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domingo, 30 de março de 2014

Comunicação globalizada » Globalização da Indiferença

       Nunca como hoje os meios de comunicação social, mas também os meios de transporte, nos tornam tão vizinhos e no entanto continuamos distantes, talvez até mais que no passado.
       As pessoas conheciam os vizinhos pelo nome, tinham as portas abertas para quem chegava, e para saírem ao encontro dos outros. Qualquer necessidade poderia ser satisfeita com a ajuda do vizinho. Hoje temos as portas e janelas fechadas, não apenas as de casa mas também as do coração.
       No mesmo instante estamos em contacto com o fim do mundo, com alguém que não conhecemos de parte nenhuma mas que nos faz felizes por o vermos, por vermos o sucesso que tem ou nos entristecemos com os desaires daquele ator, daquela cantora, daquela pessoa que lançou uma campanha para ajudar um cão, ou daqueloutro que andou à batatada com a sogra.
       E à nossa volta? Tão perto e tão distantes. Passamos e andamos. E o “tudo bem” não é uma pergunta, é uma mera formalidade. Cumprimentamos alguém mas não queremos saber da pessoa. Talvez, como já o referimos por aqui, queiramos saber alguma coisa sobre ela, mas não o que sente, o que precisa, o que se passa na sua vida.
       Facilmente estamos em contacto com meio mundo. Trocamos mensagens, informações, o que gostamos, o que lemos, tantas centenas, milhares, de amigos virtuais, gastamos algum ou bastante tempo a postar belas frases, a sugerir pensamentos bem formulados, por vezes para os outros, não para nós, pois não precisamos. Porém, desconhecemos quem mora ao lado, o que faz, o que precisa. Desconhecemos o seu nome. Podemos até cruzar-nos com ele, ou embater contra ele, mas não nos toca. Podemos estar tão perto e tão longe uns dos outros. A aldeia é global, no conhecimento, na informação, na democratização cultural e religiosa, podemos até ser especialistas em bricolage e fabricar a nossa religião e a nossa ideologia. E diga-se que os meios de comunicação social, as redes que nos aproximam virtualmente, são uma oportunidade, um dom de Deus, ajudam a resolver problemas, a diagnosticá-los e formular soluções, a encontrar instrumentos para melhorar a vida uns dos outros, aproximam pessoas, ajudam a encontrar outras que desapareceram, facilitam campanhas de solidariedade, permitem a sensibilização para problemas atuais, de pessoas a animais e à natureza, e por vezes tribalizam-nos em alguns grupos de reflexão, de debate, de acusações, de críticas.
       Também o ambiente digital precisa de conversão e é necessário que não desfoque o nosso coração e o nosso olhar das pessoas que nos rodeiam e das suas necessidades. Porque é que as pessoas gritam, pergunta um discípulo ao seu Mestre. Não é pela surdez de algum deles, mas por terem o coração fechado, distante, alheado. Não conseguem escutar-se. Mutatis mutandis, a globalização económica, política, cultural e até religiosa, não corresponde à melhoria na vida das pessoas e não resolve as suas inquietações existenciais. Por outro lado, tem-se dado também a globalização da indiferença. São tantas as situações discutidas até à exaustão que já não chocam, já não emocionam. Não mobilizam. Já fazem parte do quotidiano. Este é um risco elevado.
       Temos os meios, há que colocar neles o nosso coração, o nosso compromisso. Não esperemos pelo ideal. Localizemo-nos, predispondo-nos a globalizar a caridade, a proximidade física e afetiva. Também isto é ser cristão, também por aqui a nossa conversão. A nossa visão tem diversas focalizações, pode ver bem ao longe e mal ao perto. Pode ver bem ao perto e esquecer o que vem lá. A árvore não nos impeça de ver a floresta, mas por causa desta não esqueçamos só existe porque há muitas árvores…

Publicado (abreviadamente) na VOZ DE LAMEGO, n.º 4257, de 25 de março de 2014

terça-feira, 12 de novembro de 2013

LEITURAS: Antonio Spadaro - Ciberteologia

ANTONIO SPADARO. Ciberteologia. Pensar o cristianismo na era da internet. Paulinas Editora, Prior Velho 2013, 192 páginas.
       Uma sugestão de leitura que antes nos foi sugerida. Quando sugerimos uma leitura, fazemo-la por ser envolvente, pelo conteúdo, pela forma, pela beleza, pela importância deste ou daquele texto. Na última Assembleia do Clero, da Diocese de Lamego, no dia 5 de outubro de 2013, alguém, em plenário, recomendou esta leitura. Seguindo a recomendação, logo procurámos o livro, e depois da nossa leitura, recomendamo-lo nós também.

       António Spadaro, diretor da Revista Cevittá Cattolica, entrevistou há pouco tempo o Papa Francisco, o que o tornou bem mais conhecido. A entrevista, de que já demos nota, é a primeira grande entrevista do Papa Francisco, concedida às revistas da Companhia de Jesus, a que também o papa pertencia. Spadaro é consultor nos Pontifícios da Cultura e das Comunicações Sociais. É docente na Universidade Gregoriana.
       Ao longo dos tempos têm-se dedicado a refletir sobre os meios de comunicação social, nomeadamente no contexto da REDE. O livro Ciberteologia é resultado das reflexões colocadas no blogue com o mesmo nome, com conferências dadas, com investigação e estudo.
       É uma obra de pensamento amadurecido. Apresenta a Internet como um ambiente humano. Não apenas um instrumento, ou um meio, para chegar mais longe, mas uma realidade que facilmente passa do virtual ao encontro.
       São muitos os termos presentes nestes meios que são transferidos da teologia: justificar, apagar, partilhar, grupos, busca, pesquisa, caminho, links, salvar, converter, navegar, home (casa, o ambiente da família). Linguagem da teologia na internet, mas também termos que se tornam mais compreensíveis quando voltam para a teologia.
        Antonio Spadaro traça a evolução técnica da rede, a grande revolução, a necessidade de refletir sobre este ambiente humano. As pessoas estão interligadas, conectadas, de certa maneira, em comunhão. Quando se fala de internet fala-se de vida, e não de fios, cabos, modens, gadgets. É uma experiência de vida. Um EU que se encontra com um TU. A internet é uma ambiente de evangelização.
       Sublinha-se no livro, e na entrevista que se segue, que a Internet não substitui o encontro pessoal, como não substitui a liturgia da Igreja, a inserção na comunidade crente. Ambiente digital que ajuda a conhecer o mundo, aproxima as pessoas,...
       A era da Rede também altera a comunicação, influencia a evangelização, a educação, a relação com a Igreja e com as instituições tradicionais.
       Nos dias 3 e 4 de outubro de 2013, decorreram, em Fátima, as Jornadas de Comunicação Social. Um dos convidados foi precisamente Antonio Spadaro. Segue-se a conferência que ajuda a perceber o que significa ciberteologia, motivando a leitura deste livro, ou a leitura deste livro poderá despertar um maior interesse para escutar esta exposição:



Veja também a pré-publicação de Cibertelogia na página do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura: AQUI.

domingo, 6 de outubro de 2013

António Spadaro - Ciberteologia

       António Spadaro, estudioso jesuíta que há poucos dias entrevistou o Papa Francisco, em entrevista memorável. Veja-se aqui a sua intervenção em Fátima, nas Jornadas Nacionais da Comunicação Social: