segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Tabuaço: Magusto e Semana dos Seminários | 2016

       Sábado, 12 de novembro de 2016, um dia depois do São Martinho de Tours, a realização do Magusto Paroquial, proposto a partir da catequese, aberto à participação de toda a comunidade paroquial.
       Este ano dois motivos a relevar: a presença de três seminaristas, o Diogo Martinho, entre nós aos fins de semana, o Marcelo Moutinho, de São João da Pesqueira, e o João Miguel, de Freigil, em Resende, e o facto de mais pessoas terem respondido positivamente ao convite do pároco e das catequistas. Como habitualmente, a jornada iniciou com a celebração da Eucaristia, incluindo o testemunho vocacional do João, seguindo-se o magusto no Centro Paroquial.

       Algumas imagens para recordar e para guardar...

Para visitar o Álbum desta jornada,

Formação Arciprestal de Catequistas - 5 de novembro

       No passado dia 5 de novembro, realizou-se mais um momento de formação para catequistas do Arciprestado de Moimenta da Beira, Sernancelhe, Tabuaço, desta feita na Paróquia de Sernancelhe.
Tendo em conta que em algumas paróquias a catequese está programada para os sábados à tarde, este ano, em Conselho Pastoral Arciprestal, optou-se por dividir este tempo de encontro, de convívio, de oração, de formação, por duas manhãs. No passado dia 5 de novembro, o primeiro momento. O segundo será agendado, em Conselho Pastoral Arciprestal para fevereiro ou março.
       O encontro foi orientado pela Irmã Arminda, que integra o Departamento da Catequese da Diocese de Aveiro.
       A Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, de Tabuaço marcou presença com 5 catequistas: Fernanda Cardoso, Graça Ferraz, Daniela Rodrigues, Mara Longa, Sara Silva.
O encontro iniciou com breves palavras do Arcipreste, seguindo-se a oração da manhã, com a intervenção-reflexão do Pe. Ricardo Barroco, responsável arciprestal da Educação Cristã. A Irmã Arminda orientou os trabalhos. A meio da manhã uma pausa para o café-chá e uns bolinhos, gesto generoso das catequistas de Sernancelhe.
       No final da manhã, o Pe. Jorge Giroto, também responsável arciprestal da Educação Cristã, para agradecer a presença de todos e, em especial, o trabalho da Irmã Arminda.
Algumas fotos deste dia:


Para as outras fotos disponíveis,

sábado, 12 de novembro de 2016

XXXIII Domingo do Tempo Comum - ano C - 13.11.3016

       1 – Para quem vive a vida com intensidade, alegria, desprendimento, com verdade, honestamente, o fim fará parte do processo. Claro que ninguém quer morrer. Muitas vezes o desejo é acabar com o sofrimento ou por não se sentir amado ou por achar que se está a dar demasiado trabalho aos outros. Há situações de um sofrimento físico muito grande, ainda que na atualidade os cuidados paliativos estejam avançados. Vida em abundância é o que todos desejamos. Jesus vem de Deus para que tenhamos vida e vida abundante (cf. Jo 10, 10).
       Quando paramos um pouco para pensar... Quando à nossa volta alguém morre... Quando morre uma pessoa nova... Ou alguém morre de forma surpreendente, por acidente, repentinamente, por uma doença avassaladora... Vêm os medos e as perguntas! Já tem acontecido que pessoas que se diziam preparadas para morrer ou com um desejo (aparente) de morrer, que se sentem vulneráveis por saber que podem morrer. Ou, em muitos casos, quando as pessoas participam no funeral de uma pessoa mais nova ou da mesma idade e logo se questionam pela sua vez que pode estar a chegar.
       Ao olharmos para o mundo atual, outra constatação, o mundo está em convulsão. Estará às portas da destruição, do auto aniquilamento ou será mais uma crise de crescimento? Estaremos no fim do mundo ou no início de um tempo novo?
       Com efeito, para os cristãos o FIM do MUNDO já chegou com Jesus Cristo. Na plenitude dos tempos, Jesus introduziu-nos num tempo novo, no Reino de justiça, de paz e de amor. O fim de cada um, o fim da humanidade, é Cristo Jesus que nos eleva para a glória do Pai, para contemplarmos o Seu amor por nós e vivermos eternamente na alegria divina. Mas antes de chegarmos ao Céu, temos o Céu connosco, Jesus Cristo que, morto e ressuscitado, permanece entre nós, pela força do Espírito Santo, nos Sacramentos, na Palavra de Deus e no bem que façamos em Seu Nome santo. Peregrinos do tempo e da história, com a missão de semearmos a fé, a esperança e a alegria, pelo bem dito e a dizer e pelo bem feito e a fazer.
       2 – O evangelista contextualiza a intervenção de Jesus, dizendo-nos que o templo estava ornado com belas pedras e com piedosas ofertas, o que provoca comentários. Uma nota prévia: também da Igreja se têm feito comentários acerca da sua riqueza material e do ornamento de algumas igrejas. Desde logo alguns sublinhados: a Igreja vive no meio do mundo e em muitas situações deixou vir ao de cima a ostentação da riqueza, a procura do poder pelo poder. Por outro lado, o arranjo, o cuidado, o adorno das igrejas, os paramentos, as talhas douradas, os cálices resultam da fé, da piedade popular, do zelo pelas coisas sagradas. Há pessoas para quem o melhor tem de ser para Deus. E isso também se visualiza, também se exterioriza. Pela experiência pastoral, estou em crer que as pessoas que mais facilmente dão para as igrejas, são as mesmas que mais facilmente dão para causas sociais.
       Todavia, as palavras de Jesus são para nós, para ti e para mim. Como escutamos em domingos anteriores, a ganância e a avareza diabolizam-nos. O dinheiro, os bens materiais, a riqueza, devem servir para vivermos melhor e para facilitar a fraternidade, para nos tornarmos mais próximos, para cuidarmos dos mais frágeis.
       «Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído». Ou como dirá Jesus em outro lugar, fazei bolsas que não se desgastem, bens que não corroam, nem se percam (cf. Lc 12, 33). Do que vemos, mais tarde ou mais cedo, tudo desaparecerá. Só não desaparecerá o bem que fizermos, tudo o que por amor nos levar aos outros.

