Jesus chamou de novo para junto de Si a multidão e disse-lhes:
«Escutai-Me e procurai compreender. Não há nada fora do homem que ao
entrar nele o possa tornar impuro. O que sai do homem é que o torna
impuro. Se alguém tem ouvidos para ouvir, oiça». Quando Jesus, ao deixar
a multidão, entrou em casa, os discípulos perguntaram-Lhe o sentido da
parábola. Ele respondeu-lhes: «Vós também não entendestes? Não
compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não pode torná-lo
impuro, porque não entra no coração, mas no ventre, e depois vai parar à
fossa?». Assim, Jesus declarava puros todos os alimentos. E continuou:
«O que sai do homem é que o torna impuro; porque do interior dos homens é
que saem as más intenções: imoralidades, roubos, assassínios,
adultérios, ambições, injustiças, fraudes, devassidão, inveja,
difamação, orgulho, insensatez. Todos estes vícios saem do interior do
homem e são eles que o tornam impuro» (Mc 7, 14-23).
O texto do Evangelho de hoje é muito esclarecedor para quem olha para o mundo como lugar de condenação. Sublinhe-se que nos evangelhos, recorrentemente, se coloca a salvação em oposição ao mundo, mas não o mundo físico, sobretudo, como mundo do mal. Mas os evangelhos também esclarecem que os discípulos de Jesus Cristo estão no mundo e é no mundo que são chamados à salvação e ao compromisso, é ao mundo que Deus vem em Pessoa.
Por outro lado, Jesus deixa claro que o mal é sobretudo interior, como o bem ou a felicidade, brota do íntimo da pessoa. As realidades materiais são objetivas, estão fora, existem, a visão sobre elas depende da pessoa, da sua educação, cultura, dos seus valores e referências, da sua disposição, da sua idiossincrasia.
Na cultura judaica compreende-se melhor a intervenção de Jesus. Havia alimentos que eram considerados impuros, tornando impuro que os comesse. Neste concreto, Jesus diz claramente que os alimentos têm a mesma carga moral, ou melhor, não têm qualquer conotação negativa ou positiva, pode fazer melhor ou pior, mas em si mesmos não são bons ou maus,moralmente falando. Diz Jesus que todo o alimento entra no ventre, não no coração, e só o que entra no coração, na mente, é que poderia ter uma valoração moral.
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