A terceira Carta Encíclica de Bento XVI empresta o título a este blogue. A Caridade na Verdade. Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas só esta entra na eternidade com Deus. Espaço pastoral de Tabuaço, Távora, Pinheiros e Carrazedo, de portas abertas para a Igreja e para o mundo...
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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019
Effatá - abre-te...
Jesus deixou de novo a região de Tiro e, passando por Sidónia, veio para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. Trouxeram-Lhe então um surdo que mal podia falar e suplicaram-Lhe que impusesse as mãos sobre ele. Jesus, afastando-Se com ele da multidão, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e com saliva tocou-lhe a língua. Depois, erguendo os olhos ao Céu, suspirou e disse-lhe: «Effathá», que quer dizer «Abre-te». Imediatamente se abriram os ouvidos do homem, soltou-se-lhe a prisão da língua e começou a falar correctamente. Jesus recomendou que não contassem nada a ninguém. Mas, quanto mais lho recomendava, tanto mais intensamente eles o apregoavam. Cheios de assombro, diziam: «Tudo o que faz é admirável: faz que os surdos oiçam e que os mudos falem» (Mc 7, 31-37).
“Ao fazer com que os surdos ouçam”, Jesus confirma que é o Messias que estava para vir. As palavras adquirem vida concreta nesta cura. Ele vem para nos libertar de todo o tipo de prisões. Com Ele, solta-se a língua, abrem-se os ouvidos, ressoa a palavra de Deus, circula vida nova.
“Effatá”, relembremos, é o último dos ritos do Batismo, lembrando que a graça recebida nos há de permitir escutar a Palavra de Deus e professar a fé. A audição não apenas física, mas de coração. O que ouvimos e o que dizemos, como seguidores de Jesus, deve ser para louvor e glória de Deus. Se assim for, purificaremos o que ouvimos com a misericórdia de Deus, e diremos palavras que dimanem da caridade do Senhor.
Expressão disso mesmo é o reconhecimento de Jesus, que se espalha entre as pessoas, em forma de testemunho, gratidão e de louvor: «Tudo o que faz é admirável: faz que os surdos oiçam e que os mudos falem».
segunda-feira, 10 de dezembro de 2018
Homem, os teus pecados estão perdoados
Certo dia, enquanto Jesus ensinava, estavam entre a assistência fariseus
e doutores da Lei, que tinham vindo de todas as povoações da Galileia,
da Judeia e de Jerusalém; e Ele tinha o poder do Senhor para operar
curas. Apareceram então uns homens, trazendo num catre um paralítico;
tentavam levá-lo para dentro e colocá-lo diante de Jesus. Como não
encontraram modo de o introduzir, por causa da multidão, subiram ao
terraço e, através das telhas, desceram-no com o catre, deixando-o no
meio da assistência, diante de Jesus. Ao ver a fé daquela gente, Jesus
disse: «Homem, os teus pecados estão perdoados». Os escribas e fariseus
começaram a pensar: «Quem é este que profere blasfémias? Não é só Deus
que pode perdoar os pecados?» Mas Jesus, que lia nos seus pensamentos,
tomou a palavra e disse-lhes: «Que estais a pensar nos vossos corações?
Que é mais fácil dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados’ ou ‘Levanta-te
e anda’? Pois bem, para saberdes que o Filho do homem tem na terra o
poder de perdoar os pecados... Eu te ordeno – disse Ele ao paralítico –
levanta-te, toma a tua enxerga e vai para casa». Logo ele se levantou à
vista de todos, tomou a enxerga em que estivera deitado e foi para casa,
dando glória a Deus. Ficaram todos muito admirados e davam glória a
Deus; e, cheios de temor, diziam: «Hoje vimos maravilhas» (Lc 5, 17-26).
O perdão dos pecados é exclusivo de Deus. Jesus, ao usar esta linguagem,
"provoca" a mente dos seus ouvintes. Ele não é simplesmente um
curandeiro, é muito mais que isso, é o Messias que estava para vir ao
mundo, é o Deus connosco. Milagres, curas, exorcismos, perdão dos
pecados, atributos próprios do Messias, ainda que este último aspeto só
se deva referir a Deus. Se Jesus perdoa os pecados, então o reino de
Deus chegou até nós.
O próprio nome, revelado a São José e a Maria, Jesus, traz consigo esta dimensão divina. Jesus é Aquele que salva, é o Salvador. Ele trará um reino de cura, a partir do interior, não apenas cura de doenças mas muito mais que isso, redenção. A cura é sobretudo um sinal do poder de Deus entre nós e que atua a nosso favor. A verdadeira cura, porém, é a que nos redime do pecado e da morte e nos aproxima de Deus e dos outros, de forma simples e verdadeira, sem reservas.
terça-feira, 20 de março de 2018
VL – Desafio da normalidade
Vivemos a síndrome de fim-de-semana potenciado pelas facilidades de viagens, cruzeiros, festas, saídas… O trabalho, que nos realiza como pessoas, pelo qual transformamos o mundo, tornando-nos com-criadores, aparece mais como meio para obter o capital necessário para as ofertas lúdicas e não tanto como realização pessoal e comunitária. Daí o elevado número de pessoas ansiosas, desequilibradas emocionalmente. Entram à segunda-feira em modo de martírio porque o tempo não passa. Quinta-feira e o contentamento começa a voltar; e finalmente a sexta-feira: a meio da manhã arruma-se tudo, procurando não abrir dossiers, evitando atender pessoas, procurando que nada possa adiar o fim do dia. Esfregam-se as mãos: vêm aí as festas, o divertimento, os shot's com os amigos… Quando o Domingo vai a meio, quando já não é possível estender o fim-de-semana para segunda-feira, novamente a inquietação, a ansiedade, o mau humor…
A felicidade não está no fim, mas ao longo da viagem. Se a nossa preocupação é chegar rapidamente ao destino, viajaremos sobre pressão, cansamo-nos, pois nunca mais chegamos, alguém nos atrasa ou nos incomoda ao querer conversar connosco. Mas a viagem pode ser agradável se tivermos os sentidos despertos, com a calma para olhar, para ver quem nos rodeia e para apreciar a paisagem à nossa volta, para ouvir, para cheirar…
O Desafio da Normalidade é também o título de um livro que me veio parar às mãos acerca de 20 anos, da autoria de José Maria Cabral, um médico a trabalhar no Instituto de Oncologia do Porto e que tem, ele próprio, de enfrentar o cancro, numa época em a medicina tinha menos respostas para esta doença. A sua luta é pela cura, pela qualidade de vida, dentro dos condicionalismos da doença e dos tratamentos a que está sujeito, buscando uma certa normalidade para a sua vida, procurando retomar rotinas, preencher espaços e tempos, abraçar a esposa e os netos, beijá-los, ir sozinho à casa de banho, vestir-se sem ajuda! As visitas ao hospital ou os internamentos reviram qualquer rotina; a experiência de estar em quarentena, com o organismo sem quaisquer defesas e o contacto a fazer-se através de fatos protetores! A convalescença e as recaídas, uma viagem ao Vaticano e o desejo de voltar a casa, ao Porto e à família, a um ambiente acolhedor, numa normalidade que identifica a vida, onde se sabe e se quer pertencer!
