Os dias que medeiam entre a Epifania e a Quaresma – Tempo Comum (1.ª parte) – são também sinal e expressão do amor de Deus por nós.
O ano litúrgico recentra-nos em dois vértices: o NATAL e a PÁSCOA, e que incluem os tempos de preparação (Advento e Quaresma) e os tempos que se lhe seguem (tempo de Natal e tempo Pascal), tornando mais acessível o mistério da salvação.
Com efeito, a Encarnação do Verbo tem como fim a Sua Manifestação plena no dar a vida pela humanidade. É no dar a vida que Jesus nos mostra o caminho de retorno a Deus. Com a Ressurreição percebemos o DOM da vida nova. É à luz da Páscoa que havemos de encarar toda a nossa vida de fé. Jesus assume a nossa fragilidade e finitude para nos (re)introduzir na eternidade.
Depois do batismo de Jesus, por João Batista, iniciamos o chamado Tempo Comum ou Ordinário.
O tempo comum celebra a Páscoa, em cada domingo, em cada Eucaristia. Com efeito, a Eucaristia, memorial da morte e ressurreição de Jesus, que Ele antecipou na Última Ceia, de forma a permanecer no meio de nós, faz-nos participantes da vida divina e alimenta-nos até à eternidade. Por esta razão, a Eucaristia é a oração mais completa da Igreja. Encaminhamo-nos para Deus, alimentamo-nos da presença de Deus entre nós. Na palavra proclamada, refletida e acolhida e pela condivisão do Corpo de Cristo, tornamo-nos com Ele um só Corpo.
Na verdade, o tempo comum desafia-nos a deixar-nos surpreender por Deus em todos os momentos da nossa vida, também no silêncio e na aridez dos nossos dias, também na rotina e na azáfama, também nos vazios e nas dúvidas, nas contrariedades e nas nossas realizações humanas.
É no dia a dia que nos afirmamos como pessoas, nos descobrimos sociedade, formamos Igreja, como crentes peregrinos, em busca de um sentido novo para a vida. Deus age em todo o tempo, em toda a parte, em todas as ocasiões.
Será oportuno envolver-nos nas diversas manifestações de Deus, nos encontros e gestos de Jesus, cuja riqueza do Evangelho não se esgota num ciclo litúrgico. Daqui também, a necessidade da Igreja encontrar espaço para abranger melhor o mistério de Cristo, promovendo três ciclos de leituras. Encontrámo-nos no ciclo B, em que o Evangelho de São Marcos será a referência fundamental para os domingos.
1 – “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1, 35-42). O 2.º domingo do tempo comum, faz-nos viver a passagem de testemunho, de João Batista para Jesus, no sinal que dá aos seus discípulos para seguirem Jesus.
2 – “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho” (Mc 1, 14-20). A mensagem de Jesus desafia à fé e à conversão. No 3.º domingo, Jesus chama alguns Apóstolos, para que vivam com Ele e O acompanhem, para depois os enviar ao mundo.
3 – “Uma nova doutrina, com tal autoridade que até manda nos espíritos impuros” (Mc 1, 21-28). No 4.º domingo, a certeza de que em Jesus está a força e a graça de Deus. Ele vem salvar-nos dos demónios que nos afastam de Deus e uns dos outros.
4 – “Todos Te procuram… Vamos a outros lugares (…) a fim de também aí pregar” (Mc 1, 29-39). No 5.º domingo, o Evangelho mostra como o ministério de Jesus se revela em gestos concretos, cura a sogra de Pedro e muitos outros que acorrem à Sua presença. É urgente ir, partir, anunciar, pregar…
5 – “Se quiseres, podes curar-me” (Mc 1, 40-45). No 6.º domingo, um leproso aproxima-se de Jesus com a certeza de n’Ele encontrar a cura. E nós? Com que confiança rezamos a Jesus?
6 – “…para saberdes que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados…” (Mc 2, 1-12). A salvação envolve toda a nossa vida, como podemos refletir neste 7.º domingo. Jesus vem para nos curar de todo o mal. Só o perdão dá lugar a uma vida nova.
O reino de Deus está próximo, convertamo-nos de todo o coração e acreditemos no Evangelho… é tempo de salvação, Deus vem salvar-nos!
Editorial Boletim Voz Jovem, janeiro 2012.
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