"Jonas ficou muito desgostoso e irritado,  quando Deus perdoou aos 
ninivitas, e orou, dizendo: «Ah, Senhor! Não era isto que eu dizia, 
quando estava ainda na minha terra? Por isso me apressei a fugir para 
Társis, por saber que sois um Deus clemente e compassivo, lento para a 
ira, rico de misericórdia e sempre disposto a desistir do castigo. Mas 
agora, Senhor, tirai-me a vida, porque para mim é melhor morrer do que 
ficar vivo»".
        Na primeira leitura proposta para a celebração da Eucaristia, neste dia, deparámo-nos como texto que nos fala do perdão de Deus para com o Povo de Nínive. A história (ou estória) de Jonas é conhecida. É chamado por Deus a ir à cidade de Nínive, avisar o povo do que está para acontecer, pois é um povo dividido, alheio ao bem e à solidariedade, distante dos mandamentos de Deus.
       Mas a  misericórdia de Deus é infinita. Ele não desiste de nós, mesmo que nós nos afastemos dos Seus mandamentos e do Seu caminho. Deus não cessa de vir ao nosso encontro e nos desafiar a uma vida nova. E, por conseguinte, chama e envia Jonas. Este, por sua vez, encara esta missão com enfado e má vontade. Afinal ia avisar um povo estrangeiro.
       O povo de Nínive soube responder claramente às palavras de Deus, 
arrependeu-se do seu mau caminho, penitenciando-se com gestos concretos,
 na perspectiva de mudarem os seus hábitos, para entrarem no caminho do 
Senhor.
       E vemos de novo um Jonas contrafeito, para quem esperava que Deus realizasse a promessa inicial de destruir o povo.
         "Então o Senhor Deus fez crescer um rícino, que se elevou por cima de 
Jonas, para lhe dar sombra à cabeça  e o livrar do seu mau humor. Jonas 
ficou muito contente com o rícino. Mas no dia seguinte, ao romper da 
manhã, Deus mandou um verme, que roeu as raízes do rícino, e ele secou. 
Ao nascer do sol,  Deus fez soprar do oriente um vento abrasador e o sol
 bateu em cheio na cabeça de Jonas, fazendo-o desmaiar. E Jonas tornou a
 pedir a morte...
       O Senhor disse-lhe: «Tu tens pena do rícino, que não te deu qualquer 
trabalho e não fizeste crescer, que nasceu numa noite e numa noite 
morreu. E Eu não devia ter pena da grande cidade de Nínive, onde há mais
 de cento e vinte mil pessoas que não sabem distinguir a mão direita da 
esquerda, além de grande número de animais?»" (Jonas 4, 1-11).
        Às vezes somos um pouco como Jonas, como gostaríamos de ver Deus a castigar claramente aqueles que aos nossos olhos são maus! E quando vemos que aqueles que são maus, pelo menos nos nossos critérios, têm uma vida desafogada e feliz, ainda mais nos irritamos.
       Vejam-se exemplos mais notórios, como a mortandade levada a efeito por alguns personagens da história, e o sofrimento das pessoas inocentes (vítimas da fome, da guerra, de doenças incuráveis, da toxicodependência) como nos apetecia tanto ver Deus a castigar os maus e a salvar os bons e os inocentes... e como isso nos revolta...
       Agora se pensarmos que Deus é Pai... que todos somos filhos... mesmo quando nos desviámos dos Seus caminhos... ou quando os outros se desviam do Seu olhar... e como quereríamos a misericórdia e compreensão para nós... como não querê-la também para os outros?!


 
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