A festa vale como corolário do quotidiano e como dinamizadora da normalidade! Ainda que a vida não seja preto e branco! Jesus salva-nos na normalidade da nossa vida, ainda que com um acontecimento que ultrapassa qualquer normalidade!
quinta-feira, 30 de março de 2017
SUSAN SPENCER-WENDEL - ANTES DO ADEUS
SUSAN SPENCER-WENDEL, com Bret Witter (2013). Antes do Adeus. Lisboa: Editora Pergaminho. 384 páginas.
Susan Spencer-Wendel é uma mulher adulta, 44 anos, jornalista reconhecida, satisfeita da vida, casada, mãe de três filhos. A vida é uma correria. A mão esquerda começa a ficar paralisada e começam as interrogações, os médicos, os exames e a negação do que começa a ser óbvio: esclerose lateral amiotrófica (ELA). O diagnóstico é uma sentença de morte, pois é uma doença terminal, três a cinco anos de vida, não há cura nem forma de retardar o seu avanço.
Que fazer diante de uma notícia tremenda? A autora vai-nos dizendo. Uma fase de negação. Mas chega o momento que não há como fugir à inevitabilidade da doença. O corpo começa a deixar de funcionar, os comandos (cerebrais) não são correspondidos. Há consciência, mas os músculos vão atrofiando e deixando de obedecer e de funcionar. Até articular palavras se torna uma luta gigantesca.
É conhecida a expressão de Tolstoi: as famílias são iguais, as famílias tristes sofrem cada uma à sua maneira. Susan opta por viver e viver feliz, procurando criar memórias para os filhos, para o marido e para os amigos.
O seguro de vida permite-lhe pagar a hipoteca da casa, viajar como sempre gostou de fazer, com a melhor amiga, Nancy, (para ver a aurora boreal), com o marido, numa espécie de segunda lua de mel, ir com a filha, de 14 anos, a Nova Iorque e vê-la provar um vestido de noiva, pois já não estará por cá quando ela casar, vai proporcionando aos filhos os seus pedidos.
Entretanto decide escrever, enquanto é possível. Chega um momento que escreve apenas com um dedo num iphone, mas escreve, dedicando tempo. É um legado para os filhos, para o marido, para a família, para os amigos. Não se revolta. Procura viver cada momento, numa atitude zen, aceitando o que tem que ser, o que não está ao seu alcance modificar. Claro que sofre, chora, por ver o mundo avançar, os filhos a crescerem, certa que não estará cá para os ver crescer, querer fazer as coisas e não poder, a dependência de todos e em tudo. Chora. Mas não perde tempo a lamentar-se.
Adotada, procura as suas raizes, para apaziguar o seu passado e ligar-se, ao marido e aos filhos, à família biológica, nomeadamente à sua ascendência grega.
Outro dos aspetos bem vincados ao longo de todo o livro, é a sua fé em Deus. Os pais (adotivos) são batistas, a autora nem por isso, mas acredita em Deus, acredita que se irá encontrar com o Pai biológico já falecido. E que o fim não será definitivo.
"Antes do Adeus tem momentos profundamente tristes - trata-se, afinal, de uma despedida -, mas sem um traço de amargura ou de raiva. Em cada página, sente-se otimismo, a alegria de viver e o sentido de humor de uma mulher grata pela vida. Um livro sobre a morte, mas cheio de vida. Um livro que nos recorda que temos sempre a opção de sorrir. E que, como ensina a autora, «cada dia é melhor se for vivido com alegria»" (contracapa).
"Acenda uma vela em vez de amaldiçoar a escuridão".
"Acredito em Deus. Acredito em forças que nos transcendem de prodígios que escapam ao entendimento humano".
"Tomei a resolução de escrever sobre a força e não sobre a doença, sobre a alegria e não sobre o desespero".
"As minhas capacidades vão-se desprendendo do meu ser como uma medalha se desprende de um fio".
"Desde o diagnóstico, os estados depressivos tornaram-se menos frequentes. Desde que aceitei a minha condição, a angústia aproxima-se de mim ao de leve, como uma borboleta, e poisa silenciosamente como as borboletas poisam nas plantas à volta da cabana. Observo os seus rodopios, admiro a sua complexidade, sinto o seu peso por um breve instante, e depois... passa! Esa tristeza tem uma beleza intrínseca que me faz sentir sempre viva, e isso ainda me interessa, ainda é importante para mim".
"Regozija-te com o que tens e com a forma como as coisas são. Quando te deres conta de que não há nada em falta, o mundo inteiro será teu".
"Removendo a necessidade, removo também o sofrimento".
"Há que aceitar a vida conforme ela se desenrola. É importante que sonhemos e nos esforcemos por alcançar os nossos sonhos, mas também há que aceitar. Não faz sentido forçarmos o mundo a ser aquele que sonhámos. A realidade é muito melhor que isso".
"Não faz qualquer sentido ansiar por algo inalcançável, pois esse é o caminho direto para a loucura".
"Procurem-me nos vossos corações, meus filhos. Sintam-me aí e sorriam... procurem-me nos ocasos... sei que o meu fim está próximo, mas não desespero".
A autora terá morrido em 4 de junho de 2014.
Alguns vídeos disponíveis na Internet:
PÁGINA: http://susanspencerwendel.com/
quinta-feira, 2 de março de 2017
Leituras: JOSÉ ANTONIO PAGOLA - IDE E CURAI
JOSÉ ANTONIO PAGOLA (2015). Ide e Curai. Evangelizar o mundo da saúde e da doença. Lisboa: Paulus Editora. 312 páginas.
A doença e o sofrimento que acarreta nos próprios e na família e nos amigos é um tema de sempre. Poder-se-á dizer que é no sofrimento que se conhece o ser humano na sua profundidade. Os amigos e a resiliência da família e dos amigos testa-se no sofrimento, na doença crónica, nas doenças oncológicas, na SIDA, na toxicodependência, no alcoolismo, nas depressões profundas. Por vezes a persistência e a duração da doença são um autêntico desafio à coragem, à compaixão e ao amor. Mas não é fácil explicar, muito menos passar por algumas das situações dolorosas, para os próprios e para aqueles e aquelas que estão à sua volta.
A referência e o fundamento de qualquer compromisso cristão é Jesus Cristo, a força da Sua graça, a Sua postura e docilidade. O ministério de Jesus é um ministério de cura e de evangelização. Ide e evangelizai. Ide e batizai. Ide e curai. Tudo integra a missão de Jesus Cristo. Anuncia o Evangelho, a Boa Nova aos pobres, cura os doentes e todas as enfermidades, liberta os que são oprimidos pelos espíritos impuros. O desafio é igual para os seus discípulos e para a Igreja: Ide e anunciai o Evangelho, curai os enfermos, expulsai os demónios. Recebeste de graça, dai de graça.
A dimensão curativa foi sendo esquecida. A missão de Jesus inclui sempre a dimensão sanadora, curando e restaurando a dignidade dos esquecidos da sociedade e da própria religião. Neste livro, que agrega textos do autor escrito ao longo dos anos, indicações, sugestões, fundamentação bíblico-teológico. A caridade, nomeadamente na Cáritas, tem-se desenvolvido, mas muitas vezes falta maior organização, incluindo a pessoa como um todo, e não apenas a assistência às necessidades pontuais. A visita aos doentes e os visitadores é um dos aspetos que o autor sublinha, como início, mas não esquecendo que a pastoral da saúde e da doença deve incluir e comprometer toda a comunidade, interagindo com outras instituições, com Hospitais e Lares, dialogando com médicos e enfermeiros e outros agentes hospitalares, empenhando-se sobretudo em ir ao encontro dos doentes mais frágeis, excluídos, esquecidos, os que sugerem maior afastamento, com determinadas doenças, como, por exemplo, os doentes mentais. A preocupação com os doentes há estender-se também às famílias.