       3 – Se tivéssemos uma varinha de condão por certo a usaríamos em algumas situações para antecipar ou sabermos o que nos reserva o futuro. Aliás, há quem ganhe a vida a tentar adivinhar o futuro. Uns jogando cartas, outros com ossos, outros com os astros, ou lendo as mãos ou perscrutando o olhar!
       Claro que, em parte, podemos adivinhar o futuro e podemos antecipá-lo. O Céu está ao nosso alcance. Jesus trouxe-nos a eternidade, trouxe-nos Deus. Ele é o Céu plantado no mundo, na história, no tempo. O futuro dependerá, em parte, das nossas escolhas, do que fizermos hoje. Há algo intangível e que foge a qualquer projeção e por isso dizemos que "o futuro a Deus pertence". É possível prepararmos o "amanhã", intuirmos e, com alguma criatividade e sensibilidade, vermos no futuro. Há previsões que ajudam a planificar o futuro, ainda que com uma certa margem de imprevisibilidade. O mais importante, porém, é a garantia de Deus que, em plenitude, Se revela em Jesus Cristo. Ele é o nosso futuro, a esperança que a nossa vida tem um FIM que lhe dará sentido.
       «Mestre, quando sucederá isto? Que sinal haverá de que está para acontecer?».
       Esta é uma pergunta que também fazemos! Também tentamos ler os sinais! Vemos o que e quem nos rodeia! Quem nos ajuda a caminhar e quem nos faz tropeçar! Quem seja luz para nós e quem aproveite as trevas para nos roubar a esperança e a vida!
       Jesus deixa-nos um alerta de confiança: «Tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não os sigais. Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas, não vos alarmeis: é preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim».
       Logo depois Jesus acrescenta o aparecimento de sinais contraditórios, fome, epidemias, guerras, violência, povos contra povos. Muitos se aproveitarão da confusão e dos medos para reinar, para se impor, para subjugar os demais. As ditaduras nascem em tempos de crise, de indecisão e indefinição, de incerteza e de medo. Jesus coloca-nos de sobreaviso. Esses tempos chegarão. Importa não nos deixarmos nem abater nem controlar. Mesmo perseguidos, não temamos os que matam o corpo mas não podem matar o espírito. Só Deus é o nosso FIM. Se formos conduzidos aos tribunais por anunciarmos o NOME de Cristo e o Seu Evangelho de Amor não nos preocupemos com o que dizer em nossa defesa, o Espírito infundir-nos-á as respostas a dar. E por fim, Jesus ainda mostra o cuidado de Deus por cada um de nós, garantindo: «Nenhum cabelo da vossa cabeça se perderá. Pela vossa perseverança salvareis as vossas almas».
       4 – Na profecia de Malaquias um alerta semelhante, com o mesmo selo de garantia da parte de Deus: "Há de vir o dia do Senhor, ardente como uma fornalha; e serão como a palha todos os soberbos e malfeitores. O dia que há de vir os abrasará – diz o Senhor do Universo – e não lhes deixará raiz nem ramos. Mas para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol de justiça, trazendo nos seus raios a salvação".
       A salvação está aí. Com Jesus chega esse dia, o Dia do Senhor, Dia de graça e de redenção. Por quê ter medo? Vivamos como ressuscitados, inseridos no Corpo de Cristo, como membros vivos, como ramos de videira ligados à vide, à seiva que circula por todas as ramificações! Desta forma, nada tememos, porque o Senhor nos salva!

       5 – Na segunda Epístola de São Paulo à comunidade de Tessalónica, que temos vindo a escutar e refletir, o Apóstolo ensina-nos como estarmos preparados para o fim. Importa viver Jesus, crucificado e ressuscitado. Se sentirmos dificuldade em imitar Jesus comecemos por imitar aqueles e aquelas que viveram para transparecer e testemunhar Jesus, como foi o caso de São Paulo, São Francisco Xavier, Santa Teresa do Menino Jesus.
       "Vós sabeis como deveis imitar-nos, pois não vivemos entre vós na ociosidade, nem comemos de graça o pão de ninguém. Trabalhámos dia e noite, com esforço e fadiga, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não é que não tivéssemos esse direito, mas quisemos ser para vós exemplo a imitar. Quando ainda estávamos convosco, já vos dávamos esta ordem: quem não quer trabalhar, também não deve comer. Ouvimos dizer que alguns de vós vivem na ociosidade, sem fazerem trabalho algum, mas ocupados em futilidades. A esses ordenamos e recomendamos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que trabalhem tranquilamente, para ganharem o pão que comem".
       Vale a pena fixarmos todo o texto. O Apóstolo põe em evidência que o cristão não deve e não pode viver na ociosidade. A fé encarna-se na vida e no compromisso com os outros e com o mundo. Não se desencarna, não se espiritualiza, não nos torna aluados, fora ou acima dos outros. Faz-nos sujar as mãos, arregaçar as mangas. Já basta os que não podem trabalhar ou aqueles e aquelas cujo trabalho não lhes garante a dignidade que merecem. Cabe-nos trabalhar e ajudar aqueles que não o podem fazer. A fé faz-nos levantar o olhar, o coração e a vida para Deus. Deus, com o Seu olhar, com o Seu coração, com a Sua vida está fito na terra, em mim e em ti, em nós, nos outros. Deus orienta-nos o olhar para os outros que caminham connosco. A nossa pátria é o Céu, mas o Céu inicia-se aqui e agora, inicia-se no tempo, na história, no mundo.

Pe. Manuel Gonçalves


Textos para a Eucaristia (C): Mal 3, 19-20a; Sal 97 (98); 2 Tes 3, 7-12; Lc 21, 5-19.

