar a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz: Os que tiverem praticado boas obras irão para a ressurreição dos vivos e os que tiverem praticado o mal para a ressurreição dos condenados. Eu não posso fazer nada por Mim próprio: julgo segundo o que oiço e o meu juízo é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, mas a vontade d’Aquele que Me enviou» (Jo 5, 17-30).
       Um desafio: praticar o bem, realizar boas obras, para que seja manifesta a graça de Deus.
       Uma certeza: o julgamento do mundo e das pessoas será feito por Jesus, melhor, diante de Jesus. Nós também somos responsáveis pelas obras que realizamos, e assim também pela nossa salvação e pela salvação de todos.

terça-feira, 13 de março de 2018

Levanta-te, toma a tua enxerga e anda...

Pela água e pelo Espírito Santo tornamo-nos novas criaturas, nascemos de novo, enformados como Corpo de Jesus que é a Igreja. Nas leituras propostas para hoje, a água aparece como elemento fundamental. Na primeira leitura, do profeta Ezequiel, a água em abundância produz vida, purifica, sara, gera abundância:
O Anjo disse-me: «Esta água corre para a região oriental, desce até Arabá e entra no mar, para que as suas águas se tornem salubres. Em toda a parte aonde chegar esta torrente, todo o ser vivo que nela se move terá novo alento e o peixe será muito abundante. Porque aonde esta água chegar, tornar-se-ão sãs as outras águas e haverá vida por toda a parte aonde chegar esta torrente. À beira da torrente, nas duas margens, crescerá toda a espécie de árvores de fruto: a sua folhagem não murchará, nem acabarão os seus frutos. Todos os meses darão frutos novos, porque as águas vêm do santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas de remédio» (Ez 47, 1-9.12).
       Também no Evangelho, a água surge como elemento purificador. As águas agitadas da piscina possibilitam a cura dos que nelas mergulham o corpo. Jesus é a Salvação em pessoa, é água, é vida nova, é cura. Quem vem/vai a Ele torna-se saudável não apenas de corpo mas sobretudo espiritualmente, capaz de viver, de amar, de caminhar para os outros, de abraçar, de partir, de rezar, de louvar...
Jesus subiu a Jerusalém. Existe em Jerusalém, junto à porta das ovelhas, uma piscina, chamada, em hebraico, Betsatá, que tem cinco pórticos. Ali jazia um grande número de enfermos, cegos, coxos e paralíticos. Estava ali também um homem, enfermo havia trinta e oito anos. Ao vê-lo deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, Jesus perguntou-lhe: «Queres ser curado?» O enfermo respondeu-Lhe: «Senhor, não tenho ninguém que me introduza na piscina, quando a água é agitada; enquanto eu vou, outro desce antes de mim». Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua enxerga e anda». No mesmo instante o homem ficou são, tomou a sua enxerga e começou a caminhar. Ora aquele dia era sábado. Diziam os judeus àquele que tinha sido curado: «Hoje é sábado: não podes levar a tua enxerga». Mas ele respondeu-lhes: «Aquele que me curou disse-me: ‘Toma a tua enxerga e anda’». Perguntaram-lhe então: «Quem é que te disse: ‘Toma a tua enxerga e anda’». Mas o homem que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus tinha-Se afastado da multidão que estava naquele local. Mais tarde, Jesus encontrou-o no templo e disse-lhe: «Agora estás são. Não voltes a pecar, para que não te suceda coisa pior». O homem foi então dizer aos judeus que era Jesus quem o tinha curado. Desde então os judeus começaram a perseguir Jesus, por fazer isto num dia de sábado (Jo 5, 1-3a.5-16).
       No Evangelho podem sublinhar-se outros aspetos relevantes. Aquele homem não tinha ninguém que olhasse por ele. Muitas passavam indiferentes. Como hoje pode acontecer. Há depois o preconceito (desculpa) religioso. A cura ao sábado provoca escândalo a quem não teve mãos, nem vontade, nem lembrança, nem generosidade para ajudar aquele enfermo, mas tem língua para expor e apontar...