O autor propõe o conhecimento da realidade e dos doentes que existem no espaço territorial da paróquia, atendendo a todos, sabendo em que condições se encontram, se é ou não necessário pôr-se em contacto com a Cáritas, vendo quais as necessidades, mas também a atenção e o cuidado à família. A visita aos doentes deve resultar do compromisso de toda a comunidade e quem está comprometido com a pastoral da saúde deve estar envolvido na comunidade.
Tão importante como visitar um doente, é telefonar-lhe, escrever-lhe, fazer com que vizinhos e familiares se aproximem. A celebração dos sacramentos, da Unção dos Enfermos e do Viático, deve acontecer naturalmente, para quem tem fé, para quem não tem pode ajudá-la a rezar, franquear-lhe a possibilidade mas não forçar. A presença, a escuta, a atenção é mais importante.
Por um lado, deve promover-se a celebração comunitária a Unção dos Enfermos. Por outro, os doentes também devem participar, quanto possível, na vida da comunidade. Por conseguinte, além de celebrações específicas, como Unção dos Doentes, o Dia Mundial do Doente, preparadas também com os doentes, eliminar, por exemplo, as barreiras arquitetónicas...
A dimensão curativa foi sendo esquecida. A missão de Jesus inclui sempre a dimensão sanadora, curando e restaurando a dignidade dos esquecidos da sociedade e da própria religião. Neste livro, que agrega textos do autor escrito ao longo dos anos, indicações, sugestões, fundamentação bíblico-teológico. A caridade, nomeadamente na Cáritas, tem-se desenvolvido, mas muitas vezes falta maior organização, incluindo a pessoa como um todo, e não apenas a assistência às necessidades pontuais. A visita aos doentes e os visitadores é um dos aspetos que o autor sublinha, como início, mas não esquecendo que a pastoral da saúde e da doença deve incluir e comprometer toda a comunidade, interagindo com outras instituições, com Hospitais e Lares, dialogando com médicos e enfermeiros e outros agentes hospitalares, empenhando-se sobretudo em ir ao encontro dos doentes mais frágeis, excluídos, esquecidos, os que sugerem maior afastamento, com determinadas doenças, como, por exemplo, os doentes mentais. A preocupação com os doentes há estender-se também às famílias.
O autor propõe o conhecimento da realidade e dos doentes que existem no espaço territorial da paróquia, atendendo a todos, sabendo em que condições se encontram, se é ou não necessário pôr-se em contacto com a Cáritas, vendo quais as necessidades, mas também a atenção e o cuidado à família. A visita aos doentes deve resultar do compromisso de toda a comunidade e quem está comprometido com a pastoral da saúde deve estar envolvido na comunidade.
Tão importante como visitar um doente, é telefonar-lhe, escrever-lhe, fazer com que vizinhos e familiares se aproximem. A celebração dos sacramentos, da Unção dos Enfermos e do Viático, deve acontecer naturalmente, para quem tem fé, para quem não tem pode ajudá-la a rezar, franquear-lhe a possibilidade mas não forçar. A presença, a escuta, a atenção é mais importante.
Por um lado, deve promover-se a celebração comunitária a Unção dos Enfermos. Por outro, os doentes também devem participar, quanto possível, na vida da comunidade. Por conseguinte, além de celebrações específicas, como Unção dos Doentes, o Dia Mundial do Doente, preparadas também com os doentes, eliminar, por exemplo, as barreiras arquitetónicas...
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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016
Poder curativo de Jesus
Quando saíram do barco, as pessoas reconheceram logo Jesus; então percorreram toda aquela região e começaram a trazer os doentes nos catres, para onde ouviam dizer que Ele estava. Nas aldeias, cidades ou casais onde Jesus entrasse, colocavam os enfermos nas praças públicas e pediam que os deixasse tocar-Lhe ao menos na orla do manto. E todos os que O tocavam ficavam curados (Mc 6, 53-56).
A multidão segue Jesus, à procura de cura. Levam-Lhe todos os doentes. Pedem que ao menos lhes deixe tocar na orla do manto.
Também nós não deveremos ter medo de ir ao encontro, à procura de Jesus, e pedir-lhe que nos cure.
Também nós devemos apostar no nosso poder curativo, com as nossas palavras, com os nossos gestos, criar em nós as condições, como dizia Madre Teresa de Calcutá, para que as pessoas quando saírem da nossa presença vão mais felizes do que quando chegaram.
quarta-feira, 9 de setembro de 2015
SOFIA LISBOA - NUNCA DESISTAS DE VIVER
SOFIA LISBOA, com Natália Heleno Pereira (2014). Nunca Desistas de Viver. Alfragide: Lua de Papel. 208 páginas.
Sofia Lisboa era a vocalista dos Silence 4, banda cujo sucesso ainda lhes é reconhecido. Depois da banda terminar, tornou-se professora de fitness. Casou, engravidou, tinha tudo para ter a vida que sempre sonhou. Nova, bonita, realizada profissionalmente, com amigos. Mas eis que o telefonema lhe corta a vida em duas metades (antes e depois do telefonema): leucemia (um tipo dos mais graves). Tinha sobre si a sentença da morte.
A pessoa que passa por uma grave doença, por um cancro, reage à sua maneira. Parafraseando Tolstoi, as famílias felizes são iguais, as famílias tristes são originais, pois cada uma sofre à sua maneira, única, especial, irrepetível. Também as pessoas a quem a doença e/ou o sofrimento profundo bate à porta. Não há duas doentes iguais, ainda que a doença seja a mesma. A pessoa, com a sua predisposição, a sua educação, o seu otimismo ou o seu pessimismo, a família e os amigos que têm ou não tem. Tudo é diferente. Refira-se que quando a doença chega não leva em linha de conta se a pessoa é pobre ou rica, feliz ou infeliz, se é feia ou bonita, magra ou mais forte.
Sofia Lisboa passou por diversas fases. Por momentos de esperança e otimismo, por momentos de tristeza e decepção. Não lhe faltaram os amigos. A família. O marido que a acompanhou intensamente durante o período mais difícil (viriam a separar-se, tão grande foi o desgaste da doença). Logo no início, a perda do bebé, consequência inevitável para iniciar os tratamentos. Foi a primeira grande perda, e com essa perda também a impossibilidade de ser novamente mãe (biológica).
Vieram os tratamentos. Durante vários meses. Encontrou pelo caminho profissionais que eram amigos e competentes, mas também profissionais indispostos com a vida. A irmã deu-lhe uma segunda vida, já que a medula era compatível. O transplante trouxe a esperança, mas o combate ainda estava longe de ser bem sucedido, física e mentalmente. Para que o próprio organismo aceitasse a medula da irmã, foi submetida a intensos tratamentos, nomeadamente cortisona. Chegou um momento que dependia em tudo dos outros. Aumentou de peso, tinha pelos pelo corpo inteiro, usava fralda, não se podia levantar. Havia dias que o desejo era "partir", não fosse o peso que colocaria na família e nos amigos. Tinha perdido tudo: a beleza, a vida (de outrora), o filho, o marido...
