quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Assunção da Virgem Santa Maria ao Céu - 15 de agosto

       1 – A meditação do Rosário conclui-se com dois mistérios referentes a Nossa Senhora, a Sua Assunção ao Céu, em corpo e alma, e a Sua Coração como Rainha do Céu e da Terra, dos Homens e dos Anjos. É esta dimensão da vida de Nossa Senhora que celebramos neste dia 15 de agosto, que por vontade expressa e manifesta de muitos portugueses se manteve feriado civil para melhor acentuar o DIA SANTO, para que os cristãos portugueses, emigrantes incluídos, pudessem aproveitar para celebrar a fé, honrando a Virgem Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe nossa, o que acontece em diversas comunidades com as suas festas populares agendadas para esta data.
       O sensus fidei tornou-se crucial para esta tomada de decisão. Nas negociações com o governo português para a suspensão ou supressão de dois feriados religiosos, o dia 15 de agosto seria um dos sacrificados. Os Bispos portugueses receberam muitos pedidos para que este feriado se mantivesse. De alguma forma o mesmo sucedeu com o próprio dogma, primeiro acolhido pela fé do povo de Deus, desde sempre, e só em 1950 sancionado pelo Papa Pio XII. As comunidades cristãs entendiam que se Maria foi preservada de toda a mácula, também tinha que ser preservada da corrupção do túmulo, envolvida desde o primeiro instante com o mistério da morte e ressurreição de Jesus.
       Ela foi o Sacrário vivo para Jesus. Deus é Sacrário onde Se encontra Maria, junto de Jesus. Assumpta em Corpo e Alma, isto é, por inteiro, pois inteiramente Se entregou à vontade de Deus.
       2 – A ressurreição é o milagre maior da nossa fé, no qual se inscrevem todos os outros, desde a Imaculada Conceição da Virgem Mãe à Sua Assunção ao Céu, a Encarnação de Deus na história dos homens, e todos os prodígios realizados por Jesus ou pelos Seus discípulos.
       Toda a vida de Jesus traduz, transluz, concretiza a vontade do Pai, num projeto de reconciliação dos homens entre si e com Deus. Vem na plenitude dos tempos para nos trazer a plenitude do Amor paterno. A Sua vida, corpo e alma e sangue, é dádiva. A Cruz é sinal eloquente deste Amor que vai até ao fim, assumindo-nos totalmente para nos salvar por inteiro, também da morte. A Ressurreição coroa este projeto de vida nova no Espírito. Jesus assume e vive a vontade do Pai. Deus Pai assume o Filho e o Seu amor, para no-lo devolver no Espírito Santo.
       A liturgia da Palavra proposta para esta solenidade, é garantia desta promessa que se realiza em Jesus: “Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. Uma vez que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos; porque, do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida. Cada qual, porém, na sua ordem: primeiro, Cristo, como primícias; a seguir, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda”.
        O Apóstolo apresenta a ressurreição de Jesus como primícias. Ele é o primeiro, é a PORTA que se abre para nós, garantindo-nos a morada eterna junto de Deus. Nossa Senhora, por privilégio da graça divina, é elevada ao Céu, Ela que Se deu toda a Deus, Deus assume-A totalmente desde a concepção à ressurreição. Ela é «Sinal» de esperança e de alegria para todo o Povo de Deus, que peregrina pela terra em luta com o pecado e a morte, no meio dos perigos e dificuldades da vida. Com efeito, a Mãe de Jesus, «glorificada já em corpo e alma, é imagem e início da Igreja que se há de consumar no século futuro» (LG. 68).

