sábado, 4 de janeiro de 2025

Ermes Ronchi - a Dança dos Ventres

ERMES RONCHI (2024). A dança dos ventres. Meditações para o Advento. Prior Velho: Paulinas Editora. 70 páginas.

O Advento, deste ano litúrgico, (2024/2025) já lá vai, o tempo de Natal também, mas este livrinho lê-se bem em qualquer tempo litúrgico, pois nos coloca diante da alegria de Maria e de Isabel, e dos filhos que carregam no ventre… uma alegria tão grande que salta do ventre para os lábios! A Voz e a Palavra encontram-se antes de nascerem! Isabel e Maria juntam a Voz e a Palavra, João e Jesus, e dão voz às palavras para expressarem a alegria que carregam no peito, a graça que as preenche e aos respetivos ventres onde a vida germina até que a Luz se manifeste para o mundo inteiro.

Algumas expressões do autor:
“A vida está dentro do infinito, e o infinito está dentro da vida; o eterno brilha no instante, e o instante insinua-se no eterno”
 
“O mundo não acabará no caos, o mundo não acabará no nada, mas dentro de um abraço”;
 
"Em cada dia, morre um mundo à nossa volta; em cada dia, porém, também nasce outro mundo, e os nossos olhos não se devem fixar naquilo que morre, mas naquilo que nasce”;
 
“Quem não levanta a cabeça, nunca verá surgir o arco-íris. E mesmo quando as lágrimas correm, copiosas, dos nossos olhos, se irrompe, como sempre acontece, um raio de luz, então, do encontro da água com a luz, nascem arco-íris”;
 
“O grande milagre é caminhar de cabeça erguida na vida sem milagres, mas com a proximidade de Deus, que nos toma pela mão… Deus esconde-se nos detalhes”;
 
“O silêncio é um amor sem palavras, é como que o instante suspenso em que o regente da orquestra ergue a sua batuta, antes de começar, aquele instante imenso que precede a ‘ouverture’ da sinfonia. Depois do silêncio, o assombro e a perturbação”;
 
“O nosso Deus pode ser surpreendido nos caminhos, nas casas, nos berços, nas mãos de quem te quer bem”;
 
“Maria é a mulher do sim. Contudo, o seu primeiro sim foi dito a José, só num segundo momento pronunciou o seu sim a Deus”;
 
“Maria tem um amor e uma casa e dá-nos testemunho de que, na vida, podemos passar sem muitas coisas, mas não sem uma casa; podemos ser pobres de tudo, mas, para viver, precisamos de amor, ou melhor, precisamos de muito amor para viver bem”;
 
“Deus está em ação dentro das nossas relações, fala dentro das famílias, no diálogo, no drama, na crise, nas dúvidas, nos impulsos de um casal, onde se criam maravilhosos oásis de verdade e de amor que são as famílias, que nos salvam do risco de acabarmos no deserto dos sentimentos, nas glaciações dos afetos”
 
“Deus compraz-se em encerrar o grande no pequeno, o carvalho na bolota, o Verbo na carne, a eternidade no instante. Não temas os novos caminhos de deus, tão distantes da aparência, das luzes, da solenidade dos Templos; não temas a manjedoura, a aspereza da palha, em que Deus se tornará menino, vagido, fome de leite, sorriso, com grandes olhos muito abertos, mão pequeníssima que se estende para ti, tal como Deus Menino se inclina para ti, para mim. Não temas este Deus Menino. Ele viverá se tu o amares, deus viverá pelo teu amor: nós podemos ser o berço ou o túmulo de Deus. Este Menino será feliz, se tu o fizeres feliz, e é isso que o Anjo repete a cada mãe, a cada pai; o teu filho viverá, se tu o amares, todos nós viveremos pelo amor de uma mãe e de um pai. Hoje cabe-nos também nós ajudar Deus a estar vivo no mundo, a encarnar nesta história, nestes caminhos, nestas praças, dando-lhe tempo e coração; Deus viverá nestas nossas cidades distraídas, nestas casas encerradas, fechadas, só por nosso amor. Maria, tu conceberás e darás à luz: eis que Deus também transforma o corpo e a vida de Maria, também o corpo, porque sem o corpo de Maria, o Evangelho perde corpo e torna-se conceito. Maria é tão importante na história porque é o ponto de contacto do humano com o divino, é o lugar de encontro entre a materialidade da nossa vida e a divindade. É Deus que se enxerta no humano, o cromossoma divino dentro do ADN humano”;
 
“As duas primeiras profetisas do Novo Testamento são duas mães á espera e um filho e anunciam que a Palavra de Deus vem e gera vida em nós”;
 
“Quem quer bem não é preguiçoso, não é indolente, tem sempre pressa, sente-se atrasado em relação à necessidade dos outros, à sua fonte de encontros e de abraços. Escreve uma mística medieval: ‘os sábios caminham, os justos correm, mas os enamorados voam’ (Camila Battista da Varano, de Camerino)”.
 
Em contracapa:
“Um coração em registo de Advento é leve e atento, está expectante de vida. Testemunhas do encontro de Maria e Isabel, somos desafiados a viver um tempo favorável, onde, aprendendo a mover-nos por amor, permanecemos atentos ao pequeno no nosso quotidiano, que é cheio de potencial de infinito. Na sua simplicidade lírica, este livro convida-nos a viver continuamente ao jeito do Advento, a acolher Deus no íntimo da nossa vida, para que, no seu amor, também nós possamos ser sinal visível da sua ternura no mundo”.
 
O autor:
Ermes Maria Ronchi (Racchiuso di Attimis) nasceu a 16 de agosto de 1947, é um sacerdote e teólogo italiano da Ordem dos Servos de Maria. É professor de estética teológica e iconografia na Pontifícia Faculdade de Teologia "Marianum" em Roma. É autor de numerosos e populares livros de espiritualidade, alguns dos quais já publicados pelas Paulinas Editora, tais como “As Casas de Maria” ou “Os beijos não dados. Tu és a Beleza”, bem como meditações para os domingos dos três anos litúrgicos.
Doutorado em Antropologia Cultural pela Sorbona e em Ciências Religiosas pelo Instituto Católico de Paris, é uma presença assídua na impressa e televisão italianas, reside atualmente no pequeno Convento de Santa maria del Cengio, no Véneto.

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