Deus revela-Se numa imagem tão simples e de fácil perceção. É jesus que nos mostra o Pai. É em Jesus que Deus melhor Se revela. A imagem do Bom Pastor. Tem 100 ovelhas, mas uma delas saiu do aprisco (cf. Mt 18, 12-14). Então o bom Pastor deixa as 99 nove ovelhas e vai em busca da que anda perdida. Para Deus todos contam, mas nenhum se perde no conjunto. Todos têm lugar. Cada pessoa.
Deus conhece-nos, ama-nos como filhos. Não desiste de nós. Lembremos a parábola do Filho Pródigo que evidencia a misericórdia daquele Pai, a misericórdia de Deus que é Pai. O filho apronta uma justificação. O Pai mal avista o filho à distância corre para o abraçar e nem o deixa terminar com as justificações.
É aqui que podemos falar do Sacramento da Reconciliação, em vésperas da sua celebração dentro da Novena da Imaculada Conceição. Vamos então falar do Sacramento da Penitência. Foi desta forma que o Pe. Joaquim contextualizou a sua reflexão.
Os Sacramentos são 7 e abarcam a vida da pessoa, desde o nascimento ao fim da sua vida histórica. Três deles só se celebram uma vez na vida, pois marcam a pessoa para sempre: o batismo, a confirmação e a ordem. O Sacramento da Reconciliação pode celebrar-se as vezes necessárias.
Em primeiro lugar, sublinhar que os Sacramentos são um encontro festivo com o Senhor. Não recebo os sacramentos por superstição (vou receber um sacramento, porque me pode acontecer algo se não o receber). Os sacramentos não são mágicos. A graça de Deus atua em nós mas não anula da nossa natureza, a nossa vontade. Os sacramentos não são individualistas. Não é para mim, ou é o meu sacramento, mas da Igreja, de Cristo, configuram-nos a Cristo e inserem-nos na comunidade. Sublinha-se a dinâmica de encontro com o Senhor.
Por outro lado, o Sacramento da Penitência, muitas vezes visto mais como um tribunal de penitência, do que um encontro libertador. Culpa da Igreja que acentuou uma dimensão mais acusatória. Na recente Carta Apostólica, Misericordia et Misera, o Papa relembra que os sacerdotes confessores não são juízes, não devem estar preocupados em saber coisas, curiosidades sobre os penitentes, devem acolher, escutar, aconselhar, comunicar a graça de Deus. É Deus quem perdoa.
O Sacramento da Reconciliação e a dúvida acerca da misericórdia de Deus. Ora, relembrando novamente a parábola do Pai Misericordioso, o filho prepara uma desculpa que o justifique nos seus devaneios, o Pai faz festa pelo regresso do filho, faz festa por aquele que volta, como no caso da ovelha perdida.
Outra dúvida: acerca de nós. Vou confessar-me mas vou voltar a fazer o mesmo. Devo confiar mais na graça de Deus. Deus não desiste de nós. Não desistamos nós também. Com a ajuda de Deus, com a Sua graça em mim vou conseguir corrigir este e aquele aspeto, pode não ser logo de uma vez, mas vou conseguir.
Outro aspeto: não tenho pecados, não mato nem roubo... tenho a consciência limpa... se está limpa é porque não a uso. Todos somos pecadores. Posso não matar com uma faca ou pistola, mas posso matar os sonhos a uma pessoa, ou matar a sua honra quando digo mal dela. No sacramento da Penitência devo olhar mais para mim, fazer exame de consciência. Não vou confessar os pecados dos outros. Pequena história: o pai queixou-se ao filho que a mãe estava cada vez mais surda, não ouvia quase nada. O filho sugeriu ao pai uma experiência para verificar a que distância a mãe não ouvia. De longe o pai começou a perguntar à esposa, que estava na cozinha a preparar o jantar: Maria, o que vamos jantar hoje? E como não ouvisse a resposta foi-se aproximando, à entrada da cozinha, a dois metros, por detrás da esposa e finalmente tocou-lhe e perguntou de novo: Maria, o que temos para o jantar? Ó António já te respondi uma meia dúzia de vezes que eram batatas com frango! Às vezes só vemos o pecado nos outros.
Que a Imaculada Conceição nos ilumine no desejo de nos aproximarmos do Senhor, com humildade e confiança, certos a benevolência de Deus.
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