sábado, 10 de março de 2018

Dois homens subiram ao templo para orar

       Oseias presenteia-nos com mais esta belíssimo confissão de fé, de confiança em Deus. Se Ele nos feriu, Ele nos há de curar. Faz lembrar um Pai/Mãe que coloca o filho de castigo mas com a preocupação de o orientar para o bem. E numa imagem que hoje não se usa, a mãe ou o pai que dão uma bofetada no filho, mas que logo abraçam, afaçam, fazem sentir bem, acarinham, curam o filho que se magoou.
Vinde, voltemos para o Senhor. Se Ele nos feriu, Ele nos curará. Se nos atingiu com os seus golpes, Ele tratará as nossas feridas. Ao fim de dois dias, Ele nos fará viver de novo; ao terceiro dia nos levantará e viveremos na sua presença. Procuremos conhecer o Senhor: a sua vinda é certa como a aurora. Virá a nós como o aguaceiro de Outono, como a chuva da Primavera sobre a face da terra. «Que farei por ti, Efraim? Que farei por ti, Judá?» – diz o Senhor – «O vosso amor é como o nevoeiro da manhã, como o orvalho da madrugada que logo se evapora. Por isso os castiguei por meio dos Profetas e os matei com palavras da minha boca; e o meu direito resplandece como a luz. Porque Eu quero a misericórdia e não os sacrifícios, o conhecimento de Deus, mais que os holocaustos» (Os 6, 1-6).
       O profeta sublinha a conversão, as boas obras, a justiça, o amor, como forma de viver em Deus, remetendo para a misericórdia de Deus mais que todas as tradições ou sacrifícios. Também assim no Evangelho de hoje, não vale tanto o ritualismo, o cumprimento de uma tradição, de uma obrigação (ainda que religiosa), mas sobretudo uma atitude permanente de conversão e de despojamento diante de Deus.
       O publicano sai justificado, diante de Deus posta-se como "nada", precisado da graça de Deus. O fariseu aparece diante de Deus como "tudo", não precisa nem de Deus. Mas escutemos e meditemos o texto:
Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros: «Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo’. O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador’. Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado» ( Lc 18, 9-14)

sexta-feira, 9 de março de 2018

Amar a Deus e ao próximo como a si mesmo

       A Sagrada Escritura é um manancial de vida nova. Palavras humanas, com toda a contextualização em que foram transmitidas e escritas, inspiradas por Deus e que se tornam para nós palavras de salvação, palavras de vida eterna.
       A contingência do tempo e da história, não aligeira o essencial da mensagem: os caminhos do Senhor levam-nos à felicidade, pois levam-nos pelo caminho da conciliação, da caridade, da justiça, da partilha, da comunhão. E estes valores, estas escolhas, sempre nos aproximam uns dos outros e nos fazem sentir úteis uns aos outros, fazem-nos sentir parte da família humana.
       Oseias, mais um dos profetas maiores de Israel, lembra que não são os poderes humanos, o poderes dos exércitos que podem salvar o povo, mas a conversão dos seus membros... o ponto de partida, também aqui, é o amor, a misericórdia de Deus.
Assim fala o Senhor: «Israel, converte-te ao Senhor, teu Deus, porque foram os teus pecados que te fizeram cair. Vinde com palavras de súplica, voltai para o Senhor e dizei-Lhe: “Perdoai todas as nossas faltas e aceitai o dom que Vos oferecemos, a homenagem dos nossos lábios. Não é a Assíria que nos pode salvar; não montaremos mais a cavalo, nem chamaremos ‘Nosso Deus’ à obra das nossas mãos, porque só em Vós o órfão encontra piedade”. Curarei a sua infidelidade, amá-los-ei generosamente, pois a minha ira afastou-se deles. Serei como orvalho para Israel, que florirá como o lírio e lançará raízes como o cedro do Líbano» (Os 14, 2-10).
       A uma pergunta de um escriba, Jesus responde com o essencial da Lei e dos Profetas, isto é, de toda a Sagrada Escritura. "Amar a Deus de todo o coração e ao próximo como a si mesmo" é única exigência do Evangelho:
Jesus respondeu-lhe: «O primeiro é este: ‘Escuta, Israel: O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor: Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças’. O segundo é este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não há nenhum mandamento maior que estes». Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além d’Ele. Amá-l’O com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios» (Mc 12, 28b-34).

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

O Jejum que Me agrada: quebrar as cadeias injustas...

       O jejum que Me agrada não será antes este: quebrar as cadeias injustas, desatar os laços da servidão, pôr em liberdade os oprimidos, destruir todos os jugos? Não será repartir o teu pão com o faminto, dar pousada aos pobres sem abrigo, levar roupa aos que não têm que vestir e não voltar as costas ao teu semelhante? Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tardarão a sarar. Preceder-te-á a tua justiça e seguir-te-á a glória do Senhor. Então, se chamares, o Senhor responderá; se O invocares, dir-te-á: «Estou aqui» (Is 58, 1-9a).
       Os discípulos de João Baptista foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Por que motivo nós e os fariseus jejuamos e os teus discípulos não jejuam?» Jesus respondeu-lhes: «Podem os companheiros do esposo ficar de luto, enquanto o esposo estiver com eles? Dias virão em que o esposo lhes será tirado e nessa altura hão-de jejuar» (Mt 9, 14-15).

       O jejum, com a oração e com com a esmola, é um sinal, uma oportunidade e uma vivência que valem como expressão da conversão interior, da adesão firme à Palavra/vontade de Deus, no seguimento do caminho do Senhor. O jejum, sem mais, tornar-se-á insignificante, quando muito uma dieta que pode ajudar o organismo a ser mais saudável. O jejum, na vivência da fé, há-de ser acompanhado da oração e da caridade, das boas obras.
       Jesus, no Evangelho, não o desvaloriza, mas dá prioridade ao acolhimento e ao seguimento: "enquanto o noivo estiver com eles...". Neste sentido, também nós devemos valorizar as práticas penitenciais como incentivo e como expressão da conversão, mas ligadas, sempre, à caridade e à oração.