Paróquia de Tabuaço: calendarização pastoral 2016-17

       D. António Couto, Bispo da mui e nobre Diocese de Lamego, a que pertencemos, tem insistido numa dinâmica missionária da Igreja diocesana, correspondendo ao mandato de Jesus, "IDE E ANUNCIAI O EVANGELHO A TODA A CRIATURA" (Mc 16, 15), à sensibilidade do Papa Francisco que deseja uma Igreja em saída, em busca da ovelha perdida, ou melhor, em busca das 99 ovelhas que estão fora, preferindo uma Igreja acidentada por sair que uma Igreja doente por estar centrada em si mesma.
       Ao longo dos anos, o envio missionário: IDE. O IR liberta-nos da autorreferecialidade, para nos centrarmos em Jesus Cristo. O discípulo é simultaneamente missionário. Na intuição da Teologia da Libertação ou Teologia da Salvação, compromisso refletido e assumido na América Latina, de onde é originário o Papa Francisco, a evangelização há de ser uma constante, de todo o cristão, de todas as comunidades, em todo o tempo. Foi o proceder de Jesus: vamos a outras povoações anunciar o Evangelho, foi para isto que Eu vim (cf. Mc 1, 38). São Paulo, que no dizer de Bento XVI é "modelo de cada evangelizador", rearfirma a cada passo a necessidade de evangelizar: "Ai de mim se não evangelizar" (1 Cor 9,16).
       Jesus vem da parte de Deus, vem da eternidade, faz-Se um de nós, um connosco. Traz-nos Deus. traz-nos o Céu. Traz-nos a Palavra de Deus. Melhor, Ele é a Palavra que Se faz carne. N'Ele a Palavra tem substância, consistência, tem Corpo, tem vida. Ele é a Palavra, a Sabedoria, o Rosto de Deus no meio dos homens.
       Desde o início do Seu pontificado que o Papa Francisco tem insistido na necessidade de ir às periferias não apenas geográficas mas também existenciais, como Jesus, ir ao encontro dos mais frágeis, dos pobres, dos excluídos, das comunidades e dos povos em maior dificuldade, distantes dos bens da criação, da cultura, da educação, do acesso aos cuidados de saúde. Quem está no centro e vive na comodidade corre o risco de se esquecer dos sofrimentos dos outros e das suas dificuldades. Daí a insistência reiterada no proceder de Jesus, em ser seus discípulos, imitando-O na preferência pelos mais desfavorecidos.
       Com efeito, Jesus fez-Se pobre para nos enriquecer com a Sua pobreza. Para fundamentar a Teologia da Libertação e para que esta não corresse o risco de se converter em mais uma ideologia ao lado de outras, o então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, durante a maior parte do pontificado de João Paulo II, apontou Jesus Cristo como a referência fundante da opção preferencial pelos pobres. Na verdade, Jesus Cristo encarnou, assumiu as dores da humanidade, as suas limitações. Como rezará Maria, no Magnificat, esse é o proceder de Deus, levantar os caídos, restituir a vida e a dignidade aos pobres, exaltar os humildes. O proceder de Jesus há de ser o nosso proceder. Somos Seus discípulos. Aprendamos d'Ele e com Ele. Convém que não nos coloquemos à Sua frente, escondendo-O atrás de nós ou pela opacidade da nossa vida, para que O transpareçamos, sejamos Suas testemunhas, como alerta o nosso Bispo na Carta Pastoral para este ano de 2016-2017.
       Os discípulos são missionários. Não à vez. Mas em simultâneo. O discípulo de Jesus Cristo, transparece-O, é missionário, é apóstolo. Também esta terminologia é muito latino-americana, visualizável sobretudo na Assembleia do Episcopado Latino Americano e Caribenho, em Aparecida, em 2007. Em Aparecida, estavam os dois últimos Papas, isto é, Bento XVI e o então Cardeal Jorge Mario Bergoglio, atual Papa Francisco. Bento XVI no discurso de Aparecida sanciona em definitivo a opção preferencial pelos mais pobres e o compromisso do discípulo missionário, mostrando que quanto mais próximo de Jesus for o discípulo tanto mais motivado para ser missionário. Não se compreende que existam discípulos que não sejam missionários, mas também não é possível missionários que não sejam (sempre) discípulos, aprendizes de Jesus e do Seu Evangelho de serviço, de perdão, de amor. O Cardeal Bergoglio foi o Relator Presidente desta Assembleia, com a sensibilidade latino-americana de acolher o contributo de todos e de promover uma evangelização, não a partir do exterior ou a partir de cima, mas a partir das bases. A libertação-salvação deve envolver todos, a começar por aqueles e aquelas que se encontram fragilizados, excluídos, à margem. Serão também agentes e atores do seus destino e não apenas destinatários ou espetadores.
       A Diocese de Lamego, sob o pontificado de D. António Couto, vive em dinâmica missionária, com a incidência em mais oração, mais formação, mais encontros, mais proximidade, escolas de vivência da fé, encontro com Jesus, tempos de reflexão e de confraternização. Uma Igreja de portas abertas, para quem sai ao encontro dos outros, para quem entra e para quem quer regressar. Igreja, Casa e Escola da Fé e do Evangelho, onde se constrói com mais amor a família de Deus, INDO e anunciando a todos, em todo o tempo, o Evangelho da Caridade e da Misericórdia.
       A Paróquia de Tabuaço, inserida nesta Diocese de São Sebastião de Lamego e no Arciprestado que engloba as Zonas Pastorais (concelhos) de Moimenta da Beira, Sernancelhe e Tabuaço, procurará responder aos desafios do nosso Bispo a toda a Diocese, comprometendo-nos todos com todos, INDO a toda a parte, anunciando o Evangelho sempre, em todas as circunstâncias. Comprometidos com a nossa identidade batismal, procuraremos valorizar os tempos de oração, continuar a aprofundar a vivência da fé, através de momentos de reflexão e de formação como as escolas da fé. No nosso Arciprestado, além da CAMINHADA DO ADVENTO E NATAL e da CAMINHADA DA QUARESMA E DA PÁSCOA, a iniciativa "UM SANTO MISSIONÁRIO POR MÊS", com a proposta de em cada mês apresentar um santo missionário, entregar uma pagela com o santo do mês, divulgar a sua biografia através das folhas dominicais, centrando as escolas da fé no testemunho do santo missionário do mês, deixando-se motivar e envolver, imitando os santos, ou melhor, imitando Jesus que transparece na santidade destes cristãos de todos os tempos.
       A comunidade paroquial, no seu tempo, é o primeiro agente de pastoral e de evangelização. É agente e destinatária. Depois cada batizado, cada grupo, catequese e catequistas, zeladoras da Igreja, associados do Apostolado de Oração, Conselhos Pastoral e para os Assuntos Económicos, Grupos corais, Grupo de Jovens e Grupo de Acólitos, Movimento da Mensagem de Fátima, Mordomas de Nossa Senhora da Conceição, Guias e Escuteiros da Europa, Ministros Extraordinários da Comunhão, Pároco, Seminarista. Através de diferentes meios e oportunidades, do Boletim Paroquial, do Boletim Dominical, páginas da Internet, celebrações, tempos de formação e/ou de oração, festas da Catequese, ano litúrgico no seu conjunto, coração a coração, passar a mensagem e a alegria do evangelho a quem encontramos, na família, na vizinhança, no local de trabalho, convidando, informando, desafiando, entregado a reflexão dominical, ou alertando para um convívio ou um festa. Tendo no Lar da Santa Casa um lugar de encontro para visitar e partilhar a vida da comunidade paroquial, a vivência da fé, o anúncio da alegria e da paz do Evangelho.
       Um dos momentos aglutinadores para a comunidade é e continuará a ser a Festa da Padroeira, Nossa Senhora da Conceição, a 8 de dezembro, com a NOVENA que a precede, em retiro aberto, este ano terá como pregador o Pe. Joaquim Proença Dionísio, Diretor da Voz de Lamego e Reitor do Seminário Maior de Lamego, mobilizando os grupos eclesiais, Bombeiros Voluntários e as autoridades autárquicas, a GNR...
       Para se envolver, participando, a CALENDARIZAÇÃO PASTORAL, com algumas datas, celebrações, momentos, já definidos. Tendo acesso à Internet, procure/a estar atento à página oficial (www.tbcparoquia.com) ou à página da Paróquia no Facebook (@tbcparoquia), ou inscrevendo-se no Grupo facebokkiano "Paroquianos". Indo à Missa, esteja/está atenta/o ao Boletim Dominical. Não indo, peça/pede que lho/to tragam.

