sábado, 18 de janeiro de 2014

Domingo II do Tempo Comum - ano A - 19 de janeiro

       1 – Há oito dias o Céu abriu-se e escutamos a voz do Pai: «Este é o Meu Filho muito amado no qual coloquei todo a minha confiança». Hoje é o Batista que dá testemunho acerca de Jesus: «É d’Ele que eu dizia: ‘Depois de mim vem um homem, que passou à minha frente, porque era antes de mim’. Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e permanecer sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou na batizar na água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito Santo descer e permanecer é que batiza no Espírito Santo’. Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus».
       João volta a dar de caras com o Messias e não tem dúvidas: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo». O encontro com Jesus provoca reações. Também em João. Transborda a alegria de O encontrar, de O reconhecer e de dar TESTEMUNHO acerca d'Ele.
       É tempo de passar a pasta. João prepara o caminho e, agora, apresenta Jesus aos seus ouvintes: É Ele o Messias anunciado pelos profetas. Segui-O. Foi para este momento que eu vim, anunciar a proximidade do Reino de Deus e a vinda do Filho de Deus, preparar os caminhos para que Ele reine. É necessário que Ele cresça, ainda que eu desapareça!
       2 – «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo». Este anúncio coloca-nos na história do povo de Israel, história de eleição e de aliança. Liga-nos ao seguimento de Jesus. Insere-nos na celebração da Páscoa, em cada Eucaristia.
       Cada ano o Sumo-Sacerdote entra no Santo dos Santos, o lugar-tenente de Deus, o lugar mais sagrado do Templo e oferece um sacrifício de expiação pelos pecados do povo. A oferenda de um cordeiro novo, sem mancha nem defeito, cuja morte sacrificial expia os pecados de todo o povo (cf Is 52,13ss). É o dia do grande Perdão. Na celebração da Páscoa, a família reúne-se e come o cordeiro pascal (cf. Ex 12,1-28), recordando o dia da libertação do povo, escravo no Egipto.
       João Batista faz-nos compreender que estamos diante de outro Cordeiro, o que verdadeira e definitivamente há de tirar o pecado do mundo. Como nos dirá a epístola aos Hebreus (cf. Heb 10, 11-18), Ele é o Sacerdote por excelência, que oferece não um cordeiro, mas Se oferece a Si mesmo, como Cordeiro, de uma vez para sempre a favor de todos.
       Vislumbra-se a paixão redentora de Jesus. A cruz começa a desenhar-se nas palavras simples e diretas do Batista. É Ele o Cordeiro, inocente, puro, escolhido e enviado, para nos livrar do pecado e da morte. Os braços que se estenderão na cruz espelham o AMOR de Deus, que Se faz frágil para que O encontremos bem perto de nós.
      Cada domingo nos reunimos como comunidade crente, como seguidores de Jesus, para nos recordarmos da Sua entrega a nosso favor, mas sobretudo para vivermos hoje no DOM que nos é oferecido, a vida nova no Espírito. A Eucaristia guia-nos até nos fazer levantar os olhos, e o coração, e a vida, para o CORDEIRO que tira o pecado do mundo. É o mistério maior da nossa fé, o pão e o vinho transformam-Se, pela ação do Espírito Santo, em Corpo e Sangue de Cristo. Quando nos sentamos à mesa, alimentamos o corpo e fortalecemos os laços que nos unem com a família e com os amigos. Quando o alimento é o próprio Jesus Cristo, tornamo-nos com Ele um só Corpo, uma só família.

       3 – O profeta Isaías, na primeira leitura, revela com clareza que o Enviado será o “Servo Sofredor”, qual Cordeiro inocente levado ao matadouro, para resgatar o Seu povo dos seus pecados e congregar na unidade todos os povos da terra.
       Disse-me o Senhor: «Tu és o meu servo, Israel, por quem manifestarei a minha glória... Não basta que sejas meu servo, para restaurares as tribos de Jacob… Vou fazer de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra». 
       O tempo dos animais sacrificados já lá vai, agora é o próprio Deus que nos oferece o Seu Filho, que por sua vez Se oferece e nos oferece a Deus. “Não Vos agradaram sacrifícios nem oblações, / mas abristes-me os ouvidos; / não pedistes holocaustos nem expiações, / então clamei: «Aqui estou». Eis que venho para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Salmo e Hebreus 10). De uma vez para sempre, Jesus Se oferece em libação pelos nossos pecados, libertando-nos de superstições, falsas esperanças, baseadas em poções mágicas e fantasias. Liberta-nos do demónio e de muitos medos que nos paralisam. Coloca a vida em dinâmica de esperança e de abertura a um Deus clemente e compassivo, paciente e cheio de bondade, a um Deus que é Pai.

       4 – São Maximiliano Kolbe é um belíssimo exemplo de alguém que assume ser outro Cristo, dando a sua vida a favor de um irmão, não por desprezar a sua vida, mas por pura gratuidade, compadecendo-se do seu colega de prisão.
       Em plena segunda Guerra Mundial, num campo de concentração, em Julho de 1941, um prisioneiro, do bunker onde se encontra Maximiliano Kolbe, foge. Para dissuadir qualquer fuga e para vingar aqueles que o conseguiam, os nazis enviavam 10 outros prisioneiros para uma cela isolada até morrerem de fome e sede. No caso presente, o prisioneiro fugitivo viria a ser encontrado morto, afogado numa latrina. Mas antes, são selecionados 10 prisioneiros para morrerem. Ouve-se o choro e lamento de um prisioneiro que deixará a mulher e os filhos. O padre Kolbe pede então para tomar o seu lugar e o seu pedido é aceite. Passadas duas semanas, apenas quatro dos dez homens sobrevivem, entre os quais Kolbe. Os guardas nazis executam-nos com uma injeção de ácido carbónico. Morre em véspera da Assunção de Nossa Senhora, a 14 de Agosto de 1941, dia em que celebrámos a sua memória.
       É um testemunho que torna luminosa a entrega de Jesus Cristo em favor da humanidade inteira e, por conseguinte, Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, resgatando-nos às trevas, introduz-nos na vida de Deus.

Textos para a Eucaristia (ano A): Is 49, 3.5-6; Sl 39 (40); Cor l, 1-3; Jo 1, 29-34.

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