HARUKI MURAKAMI (2024). Romancista como vocação. Alfragide: Casa das Letras. 232 páginas.
Sobejamente conhecido, Haruki Murakami, tem sido falado, em
diversas ocasiões, para possível Prémio Nobel da Literatura, mas têm
prevalecido outras opções. Japonês, radicou-se nos EUA. Desafiando-se a escrever
num ambiente e para um mundo além-fronteiras, testando o sucesso fora da sua
terra natal, de onde sempre colheu muitas críticas, mas onde vendeu generosamente.
Procurou um estilo próprio, criando uma linguagem identificável e um discurso que,
evoluindo, traz as suas marcas.
Escreve contos, novelas, traduções do inglês para o japonês,
mas é sobretudo no romance que quis deixar a sua marca e no qual apostou a sua
vida. Deixou uma vida folgada, no Japão, proprietário de um bar de Jazz, arriscando-se
até a passar fome. Mas insistiu e persistiu.
Já anteriormente tinha escrito um livro que ia retratando o
romancista como um maratonista: Auto-retrato do escritor
enquanto corredor de fundo. Casa das Letras: 2009. É uma espécie de
autobiografia onde Murakami reflete a sua vida como corredor e quanto se tornou
importante a corrida, o exercício físico, a persistência na sua escrita. Com
efeito, também neste livro que ora sugerimos, a exercício físico, a corrida
diária, a participação em maratonas sobressai, concomitantemente à missão de
romancista. Para escrever demoradamente, umas cinco horas por dias, durante
vários dias, o exercício ajuda a manter o corpo são e a mente sã.
Murakami explica como se tornou escrito, sensivelmente aos
30 anos de idade, como se dedicou exclusivamente à escrita, saiu do Japão até
se fixar nos EUA, que técnicas engendrou para apresentar uma escrita original e
distinta, o método de trabalho, o escrever e as revisões, os editores e os críticos.
O autor caracteriza os romancistas, fala dos prémios literários, sobre a
originalidade, sobre o que deve escrever um romancista, como escrever um
romance, sobre a escola e a vida, que personagens criar e como as personagens
também moldam a escrita e alteram o decorrer da história, para quem escreve e
quem o lê.
Como nos seus romances, também aqui a escrita é escorreita,
perceptível, sobressaindo a alegria com que escreve. Com efeito, mais que dirigir
a escrita para este ou aquele leitor, ainda que possa estar no horizonte os
seus leitores, o mais importante é ter gosto e “divertir-se” na escrita.

 
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