sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Haruki Murakami - ROMANCISTA COMO VOCAÇÃO

HARUKI MURAKAMI (2024). Romancista como vocação. Alfragide: Casa das Letras. 232 páginas.


Sobejamente conhecido, Haruki Murakami, tem sido falado, em diversas ocasiões, para possível Prémio Nobel da Literatura, mas têm prevalecido outras opções. Japonês, radicou-se nos EUA. Desafiando-se a escrever num ambiente e para um mundo além-fronteiras, testando o sucesso fora da sua terra natal, de onde sempre colheu muitas críticas, mas onde vendeu generosamente. Procurou um estilo próprio, criando uma linguagem identificável e um discurso que, evoluindo, traz as suas marcas.

Escreve contos, novelas, traduções do inglês para o japonês, mas é sobretudo no romance que quis deixar a sua marca e no qual apostou a sua vida. Deixou uma vida folgada, no Japão, proprietário de um bar de Jazz, arriscando-se até a passar fome. Mas insistiu e persistiu.

Já anteriormente tinha escrito um livro que ia retratando o romancista como um maratonista: Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo. Casa das Letras: 2009. É uma espécie de autobiografia onde Murakami reflete a sua vida como corredor e quanto se tornou importante a corrida, o exercício físico, a persistência na sua escrita. Com efeito, também neste livro que ora sugerimos, a exercício físico, a corrida diária, a participação em maratonas sobressai, concomitantemente à missão de romancista. Para escrever demoradamente, umas cinco horas por dias, durante vários dias, o exercício ajuda a manter o corpo são e a mente sã.

Murakami explica como se tornou escrito, sensivelmente aos 30 anos de idade, como se dedicou exclusivamente à escrita, saiu do Japão até se fixar nos EUA, que técnicas engendrou para apresentar uma escrita original e distinta, o método de trabalho, o escrever e as revisões, os editores e os críticos. O autor caracteriza os romancistas, fala dos prémios literários, sobre a originalidade, sobre o que deve escrever um romancista, como escrever um romance, sobre a escola e a vida, que personagens criar e como as personagens também moldam a escrita e alteram o decorrer da história, para quem escreve e quem o lê.

Como nos seus romances, também aqui a escrita é escorreita, perceptível, sobressaindo a alegria com que escreve. Com efeito, mais que dirigir a escrita para este ou aquele leitor, ainda que possa estar no horizonte os seus leitores, o mais importante é ter gosto e “divertir-se” na escrita.


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