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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Pe. Diamantino Alvaíde - A presença de Deus nos caminhos dos Homens

DIAMANTINO ALVAÍDE (2021). A presença de Deus nos caminhos dos Homens. Uma proposta de pastoral integrada. Lisboa: Universidade Católica Editora. 296 páginas.


O Pe. Diamantino Alvaíde, autor deste trabalho, é o Coordenador da Pastoral da Diocese de Lamego, Pároco de Moimenta da Beira, de Cabaços e de Sendim. O livro dado à estampa resulta da tese de doutoramento, realizado na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, sob o título: “O envelhecimento da população como desafio á renovação pastoral diocesana de Lamego. Um projeto de pastoral integrada”.
Para propor ou sugerir um projeto é necessário conhecer as raízes, o contexto, as dificuldades e potencialidades, os aspetos facilitadores e os possíveis entraves. Com este propósito, o Pe. Diamantino estudou os dados sociológicos, a densidade populacional das 223 paróquias que constituem a Diocese, a evolução demográfica ao longo dos anos, relacionamento com as dioceses vizinhas, com Portugal, inserido na Europa. Desde logo uma constatação imediata: envelhecimento da população e desertificação do interior, que afeta as nossas terras.
À análise sociológica e antropológica, sucede a reflexão e fundamentação bíblica e teológica, na certeza de que o Evangelho se destina a todos e todos, os cristãos, são responsáveis por viver, testemunhar e anunciar a Boa Nova da salvação, independentemente da idade, do contexto, as circunstâncias.
Como o título sugere, propõe-se uma pastoral integrada, isto é, dando prioridade à comunidade no seu conjunto, envolvendo todos em todas as iniciativas. Há acentuações que se fazem, setores que se privilegiam, da juventude ou da catequese, mas perante o quadro estudado da realidade diocesana, há de prevalecer a pastoral de conjunto, promovendo a pastoral familiar, que envolve os mais novos e os mais idosos, os netos, filhos, pais e avós. O Pe. Diamantino sugere, por exemplo, que nas festas da catequese os avós tenham uma intervenção ativa (e visível).


Mas vejamos a apresentação do livro (in Voz de Lamego, ano 91/35, n.º 4617, 14 de julho de 2021) nas palavras do Pe. Diamantino:

A obra que se desdobra nas páginas desta publicação oferece uma proposta pastoral denominada «integrada», que abandona a dinâmica dos setores e a lógica do tria munera, para abrir caminho a uma ação eclesial mais integrada e integradora do que compartimentada e setorial, mais personalizada e personalizadora do que organizativa e institucional.
A pastoral integrada surge como urgente, dadas as múltiplas e aceleradas transformações em todos os quadrantes da vida social e do tecido eclesial. Mais urgente se torna, quando nos encontramos num contexto demográfico como o da diocese de Lamego (e de todo o interior de Portugal), onde o envelhecimento das populações prolifera de forma assustadora e a desertificação do território cavalga desmedidamente.
São essencialmente estes dois fenómenos que alavancam a redação deste trabalho, que reforça a urgência de colocar a antropologia no centro e como centro de toda a ação eclesial e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento exaustivo de uma consistente eclesiologia de comunhão. Como bem explica D. António Couto, no prefácio do livro, o autor “optou por deixar de lado os rumos estreitos da chamada pastoral setorial, obviamente sem os excluir, e se aventurou no caminho mais largo da chamada Pastoral Integrada, que privilegia a pessoa humana concreta, e a sua envolvência numa Igreja de comunhão, onde todos se sintam envolvidos numa dinâmica permanente de vivência e transmissão da fé, saber Jesus e evangelizar Jesus, que tem de permanecer sempre no meio do nosso círculo, que nunca se pode fechar, mas deve alargar-se cada vez mais, obedecendo à dinâmica do redemoinho do Pentecostes”.
Sem perder de vista que a Igreja só acontece se for sinodal, a proposta que sobressai deste livro é de uma contínua e constante conversão pastoral, com redobrada atenção a todas as pessoas. Desde o mais velho ao mais novo, desde o mais afastado ao mais incluído. A intergeracionalidade e o trabalho em rede, entre pessoas e estruturas pastorais são, talvez, a urgência mais gritante da nossa realidade eclesial.
Para garantir esta sinodalidade, a pastoral integrada propõe uma verificação permanente e um discernimento ininterrupto para acolher os sinais de Deus no tempo e recolher os sinais do tempo de Deus.