A família e os amigos fizeram-lhe "ver" que havia que viver não em função da vida anterior mas da que está pela frente. Como ela, como todos, é sempre mais fácil falar.
Com a recuperação, também a possibilidade de fazer novas coisas, de começar a sair, ainda que com muitos cuidados. Outro dos propósitos era juntar o grupo Silence 4. A David Fonseca, o "razito" que teve o sonho de formar uma banda, apostada no som acústico e em duas vozes, uma masculina e outra feminina, pediu que voltasse a reunir o grupo. Se sobrevivesse então estaria lá para agradecer, cantar, vibrar, se morresse seria uma espécie de tributo e eternização. Uma parte da receita, como veio a acontecer, seria para a Liga Portuguesa contra o Cancro.
Outro dos propósitos era escrever um livro sobre esta travessia, de forma a ajudar outros a enfrentar a doença com valentia, em lógica de "podemos ser derrotadas mas não desistentes", pois nem tudo depende de nós.
O livro que ora propomos é precisamente este testemunho eloquente, este desafio, apesar de todas as dificuldades e do sofrimento atroz, é possível não desistir de viver.
Outras LEITURAS anteriormente recomendadas, que enfrentaram o cancro, sob diversas manifestações e com finais diferentes: (Manuel Forjaz, José Maria Cabral e Corbella faleceram pouco tempo depois dos emocionadas testemunhos)
- MANUEL FORJAZ: Não te distraias da vida
- Manuel Forjaz e JAC: 28 minutos e 7 segundos de vida
- José Maria Cabral: O desafio da Normalidade
- Fernanda Serrano: Também há finais felizes
- Chiara Corbella Petrillo: nascemos e jamais morremos
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Maria de Villota - Sem um olho, vejo melhor...
A ex-piloto de testes de Fórmula 1 Maria de Villota, encontrada hoje sem vida num quarto de hotel em Sevilha, faleceu por causas naturais, de acordo com fontes da investigação citadas pela agência EFE. A autópsia realizada no Instituto Anatómico Forense de Sevilha confirmou que a antiga piloto, que em 2012 sofreu um grave acidente, no qual perdeu um olho, morreu por causas «absolutamente naturais». Maria de Villota, cujo corpo foi encontrado esta manhã no quarto de hotel em que estava hospedada para participar numa conferência na capital da Andaluzia, foi levada pelas 10h00 locais ao Instituto Anatómico, onde foi realizada a autópsia. De Villota, 33 anos, estava em Sevilha, onde hoje deveria participar num evento no centro de Congressos da cidade, dias antes da apresentação de um livro sobre a sua vida. Filha do ex-piloto de F1 Emilio De Villota, Maria de Villota sofreu um grave acidente em junho de 2012 durante testes realizados pela escuderia Marussia, perdendo o olho direito. Para a próxima segunda-feira estava previsto que apresentasse o livro sobre a sua vida: “La vida es um regalo” (A vida é um presente).
FONTE da notícia: AQUI.
Post publicado em 14 de outubro de 2012:
María de Villota - 32 anos - era piloto de Fórmula 1. Apaixonada pela velocidade e pelos carros, conseguira atingir o seu sonho. Era a única mulher num mundo dominado por homens. Um dia teve um acidente grave e azarado: regressando dos testes na pista - sem que se perceba porquê - acelerou e embateu contra a traseira de um camião. Na altura pensou-se que teria a vida em risco. "María, te hemos salvado la vida... pero tenemos que decirte que has perdido el ojo" - disse-lhe o médico, depois da operação. "Usted es cirujano?" - respondeu María - "… y usted necesita dos manos para operar? pues yo soy piloto de Fórmula 1 y necesito dos ojos!…". Passados três meses de recuperação, em conferência de imprensa, partilha com todos a transformação interior que sofreu: "…te dás cuenta que ves más que antes… porque yo antes sólo veía la Fórmula 1, sólo me veía encima de un coche compitiendo, y no veía lo que era realmente importante en la vida; la claridad de decir "joder, estoy viva" y que en ese momento no estaba valorando lo más grande que es que esa persona que estaba allí me haya salvado"; "este ojo me ha devuelto el Norte; me ha devuelto lo importante"; "esta nueva oportunidad la voy a vivir al cien por cien"; "hoy cuando me miro al espejo estoy orgullosa porque realmente pienso que mi aspecto actual dice más de quién es María de Villota"; "llevo mi historia y la llevo con mucho cariño y orgullo". Mais nada.
María de Villota - 32 anos - era piloto de Fórmula 1. Apaixonada pela velocidade e pelos carros, conseguira atingir o seu sonho. Era a única mulher num mundo dominado por homens. Um dia teve um acidente grave e azarado: regressando dos testes na pista - sem que se perceba porquê - acelerou e embateu contra a traseira de um camião. Na altura pensou-se que teria a vida em risco. "María, te hemos salvado la vida... pero tenemos que decirte que has perdido el ojo" - disse-lhe o médico, depois da operação. "Usted es cirujano?" - respondeu María - "… y usted necesita dos manos para operar? pues yo soy piloto de Fórmula 1 y necesito dos ojos!…". Passados três meses de recuperação, em conferência de imprensa, partilha com todos a transformação interior que sofreu: "…te dás cuenta que ves más que antes… porque yo antes sólo veía la Fórmula 1, sólo me veía encima de un coche compitiendo, y no veía lo que era realmente importante en la vida; la claridad de decir "joder, estoy viva" y que en ese momento no estaba valorando lo más grande que es que esa persona que estaba allí me haya salvado"; "este ojo me ha devuelto el Norte; me ha devuelto lo importante"; "esta nueva oportunidad la voy a vivir al cien por cien"; "hoy cuando me miro al espejo estoy orgullosa porque realmente pienso que mi aspecto actual dice más de quién es María de Villota"; "llevo mi historia y la llevo con mucho cariño y orgullo". Mais nada.
[Fotografia de GrandPrixMotoriOnline]
FONTE: Ver para além do olhar.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
quinta-feira, 11 de julho de 2013
Cure-se a si mesmo...
"Segundo a psicóloga americana Louise L. Hay, todas as doenças que temos são criadas por nós. Afirma ela, que somos 100% responsáveis por tudo de ruim que acontece no nosso organismo. Todas as doenças tem origem num estado de não-perdão, diz a psicóloga americana Louise L. Hay.
Sempre que estamos doentes, necessitamos descobrir a quem precisamos perdoar. Quando estamos empacados num certo ponto, significa que precisamos perdoar mais. Pesar, tristeza, raiva e vingança são sentimentos que vieram de um espaço onde não houve perdão. Perdoar dissolve o ressentimento. A seguir, você vai conhecer uma relação de algumas doenças e suas prováveis causas, elaboradas pela psicóloga Louise.
Sempre que estamos doentes, necessitamos descobrir a quem precisamos perdoar. Quando estamos empacados num certo ponto, significa que precisamos perdoar mais. Pesar, tristeza, raiva e vingança são sentimentos que vieram de um espaço onde não houve perdão. Perdoar dissolve o ressentimento. A seguir, você vai conhecer uma relação de algumas doenças e suas prováveis causas, elaboradas pela psicóloga Louise.
