sábado, 2 de julho de 2011

XIV Domingo do Tempo Comum - 3 de Julho

       1 – Na sexta-feira que antecede este XIV Domingo do Tempo Comum celebrámos a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. O Evangelho proclamado foi o mesmo, acentuando-se o amor que nos é dado em Cristo e manifesto com clareza na Sua vida e na Sua entrega até à CRUZ.
       O Coração de Jesus não é mera piedade popular, ou expressão plástica do corpo humano, é antes a acentuação do que verdadeiramente nos salva: o amor de Deus, derramado por nós.
       É neste sentido que o Papa Bento XVI, nas Jornadas Mundiais da Juventude, em Madrid, no próximo mês de Agosto, vai consagrar todos os jovens ao Sagrado Coração de Jesus. É no amor de Jesus, no Seu coração, que nós nos acolhemos e nos reconhecemos como irmãos, como filhos de Deus. A fonte de todo o Amor é Deus. Deus é Amor. Jesus traz à humanidade este Amor. A Encarnação é já expressão real do amor de Deus por nós. Ama-nos de tal modo que Se faz um de nós, que assume a nossa fragilidade e a nossa finitude humanas. Na Sua morte na Cruz, de novo, o amor como resposta e como desafio. Com a Sua ressurreição e ascensão aos Céus, Jesus coloca a nossa natureza humana à direita de Deus Pai, coloca-nos para sempre no coração de Deus.

       2 – Com efeito, é o coração que nos faz grandes. É o amor que nos torna pessoas. É pelo amor que nos aproximamos uns dos outros. É o amor que engrandece, dá sentido e sabor à nossa vida. É no amor que nos abrimos àqueles que se aproximam de nós. É pelo amor que reconhecemos a nossa pequenez, o que nos permite acolher o que o outro nos traz.
       "Jesus exclamou: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos..."
        Quando e sempre que nos colocamos numa atitude de sobranceria, julgando-nos os maiores, sem precisar de nada e nem de ninguém, o perigo sério e inevitável é isolarmo-nos, ficarmos sozinhos, perdermo-nos na nossa grandeza que não admite a aproximação de ninguém, que não tolera nem as qualidades nem as limitações alheias. Nos outros tudo é motivo para menosprezar.
       A nossa grandeza humana está no amor, que nos torna humildes. A humildade é essa sublime capacidade de nos termos como pessoas, como seres humanos, sabendo que precisamos uns dos outros e que estamos sempre em processo de aprendizagem. No amor ninguém é auto-suficiente. Na verdade, o amor envolve sempre mais que um: Deus e nós, eu e o outro. Os mistérios de Deus são passíveis de ser revelados e acolhidos pelos humildes, pelos que abrem o seu coração ao futuro e aos sinais de Deus no mundo.
       "Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve".
       A mansidão de Jesus e a Sua humildade não são, de modo nenhum, passividade e resignação, mas o reconhecimento que só o coração liberta, só o coração que ama pode olhar para os outros como iguais, como irmãos.
       3 – O amor de Deus para connosco revela-Se na Sua humildade, como acabámos de ver. Jesus apresenta-Se manso e humilde, concretizado, no Seu corpo, na Sua vida, o que já estava anunciado no Antigo Testamento. Com efeito, diz-nos o profeta Zacarias: "Eis o que diz o Senhor: «Exulta de alegria, filha de Sião, solta brados de júbilo, filha de Jerusalém. Eis o teu Rei, justo e salvador, que vem ao teu encontro, humildemente montado num jumentinho, filho duma jumenta. Destruirá os carros de combate de Efraim e os cavalos de guerra de Jerusalém; e será quebrado o arco de guerra. Anunciará a paz às nações: o seu domínio irá de um mar ao outro mar e do Rio até aos confins da terra»".
       O traço essencial desta mensagem profética é a vinda do Messias, Rei e Salvador, não com o poder dos fortes, mas na maior das simplicidades. Não se imporá pela força, pelas armas, mas pelo amor, pela paz.
       O motivo de tamanha alegria é o saber que Ele já está próximo e, por outro lado, contrariamente a tantas promessas e (falsas) profecias, não vem criar mais guerra para que no domínio do poder imposto se force a convivência forçada entre pessoas e povos, mas vem como Justo, Salvador, que vencerá pelo amor.

       4 – Pela morte e ressurreição, Jesus faz-nos entrar na Sua glória, na comunhão de Deus, na eternidade. Com Ele, nós fomos e somos inseridos numa vida nova. Morremos com Ele para o pecado e para a morte, ressuscitamos pela água e pelo Espírito Santo, para vivermos n'Ele, com Ele e por Ele, numa dinâmica de salvação, orientando o nosso ser e agir pelo perdão e pela caridade.
       "Vós não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas se alguém não tem o Espírito de Cristo, não Lhe pertence. Se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós".
       Já não somos escravos do pecado e da morte, mas homens e mulheres libertos de toda a treva, para vivermos como ressuscitados, em Cristo Jesus. Há-de ser a nossa resposta ao amor que Deus nos tem e nos comunica por Jesus Cristo.

Textos para a Eucaristia (ano A): Zac 9, 9-10; Rom 8, 9.11-13; Mt 11, 25-30.

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