       3 – Ela é coroada como Rainha. Uma Rainha que é Mãe da Igreja, da humanidade. No alto da Cruz Jesus no-l'A entregou por Mãe para que A levássemos connosco, para nossa casa, para a nossa vida, como discípulos amados.
       Com a morte de Jesus, Ela torna-se a guardiã da memória, da fé e da esperança congregando os discípulos, a Igreja, em espera orante. Chegada a sua hora, Deus eleva-A para que junto do Filho possa continuar a exercer o seu ministério de amor e intercessão.
“Apareceu no Céu um sinal grandioso: uma mulher revestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça. Estava para ser mãe e gritava com as dores e ânsias da maternidade. Ela teve um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. O filho foi levado para junto de Deus e do seu trono e a mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. E ouvi uma voz poderosa que clamava no Céu: «Agora chegou a salvação, o poder e a realeza do nosso Deus e o domínio do seu Ungido».
       Deus sempre nos socorre. A mulher sob a ameaça do dragão, que é símbolo de Maria e da Igreja. Deus vale-nos ainda que o mal pareça aniquilar-nos. Deus é mais forte, e não deixa que o mal nos devore.

       4 – Maria, no seu SIM traz-nos Deus feito Homem. Um sim que se concretiza na procura constante por realizar a vontade de Deus.
       “Enquanto Jesus falava à multidão, uma mulher levantou a voz no meio da multidão e disse: «Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao seu peito». Mas Jesus respondeu: «Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 11, 27-28). No evangelho, proposto para a Missa da vigília, acentua-se a prioridade para a escuta da Palavra de Deus e o seu consequente cumprimento. Maria é feliz, bem-aventurada, porque acreditou, é feliz porque dessa forma Se torna Mãe de Deus, é feliz porque ousa responder ao amor de Deus com a pressa em ir ao encontro dos outros para auxiliar (Visitação), intercedendo (Bodas de Canã), mantendo a Igreja em vigilância (depois da morte de Jesus) à espera do que há de vir (o Ressuscitado). Agora junto de Deus, aos pés de Jesus, Seu amado Filho, Ela assume a mesma missão de intercessão, de desafio – fazei tudo o que Ele vos disser –, de medianeira das graças divinas, de Mãe que nos acolhe, nos protege e no Seu olhar nos assume como filhos e nos embala no tempo de dor. 
       “A Igreja – palavras do Papa Francisco no Santuário de Nossa Senhora da Aparecida, no Brasil – quando busca Cristo, bate sempre à casa da Mãe e pede: «Mostrai-nos Jesus». É de Maria que se aprende o verdadeiro discipulado".

        5 – Com os olhos postos no Alto, com a firmeza do peregrinar nesta terra, neste mundo e neste tempo, com a missão de sermos portadores da Salvação que nos é trazida em plenitude por Jesus, procurando imitar a Virgem Santa Maria, com a disponibilidade para escutar, para louvar, para nos integrarmos no Povo de Deus.
       Ela é herdeira desta história da salvação. Herança que, juntamente com São José, deposita em Jesus Cristo. A Sua oração coloca-a no coração do Povo de Deus, dando continuidade à profecia no Seu próprio Corpo, no Seu SIM:
«A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre».
       A oração integra o serviço, como facilmente se deduz do Evangelho. Maria vai apressadamente para ajudar a Sua prima Isabel, sem calculismos do tempo despendido, dos perigos do caminho, ou dos gastos a efetuar. Vai simplesmente. Por vocação. Por amor. Para servir. Para ser prestável. Leva com Ela o fruto do Seu ventre, Jesus, e começa a espalhar a alegria a todos os que Dela se aproximam. A oração fá-la permanecer junto de Isabel para a ajudar nos momentos mais difíceis da gravidez.
       Maria acolhe do Céu a Graça que n'Ela Se faz carne, mas rapidamente se põe a caminho da montanha, a uma cidade que pode também ser a nossa, para levar ajuda e a melhor ajuda é a PRESENÇA de Jesus.
       Como em vida, também agora como ressuscitada em Cristo Jesus, continua zelosamente a interceder por nós, a olhar para nós, a dar-nos Jesus, a elevar o nosso coração para Deus mostrando-nos o caminho através do serviço aos irmãos. Ela seguiu Jesus em vida e logo depois para a eternidade. Agora nós, sigamos Jesus Cristo para depois n’Ele sermos herdeiros da bem-aventurança eterna.

Textos para a Eucaristia: Ap 11, 19a; 12, 1-6a.10ab; 1 Cor 15, 20-27; Lc 1, 39-56.

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