Paróquia de Tabuaço: calendarização pastoral 2016-17

       D. António Couto, Bispo da mui e nobre Diocese de Lamego, a que pertencemos, tem insistido numa dinâmica missionária da Igreja diocesana, correspondendo ao mandato de Jesus, "IDE E ANUNCIAI O EVANGELHO A TODA A CRIATURA" (Mc 16, 15), à sensibilidade do Papa Francisco que deseja uma Igreja em saída, em busca da ovelha perdida, ou melhor, em busca das 99 ovelhas que estão fora, preferindo uma Igreja acidentada por sair que uma Igreja doente por estar centrada em si mesma.
       Ao longo dos anos, o envio missionário: IDE. O IR liberta-nos da autorreferecialidade, para nos centrarmos em Jesus Cristo. O discípulo é simultaneamente missionário. Na intuição da Teologia da Libertação ou Teologia da Salvação, compromisso refletido e assumido na América Latina, de onde é originário o Papa Francisco, a evangelização há de ser uma constante, de todo o cristão, de todas as comunidades, em todo o tempo. Foi o proceder de Jesus: vamos a outras povoações anunciar o Evangelho, foi para isto que Eu vim (cf. Mc 1, 38). São Paulo, que no dizer de Bento XVI é "modelo de cada evangelizador", rearfirma a cada passo a necessidade de evangelizar: "Ai de mim se não evangelizar" (1 Cor 9,16).
       Jesus vem da parte de Deus, vem da eternidade, faz-Se um de nós, um connosco. Traz-nos Deus. traz-nos o Céu. Traz-nos a Palavra de Deus. Melhor, Ele é a Palavra que Se faz carne. N'Ele a Palavra tem substância, consistência, tem Corpo, tem vida. Ele é a Palavra, a Sabedoria, o Rosto de Deus no meio dos homens.
       Desde o início do Seu pontificado que o Papa Francisco tem insistido na necessidade de ir às periferias não apenas geográficas mas também existenciais, como Jesus, ir ao encontro dos mais frágeis, dos pobres, dos excluídos, das comunidades e dos povos em maior dificuldade, distantes dos bens da criação, da cultura, da educação, do acesso aos cuidados de saúde. Quem está no centro e vive na comodidade corre o risco de se esquecer dos sofrimentos dos outros e das suas dificuldades. Daí a insistência reiterada no proceder de Jesus, em ser seus discípulos, imitando-O na preferência pelos mais desfavorecidos.
       Com efeito, Jesus fez-Se pobre para nos enriquecer com a Sua pobreza. Para fundamentar a Teologia da Libertação e para que esta não corresse o risco de se converter em mais uma ideologia ao lado de outras, o então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, durante a maior parte do pontificado de João Paulo II, apontou Jesus Cristo como a referência fundante da opção preferencial pelos pobres. Na verdade, Jesus Cristo encarnou, assumiu as dores da humanidade, as suas limitações. Como rezará Maria, no Magnificat, esse é o proceder de Deus, levantar os caídos, restituir a vida e a dignidade aos pobres, exaltar os humildes. O proceder de Jesus há de ser o nosso proceder. Somos Seus discípulos. Aprendamos d'Ele e com Ele. Convém que não nos coloquemos à Sua frente, escondendo-O atrás de nós ou pela opacidade da nossa vida, para que O transpareçamos, sejamos Suas testemunhas, como alerta o nosso Bispo na Carta Pastoral para este ano de 2016-2017.
       Os discípulos são missionários. Não à vez. Mas em simultâneo. O discípulo de Jesus Cristo, transparece-O, é missionário, é apóstolo. Também esta terminologia é muito latino-americana, visualizável sobretudo na Assembleia do Episcopado Latino Americano e Caribenho, em Aparecida, em 2007. Em Aparecida, estavam os dois últimos Papas, isto é, Bento XVI e o então Cardeal Jorge Mario Bergoglio, atual Papa Francisco. Bento XVI no discurso de Aparecida sanciona em definitivo a opção preferencial pelos mais pobres e o compromisso do discípulo missionário, mostrando que quanto mais próximo de Jesus for o discípulo tanto mais motivado para ser missionário. Não se compreende que existam discípulos que não sejam missionários, mas também não é possível missionários que não sejam (sempre) discípulos, aprendizes de Jesus e do Seu Evangelho de serviço, de perdão, de amor. O Cardeal Bergoglio foi o Relator Presidente desta Assembleia, com a sensibilidade latino-americana de acolher o contributo de todos e de promover uma evangelização, não a partir do exterior ou a partir de cima, mas a partir das bases. A libertação-salvação deve envolver todos, a começar por aqueles e aquelas que se encontram fragilizados, excluídos, à margem. Serão também agentes e atores do seus destino e não apenas destinatários ou espetadores.
       A Diocese de Lamego, sob o pontificado de D. António Couto, vive em dinâmica missionária, com a incidência em mais oração, mais formação, mais encontros, mais proximidade, escolas de vivência da fé, encontro com Jesus, tempos de reflexão e de confraternização. Uma Igreja de portas abertas, para quem sai ao encontro dos outros, para quem entra e para quem quer regressar. Igreja, Casa e Escola da Fé e do Evangelho, onde se constrói com mais amor a família de Deus, INDO e anunciando a todos, em todo o tempo, o Evangelho da Caridade e da Misericórdia.
       A Paróquia de Tabuaço, inserida nesta Diocese de São Sebastião de Lamego e no Arciprestado que engloba as Zonas Pastorais (concelhos) de Moimenta da Beira, Sernancelhe e Tabuaço, procurará responder aos desafios do nosso Bispo a toda a Diocese, comprometendo-nos todos com todos, INDO a toda a parte, anunciando o Evangelho sempre, em todas as circunstâncias. Comprometidos com a nossa identidade batismal, procuraremos valorizar os tempos de oração, continuar a aprofundar a vivência da fé, através de momentos de reflexão e de formação como as escolas da fé. No nosso Arciprestado, além da CAMINHADA DO ADVENTO E NATAL e da CAMINHADA DA QUARESMA E DA PÁSCOA, a iniciativa "UM SANTO MISSIONÁRIO POR MÊS", com a proposta de em cada mês apresentar um santo missionário, entregar uma pagela com o santo do mês, divulgar a sua biografia através das folhas dominicais, centrando as escolas da fé no testemunho do santo missionário do mês, deixando-se motivar e envolver, imitando os santos, ou melhor, imitando Jesus que transparece na santidade destes cristãos de todos os tempos.
       A comunidade paroquial, no seu tempo, é o primeiro agente de pastoral e de evangelização. É agente e destinatária. Depois cada batizado, cada grupo, catequese e catequistas, zeladoras da Igreja, associados do Apostolado de Oração, Conselhos Pastoral e para os Assuntos Económicos, Grupos corais, Grupo de Jovens e Grupo de Acólitos, Movimento da Mensagem de Fátima, Mordomas de Nossa Senhora da Conceição, Guias e Escuteiros da Europa, Ministros Extraordinários da Comunhão, Pároco, Seminarista. Através de diferentes meios e oportunidades, do Boletim Paroquial, do Boletim Dominical, páginas da Internet, celebrações, tempos de formação e/ou de oração, festas da Catequese, ano litúrgico no seu conjunto, coração a coração, passar a mensagem e a alegria do evangelho a quem encontramos, na família, na vizinhança, no local de trabalho, convidando, informando, desafiando, entregado a reflexão dominical, ou alertando para um convívio ou um festa. Tendo no Lar da Santa Casa um lugar de encontro para visitar e partilhar a vida da comunidade paroquial, a vivência da fé, o anúncio da alegria e da paz do Evangelho.
       Um dos momentos aglutinadores para a comunidade é e continuará a ser a Festa da Padroeira, Nossa Senhora da Conceição, a 8 de dezembro, com a NOVENA que a precede, em retiro aberto, este ano terá como pregador o Pe. Joaquim Proença Dionísio, Diretor da Voz de Lamego e Reitor do Seminário Maior de Lamego, mobilizando os grupos eclesiais, Bombeiros Voluntários e as autoridades autárquicas, a GNR...
       Para se envolver, participando, a CALENDARIZAÇÃO PASTORAL, com algumas datas, celebrações, momentos, já definidos. Tendo acesso à Internet, procure/a estar atento à página oficial (www.tbcparoquia.com) ou à página da Paróquia no Facebook (@tbcparoquia), ou inscrevendo-se no Grupo facebokkiano "Paroquianos". Indo à Missa, esteja/está atenta/o ao Boletim Dominical. Não indo, peça/pede que lho/to tragam.