Padre DIAMANTINO ALVAÍDE
Diamantino José Alvaíde Duarte, nascido em 1979, em Sarzedo, concelho de Moimenta da Beira, da diocese de Lamego. Entrou para o Seminário de Lamego em 1998. Licenciou-se em Teologia no Instituto Superior de Teologia – Beiras e Douro, da UCP. Foi ordenado presbítero a 30 julho de 2005. De 2005 a 2010 foi pároco em diversas paróquias dos concelhos de Vila Nova de Foz Côa e Mêda. De 2010 a 2015 fez estudos de especialização em Teologia Pastoral, na Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma. De 2015 até então, é pároco de Moimenta da Beira, Cabaços e Sendim. De 2016 a 2018 foi presidente da Comissão para a Missão e Nova Evangelização. Desde 2018 é o Coordenador Diocesano da Pastoral.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Espaço Pastoral acolhe o Diogo Martinho

       Natural de Cutelo, Gosende, concelho de Castro Daire, o Diogo Martinho, de 22 anos, no 5.º Ano do curso de Teologia, a frequentar o Seminário Maior de Lamego, estará connosco, neste espaço pastoral que engloba as paróquias a mim (Pe. Manuel Gonçalves) confiadas, Tabuaço, Pinheiros, Távora e Carrazedo.
       Estará connosco aos fins de semana para ver, observar, ajudar e nos enriquecer com a sua presença.
       Acolhemo-lo no dia 15 de outubro, começando por se apresentar nas diferentes paróquias e em momentos diversos, nos ensaios do grupo coral infanto-juvenil, na catequese, na Missa vespertina, em Tabuaço, seguindo para a Eucaristia vespertina na Paróquia de São Salvador de Carrazedo. À noite, jantar com membros dos diferentes grupos da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição. O dia 16 foi preenchido pela participação nas Eucaristias das paróquias de São João Batista de Távora e de Nossa Senhora da Conceição de Tabuaço, na bênção-inauguração da Ampliação e requalificação do Quartel dos Bombeiros Voluntários de Tabuaço e, no início da tarde, na Eucaristia na Paróquia de Santa Eufémia de Pinheiros.


Para outras fotos visite a página da Paróquia de Tabuaço no Facebook

segunda-feira, 17 de março de 2014

Paróquia: territorialidade, humanidade e fé

       O que dá o seu verdadeiro rosto á realidade paroquial é o tipo de população, os fatores humanos, a herança do passado, as mudanças que se operaram. A relação com o solo (chão) vai unida à relação com as pessoas que tem nele as suas raízes. Há um fundamento da comunidade humana: a convivência. O ser humano é espírito encarnado; por isso enxerta a sua vida nas coordenadas espácio-temporais. Entra-se numa paróquia que existe antes de casa um, que acolhe o que chega, que vincula os que estavam antes, os mais velhos, também os defuntos. Essa base espacial que dizer que a territorialidade da paróquia não é simplesmente um facto geográfico convencional, um meio que se adota para promover as relações de vizinhança, mas que a Igreja está ao serviço das pessoas tal e como vivem num lugar. A missão da paróquia consistirá em assumir o que vive uma população para apresenta-lo diante de Deus e anunciar a todos o Evangelho do Reino.
       Compreende-se assim que a paróquia seja uma instituição internamente heterogénea e mais «lenta», porque leva sobre si a carga dos cristãos não praticantes, dos aleijados, dos que se não crentes mas que não rompem definitivamente a sua vinculação eclesial…

in JOAQUIN PEREIA. Otra iglesia es posible. p. 281

Corresponsabilidade, participação e sinodalidade...

