sábado, 2 de abril de 2011

Domingo IV da Quaresma - 3 de Abril

       1 – Dois elementos essenciais no nosso mundo: a ÁGUA, indispensável à vida, que nos refresca e alimenta, e a LUZ, que nos permite caminhar em segurança e nos guia confiantes ao encontro dos outros. Duas realidades do nosso quotidiano que, carregadas de simbolismo, nos transportam para Aquele que nos transcende, infinitamente, mas Se faz próximo, no tempo e na história, Se faz Deus connosco, em Jesus Cristo.
       Os domingos da Quaresma, neste ciclo de leituras, ANO A, apresentam-nos claramente a liturgia baptismal. Se no domingo anterior se falava da água que jorra para a vida eterna – Jesus apresenta-Se como a água viva, que sacia a nossa sede de sentido, de justiça e verdade –, neste domingo centramo-nos na Luz.
Diz-nos Jesus: "É preciso trabalhar, enquanto é dia, nas obras d’Aquele que Me enviou. Vai chegar a noite, em que ninguém pode trabalhar. Enquanto Eu estou no mundo, sou a luz do mundo"... Ele é a luz do mundo, é n'Ele que nos encontramos e nos reconhecemos como irmãos. Na ausência de luz, na escuridão, tudo se transforma em tropeço, em ocasião para o medo, para a queda. Na luz de Jesus Cristo, tornamo-nos novas criaturas, caminhamos seguros.
       2 – No Evangelho, um cego de nascença beneficia da proximidade de Jesus, e recupera a visão. Para lá do milagre, como sinal da presença de Deus no meio de nós, e do Seu poder salvador, o simbolismo é por demais evidente. Andámos cegos, às apalpadelas, sempre à procura de um significado para a vida, uma justificação para o que nos acontece, para o que acontece no mundo, à nossa volta. Só em Cristo Jesus encontramos um sentido definitivo. Ele é a Luz que nos deixa ver para lá das aparências.
       Com efeito, diz o Senhor a Samuel, na hora de eleger o Rei de Israel: "Não te impressiones com o seu belo aspecto, nem com a sua elevada estatura, pois não foi esse que Eu escolhi. Deus não vê como o homem; o homem olha às aparências, o Senhor vê o coração".
       A escolha de Deus não recai nas nossas competências, na nossa sabedoria, nas nossas qualidades, embora estas sejam também expressão da Sua benevolência. Chama-nos para nos enviar, para Se "apoderar" de nós: "Daquele dia em diante, o Espírito do Senhor apoderou-Se de David". Cabe-nos deixar que o Espírito de Deus Se "apodere" da nossa vontade, para que em nós actue a misericórdia e a bênção de Deus para o mundo inteiro.

       3 – O cego de nascença, depois da cura, do encontro com Jesus, encontra a luz que o guia para a verdade e o torna destemido diante da ameaça dos fariseus e dos doutores da Lei. É dele que escutámos estas sábias palavras: "Isto é realmente estranho: não sabeis de onde Ele é, mas a verdade é que Ele me deu a vista. Ora, nós sabemos que Deus não escuta os pecadores, mas escuta aqueles que O adoram e fazem a sua vontade. Nunca se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se Ele não viesse de Deus, nada podia fazer".
       Agora ele vê, e não apenas para o exterior, vê a verdade, reconhece em Jesus a presença de Deus. Vê para lá dos argumentos e das aparências. Está no caminho de luz, para a qual também nós somos impelidos pelo Espírito de Deus que nos habita. "Outrora vós éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz, porque o fruto da luz é a bondade, a justiça e a verdade. Procurai sempre o que mais agrada ao Senhor. Não tomeis parte nas obras das trevas, que nada trazem de bom… Desperta, tu que dormes; levanta-te do meio dos mortos e Cristo brilhará sobre ti".
       Com efeito, na ressonância das palavras de Paulo, agora que vivemos da Luz, não deixemos de praticar as obras da luz: bondade, justiça, verdade.
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Textos para a Eucaristia (ano A): 1 Sam 16, 1b.6-7.10-13a; Ef 5, 8-14; Jo 9, 1-41

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