E Deus não havia de fazer justiça?!

       Jesus disse aos seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar: «Em certa cidade vivia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. Havia naquela cidade uma viúva que vinha ter com ele e lhe dizia: ‘Faz-me justiça contra o meu adversário’. Durante muito tempo ele não quis atendê-la. Mas depois disse consigo: ‘É certo que eu não temo a Deus nem respeito os homens; mas, porque esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça, para que não venha incomodar-me indefinidamente’». E o Senhor acrescentou: «Escutai o que diz o juiz iníquo!... E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo? Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa. Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?» (Lc 18, 1-8).
       Nesta parábola que Jesus conta aos seus discípulos a certeza dos efeitos da oração: Deus nunca deixará de nos atender. Num ou outro momento poderá parecer-nos que Deus está ausente, que não nos ouve, que não atende as nossas preces, que Se consou de nós. No entanto, garante-nos Jesus, Ele sempre nos escuta e sempre responde às nossas súplicas. Por vezes, o que acontece é que não temos disponibilidade para acolher e perceber a vontade de Deus a nosso respeito e as respostas que Ele nos dá...

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Onde estiver o corpo, aí se juntarão os abutres

        Disse Jesus aos seus discípulos: «Como sucedeu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem: Comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca. Então veio o dilúvio, que os fez perecer a todos. Do mesmo modo sucedeu nos dias de Lot: Comiam e bebiam, compravam e vendiam, plantavam e construiam. Mas no dia em que Lot saiu de Sodoma, Deus mandou do céu uma chuva de fogo e enxofre, que os fez perecer a todos. Assim será no dia em que Se manifestar o Filho do homem. Nesse dia, quem estiver no terraço e tiver coisas em casa não desça para as tirar; e quem estiver no campo não volte atrás. Lembrai-vos da mulher de Lot. Quem procurar salvar a vida há-de perdê-la e quem a perder há-de salvá-la. Eu vos digo que, nessa noite, estarão dois num leito: um será tomado e o outro deixado; estarão duas mulheres a moer juntamente: uma será tomada e a outra deixada». Então os discípulos perguntaram a Jesus: «Senhor, onde será isto?». Ele respondeu-lhes: «Onde estiver o corpo, aí se juntarão os abutres» (Lc 17, 26-37).
       Um dos géneros literários bastante usado na Bíblia é o apocalíptico. Popularmente está ligado a anúncio do fim dos tempos, ou a tempos de grande convulsão, violência, guerras, conflitos, destruição e morte. Desde logo a palavra apocalipse, associada a cataclismos, significa na sua origem REVELAÇÃO. Com este significado perde alguma da carga negativa que traz.
       Os profetas, olhando para as desgraças do tempo que passa, perspetivam o futuro, mostrando, por um lado, que chegarão tempos ainda mais violentos, e por outro, a confiança em Deus, que será fiel ao Seu povo, à humanidade, e que aparecerá como SOL radiante acima dos escombros.
       Jesus recorre também a este género literário. Naquela altura havia fortes sinais de agitação e conflito, a qualquer momento surgiam contendas, levantamentos, revoluções. Jesus previne os Seus discípulos. Com Ele chega o Reino de Deus, mas os problemas, as dificuldades, não serão irradiadas de uma vez para sempre. E com isso poderá chegar o desânimo, a insegurança, a dúvida. Jesus alerta-os. Mesmo que o universo inteiro desabe, Deus continua a guiar o mundo, a história, o tempo. Só Deus é o Senhor do Universo.

