sábado, 17 de setembro de 2011

XXV Domingo do Tempo Comum - 18 de Setembro

       1 – Disse-lhes Jesus: "Porque ficais aqui todo o dia sem trabalhar?... Ide vós também para a minha vinha". Para Deus, que Jesus nos mostra com as Suas palavras, gestos, com a Sua vida, todas as horas são favoráveis à conversão e ao compromisso na construção do Reino de Deus. Por isso Ele, como o proprietário da parábola, chama-nos a todas as horas, sai, vem à nossa procura, ao nosso encontro, desafia-nos a desinstalarmo-nos do nosso comodismo e a trabalharmos na Sua vinha, no Seu reino de amor, de justiça e de paz.
       "O reino dos Céus pode comparar-se a um proprietário, que saiu muito cedo a contratar trabalhadores para a sua vinha... Saiu a meio da manhã, viu outros que estavam na praça ociosos e disse-lhes: ‘Ide vós também para a minha vinha e dar-vos-ei o que for justo’... Voltou a sair, por volta do meio-dia e pelas três horas da tarde, e fez o mesmo. Saindo ao cair da tarde, encontrou ainda outros que estavam parados e disse-lhes: ‘Ide vós também para a minha vinha'..."
       Ao amanhecer como ao anoitecer, Deus nunca desiste de nós. Tem sempre lugar para nós. Basta querer!

       2 – Não desiste porque nos ama infinitamente e, por conseguinte, dá-Se-nos total e plenamente. Não se dá aos bocados, não é quantificável o Seu amor por nós. Isso faz-nos espécie! Como é que Ele pode amar na perfeição quem toda a vida viveu de acordo com a Sua vontade e pode, na mesma plenitude, amar aquele que andou a maioria do tempo arredado dos caminhos da verdade e do bem? 
       Humanamente falando é um injustiça...: "Ajustou com eles um denário por dia e mandou-os para a sua vinha... Quando vieram os primeiros, julgaram que iam receber mais, mas receberam também um denário cada um". Na parábola, os que trabalharam todo o dia murmuram porque pensavam que iriam receber mais, ainda que tivessem ajustado o que realmente receberam. Mas a lógica de Deus é diferente, é a lógica do amor puro, infinito, sem limites, não quantificável com os nossos méritos. Deus dá-Se totalmente, dá todo o amor. Não mede. Por isso nos dá o Seu próprio Filho.
       É a dinâmica da parábola do Filho Pródigo (= Parábola do Pai Misericordioso). Quando o Filho se arrepende e volta, o Pai devolve-lhe a dignidade perdida, ele torna a ser filho, e como filho readquire todos os direitos. É também a lógica do Bom Samaritano que encontra uma vítima no caminho e cuida sem temer contaminações, assegurando-se que a vítima recuperará totalmente. Não olha a despesas ou ao tempo perdido. Deus é assim. Ama-nos, infinitamente.

       3 – Com efeito, a liturgia da palavra para este domingo, sublinha a proximidade de Deus, sempre pronto a escutar-nos, sempre pronto a acolher-nos, sempre pronto a vir ao nosso encontro. "O Senhor está perto de quantos O invocam, de quantos O invocam em verdade" (Salmo).
       Daí que o profeta nos convide a aproveitar dessa proximidade: "Procurai o Senhor, enquanto se pode encontrar, invocai-O, enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho e o homem perverso os seus pensamentos".
       O amor de Deus para connosco, a Sua proximidade há-de levar-nos à mudança de vida, à conversão do coração. Abandonemos todas as obras das trevas e procuremos viver segundo os ensinamentos de Deus, segundo a Sua vontade.
       No fundo, como nos refere o Apóstolo São Paulo, enquanto vivermos neste corpo mortal, glorifiquemos o Senhor, vivamos n'Ele e para Ele, procuremos viver em Jesus Cristo, ainda que atraídos pela eternidade divina, onde Ele já Se encontra à direita de Deus Pai e de onde nos atrai constantemente.
       "Cristo será glorificado no meu corpo, quer eu viva quer eu morra. Porque, para mim, viver é Cristo e morrer é lucro. Mas, se viver neste corpo mortal é útil para o meu trabalho, não sei o que escolher. Sinto-me constrangido por este dilema: desejaria partir e estar com Cristo, que seria muito melhor; mas é mais necessário para vós que eu permaneça neste corpo mortal. Procurai somente viver de maneira digna do Evangelho de Cristo".
       O dilema de Paulo, reflecte o amor a Jesus Cristo, que se concretiza na missão mas também na comunhão plena na eternidade.

Textos para a Eucaristia (ano A): Is 55,6-9; Sl 144 (145); Filip 1,20c-24.27a; Mt 20,1-16a.

Sem comentários:

Enviar um comentário