domingo, 17 de fevereiro de 2013

Editorial Voz Jovem - fevereiro 2012

       1 – Iniciámos o tempo da QUARESMA, dedicado a preparar a celebração litúrgica mais importante dos cristãos: a PÁSCOA. A paixão redentora de Jesus Cristo culmina num grito de alegria que ilumina de paz e de vida a terra inteira. Do túmulo surge uma LUZ tão intensa que renova toda a humanidade. É este o fundamento e a certeza da nossa fé, é o início de uma longa jornada que já leva dois mil anos (aproximadamente).
       O sepulcro não resiste à violência da graça, da vida, do amor que jorra de Deus. Num provérbio muito popular, dizemos da água: água mole tanto bate em pedra dura até que fura. Aqui podemos dizer que a suavidade do amor é força mais robusta que a pedra colocada na entrada do túmulo onde o corpo de Jesus foi depositado.
       2 – A festa tem mais sentido e sabor quando nos preparamos, quando fazemos esforço. Se a festa nos for oferecida tem a beleza da gratuidade, mas, em algumas situações, pode não nos envolver o suficiente. Quando desfrutamos da festa tendo presente o trabalho que nos exigiu então valorizamos cada momento e mesmo se alguma coisa não correr de feição sabemos que fizemos por que tudo fosse pensado e vivido “ao pormenor”. As pequenas falhas, a existirem, serão enquadradas no conjunto da festa, que envolve o antes, o dia propriamente dito, o tempo subsequente que nos permite degustar, tranquila e alegremente. Se chegamos à festa sem qualquer ambientação nem a viveremos com o devido apreço nem saberemos relativizar algum aspeto que não corra tão bem, apontando este ou aquele defeito, pois não fomos nós que tivemos o trabalho.
       Vivamos a Quaresma. Caminhemos resolutamente para a Páscoa. Com a certeza que o trabalho primeiro e maior é de Deus. É Ele que nos chama e opera em nós a conversão. A cada um de nós, e à comunidade a que pertencemos, cabe acolher a benevolência de Deus, numa caminhada iniciada no Batismo.

       3 – Na liturgia da quarta-feira de cinzas sublinham-se vários aspetos a considerar como atitude permanente, mas relembrados com maior vivacidade nesta época: reconhecer a nossa pequenez, a nossa fragilidade humana, não como humilhação mas como abertura aos outros e a Deus, como oportunidade de renovar o nosso compromisso com a verdade e com a caridade.
       O profeta Joel deixa o alerta do Senhor nosso Deus: “Convertei-vos a Mim de todo o coração, com jejuns, lágrimas e lamentações. Rasgai o vosso coração e não os vossos vestidos” (Joel 2, 12-18). Os sinais exteriores e as tradições da piedade popular são de valorizar se resultarem da vivência interior e levarem à prática do bem.
       São Paulo, por sua vez, fixa uma certeza: “somos embaixadores de Cristo” (2 Cor 5, 20ss). Logo, vivemos não de nós e para nós, mas vivemos a partir de Jesus Cristo, alimentamo-nos da Sua vida, da Sua palavra, e a favor de todos.
       No Evangelho (cf. Mt 6, 1-6.16-18), o desafio para que as nossas ações, jejuns, boas obras, não sejam nem apenas nem principalmente para mostrarmos que somos melhores que os outros, mas, com a descrição cristã, beneficiem sem expor, testemunhem a fé de Cristo e tudo, o que fizermos e dissermos, conduza para Ele.

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