sábado, 13 de agosto de 2011

XX Domingo do Tempo Comum - 14 de Agosto

       1 – A eficácia da oração, a universalidade da salvação e a justiça humana e divina (esta como garantia última e como referência para a justiça terrena) centram a temática da liturgia da Palavra para este domingo, dia do Senhor.
       Como cristãos, inseridos nas diversas comunidades paroquiais, congregamo-nos em Igreja para escutar, reflectir, acolher, assumir e viver a Palavra de Deus, preparando-nos para comungar o pão da vida, Jesus Cristo, e, consequentemente, para estarmos em comunhão com toda a Igreja, em comunhão com Cristo e com o Seu Evangelho.
       2 – "Uma mulher cananeia, vinda daqueles arredores, começou a gritar: «Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim. Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio». Mas Jesus não lhe respondeu uma palavra. Os discípulos aproximaram-se e pediram-Lhe: «Atende-a, porque ela vem a gritar atrás de nós». Jesus respondeu: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel». Mas a mulher veio prostrar-se diante d’Ele, dizendo: «Socorre-me, Senhor». Ele respondeu: «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos». Mas ela insistiu: «É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos». Então Jesus respondeu-lhe: "Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas». E, a partir daquele momento, a sua filha ficou curada".

       3 – A salvação que nos é trazida em Jesus é universal e não elitista. Jesus vem para todos, judeus e gregos, escravos e livres, homens e mulheres, idosos e crianças.
       No Evangelho proposto para este dia vemos a hesitação dos judeus, manifesta no diálogo entre Jesus e a cananeia. Nas palavras de Jesus, a ideia dos judeus em geral e dos discípulos em particular, pensando que o Messias viria apenas para libertar Israel, esquecendo que a eleição do Povo da Aliança é instrumental, isto é, foi sempre na perspectiva de ser instrumento de salvação e de bênção para todos os povos. Nas palavras da cananeia e dos discípulos, a visão de Jesus. Ele vem para todos. O diálogo está claramente invertido. Jesus vai levar algum tempo a fazer compreender aos seus discípulos que a salvação não é exclusiva (não exclui ninguém) mas é inclusiva (inclui toda a humanidade, basta a fé, como ponto de partida).
       Neste episódio, vê-se claramente, que a salvação não é uma conquista ou um direito de uma raça ou de uma religião, mas resulta da adesão firme ao Evangelho, da fé que se professa. Ela (mulher cananeia) é salva porque acredita. Isso mesmo lhe diz Jesus: faça-se como desejas. É a abertura do coração, a nossa fé que nos leva a Jesus, para n'Ele nos encontrarmos na salvação de Deus.
       O segredo está na humildade, na abertura ao mistério que vem de Jesus. Como a mulher cananeia não tenhamos medo de suplicar: «Socorre-me, Senhor».
       A oração predispõe-nos para acolher a vontade de Deus.

       4 – Na perspectiva do Apóstolo, a Sua própria missão é levar o Evangelho de Jesus Cristo a toda a parte, para que a salvação esteja ao alcance de todo o mundo, judeus e gregos, crentes e pagãos.
       Diz-nos São Paulo: "Enquanto eu for Apóstolo dos gentios, procurarei prestigiar o meu ministério a ver se provoco o ciúme dos homens da minha raça e salvo alguns deles. Porque, se da sua rejeição resultou a reconciliação do mundo, o que será a sua reintegração senão uma ressurreição de entre os mortos? Porque os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis. Vós fostes outrora desobedientes a Deus e agora alcançastes misericórdia, devido à desobediência dos judeus. Assim também eles desobedecem agora, de modo que, devido à misericórdia obtida por vós, também eles agora alcancem misericórdia. Efectivamente, Deus encerrou a todos na desobediência, para usar de misericórdia para com todos".
       Também aqui se vê claramente que Jesus Cristo não veio apenas para os judeus, para um grupo determinado, para o povo eleito, mas para todos. Com efeito, a própria eleição do povo é instrumental, para levar a salvação a todas as nações. Para que no povo da aliança sejam abençoados todos os povos.

       5 – O profeta Isaías faz ressonância da benevolência divina e como a Palavra de Deus se estende também aos estrangeiros. Por um lado, diante do Senhor o que conta não é a origem, a religião, a certidão de nascimento, mas a atitude e os comportamentos: a justiça, o direito, o bem.
       Por outro lado, a casa do Senhor é casa de oração para todos os povos. Todos podem aceder ao santuário do Senhor, ao seu monte santo, à Sua aliança.
       «Respeitai o direito, praticai a justiça, porque a minha salvação está perto e a minha justiça não tardará a manifestar-se. Quanto aos estrangeiros que desejam unir-se ao Senhor para O servirem, para amarem o seu nome e serem seus servos, se guardarem o sábado, sem o profanarem, se forem fiéis à minha aliança, hei-de conduzi-los ao meu santo monte, hei-de enchê-los de alegria na minha casa de oração. Os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceites no meu altar, porque a minha casa será chamada 'casa de oração para todos os povos'».

Textos para a Eucaristia (ano A): Is 56, 1.6-7; Rom 11, 13-15.29-32; Mt 15, 21-28.

Sem comentários:

Enviar um comentário