Doenças / Causas:
Amidalite: Emoções reprimidas, criatividade sufocada.
Anorexia: Ódio ao externo de si mesmo.
Apendicite: Medo da vida. Bloqueio do fluxo do que é bom.
Arteriosclerose: Resistência. Recusa em ver o bem.
Artrite: Crítica conservada por longo tempo.
Asma: Sentimento contido, choro reprimido.
Bronquite: Ambiente familiar inflamado. Gritos, discussões.
Cancro: Mágoa profunda, tristezas mantidas por muito tempo.
Colesterol: Medo de aceitar a alegria.
Derrame: Resistência. Rejeição à vida.
Diabetes: Tristeza profunda.
Diarreia: Medo, rejeição, fuga.
Dor de cabeça: Autocrítica, falta de auto-valorização.
Dor nos joelhos: medo de recomeçar, medo de seguir em frente
Enxaqueca: Raiva reprimida. Pessoa perfeccionista.
Fibromas: Alimentar mágoas causadas pelo parceiro (a).
Frigidez: Medo. Negação do prazer.
Gastrite: Incerteza profunda. Sensação de condenação.
Hemorróidas: Medo de prazos determinados. Raiva do passado.
Hepatite: Raiva, ódio. Resistência a mudanças.
Insónia: Medo, culpa.
Labirintite: Medo de não estar no controle.
Meningite: Tumulto interior. Falta de apoio.
Nódulos: Ressentimento, frustração. Ego ferido.
Pele (acne): Individualidade ameaçada. Não aceitar a si mesmo.
Pneumonia: Desespero. Cansaço da vida.
Pressão alta: Problema emocional duradouro não resolvido.
Pressão baixa: Falta de amor quando criança. Derrotismo.
Prisão de ventre: Preso ao passado. Medo de não ter dinheiro suficiente..
Pulmões: Medo de absorver a vida.
Quistos: Alimentar mágoa. Falsa evolução.
Resfriados: Confusão mental, desordem, mágoas.
Reumatismo: Sentir-se vitima. Falta de amor. Amargura.
Rinite alérgica: Congestão emocional. Culpa, crença em perseguição.
Rins: medo da crítica, do fracasso, desapontamento.
Sinusite: Irritação com pessoa próxima.
Tiróide: Humilhação.
Tumores: Alimentar mágoas. Acumular remorsos.
Úlceras: Medo. Crença de não ser bom o bastante.
Varizes: Desencorajamento. Sentir-se sobrecarregado".
Postado a partir de Pedacinhos de Luz.
Não iríamos tão longe. Sabendo que a pessoa se caracteriza como um todo, num fenómeno chamado pela psicologia de psicossomático, pelo que podemos constatar: o que nos afecta fisicamente influencia directamente a nossa dimensão interior, psicológica, espiritual, mas também uma disposição interior pode levar a reacções físicas e provocar uma e outra doença.
Nesta perspectiva, a importância de tratar dos nossos afectos e sentimentos e da atitude face à vida e aos outros. Nesta reflexão, e uma vez mais, recomendaríamos os livros do célebre psiquiatra brasileiro, Augusto Cury, que nos mostra até que ponto a nossa "sensibilidade" nos pode tornar saudáveis ou doentes.
Mas e antes disso, a recomendação de Jesus Cristo. Jesus aposta também na atitude positiva, no perdão, na caridade, na partilha solidária. Ele é o autêntico médico. Aliás, Augusto Cury, aponta-O como paradigma, como grande pedagogo, como curador de almas.
Deixámos outra sugestão: Servan-Schreiber, Curar, o stress, a ansiedade e a depressão sem medicamentos nem psicanálise, Dom Quixote, Lisboa 2004. Mais um incentivo a usarmos o para-simpático para equilibramos o nosso organismo.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Alerta na porta de um consultório médico
A enfermidade é um conflito entre a personalidade e a alma.
O resfriado escorre quando o corpo não chora.
A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam.
O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
O peito aperta quando o orgulho escraviza.
A pressão sobe quando o medo aprisiona.
As neuroses paralisam quando a "criança interna" tiraniza.
A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.
Os joelhos doem quando o orgulho não se dobra.
O cancro mata quando não se perdoa e/ou cansa de viver.
E as dores caladas? Como falam em nosso corpo?
A enfermidade não é má, ela avisa quando erramos a direção.
O caminho para a felicidade não é reto, existem curvas chamadas Equívocos,
existem semáforos chamados Amigos,
luzes de precaução chamadas Família,
e ajudará muito ter no caminho uma peça de reposição chamada Decisão,
um potente motor chamado Amor,
um bom seguro chamado FÉ,
abundante combustível chamado Paciência.
Mas principalmente
um maravilhoso Condutor chamado DEUS.
O resfriado escorre quando o corpo não chora.
A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
O diabetes invade quando a solidão dói.
O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam.
O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
O peito aperta quando o orgulho escraviza.
A pressão sobe quando o medo aprisiona.
As neuroses paralisam quando a "criança interna" tiraniza.
A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.
Os joelhos doem quando o orgulho não se dobra.
O cancro mata quando não se perdoa e/ou cansa de viver.
E as dores caladas? Como falam em nosso corpo?
A enfermidade não é má, ela avisa quando erramos a direção.
O caminho para a felicidade não é reto, existem curvas chamadas Equívocos,
existem semáforos chamados Amigos,
luzes de precaução chamadas Família,
e ajudará muito ter no caminho uma peça de reposição chamada Decisão,
um potente motor chamado Amor,
um bom seguro chamado FÉ,
abundante combustível chamado Paciência.
Mas principalmente
um maravilhoso Condutor chamado DEUS.
domingo, 7 de outubro de 2012
Porque choras, Mamã?
"Nunca os meus olhos haviam visto tanta beleza espraiada no rosto de um recém-nascido. Mas como tu eras belo, David! De uma beleza tão grande que não cabia nas máquinas fotográficas nem em câmaras de filmar. Mas conseguirá toda essa beleza ofuscar tanta dor e tanta angústia? Conseguirá essa beleza compensar todo o sofrimento que invade todos os recantos de uma mente acabada de ser mãe? Foram tantas perguntas que correram em busca de respostas. Tantas noites escuras à espera do amanhecer. Uma alma aparentemente destruída em busca de algo ou de alguém que lhe apanhasse os destroços e a fizesse regressar à normalidade da vida" (contracapa).
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Porque choras, mamã?, de Joana Leitão, do Sítio do Livro, onde pode ser adquirido via internet, é um testemunho envolvente, de uma mãe à beira do desespero, cuja depressão se acentua com o nascimento do filho, mas que já se vinha a desenvolver com a gravidez, muito desejada.
Várias perguntas: como podem conviver sentimentos tão diversos, como foi possível chegar àquele fosso? Porque é que os amigos se afastam, porque é que não compreendem? Será louca esta mãe? Grita ou silencia? Porque é que ninguém ouve os seus gritos? De onde brotam tantas lágrimas, quando deveriam ser momentos de grande alegria?
É uma leitura impressionante, intensa, que se lê de uma assentada, num texto claro, agradável, muito bem escrito, e com conteúdo, com interrogações que nos ficam presas à garganta. Será possível compreender uma pessoa que caiu em depressão?
