sábado, 27 de agosto de 2011

XXII Domingo do Tempo Comum - 28 de Agosto

       1 – A nossa profissão de Fé, audível na resposta de Pedro à pergunta de Jesus – "E vós quem dizeis que Eu sou? –, "Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo", levar-nos-á à missão, ao compromisso com aquilo que professamos, ou melhor, ao seguimento d’Aquele que reconhecemos, acolhemos e amamos como Filho de Deus.
       Pedro recebe de imediato a missão de confirmar na fé todos os seus irmãos, no céu e na terra. É uma missão que o implica com Jesus e com o facto d'Ele ser, não um homem entre os homens, mas Filho de Deus vivo, Deus connosco, Deus feito homem. Pedro realizará não o que lhe dá na real gana, o que é mais fácil ou conveniente em cada situação, mas é chamado a realizar, nas suas palavras e gestos, a vontade de Deus, expressa através de Jesus Cristo, no Espírito Santo.
       Com esta Pedro não estava a contar. Diga-se, em abono da verdade, que ele não sabia exactamente o que significava a confissão de fé que faz acerca de Jesus, porque logo confunde tudo...
       "Jesus começou a explicar aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer da parte dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas; que tinha de ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. Pedro, tomando-O à parte, começou a contestá-l’O, dizendo: «Deus Te livre de tal, Senhor! Isso não há-de acontecer!» Jesus voltou-Se para Pedro e disse-lhe: «Vai-te daqui, Satanás. Tu és para mim uma ocasião de escândalo, pois não tens em vista as coisas de Deus, mas dos homens»".
        Pedro, tal como os outros discípulos ainda esperavam que o reino de Jesus, o reino de Deus, fosse mais humano e terreno, com benesses para os primeiros e principais seguidores. No entanto, se dúvidas havia, ficam desfeitas. O filho do homem vai ser morto. Mas nem assim deixará de cumprir a sua missão, sancionada com a ressurreição. Por ora os discípulos fixam-se apenas na parte negativa, a da morte de Jesus. Se tudo parasse na morte, então sim, tudo estaria perdido para sempre.

       2 – Com efeito, como o nosso próprio nome indica somos cristãos, isto é, somos de Cristo, identificamo-nos com Ele, até pelo nome, mas sobretudo com a nossa vida. Não nos pregamos a nós, mas a Ele, o Filho de Deus. Não O seguimos porque um dia nos apeteceu, é Ele que nos chama, que vem ao nosso encontro, que nos desperta, que abre as portas da eternidade, fazendo-Se homem entre os homens, assumindo a nossa fragilidade e finitude, morrendo como nós, e pela ressurreição reintroduz-nos em Deus, na eternidade divina, eleva-nos aos Céus.
       Como escutávamos no profeta Jeremias: "Vós me seduzistes, Senhor, e eu deixei-me seduzir; Vós me dominastes e vencestes". Sendo que esta vitória de Deus é para nossa salvação (e não uma derrota nossa).
       Se o chamamento parte de Deus, a missão terá a ver com Deus (que sempre nos inclui), com a realização da Sua vontade. Esse é o propósito da vinda de Jesus até nós e que hoje, uma vez mais, o Evangelho faz eco:
       "Jesus disse então aos seus discípulos: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Porque, quem quiser salvar a sua vida há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la. Na verdade, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? O Filho do homem há-de vir na glória de seu Pai, com os seus Anjos, e então dará a cada um segundo as suas obras»".

       3 – Acreditar em Jesus como Filho de Deus, levar-nos-á a escutar o seu chamamento. Acreditar em Jesus implica que O sigamos. Não é uma opção acessória, secundária. Implica a nossa vida toda. Implica que gastemos tempo e energias, na certeza que seremos compensados no tempo e na história e também para a eternidade de Deus.
       Seguir Jesus implica renunciarmos aos nossos egoísmos, ao comodismo, àquilo que é mais conveniente, para prosseguirmos o bem, a verdade, a justiça, o amor sem limites, precisamente imitando-O em tudo e em toda a parte.
       Como bem Ele nos lembra, de nada nos adianta ganharmos o mundo inteiro se não usufruirmos a beleza da vida, o encanto do amor, a alegria da partilha, a festa de darmos o melhor de nós mesmos e nos descobrirmos e encontrarmos como irmãos, como filhos bem amados do Seu e nosso Pai.
       No fundo e como nos lembra o Apóstolo, seguir Jesus com toda a nossa vida: "Peço-vos, irmãos, pela misericórdia de Deus, que vos ofereçais a vós mesmos como vítima santa, viva, agradável a Deus, como culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, pela renovação espiritual da vossa mente, para saberdes discernir, segundo a vontade de Deus, o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito".
       Não nos é pedido muito, é-nos pedido tudo, a nossa vida, com todas as dimensões, para que mais cedo ou mais tarde seja Ele a viver em nós e através de nós, nas nossas palavras, nos nossos gestos, nas nossas obras, em toda a nossa vida.

Textos para a Eucaristia (ano A): Jer 20,7-9; Rom 12,1-2; Mt 16,21-27.

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