terça-feira, 9 de abril de 2013

Do sofrimento... à Ressurreição!

Sofrimento
       Quando se aproxima, logo duvidamos do seu amor. Nesta sociedade que a todo o custo se esforça para não se esforçar, procurando o mais fácil, o que não dê muito trabalho e incomode pouco, o sofrimento já não é compreensível. E, em certa medida, é positivo. Devemos lutar contra o mal e contra o sofrimento.
       No entanto, este muitas vezes carrega o esforço, o amor, a dedicação, a ternura a pessoas ou a projectos.
       Aferimos daqui que o sofrimento pode ser tomado em dois sentidos antagónicos. Como condenação, quando nos aprisiona, nos subjuga, como fonte de desespero, de fuga e de demissão. Como redenção, quando se acolhe na sua inevitabilidade, quando e sempre que nos aproxima dos outros, seja nas situações em que solicitamos os outros, seja quando nos solicitam a pedir compreensão e ajuda. É redentor quando é oferecido pelo outro, como Cristo por nós, como as mães pelos filhos. O sofrimento de Nossa Senhora, até à cruz, exprime amor e oblação. Os sofrimentos de Jesus Cristo traduzem um amor sem medida pela humanidade.
Medo
       Diante dos sofrimentos vividos, dos desencontros, dos amores destruídos, dos desertos interiores, poderemos facilmente ser lavados ao medo. Podem ser medos por antecipação ou por desilusão. O medo do futuro, de ficar sozinho, da solidão, de falhar um projecto ou uma relação, o medo de ser criticado ou rejeitado. Ou o medo de arriscar de novo, de confiar naquela pessoa ou naquela instituição que nos deixou na mão, às vezes o medo de ser feliz por anteciparmos um sofrimento posterior.

       Jesus ensina-nos um outro caminho, o da
Esperança
       Sendo testado pelo sofrimento, pelo sacrifício, pela doação, Jesus mostrou-se sempre confiante na presença de Deus Pai nas suas palavras e nos seus gestos. Quando a desilusão advinha, pelas incompreensões, pelos mal-entendidos, pelo cansaço, Jesus retirava-se em oração para Se reencontrar e reencontrar o Pai.
       Por vezes, o grito do jardim das oliveiras era lancinante: “Abbá, Pai, tudo Te é possível, afasta de mim este cálice!” Mas recobrando ânimo logo se colocava no coração do Pai: “Mas não se faça o que Eu quero, e sim o que Tu queres” (Mc 14,36).
       É força que comunica aos seus discípulos: “No mundo tereis tribulações, mas tende confiança: Eu já venci o mundo!” (Jo 16, 33).
        Por conseguinte, na
Ressurreição
       Deus confirma o projecto de Jesus. Ao lugar do vazio, da morte e do sepulcro, sucede a alegria do encontro e da vida. A morte não tem a última palavra. A última palavra é do amor, é da vida, é de Deus.
       Consequentemente, como crentes cristãos, devemos sentir-nos ressuscitados/ salvos com Jesus Cristo e comprometermo-nos com os outros e com o mundo, animados pela Esperança de Deus.

Editorial Voz Jovem, n.º 76, Maio 2006

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