"Uma depressão é como um cancro, 'pode acontecer a qualquer pessoa, ninguém está imune'. Eu chamei-lhe o cancro da alma. A verdade é que assim é: tal como um cancro, ela deixa marcas. Ficamos frágeis e arriscamo-nos a recaídas... 'As portas ficam sempre abertas'. Ah! Se eu pudesse fechar as portas e perder as chaves...!
"Sei hoje que é possível viver momentos felizes, porque a vida é feita de momentos. Momentos em que o sol brilha e momentos chuvosos e nublosos. Durante a nossa estadia terrena atravessamos por diversas vezes a escuridão da noite e a claridade diurna. se pudermos dormir durante a noite... tanto melhor!
Quanto ao resto, sempre acreditei que se as lágrimas não nos deixam ver o sol, temos de as limpar; pelo menos poderemos ver as estrelas.
...para que se possa acreditar que da noite se pode fazer luz, e que a luz poderá ser um crespúsculo mais sereno ou um amanhecer amaciado pelo Amor".
É uma leitura a não perder, para mães, que podem sentir a presença dos filhos de maneira tão diversa, para pessoas que passaram/passam por momentos depressivos ou depressões profundas, para quem gosta de ler e para quem quer ler textos mais suaves e de fácil compreensão, para quem gosta de se interrogar e quer conhecer a alma das pessoas.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Reflexão...
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Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar sobre a responsabilidade do que dizemos.
...Às vezes usa o cansaço, para que possamos compreender o valor do despertar.
Outras vezes usa a doença, quando quer nos mostrar a importância da saúde.
Outras vezes usa a morte, quando quer nos mostrar a importância da vida”
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Morrer: baixar o cortinado no último acto
(Este texto não é da nossa autoria, mas é belíssimo. Guardámo-lo para estes dias em que celebramos Todos os Santos e os Fiéis Defuntos, e em que falamos em fé, em morte, em vida, em ressurreição, em vida eterna):
A vida é preciosa e quando a vivemos com Fé, com alegria e conscientes de que ela tem continuidade, e tem sentido, aceitamo-la em todas as suas fases com tranquilidade e com naturalidade.
Ela é para assim dizer uma peça de teatro em que cada pessoa é a figura principal: dividida em vários actos, uns alegres, outros mais violentos e mais dramáticos, mais tristes; mas todos fazem parte dessa mesma vida: em suma uma história... e finalmente, seja qual for o conteúdo, o fim é sempre o mesmo...Acabou, morreu, faleceu, ou para não ser tão doloroso diz-se partiu.
Eu gosto mais deste termo “partiu”, dá-me como que uma sensação de viagem.
Lembro-me, de que quando trabalhava em cuidados paliativos com os doentes da Sida., um dia, um deles andava numa azafama terrível à procura dos papéis de identidade porque, dizia ele, que ia partir no dia seguinte e queria ter tudo em ordem, claro que não era o caso da alta, fez as malas e despediu-se de nós e de noite ele partiu, (morreu).
Quando cheguei de manhã vi a cama vazia...
Cada um tenta gerir o sofrimento e a dor conforme pode... claro que não é fácil aceitar a morte de alguém que fez parte da nossa vida, da nossa infância, sim isso dói, porque a presença física vai faltar, e também porque a morte dos outros, nossos próximos é o espelho da nossa própria morte, mas dentro de nós fica toda a história toda a recordação, toda a saudade e mais que isso, a Promessa da Eternidade.
Impressiona-me muito ouvir frases como estas ao leito do moribundo:
“Somos pouca coisa”.“Ao que nós chegámos”“A vida é isto”“Não podemos escapar”
Mas há também outras frases que nos ficam no ouvido:
"Que sossego”“Parece que está a dormir”“Que repouso”“Parece que está a sorrir”“Deus está com ele, ela”E ainda outras frases:“Para quê estar aqui?”“De que vale toda a sua fortuna?”“Morreu como todos”
Todas estas frases têm sentido e são o sentir da nossa percepção da morte
Muitas vezes quereríamos estar mais presentes, falar com eles mas isso não é possível, porque a distância é grande, ou porque fomos alertados na última hora,
Outras vezes os nossos medos, recusando o processo de morrer incomoda-nos de tal modo que preferimos ficar á distância.
Na quarta-feira telefonaram-me a dizer que a minha tia estava em cuidados paliativos Que estava em coma, eu e o meu marido deslocámo-nos 300 km e fomos despedir-nos.
Estivemos umas duas horas com ela, ela já não falava mas de vez em quando abria os olhitos, sinal de que ia estando connosco, falámos dos belos tempos e ainda sorrimos.
Todos íamos tocando nas suas mãos e nos seus braços com paz e tranquilidade, ela estava calma, estava com tranquilizantes, mas a nossa paz interior também ajudava muito.
Ela não falava, mas enquanto estive ali sentada ao lado dela vivi tanta coisa linda... “os últimos instantes”.
Os familiares mais chegados estavam lá, falamos de coisas banais, da aldeia, dos netos dela e de outros familiares. Fiquei muito feliz de ter estado com ela ainda em vida.
Quando me despedi, disse-lhe Adeus disse-lhe que não tivesse medo, ela faleceu pela manhã.
Foi um novo amanhecer... A vida continua.
A morte é apenas o cortinado que foi fechado neste último acto.
in De mãos dadas.
domingo, 31 de outubro de 2010
A Janela
Dois homens, seriamente doentes, ocupavam o mesmo quarto de um hospital. Um deles ficava sentado em sua cama por uma hora todas as tardes para conseguir drenar o líquido de seus pulmões. Sua cama ficava próxima da única janela existente no quarto. O outro homem era obrigado a ficar deitado de bruços em sua cama o tempo todo. Eles conversavam muito. Falavam sobre mulheres e suas famílias, suas casas, seus empregos...
E toda tarde quando o homem perto da janela podia se sentar, ele passava o tempo todo descrevendo ao seu companheiro de quarto todas as coisas que ele podia enxergar através da janela. O homem na outra cama começou a criar o hábito de esperar por esse período onde seu mundo era ampliado e animado pelas descrições de seu companheiro.
Ele dizia que da janela dava para ver um parque com um lago magnífico, onde patos e cisnes nadavam e muitas crianças brincavam com seus barquinhos de papel. Jovens namorados andavam abraçados no meio das flores que, de tão lindas, encantavam qualquer um que passasse próximo do local. Grandes árvores cheias de elegância na paisagem e uma fina linha laranja podiam ser vistas do horizonte. Quando o homem próximo da janela fazia as suas descrições, ele o fazia de modo primoroso e delicado, com detalhes e o outro homem fechava os seus olhos e imaginava a cena descrita.
Dias e semanas se passaram desde então. Em uma manhã bonita e ensolarada a enfermeira chegou trazendo água para o banho dos dois homens, mas um deles estava morto... O homem que estava próximo da janela havia morrido, pacificamente, durante o seu sono noturno. A enfermeira estava entristecida e chamou os atendentes do hospital para levarem o corpo.
Assim que julgou conveniente, o outro homem pediu para que a enfermeira o colocasse próximo da janela. A enfermeira ficou feliz em poder fazer esse favor e depois de verificar que o paciente estava confortável, o deixou sozinho no quarto. Vagarosamente, pacientemente, lutando contra a dor, ele conseguiu finalmente apoiar seus cotovelos para olhar pela primeira vez pela janela. Finalmente ele poderia ver tudo por si mesmo. Ele se esticou ao máximo, para poder ver através da janela, e quando conseguiu, deparou-se com um muro todo branco.