       Os membros provenientes dos diversos grupos eclesiais, ainda que eleitos, não são «representantes» de tipo parlamentário, mas crentes que foram designados para testemunhar a fé e colaborar na missão da Igreja. O termo de representação no domínio eclesial deve traduzir-se por testemunho de fé.
       Esta perspetiva tem uma consequência importante. O voto no interior de um organismo eclesial de corresponsabilidade não tem o mesmo significado que no domínio secular. Na estrutura sinodal da Igreja, na qual o problema da unidade nunca pode resolver-se pela afirmação absoluta da maioria, o voto, não só consultivo, mas inclusivamente deliberativo, tem outro sentido. A votação não se pode entender como vitória do ponto de vista da maioria, nem é um compromisso ou acordo entre uma práxis autoritária e uma democrática (quer dizer, um instrumento para excluir o poder absoluto do bispo ou do pároco).
       A votação é um ato jurídico formal, sim, mas serve sobretudo para fixar a opinião dos crentes que dão testemunho da fé. Esse voto não é um ato de busca da vontade política, mas o reconhecimento de uma realidade. Expressa um componente constitutivo do processo de configuração comunitária do que chamamos um juízo eclesial de comunhão. Por isso corresponde-lhe uma específica força vinculante que expressa a unidade da fé da Igreja.

in JOAQUIN PEREIA. Otra iglesia es posible. p. 255

domingo, 16 de março de 2014

Joaquín Perea - Outra Iglesia es posible

JOAQUIM PEREA. Otra Iglesia es posible. Eclesiologia práctica para cristianos laicos. Edições HOAC. Madrid 2011. 3.ª edição. 336 páginas.
       O título deste livro não é uma pergunta, mas uma afirmação: é possível outra Igreja, isto é, que a Igreja sofra renovação, conversão, novos compromissos eclesiais. É possível uma nova evangelização, com novos métodos e novo ardor, com uma linguagem mais acessível, que resulte do testemunho, do compromisso concreto e efetivo com as pessoas que nos rodeiam.
       Formulado como pergunta, esta afirmação surge muitas vezes numa perspetiva de contestação, de oposição, de substituição de uma por outra Igreja. Não é o caso presente, até porque o autor é um sacerdote com experiência pastoral e empenhado em comunicar a beleza do Evangelho e a presença contagiante de Jesus.
       Partindo da realidade, a verificação que a renovação conciliar muitas vezes não passou de uma mera cartilha de intenções. O Vaticano II foi uma oportunidade para a Igreja, mas as consequências práticas não seguiram os desejos formulados pelos documentos, alguns dos quais terão restringido o que vinha a ser a sensibilidade pré-conciliar.
       Um dos elementos fundamentais foi a concepção da Igreja como Povo de Deus, Corpo de Cristo, acentuando-se a eclesiologia da comunhão, em que serviços e ministérios adquirem novo vigor, surgindo uma maior corresponsabilidade entre todos os membros da Igreja. A pirâmide que sustentava a definição da Igreja, com o clero no topo e os leigos na base, quase como meros espectadores, é alterada para uma fundamentação batismal. Há um POVO ao qual todos pertencemos pelo Batismo, participando na tríplice função de Cristo: sacerdote, profeta e rei. Os ministros ordenados fazem parte do Povo Deus, não estão por cima mas ao serviço.
       Na prática, muitas situações continuam como antes. Dum lado os que mandam, do outro os que obedecem. Por outro lado, embora o apelo à corresponsabilidade, à participação, à sinodalidade seja evidente, não tem concretização no ordenamento prático e jurídico da Igreja.
       A nossa Diocese de Lamego tem no plano pastoral para este ano a criação de Conselhos Pastorais Paroquiais, Arciprestais e Diocesano, perspetivando uma maior participação dos leigos, cuja legitimidade vem da condição de batizados. Sem ser democracia, a Igreja há de buscar formas mais democráticas para viver a fé, testemunhar a esperança, anunciar o Evangelho. Não se procuram maiorias quantitativas, mas a unanimidade de fé em Cristo Jesus. Instrumentos de participação e de corresponsabilidade, e sobretudo com o ensejo de uma Igreja mais sinodal, em que há lugar para os ministros ordenados, sem desprimor da missão laical.
       Também para esta reflexão é muito útil esta leitura. Trata do lugar da Paróquia e da Igreja local, das comunidades eclesiais, enxertadas na comunidade paroquial. Trata da catolicidade da Igreja na paróquia e na Diocese. Avança com propostas. Situa-nos no tempo, na cultura, na realidade dos nossos dias, onde a Igreja é dispensável ou onde se lhe concede um espaço ao lado de outras associações. Uma Igreja sem privilégios que tem de testemunhar a fé, a esperança e a caridade. Igreja pobre e dos pobres. Fala da coordenação do trabalho pastoral, das unidades pastorais, do repensar o papel das paróquias, como comunidades a evangelizar, não para destruir mas para englobar na pastoral da evangelização...
       O autor sublinha que a sensibilidade pré-conciliar aponta para uma reflexão aprofundada sobre a "Opção preferencial pelos pobres", acentuado por exemplo pelos padres operários, em França, dando lugar, durante do Concílio, à reflexão sobre a Igreja e a sua abertura ao mundo, relegando-se para segundo plano a reflexão e o compromisso com os pobres. Sublinha também o autor que só o episcopado latino-americano, onde se incluía o atual Papa, refletiu a opção pelos pobres, uma Igreja pobre para os pobres, produzindo documentos e efetivando práticas.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Papa Francisco - o hoje de Jesus é tempo de esperança

