sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Solenidade de Todos os Santos - reflexão

       Celebramos hoje a festa dos habitantes da nova Jerusalém a cidade santa, imagem da Pátria Celeste, a nossa Pátria definitiva, aquela em função da qual nos movemos e existimos.
       O padre Américo, fundador da Obra da Rua, conhecida pelas suas casas do Gaiato dizia: “Ai de mim se aceitasse crianças na casa unicamente para lhes encher a barriga! Dar-lhes de comer é pretexto para educar; educação cívica, educação moral; educação religiosa. Há um segredo divino no meu palmilhar de cada dia que não me deixa cair no chão: eu desejo encontrar na Eternidade, sentados à direita do Pai celeste, todos aqueles garotos que me passam pelas mãos”. Dificilmente se encontrará imagem mais bela para traduzir o lema pastoral da nossa diocese para este ano: “Ide e fazei discípulos!” É para encaminhar para o Céu que a evangelização tem sentido.
       Do mesmo modo, São João Maria Vianney – o Santo Cura d'Ars – quando, no dia 9 de Fevereiro de 1818, pediu informações a um rapazito, Antoine Givre de seu nome, que encontrou pelo caminho e a quem, perdido no nevoeiro, procurou indicações sobre o itinerário a seguir para a paróquia de que ia tomar posse, respondeu: “Muito bem, meu amigo, tu mostraste-me o caminho para Ars, eu mostrar-te-ei o caminho para o Céu”. E assim foi. Durante toda a estadia em Ars a sua preocupação primeira era a santificação dos seus habitantes; de tal forma trabalhou que os frutos foram aparecendo e passados alguns anos ele dizia com santo orgulho: “Agora gosto de ir ao cemitério, é como um relicário”, de tal forma ele tinha assistido à morte edificante, depois de uma vida exemplar, de tantos dos seus paroquianos.
       Por tradição costumamos associar a Solenidade de Todos os Santos à Comemoração dos Fiéis Defuntos. E bem! Na solenidade de hoje nós recordamos todos os santos, os canonizados e os não canonizados e por isso vamos ao campo santo do cemitério para fazer memória agradecida desses bem-aventurados que conhecemos, que foram do nosso tempo, da nossa terra, porventura da nossa família e entramos como quem vai a um santuário para agradecer e pedir a intercessão dos que comtemplam já a face de Deus.
       Aos vermos glorificados estes filhos da Igreja, devemos recordar que nós temos a mesma mãe (a Igreja) e o mesmo Pai (Deus) e que a primeira preocupação da nossa vida deve ser procurarmos adquirir o direito à mesma cidadania. Se sabemos a direção, importa que não nos percamos no caminho. A santidade é o objectivo, a santificação o caminho. O Papa Francisco tem-nos recordado coisas elementares como o dizer “obrigado”, “pedir licença” e “pedir perdão”. É um resumo de virtudes pequenas que encerram um oceano de santidade. A santificação exercita-se nas pequenas coisas pois “quem não é fiel no pouco, também não é fiel no muito”.
       Cada dia, cada hora, cada gesto, cada mortificação, cada obra de misericórdia conta. É agora o tempo favorável, não teremos outro. Conhecemos a lei e os profetas, conhecemos Cristo e o Evangelho, é por aqui o caminho.
       Que o exemplo dos santos nos estimule e a sua intercessão nos auxilie a caminhar sempre com os olhos postos na Pátria Celeste. Amen! Aleluia!

Pe. João Carlos
Pró Vigário Geral da Diocese de Lamego

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