Ele perguntou para a enfermeira, assim que teve a chance, o que havia levado o seu amigo a lhe descrever coisas tão belas ao longo dos dias que lhe restavam, pois daquele local a única coisa que podia ser vista era o imenso muro branco.
A enfermeira respondeu que aquele homem era cego...
SONHE COMO SE FOSSE VIVER PARA SEMPRE, VIVA COMO SE FOSSE MORRER AMANHÃ.
(autor desconhecido)
E toda tarde quando o homem perto da janela podia se sentar, ele passava o tempo todo descrevendo ao seu companheiro de quarto todas as coisas que ele podia enxergar através da janela. O homem na outra cama começou a criar o hábito de esperar por esse período onde seu mundo era ampliado e animado pelas descrições de seu companheiro.
Ele dizia que da janela dava para ver um parque com um lago magnífico, onde patos e cisnes nadavam e muitas crianças brincavam com seus barquinhos de papel. Jovens namorados andavam abraçados no meio das flores que, de tão lindas, encantavam qualquer um que passasse próximo do local. Grandes árvores cheias de elegância na paisagem e uma fina linha laranja podiam ser vistas do horizonte. Quando o homem próximo da janela fazia as suas descrições, ele o fazia de modo primoroso e delicado, com detalhes e o outro homem fechava os seus olhos e imaginava a cena descrita.
Dias e semanas se passaram desde então. Em uma manhã bonita e ensolarada a enfermeira chegou trazendo água para o banho dos dois homens, mas um deles estava morto... O homem que estava próximo da janela havia morrido, pacificamente, durante o seu sono noturno. A enfermeira estava entristecida e chamou os atendentes do hospital para levarem o corpo.
Assim que julgou conveniente, o outro homem pediu para que a enfermeira o colocasse próximo da janela. A enfermeira ficou feliz em poder fazer esse favor e depois de verificar que o paciente estava confortável, o deixou sozinho no quarto. Vagarosamente, pacientemente, lutando contra a dor, ele conseguiu finalmente apoiar seus cotovelos para olhar pela primeira vez pela janela. Finalmente ele poderia ver tudo por si mesmo. Ele se esticou ao máximo, para poder ver através da janela, e quando conseguiu, deparou-se com um muro todo branco.
Ele perguntou para a enfermeira, assim que teve a chance, o que havia levado o seu amigo a lhe descrever coisas tão belas ao longo dos dias que lhe restavam, pois daquele local a única coisa que podia ser vista era o imenso muro branco.
A enfermeira respondeu que aquele homem era cego...
SONHE COMO SE FOSSE VIVER PARA SEMPRE, VIVA COMO SE FOSSE MORRER AMANHÃ.
(autor desconhecido)
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Testamento de um idoso com Alzheimer (Lilian Alicke)
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Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro;
Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido.“ (Buda)
❖
Junto com meu testamento, no qual lego a meus filhos e amigos a minha vontade de viver e meu amor a Deus e a toda a criação, faço um pedido:
❖Se, por ventura, no meu cérebro a senilidade penetrar sorrateiramente, a demência se infiltrar inesperadamente e o esquecimento, a falta de lucidez e a confusão se instalarem, por favor, lembrem que eventualmente, ainda tenho uma vaga idéia de minha identidade;
gosto de ser chamada pelo meu nome, aquele que meus pais me deram;
posso ainda saber onde estou e com quem estou;
posso estar gostando ou não de onde estou e com quem estou faço ainda questão de usar aquele tipo de sapato que toda a minha vida usei;
gosto ainda de usar a roupa ao estilo que sempre preferi; a roupa dos outros colocada em mim me entristece.
❖A falta de atenção em me ajudar na higiene pessoal me traz ansiedade.
❖A comida de um estilo que não conheço não me apetece;
as fraldas de vez em quando me incomodam e me deixam envergonhada.
❖
Gostaria, às vezes, de caminhar para espairecer e ver a natureza.
❖Receber uma palavrinha me faz lembrar que sou gente;
receber visitas me faz lembrar que sou importante;
receber um abraço e um beijo me diz que alguém ainda tem afecto por mim.
❖
A falta de sono não é proposital, nem intencional;
a falta de interesse está além do meu controle;
minha falta de jeito é inexplicável para mim mesma;
o esquecimento me deixa traumatizada.
❖
Tenho dores que às vezes não posso contar.
❖
Nem sempre o que me fazem fazer é o que eu gostaria de estar fazendo.
❖Meu olhar vago não reflecte o que sinto.
❖E se não dou um abraço é porque os meus braços não me obedecem mais se não dou um beijo é porque meus lábios não sabem mais o que fazer.
❖Se não te digo que valorizo sua dedicação e seu amor é porque a ponte se partiu e perdi o caminho que me levaria a compartilhar meus sentimentos com você....
❖Ass. “Um ser Humano que Envelhece"
❖"Os homens não têm muito respeito pelos outros porque têm pouco até por si próprios."
(Leon Trotsky)
"A vida é mais simples do que a gente pensa; basta aceitar o impossível, dispensar o indispensável e suportar o intolerável."
( Kathleen Norris)
O Mal de Alzheimer, ou Doença de Alzheimer ou simplesmente Alzheimer é a forma mais comum de demência.
Esta doença degenerativa, até o momento incurável e terminal foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, de quem herdou o nome.
Esta doença afeta geralmente pessoas acima dos 65 anos, embora o seu diagnóstico seja possível também em pessoas mais novas do que esta idade.
Cada paciente de alzheimer sofre a doença de forma única mas existem pontos em comum, por exemplo o sintoma primário mais comum é a perda de memória.
Muitas vezes os primeiros sintomas são confundidos com problemas de idade ou de stress.
Quando é suspeitado Alzheimer o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos.
Com o avançar da doença vão aparecendo novos sintomas como confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória a longo prazo e o paciente começa a desligar-se da realidade.
As suas funções motoras começam a perder-se e o paciente acaba por morrer.
Antes de se tornar totalmente aparente o alzheimer vai-se desenvolvendo por um período indeterminado de tempo e pode manter-se invisível durante anos.
Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido.“ (Buda)
❖
Junto com meu testamento, no qual lego a meus filhos e amigos a minha vontade de viver e meu amor a Deus e a toda a criação, faço um pedido:
❖Se, por ventura, no meu cérebro a senilidade penetrar sorrateiramente, a demência se infiltrar inesperadamente e o esquecimento, a falta de lucidez e a confusão se instalarem, por favor, lembrem que eventualmente, ainda tenho uma vaga idéia de minha identidade;
gosto de ser chamada pelo meu nome, aquele que meus pais me deram;
posso ainda saber onde estou e com quem estou;
posso estar gostando ou não de onde estou e com quem estou faço ainda questão de usar aquele tipo de sapato que toda a minha vida usei;
gosto ainda de usar a roupa ao estilo que sempre preferi; a roupa dos outros colocada em mim me entristece.
❖A falta de atenção em me ajudar na higiene pessoal me traz ansiedade.