       Hoje pedimos ao Senhor a graça de cuidar como Ele da fragilidade do nosso povo; no ano passado pedimos-lhe para sairmos à procura do nosso povo com audácia apostólica...
       A Igreja vive no Hoje de Jesus...
       Fora desse hoje - fora do tempo do Reino, tempo da graça, de boas notícias, de liberdade e de misericórdia -, os outros tempos, o tempo da política, o tempo da economia, o tempo da tecnologia, tendem a converter-se em tempos que devoram, que nos excluem, que nos oprimem. Quando os tempos humanos perdem a sua sintonia e tensão com o tempo de Deus, tornam-se estranhos: repetitivos, paralelos, demasiado curtos ou infinitamente longos. Tornam-se tempos cujos prazos não são humanos, os prazos da economia não têm em conta a fome ou a falta de escola para as crianças, nem a aflitiva situação dos idosos; o tempo da tecnologia é tão instantâneo e carregado de imagens que não deixa o coração e a mente dos jovens amadurecer; o tempo da política parece, às vezes, ser circular, como o de um carrossel em que são sempre os mesmos que apanham o anel. Pelo contrário, o hoje de Jesus, que à primeira vista pode parecer aborrecido e pouco emocionante, é um tempo em que se escondem todos os tesouros da sabedoria e da caridade, um tempo rico em amor, rico em fé e riquíssimo em esperança.
       O hoje de Jesus é um tempo com memória, memória de família, memória de povo, memória de Igreja em que está viva a recordação de todos os santos.
       A liturgia é a expressão desta memória sempre viva. O hoje de Jesus é um tempo carregado de esperança, de futuro e de céu, do qual já temos os sinal, e vivemo-lo adiantadamente em casa consolação que o Senhor nos dá. O hoje de Jesus é um tempo em que o presente é um constante chamamento e um renovado convite à caridade concreta do serviço quotidiano aos mais pobres que enche o coração de alegria. Nesse hoje queremos sair ao encontro do nosso povo, todos os dias.
       No hoje de Jesus não há lugar para o medo dos conflitos nem para a incerteza, nem para a angústia. Não há lugar para o medo dos conflitos, porque no hoje do Senhor «o amor vence o medo». Não há lugar para a incerteza, porque «o Senhor está em nós 'todos os dias' até ao fim do mundo. Não há lugar para a angústia, porque o hoje de Jesus é o hoje do Pai que «sabe muito bem do que necessitamos» e nas suas mãos sentimos que «a casa dia basta o seu cuidado». Não há lugar para ainquietação, porque o Espírito nos faz dizer e fazer o que é preciso no momento oportuno"
Missa Crismal 2005
in Jorge Bergoglio/Papa Francisco, O Verdadeiro poder é servir, pp 211-212

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Papa Francisco - abertura ao Senhor para os outros...

