A paciência pró ativa procura o tempo mais favorável, na espera ou criando as condições necessárias para fazer a vida acontecer.
É de todos conhecida a parábola de Jesus: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontrou. Deves cortá-la. Porque há de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».
Deus ama-nos, infinita, pacientemente. A paciência de Deus constrói, espera por nós, aguarda a nossa conversão, respeita a nossa liberdade, as nossas escolhas, não nos abandona, mesmo em situações em que nós O arredamos da nossa vida, em situações em que não damos fruto. Deus continua a esperar, a cuidar de nós, a tratar-nos como filhos, a ver se damos fruto. Deus é lento para a ira e rico de misericórdia, "é um Deus clemente e compassivo, sem pressa para Se indignar e cheio de misericórdia e fidelidade" (Ex 34, 6).
Noutra parábola, Jesus expressa a necessidade de esperar para não correr o risco de destruir juntamente o bem e o mal. «O reino dos Céus pode comparar-se a um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio o inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi-se embora. Quando o trigo cresceu e começou a espigar, apareceu também o joio». Apercebendo-se do que está a acontecer logo os seus servos querem cortar o mal pela raiz. Então o senhor diz-lhes: "Não! Não suceda que, ao arrancardes o joio, arranqueis também o trigo" (Mt 13, 24-43).
Escutemos o Papa Francisco: "Transitar em paciência implica aceitar que a vida é isso: uma aprendizagem contínua. Quando uma pessoa é nova, julga que pode mudar o mundo; e isso está certo, tem de ser assim. Mas, depois, quando procura, descobre a lógica da paciência na própria vida e na dos outros. Transitar em paciência é assumir o tempo e deixar que os outros façam a sua vida. Um bom pai, tal como uma boa mãe, é aquele que vai intervindo na vida do filho o suficiente para lhe marcar as pautas de crescimento, para o ajudar, mas que depois sabe ser espetador dos fracassos próprios e alheios, e os supera".
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4366, de 7 de junho de 2016
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