segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Nunca desistas...


       Na cidade de Pittsburgh, estado da Pensilvânia, EUA, Jamie é uma mãe solteira a braços com a ineficiência do acompanhamento pedagógico que a sua filha, disléxica, precisaria para garantir o sucesso escolar. Apesar das tentativas, a sensibilização que tenta junto da direção da escola, e em particular da principal professora da filha, não surtem qualquer efeito.
      Desesperada, conhece Nona, uma professora que vive igualmente sozinha com um filho problemático e que passa por um período particularmente difícil após a separação do marido. Outrora professora combativa, empenhada e carismática para os seus alunos, Nona parece ter sucumbido aos entraves de um sistema educativo demasiado distante da realidade específica da sua escola, limitando-se a fazer o essencial para permitir aos alunos completarem a escolaridade obrigatória.
       As preocupações e afinidades entre ambas aproximam-nas e uma lei vigente no sistema, segundo a qual é permitido aos pais assumirem maior controlo da escola, desperta em Jamie o ímpeto de fazer desta uma instituição melhor para a sua filha e os restantes alunos. O espírito afoito de Jamie faz despertar em Nona o sentido de dignidade profissional e pessoal, e sobretudo a esperança que há muito perdera.
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       Juntas, encetam uma luta pela qualidade educativa que as levará a travar várias batalhas junto do corpo docente, da direção e até mesmo de outros pais. Mas não desistem.
       "Nunca Desistas" é a terceira longa metragem de Daniel Barnz, e a terceira vez, depois "No País das Maravilhas" e "Beastly – O Feitiço do Amor", que o realizador norte-americano exprime a sua preocupação com a questão da inclusão/exclusão numa sociedade que teima em promover padrões de normalidade próximos de uma perfeição superficial, utópica e desumanizadora.
       Aqui, numa história de luta por um sistema educativo mais justo que conta com mais um notável desempenho de Viola Davis ("As Serviçais" e "Dúvida"), Barnz foca com razoável interesse um caso que, embora baseado numa realidade circunscrita a um estado norte-americano (uma lei que permite aos encarregados de educação participação ativa e efetiva na gestão da escola), desperta interesse além fronteiras.
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       É o caso de Portugal, onde a resposta à inclusão de crianças com dificuldades de aprendizagem, abrangendo um vastíssimo espectro de obstáculos ao sucesso escolar e pessoal dos alunos, está longe de encontrar resposta na escolaridade obrigatória.
       Não obstante o registo algo caricatural do corpo docente e algum populismo nas asserções do argumento, "Nunca Desistas" tem o mérito de nos pôr a pensar sobre a escola e a família como protagonistas, por excelência, da esperança numa sociedade mais humana.

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