sábado, 5 de novembro de 2016

Vigília Missionária em Vila da Ponte - 29/10/2016

       "Com Maria, Missionários na Misericórdia", foi o tema escolhido para a vigília missionária que se realizou no passado dia 29 se Outubro em Vila da Ponte.
       Esta vigília dividiu-se em duas grandes partes: a primeira, foi um belíssimo momento de oração, que se desenvolveu a partir do tema "Missão"; e a segunda foi a Adoração ao Santíssimo.
       Durante a primeira parte da vigília, podemos ver algumas encenações realizadas pelo grupo JSF de Vila da Ponte, e escutar diversas orações e pensamentos sempre acompanhados de belíssimos cânticos Marianos. É também importante salientar, todo o trabalho que os JSF tiveram a nível de decoração da igreja, pois estava um espaço muito bonito e acolhedor, o que nos fazia entrar logo no espírito de vigília.
       Tivemos ainda a oportunidade, de escutar o testemunho de dois jovens que realizaram uma "ponte" no mês de Agosto em Angola. (Para quem não tem conhecimento do termo, ponte é o nome dado à missão de ir para outro país, durante um determinado tempo, para poder ajudar quem mais precisa, seja a nível de saúde, educação, cidadania, etc). Pessoalmente acho que foi o momento que mais nos tocou no coração. Posso dizer que ao ouvir aqueles dois jovens fiquei com vontade de um dia fazer uma missão do género, pois acho que todos temos o dever de ajudar o próximo, nem que seja apenas ao levar uma palavra de esperança e de fé.
       No final da vigília, houve um momento de descontração e convívio, onde todos os grupos presentes, bem como a comunidade da paróquia, puderam partilhar um pequeno lanche.
       Que tenhamos sempre presente no nosso dia-a-dia, o espírito de Missão, para que assim possamos com a ajuda de Deus, ajudar o próximo.

Márcia Ribeiro, Grupo de Jovens de Tabuaço
in Voz de Lamego, ano 86/49, n.º 4385, 1 de novembro de 2016

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XXXII Domingo do Tempo Comum - ano C - 6/11/2016

