1 – Deus. Amor. Criação. Vida. Humanidade. Harmonia. Cumplicidade. Diálogo. Alegria.
Homem e Mulher. Fragilidade. Pecado. Egoísmo. Discussão. Violência. Inveja. Morte.
Chamamento. Promessa. Aliança. Profecia. Conversão. Perdão. Misericórdia.
Jesus Cristo. Abaixamento. Compaixão. Vida nova. Nova criação. Salvação. Ressurreição.
Chamamento. Vocação. Seguimento. Discípulos. Missionários. Espírito Santo. Igreja.
Fraternidade. Humildade. Escuta. Obediência. Verdade. Libertação. Caridade.
Não são palavras vãs, é o caminho que nos redime e nos congrega, nos irmana e nos envolve, comprometendo-nos com a salvação que vem de Deus. Deus criou-nos por amor. O ser humano é imagem e semelhança de Deus. Esta semelhança nem sempre corresponde aos desígnios divinos.
Na liturgia da Vigília Pascal pudemos absorver a intervenção de Deus ao longo da história da salvação, desafiando o povo à conversão de vida, à opção pelo bem e pela justiça, na defesa dos mais pobres, na persistência pela solidariedade, dando sinais, enviando mensageiros, impelindo líderes, profetas, comunicando palavras de esperança. As promessas são feitas com o vislumbre do que virá, para levar as pessoas e o povo a mobilizar-se, deixando as armas, a força e a violência, os ódios e as injustiças, aderindo à Lei do Senhor, lei que liberta, que aponta para a vida, para a dignidade e proteção de todos, especialmente dos mais frágeis.
2 – Desde toda a eternidade e para sempre, Deus nos ama, como Pai e sobretudo como Mãe. A Páscoa de Jesus, a Sua ressurreição entre os mortos, clarifica, ilumina e torna percetível a Encarnação, mistério de abaixamento, Ele que era de condição divina não se valendo da Sua igualdade com Deus, assumiu a condição de servo, humilhou-se a Si mesmo, obedecendo até à morte e morte de Cruz. Por isso Deus O exaltou e lhe deu o NOME que está acima de todos os nomes.
A vinda do Filho Unigénito de Deus aproxima a eternidade do tempo e da história dos homens. Deus que nunca Se afastou nem Se distanciou, tornou-Se visível em Jesus Cristo. Não há como voltar atrás. Ele está no meio de nós como Quem serve, sempre e para sempre. Ao longo da Sua vida, sobretudo, ao longo dos três anos de vida pública, Jesus viveu para servir, para amar, para gastar a vida, para envolver, elevar, salvar, integrar, redimir, incluir todos os que andavam dispersos pelo pecado, pelas trevas e pela morte.
Foi crescendo em graça e sabedoria, diante de Deus e dos homens e chegada a Sua hora espalhou bondade e doçura, procurando os que andavam cansados e abatidos, como ovelhas sem pastor, indo às margens para Se encontrar com os que se tinham perdido pela solidão, pela pobreza, pela exclusão social, cultural e religiosa. Contundente contra os que usavam de artimanhas e hipocrisias, escravizando pessoas e perpetuando situações de pecado, de abuso, de corrupção; dócil, próximo, misericordioso para leprosos, cegos, coxos, crianças, mulheres, publicanos, pecadores, estrangeiros. Veio para incluir, revelando a Misericórdia de Deus Pai. O Seu projeto e o Seu propósito, o Seu alimento e a Sua vida: em tudo fazer a vontade do Pai. E a vontade do Pai é que todos se salvem.
Qual manso Cordeiro levado ao matadouro, sem mancha nem pecado, inocente, arrastado para julgamento, condenado à morte, à ignomínia da Cruz, como malfeitor. Da Sua boca não se ouviram injúrias! Procurando-nos com o Seu olhar compassivo para nos manter vivos, como a Pedro ou a Judas; elevando o olhar, o coração e a vida para o Pai, nas mãos de Quem Se coloca por inteiro e em Quem nos coloca.
3 – As trevas quiseram por momentos bloquear a luz. Quem não se deixa inundar de luz e vive mergulhado nas trevas caminha para o abismo e para a morte e tende a arrastar os outros. A luz purifica, faz-nos ver melhor, mas por vezes também fere a vista, sobretudo quando esta está mais familiarizada com o sono, com a escuridão, com a noite.
Do alto da Cruz, Jesus continua a chamar por Deus, continua a interceder por nós: Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem... Hoje mesmo estarás Comigo no Paraíso. Até ao fim, além de todo o sofrimento, Jesus pensa em nós, vive por nós, entrega-Se ao Pai por nós.
A luz parecia ter-se extinguido. Jesus desceu ao fundo, até onde a humanidade mergulha, até à morte. Três dias depois, a certeza de que a última Palavra é da vida, é de Deus, é o amor. A vida entregue ao Pai por nós, é retomada, gloriosa e ressuscitada; ressuscita o amor, a compaixão, o serviço, a fraternidade. O irmão que nos morreu voltou à vida, precedendo-nos na ressurreição. Agora vivemos ressuscitados, pois Ele ressuscitou e ressuscita-nos. A vastidão do Céu inunda a terra, expande-se para a humanidade inteira. Deus não é inacessível. Só como mistério que não podemos controlar nem encerrar nas nossas conceções ideológicas e/ou morais. No mais, É acessível. Mostra-Se em Jesus, de carne e osso como nós!
4 – Jesus não Se encontra mais no sepulcro. Ressuscitou. É preciso procurá-l'O onde a vida germina. Podemos encontrá-l’O, ou melhor deixar-nos encontrar por Ele, no jardim, no caminho, em casa, onde quer que estejamos. Não procuremos no lugar dos mortos Aquele que vive, que está no meio de nós, que está Vivo em cada pessoa, em todas as pessoas.
Maria Madalena, Simão Pedro e o discípulo amado foram ao sepulcro e descobriram-no sem o Corpo de Jesus. O sepulcro reenvia-nos em missão. Aquele que foi morto pela iniquidade dos homens, está vivo pelo poder de Deus. Regressou dos mortos, resgatou-nos do pecado e das trevas, introduziu-nos numa vida nova.
São horas de acordar. É o Primeiro Dia da semana, a Semana Maior fica preenchida de luz e de vida. Este é o dia que o Senhor fez, exultemos e cantemos de alegria. As trevas dão lugar à luz. É tempo de vivermos o DIA e nos deixarmos conduzir pela Luz.
"Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo Se encontra, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, então também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória".
Pe. Manuel Gonçalves
Textos para a Eucaristia (ano A): Atos 10, 34a. 37-43; Sl 117 (118); Col 3, 1-4; Jo 20, 1-9.
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