       "Uma bela imagem para examinar a nossa abertura é a nossa casa. Há casas que são abertas porque «estão em paz», que são hospitaleiras porque têm o calor do lar. Nem tão ordem que sintamos temor até de nos sentarmos (para não mencionar fumar ou comer alguma coisa), nem tão desarrumadas que envergonhem. O mesmo se passa com o coração: o coração que tem espaço para o Senhor também tem espaço para os outros. Se não há lugar nem tempo para o Senhor, então o lugar para os outros reduz-se à medida dos próprios nervos, do próprio entusiasmo ou do próprio cansaço. E o Senhor é como os pobres: aproxima-Se sem que O chamemos e insiste um pouco, mas não fica se não O retivermos. É fácil tirá-l'O de cima de nós. Basta estugar um pouco o passo como com os mendigos, ou olhar para o outro lado como quando as crianças nos tentam vender as suas pagelas no metro.
       Sim, a abertura aos outros está a par da nossa abertura ao Senhor. É Ele, o de coração aberto, o único que pode abrir espaço de paz no nosso coração, essa paz que nos torna hospitaleiros para com os outros..."

in Jorge Bergoglio/Papa Francisco, O Verdadeiro poder é servir.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Papa Francisco - a missão cumpre-se «hoje»...

        "A missão cumpre-se «hoje» porque o Senhor não dá só o pão, mas Ele mesmo Se faz pão. Essa libertação que Ele faz dos oprimidos cumpre-se «hoje» porque o Senhor não só perdoa «limpando as manchas» em vestidos alheios, mas Ele mesmo «Se faz perdão», se suja, fica com as chagas... e assim se coloca nas mãos do Pai que O aceita. Essa boa notícia cumpre-se «hoje» porque o Senhor não só faz anúncios de que vai tomar medidas mas Ele mesmo é a medida que nos faz ver com a luz que tem cada palavra sua..."

in Jorge Bergoglio/Papa Francisco, O Verdadeiro poder é servir.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Papa Francisco - rebaixamento de Deus

       "... Esse é o sinal: o rebaixamento total de Deus. O sinal deu-se quando, nessa noite, Deus amou a nossa pequenez e se fez ternura; ternura para toda a fragilidade, para todo o sofrimento, angústia, procura e limite. O sinal é o amor de Deus. A mensagem que esperavam todos os que pediam sinais a Jesus, os desorientados e os seus inimigos, era esta: procurem o amor de Deus, Deus feito amor, Deus acalma a nossa miséria e que ama a nossa pequenez".

in Jorge Bergoglio/Papa Francisco, O Verdadeiro poder é servir.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Papa Francisco - o amor alimenta-se da esperança

       "Para falar d'Ele temos de falar de nós. Somente se o deixarmos estar connosco, como fizeram Maria e José, se torna possível uma cultura do encontro, na qual ninguém é excluí do e todos nos vemos como irmãos. Porque é precisamente na aproximação e no encontro que nasce Jesus, o amor. Esse amor que nasceu de uma ideia: «Nasceu o Salvador e vão vê-lo envolto em panos» (Lc 2, 11). O amor alimenta-se da esperança comum, cuja melhor imagem é a da partilha do pão.

in Jorge Bergoglio/Papa Francisco, O Verdadeiro poder é servir.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Papa Francisco - pobreza, crianças e responsabilidade