       1 – Os dias 1 e 2 de novembro, com a solenidade de Todos os Santos e a comemoração dos Fiéis Defuntos, e todo o mês vivido como o mês das almas, evoca a fé católica na ressurreição da carne (pessoa) e a comunhão dos santos. Todos nos encaminhamos para a morte. Todos nos encaminhamos para a vida eterna. A morte não tem a última palavra. A última palavra é da vida. É de Deus. É do Amor que nos faz transcender já na vida histórica, transcendendo-nos para a eternidade de Deus.
       A oração, os gestos de carinho e cuidado pelos mortos, o arranjo das campas e do cemitério, nestes dias, pelo menos, mostra a gratidão para com familiares, amigos e vizinhos, sublinha a saudade da sua partida, evoca a esperança de um encontro futuro na ressurreição. Eles morreram. Partiram antes de nós. Levaram um pouco de nós, deixaram um pouco deles. Confiamos em Deus e esperamos reencontrar-nos na eternidade. No decorrer da Última Ceia, Jesus diz aos Seus discípulos que vai partir para o Pai, vai preparar-lhes um lugar. A tristeza do momento presente, pela separação, dará lugar à alegria do (re)encontro na Casa do Pai.
       É mais fácil acreditar em Deus que na vida eterna. A sensibilidade popular, tanto as pessoas mais piedosas como as mais instruídas acreditam facilmente num Deus bom, generoso, benevolente, que protege e abençoa. Quando se fala na vida além da morte (biológica), na ressurreição ou na eternidade já colocam mais interrogações. Ninguém veio do outro lado dizer-nos como é, só sabemos até ao momento da morte! Cá se fazem, cá se pagam! O bem e o mal serão retribuíveis durante a existência terrena... mesmo que saibamos de tantas injustiças das quais os prejudicados nunca foram ressarcidos nem os fautores foram penalizados! O cemitério como última morada! Todos temos um destino comum: a terra…
       Augusto Cury, célebre psiquiatra brasileiro, ao investigar a inteligência humana, chega à conclusão que seria um absurdo que tudo acabasse com a morte física, seria em vão todo o esforço feito por melhorar a vida das pessoas, a sabedoria acumulada, as descobertas, a própria inteligência que exige e luta pela eternidade. Ateu, através das suas investigações, chega à conclusão que a identidade da pessoa há de sobreviver à morte biológica, garantindo que a identidade de cada um não se perde para sempre. Assim se torna crente. A fé em Deus é decorrente da exigência da identidade sobreviver ao tempo e à história.
       2 – Escutemos o Evangelho. Logo de entrada o evangelista fala nos saduceus que se aproximam de Jesus, dizendo que eles não acreditam na ressurreição. São religiosos, frequentam o Templo, vivem as exigências da Lei judaica, mas não acreditam que haja vida além da vida temporal.
       Provocam Jesus com uma questão, no mínimo, curiosa: «Moisés deixou-nos escrito: ‘Se morrer a alguém um irmão, que deixe mulher, mas sem filhos, esse homem deve casar com a viúva, para dar descendência a seu irmão’. Ora havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos. O segundo e depois o terceiro desposaram a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram e não deixaram filhos. Por fim, morreu também a mulher. De qual destes será ela esposa na ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher?».
       Recorrendo aos ensinamentos de Moisés, que têm o peso e a sabedoria da Lei, os saduceus transportam para a eternidade as mesmas vivências e tradições. E no caso concreto até tem a sua lógica, pois também nós defendemos as repercussões da vida atual na eternidade, ainda que não desta forma tão material. Segundo a Lei, um casamento teria que dar fruto, pela parte masculina, assegurando a linhagem familiar. Se o homem morresse sem descendência, os irmãos assumiam o encargo de lhe dar descendência desposando a mulher (ou seja, a cunhada) até que gerasse um filho. Neste exemplo, todos os irmãos a desposaram, mas nenhum lhe deu descendência. Havendo continuidade material-histórica na eternidade, com quem ficava a mulher? Houve um tempo em que as pessoas julgavam que ressuscitavam como tinham morrido, por exemplo, sem um olho, ou com o rosto já encovado! Ou seja, a eternidade seria, destarte, a continuação natural do tempo e da história. Morre novo, ressuscita novo. Morre idoso, ressuscita idoso!
       A resposta de Jesus é clarificadora: «Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus. E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’. Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos».
       A ressurreição dos mortos é agrafada à fé em Deus, pois para Ele todos estão vivos.
       3 – Jesus recorre ao Antigo Testamento para elucidar a fé em Deus e na ressurreição. Utiliza a mesma fonte dos seus interlocutores. A primeira leitura, por sua vez, traz-nos uma das passagens veterotestamentárias mais explícitas sobre a ressurreição.
       As invasões a que esteve sujeito o Reino de Israel, com a divisão, com a subjugação a povos estrangeiros, com o exílio de muitas famílias, levou à necessidade de preservar a fé, as tradições, os usos e costumes, para que não se perdesse o património cultural e religioso, a identidade do Povo de Deus. O segundo Livro de Macabeus terá sido escrito no Egipto, para os judeus aí residentes, retratando personagens heroicas, convidando à conversão e fidelidade à Aliança.
       O autor sagrado parte do pressuposto que o exílio é consequência natural e merecida dos pecados do povo, dos transvios à Lei de Moisés, das infidelidades à Aliança. Agora há que manter acesa a chama da fé, não perdendo de vista a herança recebida, até ao dia do regresso à terra prometida.
       Sete irmãos e a sua mãe são presos. O rei da Síria quer obrigá-los a trair a sua Lei, comendo carne de porco. A resposta dos irmãos, apoiados pela firmeza maternal, é clarividente: «Estamos prontos para morrer, antes que violar a lei de nossos pais». Com a morte de um, os seguintes poderiam vacilar, por medo, pela violência infligida. Mas também o segundo se mantém decidido: «Tu, malvado, pretendes arrancar-nos a vida presente, mas o Rei do universo ressuscitar-nos-á para a vida eterna, se morrermos fiéis às suas leis». A tortura continua e a resposta do terceiro irmão é igualmente clarificadora: «Do Céu recebi estes membros e é por causa das suas leis que os desprezo, pois do Céu espero recebê-los de novo».
       A coragem dos jovens e as suas palavras fazem admirar o próprio rei e quantos o acompanham. Segue o quarto irmão e o mesmo destemor: «Vale a pena morrermos às mãos dos homens, quando temos a esperança em Deus de que Ele nos ressuscitará; mas tu, ó rei, não ressuscitarás para a vida».
       Na continuação do texto, verifica-se que os sete se fortalecem mutuamente. E a Mãe, que chorava por dentro a morte dos filhos, exteriormente animava-os, pois entendia que era muito mais importante sobreviver para Deus.
       4 – A continuidade entre o tempo e a eternidade, entre a história e a vida gloriosa, propalada pelos saduceus, não é de todo descabida, ainda que não da forma material-biológica com que questionaram Jesus. Com efeito, a vida eterna inicia-se aqui e agora (hic et nunc) na situação concreta, real, histórica. A salvação é dom gratuito de Deus. Cabe-nos acolhê-la e transparecê-la. O tempo que nos é dado é de graça, mas graça que nos irmana, nos compromete e nos envolve na transformação do mundo. Ressuscitados, pela água e pelo Espírito no Batismo, há que viver como ressuscitados, apostados na cultura da vida, da fraternidade, da compaixão. Seria uma contradição "viver" como mortos, deixando correr, afastando-se das dificuldades, mantendo-se indiferente ao sofrimento dos outros.
       O Apóstolo Paulo, na segunda missiva à Igreja de Tessalónica, convoca à fé comprometida com a vida: "Jesus Cristo, nosso Senhor, e Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, eterna consolação e feliz esperança, confortem os vossos corações e os tornem firmes em toda a espécie de boas obras e palavras".
       À saudação segue-se o pedido de oração: "orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague rapidamente e seja glorificada, como acontece no meio de vós. Orai também, para que sejamos livres dos homens perversos e maus, pois nem todos têm fé. Mas o Senhor é fiel: Ele vos dará firmeza e vos guardará do Maligno". E acrescenta a confiança que deposita nos membros na comunidade: "Quanto a vós, confiamos inteiramente no Senhor que cumpris e cumprireis o que vos mandamos. O Senhor dirija os vossos corações, para que amem a Deus e aguardem a Cristo com perseverança".

       5 – A oração conduz-nos à vontade de Deus. Colocamo-nos em atitude de escuta, para que Ele fale em nós. "Deus eterno e misericordioso, afastai de nós toda a adversidade, para que, sem obstáculos do corpo ou do espírito, possamos livremente cumprir a vossa vontade".
       Quem ora a Deus com sinceridade está a comprometer-se com a Sua vontade. É como pedirmos a opinião a alguém. Se somos sinceros, só perguntaremos para ultrapassar uma dúvida ou indecisão, e se levamos a sério a pergunta e a resposta, sujeitamo-nos a alterar a trajetória. A oração predispõe-nos, na escuta, à obediência.

Pe. Manuel Gonçalves


Textos para a Eucaristia (C): 2 Mac 7, 1-2. 9-14; Sal 16 (17); 2 Tes 2, 16 – 3, 5; Lc 20, 27-38.

Fiel nas coisas pequenas, fiel nas grandes...

