Diria que uma Igreja que procura sobretudo ser atraente já estaria num caminho errado, porque a Igreja não trabalha para si, não trabalha para aumentar os próprios números e, assim, o próprio poder. A Igreja está ao serviço de um Outro: não serve a si mesma, para ser um corpo forte, mas serve para tornar acessível o anúncio de Jesus Cristo, as grandes verdades e as grandes forças de amor, de reconciliação que apareceu nesta figura e que provém sempre da presença de Jesus Cristo. Neste sentido a Igreja não procura tornar-se atraente, mas deve ser transparente para Jesus Cristo e, na medida em que não é para si mesma, como corpo forte, poderosa no mundo, que pretende ter poder, mas faz-se simplesmente voz de um Outro, torna-se realmente transparência para a grande figura de Cristo e para as grandes verdades que ele trouxe à humanidade. A força do amor, neste momento ouve-se, aceita-se. A Igreja não deveria considerar-se a si mesma, mas ajudar a considerar o Outro e ela própria ver e falar do Outro e pelo Outro. Parece-me que neste sentido também anglicanos e católicos têm a simples e idêntica tarefa, a mesma direcção a tomar. Se anglicanos e católicos juntos virem que não servem a si mesmos, mas que são instrumentos para Cristo, amigos do Esposo, como diz São João, se ambos executarem a prioridade de Cristo e não de si mesmos, então também caminham juntos, porque a prioridade de Cristo os irmana e já não são concorrentes onde cada um procura o maior número, mas estão unidos no compromisso pela verdade de Cristo que entra neste mundo e assim encontram-se também reciprocamente num ecumenismo verdadeiro e fecundo.
BENTO XVI, Entrevista no Avião a caminho de Londres, 16 de setembro de 2010: AQUI.
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