       "O caminho é árduo mas o mandato é indelegável. Está na hora de assumirmos as nossas próprias responsabilidades perante as crianças e os jovens, como cristãos, como cidadãos, como homens e mulheres de boa vontade. Está na hora de as instituições que se preocupam com a infância e a juventude serem ouvidas e tidas em conta. Está na hora de o Estado, como garante do bem comum, assumir a sua responsabilidade e a sua obrigação na defesa da vida, na proteção do seu crescimento e desenvolvimento; na promoção humana e social das pessoas, famílias e instituições; implementar rapidamente políticas destinadas ao desenvolvimento das famílias de escassos recursos.
       O orçamento da cidade deve contemplar, prioritariamente, a adjudicação de parcelas especiais destinadas ao fomento do emprego e ao crescimento económico, de tal maneira que os seus habitantes obtenham trabalho e que este seja digno....

in Jorge Bergoglio/Papa Francisco, O Verdadeiro poder é servir.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Papa Francisco - a transcendência e a esperança

       "É parte da dignidade transcendente do homem a sua aberta à esperança... a esperança é uma dinâmica que nos torna livres de todo o determinismo e de todos os obstáculos para construir um mundo de liberdade, para livrar esta história das conhecidas cadeias do egoísmo, inércia e injustiça nas quais tende a cair com tanta facilidade. É uma determinação de abertura ao futuro. Diz-nos que há sempre um futuro possível. Permite-nos descobrir que as derrotas de hoje não são completas nem definitivas, libertando-nos assim do desalento; e que os êxitos que podemos obter também não o são, salvando-nos da esclerose e do conformismo...
       A transcendência que a fé nos revela diz-nos além disso que esta história tem um sentido e um termo. A ação de Deus que começou com uma Criação em cujo topo está a criatura que podia corresponder-lhe à sua imagem e semlehança, com a qual estabelece uma relação de amor e que alcançou o seu ponto de maturidade com a Encarnação do Filho, tem de culminar na plena realização dessa comunhão de modo universal...
       A certeza na acção escatológica de Deus que instaurará o seu reino no fim dos tempos tem um efeito direto sobre a nossa forma de viver e atuar no seio da sociedade. Proíbe-nos de qualquer tipo de conformismo, retira-nos desculpas para as meias-tintas, deixa sem justificação todos os pactos ou deslealdades. Sabemos que há um Juízo, e esse Juízo é o triunfo da justiça, do amor, da fraternidade e da dignidade de cada um dos seres humanos, começando pelos mais pequenos e humilhados; então não temos forma de nos fazermos de distraídos. Sabemos de que lado temos de estar entre as alternativas que se nos apresentam entre cumprir as leis e esquivar-nos com «esperteza saloia», entre dizer a verdade ou manipulá-la para nossa conveniência, entre dar resposta ao necessitado que encontramos na vida ou fechar-lhe a porta na cara, entre buscar e ocupar o lugar que corresponde á luta pela justiça e o bem comum, segundo as possibilidades e as competências de cada um, ou «estar olimpicamente nas tintas» construindo a nossa bolha; entre um e outra opção, em cada encruzilhada quotidiana, sabemos de que lado temos de estar. E isto, nos tempos que correm, não é pouca coisa..."

in Jorge Bergoglio/Papa Francisco, O Verdadeiro poder é servir.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Papa Francisco - a minha liberdade com os outros...

       "Se é verdade que não há humanidade sem história e sem comunidade; se o nosso falar é sempre resposta a uma voz que nos chamou primeiro (e, em última instância, à Voz que nos fez ser), que outro sentido pode ter a liberdade que não seja a possibilidade de «ser com os outros»? Para que quero ser livre se não tenho nem um cão que me ladre? Para que quero construir um mundo se nele vou estar só, numa prisão de luxo? A liberdade, deste ponto de vista, não «termina» mas «começa» onde começa a dos outros. Como todo o bem espiritual, é maior quanto mais partilhado for.
       Mas viver a liberdade «positiva» implica também, como se indica acima, uma completa «revolução» de características imprevisíveis, outra forma de entender a pessoa e a sociedade. Uma forma que não se centra em obejetos de posse, mas em pessoas a quem promover e amar".

in Jorge Bergoglio/Papa Francisco, O Verdadeiro poder é servir.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Bergoglio/Papa Francisco - O verdadeiro poder é servir

