sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O teu Deus será o meu Deus, o teu povo será o meu...

       No tempo em que os juízes governavam, houve uma fome no país. Certo homem deixou Belém de Judá e emigrou para os campos de Moab, com a mulher e dois filhos. Ele chamava-se Elimelec e a mulher Noémi. Elimelec, marido de Noémi, faleceu e ela ficou só com os seus dois filhos.
       Ambos casaram com esposas moabitas, uma chamada Orpa e a outra Rute. Permaneceram lá cerca de dez anos. Entretanto os filhos também morreram e Noémi ficou só, sem os dois filhos e sem o marido. Resolveu então voltar dos campos de Moab, juntamente com as noras, por ter sabido, nos campos de Moab, que o Senhor tinha abençoado o seu povo, dando-lhe pão. Orpa despediu-se da sogra e voltou para o seu povo; mas Rute ficou com Noémi. Disse-lhe Noémi: «Olha que a tua cunhada voltou para o seu povo e para o seu deus. Vai também com ela». Rute respondeu-lhe: «Não insistas comigo, para que te deixe e me afaste de ti, pois irei para onde fores e viverei onde viveres. O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus». Foi assim que Noémi regressou dos campos de Moab, trazendo consigo sua nora Rute, a moabita. Chegaram a Belém no início da ceifa da cevada (Rute 1, 1-2a.3-6.14b-16.22 ).
       Este é um extraordinário texto sobre a conversão de Rute, moabita, e sobre o compromisso que assume com o povo hebreu, o povo da primeira Aliança. Os filhos de Noémi casaram com duas mulheres de Moab. Viúva, Noémi ficou junto dos dois filhos, que viriam a falecer, pelo que voltou para a sua terra, para o seu povo. Como os filhos não deixaram descendências, as noras poderiam voltar para casa dos seus pais a fim de procurarem novos maridos e assim assegurar descendência.
       Noémi, sem marido, sem filhos e sem netos, regressa ao seu povo, sabendo que Deus abençoou o seu povo e que entre os seus poderá encontrar alguma proteção e ajuda. Uma das noras regressa a sua casa. Rute, porém, e em definitivo, segue Noémi, fazendo luminosa profissão de fé: «Irei para onde fores e viverei onde viveres. O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus».
       Por um lado, pode sublinhar-se a importância de Noemi, certamente que a sua bondade, a sua vivência e a sua fé conduzem Rute pela mão. Por outro, a na continuação do texto se verá que o acolhimento que Noemi teve em terra estrangeira, também a estrangeira Rute será bem acolhida na terra da sua sogra. Nestes dias que se fala de bem acolher estrangeiros e refugiados, aqui está um belíssimo testemunho. Veja-se, no breve livro de Rute, a tradição que perdurou no tempo, de respigar os campos de trigo a fim de matar a fome...
       Chamada de atenção também para o facto de Rute ser incluída na genealogia de David e posteriormente na genealogia de Jesus. A salvação que Deus nos dá inclui-nos a todos, também aos estrangeiros.

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