sexta-feira, 17 de março de 2017

«Nunca ninguém falou como esse homem»

       Ao longo da história da Salvação, de Aliança de Deus com o Seu povo, muitos foram os mensageiros divinos, juízes, réis e profetas. Aqueles que perseveraram fiéis à Lei, aos mandamentos à Aliança tiveram, por demasiadas vezes, de se sujeitar à maledicência, à perseguição, ao exílio forçado, e à própria morte. Jeremias é disso exemplo. A sua vontade férrea em se manter do lado da Lei de Deus, provoca a ira daqueles que se afastaram e procuram justificar-se. E se é possível contornar a Lei ou arranjar justificações, ou excepções, é muito difícil contradizer o testemunho de uma vida em concreto.
       Mas vejamos o texto de Jeremias:
Quando o Senhor me avisou, eu compreendi; vi então as maquinações dos meus inimigos. Eu era como manso cordeiro levado ao matadouro e ignorava a conjura que tramavam contra mim, dizendo: «Destruamos a árvore no seu vigor, arranquemo-la da terra dos vivos, para não mais se falar no seu nome». Senhor do Universo, que julgais com justiça e sondais os sentimentos e o coração, seja eu testemunha do castigo que haveis de aplicar- lhes, pois a Vós confio a minha causa. (Jer 11, 18-20)
       Jeremias confia em Deus e segue na fidelidade à Palavra de Deus.
       No Evangelho, também Jesus é sujeito das maquinações dos líderes religiosos, de um punhado de judeus, fariseus, doutores da Lei, que se veem ameaçados pela pregação de Jesus e sobretudo pela adesão do povo às palavras de Jesus. Qual a solução para aqueles que ameaçam o nosso lugar? A morte? A injúria? A difamação?
       Alguns parece deveras convencidos. Mas é mais forte a suspeita!
Alguns que tinham ouvido as palavras de Jesus diziam no meio da multidão: «Ele é realmente o Profeta». Outros afirmavam: «É o Messias». Outros, porém, diziam: «Poderá o Messias vir da Galileia? Não diz a Escritura que o Messias será da linhagem de David e virá de Belém, a cidade de David?» Houve assim desacordo entre a multidão a respeito de Jesus. Alguns deles queriam prendê-l’O, mas ninguém Lhe deitou as mãos. Então os guardas do templo foram ter com os príncipes dos sacerdotes e com os fariseus e estes perguntaram-lhes: «Porque não O trouxestes?». Os guardas responderam: «Nunca ninguém falou como esse homem». Os fariseus replicaram: «Também vos deixastes seduzir? Porventura acreditou n’Ele algum dos chefes ou dos fariseus? Mas essa gente, que não conhece a Lei, está maldita». Disse-lhes Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido ter com Jesus e era um deles: «Acaso a nossa Lei julga um homem sem antes o ter ouvido e saber o que ele faz?» Responderam-lhe: «Também tu és galileu? Investiga e verás que da Galileia nunca saiu nenhum profeta». E cada um voltou para sua casa (Jo 7, 40-53).
       A vida de Jesus desliza para a plenitude, mas também para um desfecho esperado: a morte. Não como auto flagelação, mas como inevitabilidade da Sua postura diante do povo, das autoridades, diante das tradições, diante das pessoas mais fragilizadas. A opção preferencial pelos excluídos, leva os instalados a sentirem-se postos em causa... 

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