sábado, 3 de junho de 2017

São Carlos Lwanga e Companheiros, mártires

Nota biográfica:
       Entre os anos 1885 e 1887, foram condenados à morte muitos cristãos no Uganda, por ordem do rei Mwanda em ódio da religião. Alguns deles eram funcionários da corte real ou até adjuntos do próprio rei. Entre eles distinguem-se Carlos Lwanga e seus vinte e um companheiros, pela sua inquebrantável adesão à fé católica. Foram uns decapitados e outros queimados vivos, por não terem cedido às impuras ordens do rei.
Oração de colecta:
        Senhor nosso Deus, que fazeis do sangue dos mártires semente de cristãos, concedei que a seara da vossa Igreja, regada com o sangue de São Carlos Lwanga e seus companheiros, produza sempre abundante colheita para o vosso reino. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Da Homilia do papa PAULO VI na canonizacão dos mártires do Uganda

Glória dos mártires, sinal de regeneração

Estes mártires africanos acrescentam ao álbum dos vencedores, chamado Martirológio, uma página ao mesmo tempo trágica e grandiosa, verdadeiramente digna de figurar ao lado das célebres narrações da África antiga, as quais, neste tempo em que vivemos, julgávamos, por causa da nossa pouca fé, que nunca mais viriam a ter semelhante continuação.
Quem poderia suspeitar, por exemplo, que às célebres atas, tão comovedoras, dos mártires de Cíli, dos mártires de Cartago, dos mártires de «Massa Cândida» de Útica lembrados por Santo Agostinho e por Prudêncio, dos mártires do Egito tão louvados por São João Crisóstomo, dos mártires da perseguição dos Vândalos, quem poderia suspeitar que a todos esses se haveriam de juntar, nos nossos tempos, novas páginas de história, não menos valorosas nem menos brilhantes?
Quem poderia alguma vez pressentir que às grandes figuras históricas dos santos mártires e confessores de África, tais como Cipriano, Felicidade e Perpétua, e o grande Agostinho, haveríamos nós um dia de associar nomes tão queridos como Carlos Lwanga, Matias Mulumba Kalemba e os seus vinte companheiros? E não queremos esquecer também os outros, de confissão anglicana, que sofreram a morte pelo nome de Cristo.
Estes mártires africanos dão, sem dúvida, início a uma nova era. Oxalá não seja de perseguições e lutas religiosas, mas de renovação cristã e cívica.
Com efeito, a África, orvalhada com o sangue destes mártires, que são os primeiros desta nova era (e queira Deus que sejam os últimos – tão grande e precioso é o seu holocausto), a África renasce livre e resgatada.
A tragédia que os vitimou é tão inaudita e significativa, que apresenta fatores suficientes e claros para a formação moral de um povo novo, para a fundação de uma nova tradição espiritual, para simbolizarem e promoverem a passagem de uma cultura simples e rudimentar (não desprovida de magníficos valores humanos, mas contaminada e enfraquecida, como se fosse escrava de si mesma) a uma civilização aberta às superiores expressões do espírito e às formas mais altas da vida social.

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