        "Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas coisas pequenas, também é injusto nas grandes. Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro". Os fariseus, que eram amigos de dinheiro, ouviam tudo isto e escarneciam de Jesus. Então Jesus disse-lhes: "Vós quereis passar por justos aos olhos dos homens, mas Deus conhece os vossos corações. O que vale muito para os homens nada vale aos olhos de Deus" (Lc 16, 9-15).
       Jesus é contundente em mais esta confrontação com alguns dos fariseus.
       Em algo que é tão simples, Jesus refere que a honestidade é verificável nas pequenas coisas. Quem não é fiel em pequenas coisas não será nas grandes. Esta é uma lição que aprendemos desde crianças, o que é dos outros é dos outros, mesmo que o tenhamos encontrado, é bom que procuremos o seu dono. É uma atitude que parte de nós, da nossas consciência.
       Como cristãos, o nosso único Senhor, é o Deus do Universo, Pai de Jesus Cristo. Só a Ele devemos prestar "vassalagem", pois só Ele nos garante um futuro absoluto, para lá do tempo e da história. Não nos podemos dividir e ter tantos deuses quanto as ocasiões ou os interesses. Obviamente que este primeiro e fundamental mandamento não nos afasta de vivermos em sociedade, de nos relacionarmos com os outros, de lidarmos com o dinheiro e com os bens materiais, mas a perspectiva é a mesma, se vivemos em Deus e com Deus, a nossa ligação aos outros far-se-á com alegria, generosidade, com respeito, honestamente, procurando em tudo a justiça e a conciliação, sabendo que todo e qualquer bem material é instrumento (e não um fim) da nossa felicidade e da outras pessoas.
       E não se trata de fabricar uma imagem para os outros. Como se disse, é algo que parte do nosso interior, na certeza que Deus nos conhece e isso vale mais do que tudo o que há no mundo.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O administrador infiel...

        Disse Jesus aos seus discípulos: «Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por andar a desperdiçar os seus bens. Mandou chamá-lo e disse-lhe: ‘Que é isto que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, porque já não podes continuar a administrar’. O administrador disse consigo: ‘Que hei de fazer, agora que o meu senhor me vai tirar a administração? Para cavar não tenho forças, de mendigar tenho vergonha. Já sei o que hei de fazer, para que, ao ser despedido da administração, alguém me receba em sua casa’. Mandou chamar um por um os devedores do seu senhor e disse ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’. Ele respondeu: ‘Cem talhas de azeite’. O administrador disse-lhe: ‘Toma a tua conta: senta-te depressa e escreve cinquenta’. A seguir disse a outro: ‘E tu quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma a tua conta e escreve oitenta’. E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com esperteza. De facto, os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes» (Lc 16, 1-8).
       Quem não é fiel no pouco não é fiel no muito. A conclusão que se tira desta parábola e presente nas palavras de Jesus. A astúcia é elogiada por Jesus, pois aquele servo, desonesto, utiliza a posição e os bens materiais para arranjar amigos. Em contraponto, Jesus aponta a honestidade, mas igualmente desafia a apostar nas pessoas, na amizade. Numa palavra, os bens materiais hão de ajudar a aproximarmo-nos uns dos outros. A referência é esta. Quem é fiel nas coisas pequenas também o será nas grandes, quem é honesto a administrar os bens alheios, também se lhe podem confiar os próprios bens. Somos administradores dos DONS que Deus nos dá, não para o reter, mas para os partilhar.
       O dinheiro e os bens materiais não têm em si mesmo qualquer conotação moral, quando muito são coisas boas, resultam da inteligência e da criatividade humanas. O uso que se faz do dinheiro e dos bens materiais é que pode ser eticamente positivo ou moralmente desonesto. Como seguidores de Jesus Cristo cabe-nos administrar com verdade e justiça todos os recursos que estão ao nosso alcance.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Devagar se vai ao longe… com a persistência do amor!

       Depressa e bem não há quem. Diz o povo num dos seus ditados. Ou nestoutro, devagar se vai ao longe. Séneca põe-nos de sobreaviso: todos os ventos são desfavoráveis para quem não sabe para onde vai.
       Na aprendizagem, nos relacionamentos, na vida das pessoas e das comunidades, a paciência é essencial para percorrer o caminho, por entre as dificuldades e os obstáculos. Por vezes, a forma inesperada e violenta como a vida nos surpreende pode levar-nos à desistência ou à resiliência. Desistir por certo não é uma opção para quem quer viver, para quem se quer feliz, para quem sonha e procura realizar-se como pessoa. Nem sempre é fácil. E facilmente dizemos aos outros que desistir é o caminho mais fácil. Mas se não os podemos substituir nas suas dificuldades podemos animá-los, pela presença, por uma palavra, um sorriso. E se é válido para os outros também é para nós. Resistir, insistir, recomeçar, com paciência, com amor, persistir no bem, na ligação aos outros. O “não” está certo, vamos procurar e lutar pelo sim, pela felicidade, apostando os trunfos não desistindo nem dos outros nem da vida.
       O Papa Francisco utiliza uma belíssima imagem sobre a paciência e o amor que devemos ter com os outros. “Segurar o papagaio [de papel] assemelha-se à atitude que é preciso ter perante o crescimento da pessoa: em dado momento, é preciso dar-lhe corda, porque «rabeia». Dito de outra maneira: é preciso dar-lhe tempo. Temos de saber pôr o limite no momento justo. Mas, outras vezes, temos de saber olhar para o outro lado e fazer como o pai da parábola, que deixa que o filho se vá embora e desperdice a sua fortuna, para que faça a sua própria experiência”.
       O cuidado com as pessoas, a tolerância baseada no amor e na ternura, a criatividade para deixar que o outro cresça e manifeste as suas qualidades. Dos pais para os filhos, dos educadores para os educandos, suficientemente perto para ajudar, humildes quanto baste para deixar que os próprios vão tomando a vida nas suas mãos.
       Noutra passagem o Papa Francisco utiliza outro termo curioso: “Quantas vezes, na vida, é preciso travar, não querer atingir tudo de repente! Transitar na paciência pressupõe todas essas coisas: é claudicar da pretensão de querer solucionar tudo. É preciso fazer um esforço, mas entendendo que uma pessoa não pode tudo. Há que relativizar um pouco a mística da eficácia”.
       A caridade é paciente, tudo espera, tudo suporta…

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4384, de 25 de outubro de 2016