Jorge Mario BERGOGLIO - Papa FRANCISCO. O verdadeiro poder é servir. Por uma Igreja mais humilde. Um novo compromisso de fé e de renovação social. Nascente. 3.º edição. Amadora 2013, 384 páginas.
       Um pouco mais de 100 dias depois de ter sido eleito Papa, escolhendo como patrono do seu magistério São Francisco de Assis, num ideário que sublinha o despojamento, a simplicidade, a pobreza, o serviço ecológico a toda a humanidade, numa atenção redobrada aos mais pobres, como aliás é apanágio de Igreja e das comunidades, se a referência primeira e última é Jesus Cristo. Bem na linha dos Seus Predecessores, João XXIII, João Paulo II ou Bento XVI, cuja sabedoria e santidade colocaram ao serviço da Igreja, da humanidade, sendo vozes sonoras na defesa e promoção da paz, da justiça social, da verdade, na procura de sanar feridas e conflitos, protegendo a vida, a mais frágil.
       Com  o avançar dos dias, vê-se cada vez melhor a espontaneidade dos gestos, a verdade dos mesmos, a autenticidade de um homem de Deus que os senhores Cardeais "fizeram" vestir de branco no passado dia 13 de março. Gestos, palavras, alegria, sorriso, proximidade, abertura, firmeza. O fito: anunciar Jesus Cristo, mostrá-l'O vivo, próximo, amigo, compreensivo.
       Os meios de comunicação, como o então Cardeal Bergoglio refere num dos textos colhidos nesta obra, podem aproximar ou afastar. E aproximar bem ou mal. E bem, têm sido favoráveis na divulgação das palavras e dos gestos do Papa Francisco, aproximando-o das pessoas, e ajudando a que mais pessoas se aproximem dele e de Deus. Esta aproximação é merecida e equilibrada.
       Para se conhecer alguém, que não vive perto de nós, ou ao qual não temos um acesso imediato, não há como ler sobre essa pessoa e, se possível, ler o que ela disse, escreveu, ou o que é que fez. Neste livros, os editores originais procuram recolher, para publicar na Argentina, os textos de José Mario Bergoglio, optando por publicar os que ainda o não tinham sido. Assim, neste livro coleccionam intervenções, homilias, mensagens do então Arcebispo e depois (2001) Cardeal Bergoglio, desde 1999 a 2007.
       A distribuição dos textos, segundo os próprio editores. Primeiro núcleo - textos catequéticos e dirigidos aos catequistas, textos sobre educação e sobre Maria; num segundo núcleo, as homilias de Natla, Quinta-feira Santa, Vigília Pascal e Corpo de Deus; no terceiro núcleo, textos dirigidos ao mundo da cultura, diálogo com o país, comprometimento social e político a favor dos mais frágeis.
       Muitas das expressões, contextos, gestos que o Papa Francisco comunica agora ao mundo, são-lhe naturais, como quando era Arcebispo de Buenos Aires, com alegria, simplicidade, apelando à beleza, à intervenção política dos cristãos, ao compromisso de todos no combate à pobreza, na abertura para Deus, na identidade como povo e como Pátria (a Argentina).
       É uma coletânia que vai valer a pena ler, meditar, refletir. Por aqui se vê que o Papa Francisco não caiu do Céu, é um trabalhador da vinha, empenhado, interventivo, simples, usando uma linguagem de proximidade, convidativa, desafiadora, simples, acessível. Há expressões que são muito próprias do Papa, e que eram muito características do Cardeal Bergoglio.
       Para conhecer melhor, para se deixar tocar pela Mensagem de Cristo e do Evangelho, para dialogar, para abrir a mente e o coração, não deixe de ler estes ou outros escritos do Papa Francisco. Pelo meio vai encontrar alegria, fé, testemunho de vida, comunhão com as pessoas mais simples, comunhão com a Argentina, diálogo com o poder, serviço aos mais frágeis, proximidade com João Paulo II, cumplicidade crente com Bento XVI, grande intimidade com o Sacrário.
       O prefácio à edição portuguesa é do Cónego António Rego.