sábado, 4 de setembro de 2010

XXIII Domingo Tempo Comum - 5 de Setembro

       1 - Ser cristão não é uma capa que se coloca sobre a pessoa, implica-nos 24 horas por dias. Não é uma roupa que vestimos quando nos convém ou quando vamos à Missa, ou ao domingo. Não, somos cristãos em toda e qualquer situação, com as nossas qualidades e com as nossas insuficiências, com o bem que fazemos e com os pecados que cometemos.
       No cristão, a sua identidade há-de confundir-se com todo o seu ser. Pelo baptismo, tornamo-nos novas criaturas, pela água e sobretudo pelo Espírito Santo; enxertados em/com Cristo, formamos um só Corpo, em que Ele é a Cabeça e nós os membros; inseridos na comunidade crente, formamos a Igreja, Corpo de Cristo, em todo o tempo e em todas as circunstâncias.
       No Evangelho deste domingo Jesus diz claramente a condição para ser discípulo: "Se alguém vem ter comigo, e não Me preferir ao pai, à mãe, à esposa, aos filhos, aos irmãos, às irmãs e até à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo".
       Não há volta a dar: Deus em primeiro lugar, Deus em todos os recantos da nossa vida. Não é menosprezar outras dimensões da nossa vida, é enquadrá-las na relação com Deus.

       2 - "Quem poderá conhecer, Senhor, os vossos desígnios, se Vós não lhe dais a sabedoria e não lhe enviais o vosso Espírito Santo? Deste modo foi corrigido o procedimento dos que estão na terra, os homens aprenderam as coisas que Vos agradam e pela sabedoria foram salvos" (Primeira Leitura).
       Os desígnios de Deus são insondáveis, mas Ele próprio vem ao nosso encontro, pelos profetas, e na plenitude dos tempos, por Jesus Cristo, o Seu Filho Unigénito, dando-nos a conhecer o Seu plano salvador, o Seu amor por nós. Entrega-nos Jesus Cristo, para n’Ele sermos redimidos de todo o pecado e podermos ser aquilo que somos, imagem de Deus, filhos bem-amados.
       É também nesta lógica que nos tornamos cristãos, seguidores de Jesus Cristo, o Mestre dos Mestres, o Bom Pastor que nos conduz, o nosso Guia e Senhor.
       Podemos por vezes não discernir claramente qual é a vontade de Deus a nosso respeito, mas não deveremos cessar de procurar, deixando-nos envolver pelo Seu Santo Espírito, que ilumina a nossa inteligência e fortalece a nossa vontade para o bem.

       3 - Ser cristão, num primeiro momento, pode ser entendido como exigência, mas é sobretudo uma OPÇÃO de vida, por Deus e pelo outros, um CAMINHO que percorremos, em e com Jesus Cristo, um COMPROMISSO alegre em darmos o melhor de nós mesmos para que o mundo descubra a LUZ de Cristo.
       Seguir Jesus Cristo não é algo de sobrenatural, mas algo de muito humano e concreto. Aliás, Jesus Cristo vem até nós, da parte de Deus, como verdadeiro Homem, assumindo em tudo a nossa humanidade, a nossa finitude, vivendo humanamente, dizendo-nos que deveríamos como ser humanos. Entre nós não carrega a grandeza de Deus, mas revela grandeza da nossa filiação, da nossa humanidade.
       A este respeito, vejamos a recomendação do Apóstolo a Filémon, na Segunda Leitura, "Talvez ele se tenha afastado de ti durante algum tempo, a fim de o recuperares para sempre, não já como escravo, mas muito melhor do que escravo: como irmão muito querido. É isto que ele é para mim e muito mais para ti, não só pela natureza, mas também aos olhos do Senhor. Se me consideras teu amigo, recebe-o como a mim próprio".
       Aos olhos de Deus todos somos irmãos, filhos, discípulos bem-amados. Respiramos o que somos: seguidores de Jesus Cristo, a cada instante da nossa vida, na bonança ou na adversidade, em todas as ocasiões. Não é uma questão de apetite, é uma vocação permanente.
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Textos para a Eucaristia (ano C): Sab 9, 13-19; Flm 9b-10.12-17; Lc 14, 25-33

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