quinta-feira, 19 de maio de 2016

A Páscoa de Jesus e o nosso compromisso batismal

       Liturgicamente, tendo celebrado a Ascensão do Senhor, vamos centrar-nos no Pentecostes, a dádiva do Espírito Santo. Com a plenitude da Páscoa, nasce a Igreja e os cristãos que a constituem. Doravante, Jesus tem outros olhos, outra voz, outras mãos, outros pés. Ele está vivo em nós e através de nós.
       As Suas últimas palavras são de despedida, de promessa, de esperança e de envio. Sintetizam o mistério pascal, comprometendo os discípulos. Doravante não poderão calar o que viram e ouviram: «Vós sois testemunhas destas coisas» (Lc 24, 48).
       Ao longo de três anos – a vida pública de Jesus –, os apóstolos foram testemunhas de um sonho, um projeto de vida, um desafio envolvente. O reino de Deus a emergir na pessoa de Jesus Cristo, nas Suas palavras e nos Seus gestos de compaixão e de proximidade, de delicadeza e de acolhimento. Uma mesa posta para todos. Um banquete para incluir, a começar pelos excluídos. Um reino de portas abertas, integrador, em que ninguém está a mais. Acompanham-n'O camponeses, pedintes, doentes, maltrapilhos. Não admira que Ele tenha o cheiro das ovelhas. Mais que um estilo (exterior) é um jeito de ser, um compromisso. A santidade de Jesus mistura-se com o (nosso) pecado, a divindade abaixa-Se para caminhar connosco e nos elevar.
       A Ascensão de Jesus e o dom do Espírito Santo leva-nos a sério. Não somos mais crianças de levar pela mão. O tempo de aprendizagem perdura a vida toda mas há um momento em que as aprendizagens e os instrumentos nos responsabilizam e nos é passada a bola. Cabe-nos prosseguir o caminho aberto por Jesus.
       Depois da Sua paixão, diz-nos São Lucas, Jesus apareceu vivo aos Seus discípulos, durante 40 dias (tempo necessário para iniciar e cimentar uma nova forma de se relacionarem com o Mestre), falando-lhes ainda e sempre do reino de Deus. Agora é tempo de descobrirem Jesus no mundo das pessoas e não ficar simplesmente à espera que do Céu venha a resolução de todas as dificuldades (cf. Atos 1, 1-11).
       Não apenas eles. Também nós. Quantas vezes ficamos à espera? De sinais! De respostas! De soluções! Por vezes deixamos o tempo passar a ver se tudo se resolve! Ou deixamos para ver se outros resolvem! Então do Céu a mesma voz: Por que esperais? Ele está convosco e através de vós continua a agir no mundo.
       Ele não nos faltará com a Sua presença e o Seu amor. Até ao fim!

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4362 , de 10 de maio de 2016

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