❖A comida de um estilo que não conheço não me apetece;
as fraldas de vez em quando me incomodam e me deixam envergonhada.
❖
Gostaria, às vezes, de caminhar para espairecer e ver a natureza.
❖Receber uma palavrinha me faz lembrar que sou gente;
receber visitas me faz lembrar que sou importante;
receber um abraço e um beijo me diz que alguém ainda tem afecto por mim.
❖
A falta de sono não é proposital, nem intencional;
a falta de interesse está além do meu controle;
minha falta de jeito é inexplicável para mim mesma;
o esquecimento me deixa traumatizada.
❖
Tenho dores que às vezes não posso contar.
❖
Nem sempre o que me fazem fazer é o que eu gostaria de estar fazendo.
❖Meu olhar vago não reflecte o que sinto.
❖E se não dou um abraço é porque os meus braços não me obedecem mais se não dou um beijo é porque meus lábios não sabem mais o que fazer.
❖Se não te digo que valorizo sua dedicação e seu amor é porque a ponte se partiu e perdi o caminho que me levaria a compartilhar meus sentimentos com você....
❖Ass. “Um ser Humano que Envelhece"
❖"Os homens não têm muito respeito pelos outros porque têm pouco até por si próprios."
(Leon Trotsky)
"A vida é mais simples do que a gente pensa; basta aceitar o impossível, dispensar o indispensável e suportar o intolerável."
( Kathleen Norris)
O Mal de Alzheimer, ou Doença de Alzheimer ou simplesmente Alzheimer é a forma mais comum de demência.
Esta doença degenerativa, até o momento incurável e terminal foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, de quem herdou o nome.
Esta doença afeta geralmente pessoas acima dos 65 anos, embora o seu diagnóstico seja possível também em pessoas mais novas do que esta idade.
Cada paciente de alzheimer sofre a doença de forma única mas existem pontos em comum, por exemplo o sintoma primário mais comum é a perda de memória.
Muitas vezes os primeiros sintomas são confundidos com problemas de idade ou de stress.
Quando é suspeitado Alzheimer o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos.
Com o avançar da doença vão aparecendo novos sintomas como confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória a longo prazo e o paciente começa a desligar-se da realidade.
As suas funções motoras começam a perder-se e o paciente acaba por morrer.
Antes de se tornar totalmente aparente o alzheimer vai-se desenvolvendo por um período indeterminado de tempo e pode manter-se invisível durante anos.
domingo, 22 de agosto de 2010
Saudade é AMOR que fica!
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Nós médicos somos treinados para nos sentirmos "deuses". Só que não o somos! Não acho o sentimento de omnipotência de todo ruim, se bem dosado. É este sentimento que nos ajuda a vencer desafios, a se rebelar contra a morte e a tentar ir sempre mais além. Se mal dosado, porém, este sentimento será de arrogância e prepotência.
Quando perdemos um paciente, voltamos à planície, experimentamos o fracasso e os limites que a ciência nos impõe e entendemos que não somos deuses.
Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional. Nesse hospital, comecei a frequentar a enfermaria infantil, e a me apaixonar pela oncopediatria. Mas também comecei a vivenciar os dramas dos meus pequenos pacientes, que via como vítimas inocentes desta terrível doença que é o câncer.
Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento destas crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim.
Meu anjo era uma criança já com 11 anos, calejada por 2 anos de tratamentos, hospitais, exames e todos os desconfortos trazidos pela quimioterapia e radioterapia. Mas nunca vi meu anjo fraquejar. Já a vi chorar sim, muitas vezes, mas não via fraqueza em seu choro. Via medo em seus olhinhos algumas vezes, e isto é humano! Mas via confiança e determinação.
Um dia, cheguei ao hospital de manhã cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe e ouvi uma resposta que ainda hoje não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.
Meu anjo respondeu:
- Tio, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade de mim. Mas eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!
Pensando que crianças assistem seus heróis morrerem e ressuscitarem nos seriados e filmes, indaguei: - E o que morte representa para você, querida?
- Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e no outro dia acordamos no nosso quarto, em nossa própria cama não é?
(Lembrei que minhas filhas costumavam dormir no meu quarto e após dormirem eu procedia exactamente assim.)
- É isso mesmo, e então?
- Quando nós dormimos, nosso pai vem e nos leva nos braços para o nosso quarto, para nossa cama, não é?
- Você é muito esperta!
- Olha tio, eu não nasci para esta vida! Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
Boquiaberto, não sabia o que dizer. Chocado com o pensamento deste anjinho, com a maturidade que o sofrimento acelerou, com a visão e grande espiritualidade desta criança, fiquei parado, sem acção.
- E minha mãe vai ficar com muitas saudades minha, emendou ela.
Emocionado, travado na garganta, perguntei: - E o que saudade significa para você, meu anjo?
- Não sabe não tio? Saudade é o amor que fica!
Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais directa e mais simples para a palavra saudade: é o amor que fica!
Um anjo passou por mim...
Foi enviado para me dizer que existe muito mais entre o céu e a terra, do que nos permitimos enxergar. Que geralmente, absolutilizamos tudo que é relativo (carros novos, casas, roupas de grife, jóias) enquanto relativizamos a única coisa absoluta que temos, nossa transcendência.
Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas deixou uma lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores.
Que bom que existe saudade! O amor que ficou é eterno.
Rogério Brandão, Médico oncologista
terça-feira, 20 de abril de 2010
O vaso da velha chinesa
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Durante muito tempo a coisa foi andando assim, com a senhora chegando a casa somente com um vaso e meio de água.
Naturalmente o vaso perfeito tinha muito orgulho do seu próprio resultado - e o pobre vaso rachado tinha vergonha do seu defeito, de conseguir fazer só a metade daquilo que deveria fazer.
Ao fim de dois anos, reflectindo sobre a sua própria amarga derrota de ser 'rachado', durante o caminho para o rio o vaso rachado disse à velha:
- Tenho vergonha de mim mesmo, porque esta rachadura que tenho faz-me perder metade da água durante o caminho até à sua casa...
A velhinha sorriu:
- Reparaste que lindas flores há no teu lado do caminho, somente no teu lado do caminho? Eu sempre soube do teu defeito e portanto plantei sementes de flores na beira da estrada do teu lado. E todos os dias, enquanto voltávamos do rio, tu regava-las. Foi assim que durante dois anos pude apanhar belas flores para
enfeitar a mesa e alegrar o meu jantar. Se tu não fosses como és, eu não teria tido aquelas maravilhas na minha casa!
enfeitar a mesa e alegrar o meu jantar. Se tu não fosses como és, eu não teria tido aquelas maravilhas na minha casa!
Cada um de nós tem o seu defeito próprio: mas é o defeito que cada um de nós tem, que faz com que nossa convivência seja interessante e gratificante.
É preciso aceitar cada um pelo que é... e descobrir o que há de bom nele!
Autor desconhecido.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Aprendiz... a saúde na doença!
Há pessoas que na doença descobrem o gosto de viver e se tornam mais saudáveis na convivência com os outros e na atitude diante das dificuldades. Há pessoas que são têm saúde, e tem os meios para viverem comodamente, mas têm atitudes doentias.
Este é o testemunho de alguém que após a descoberta que tinha cancro, mudou a atitude perante a vida. Mais uma lição de vida:
Para visualizar melhor, clique sobre a palavra "FULL".
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